terça-feira, 10 de maio de 2016

DELÍRIO

DELÍRIO

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras...
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.

MEDIOCRIDADE COLETIVA

MEDIOCRIDADE COLETIVA

Foice e martelo
A ignomínia da tutela
A história já desnudou o seu fracasso.
Mas mesmo assim
Entre jumentos diplomados
E alguns da plebe rude
É salvação da raça.
Então é matar o ser pensando criativo
Em nome da mediocridade coletiva.

DIA APÓS DIA

DIA APÓS DIA

Ando que ando
Trôpego cambaleante
Entusiasmado delirante.
A sabedoria do viver
É juntar saber todos os dias
E aos poucos ir preenchendo os vazios
Do notável baú cachola.

“Oficiais de Justiça e eu. Quase uma história de amor.” (Climério)

Amar é...Dar para os argentinos a Dilma de presente.

“Por muitos anos vivi entre padres e pintos. Na verdade muito mais pintos do que padres.” (Josefina Prestes)

“Tenho algumas varizes e os calcanhares rachados, mas a bunda ainda é lisa.” (Josefina Prestes,uma louca na cama. Já comeu meio metro de lençol durante um orgasmo)

Waldir Maranhão anulou a anulação da anulação do mandato de Dilma #RapidinhaDoOtario @CanalDoOtario

“É excelente ser bem falado na saída. Melhor do que ser bem recebido na entrada.” ROBERTO CAMPOS

“Cometi o único pecado que a política não perdoa: dizer a verdade antes do tempo.” ROBERTO CAMPOS

Violência comunista

“A violência comunista não foi mera aberração da psique eslava, mas sim algo diabolicamente inerente à engenharia social marxista, que, querendo reformar o homem pela força, transforma os dissidentes primeiro em inimigos, e depois em vítimas.”

 ROBERTO CAMPOS

INSTITUTO MISES BRASIL- Como garantir a perpetuação da pobreza por Diversos Autores,

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Imagine que você pudesse voltar no tempo uns 50 anos. Suponha que a razão por que você está fazendo isso é para implantar políticas que irão garantir que os ricos se tornem mais ricos e que a pobreza seja perpetuada ao máximo. (Por que alguém iria querer fazer isso está além da questão).

Quais políticas você iria implantar?

1. Você iria querer adotar políticas monetárias e fiscais que destruíssem ao máximo possível o poder de compra da moeda.

Os ricos, que têm acesso a aplicações bancárias e financeiras que lhes protegem contra a inflação, manteriam seu poder de compra protegido. Já os pobres, sem acesso a esses mecanismos, ficariam ainda mais pobres.

2. Você iria querer manter as pessoas menos capacitadas fora do mercado de trabalho. Para isso, você dificultaria ao máximo para que essas pessoas conseguissem um emprego.

A imposição de um salário mínimo, em conjunto com uma cornucópia de encargos sociais e trabalhistas, faria com que fosse excessivamente caro contratar uma pessoa com poucas habilidades. Haveria oportunidades apenas para os mais qualificados. Afinal, se o preço mínimo a ser pago é o salário mínimo estipulado pelo governo, e se os custos adicionais gerados pelos encargos sociais e trabalhistas praticamente dobram o custo do salário, quem irá contratar uma pessoa pouco qualificada em vez de uma pessoa mais qualificada?

3. Você iria garantir favores especiais e privilégios exclusivos para os empresários mais ricos.


Você iria lhes conceder subsídios diretos ou empréstimos subsidiados via bancos estatais (pagos com o dinheiro dos impostos pagos pelos mais pobres), iria criar tarifas de importação e desvalorizar a moeda para encarecer importações e lhes garantir uma reserva de mercado, e iria criar agências reguladoras que cartelizassem o mercado interno e impedissem a entrada de concorrentes externos em vários setores da economia, o que garantiria preços artificialmente altos e produtos de baixa qualidade.

4. Você iria reprimir ao máximo o surgimento de pequenos empreendedores por meio de uma burocracia esclerótica e de um código tributário ininteligível.

Você imporia inúmeros procedimentos para se formalizar uma empresa e criaria um emaranhado de leis, medidas provisórias, decretos e outros atos tributários aterrorizantes, você faria com que qualquer eventual erro de contabilidade fosse o suficiente para classificar como "sonegador e criminoso" aquele cidadão que só quer empreender e, com isso, gerar empregos.

5. Você iria (literalmente) pagar as pessoas para que elas continuassem na pobreza e fossem eternamente dependentes do governo.

Agindo assim, toda e qualquer ética do trabalho seria suprimida e destruída.

6. Você tributaria absolutamente tudo o que é vendido na economia.

Desta forma, você confiscaria grande parte da renda dos mais pobres.

7. Você entregaria ao governo a função de fazer a "sintonia fina" da economia, implantando políticas fiscais e monetárias expansionistas para aditivar o crescimento econômico.

Isso causaria frequentes ciclos econômicos, períodos de crescimento artificial da economia (o que enriquece os mais ricos) seguidos de períodos de profunda contração da economia (o qual empobrece os mais pobres).


Esses sete itens, combinados, fariam perfeitamente o serviço.

Erija várias barreiras ao progresso dos pobres, pague as pessoas para continuarem pobres, crie um arranjo no qual os grandes empresários consigam vantagens econômicas artificiais, dificulte ao máximo que os pequenos consigam empreender, e você terá criado um sistema no qual a pobreza será perpetuada e os ricos serão cada vez mais ricos.



Como não tentar solucionar a pobreza

Desnecessário enfatizar que cada uma das políticas acima está hoje em total vigor neste país.

Mas tudo piora. Ao perceberem que a pobreza está se perpetuando, raramente as pessoas se dão conta da contribuição dos sete itens acima. Consequentemente, em vez de defenderem substanciais alterações — ou mesmo a abolição — dos supracitados itens, elas simplesmente saem em defesa de medidas que irão aprofundar ainda mais o descalabro.

A principal medida — em torno da qual tudo gira — é a "original" ideia de aumentar imposto de renda sobre os ricos, como se tal ato, além de inócuo para a economia, fosse capaz de aliviar substantivamente toda a pobreza.

Quais seriam as consequências?

Em primeiro lugar, o aspecto mais importante a ser observado é que é impossível isolar os custos de qualquer imposto. A maioria das pessoas pensa que cada indivíduo rico paga, sozinhos, seus impostos diretos. Mas essa crença é demonstravelmente falsa.

Se, por exemplo, a alíquota do imposto de renda que incide sobre as rendas mais altas fosse elevada em 20%, os trabalhadores de renda mais alta reagiriam a isso negociando um aumento salarial. Se essas pessoas conseguirem um aumento salarial de, por exemplo, 10%, isso significa que praticamente metade do aumento de 20% da carga tributária sobre pessoas físicas foi repassada às pessoas jurídicas, que são empregadores.

A exata divisão do fardo tributário entre empregados e empregadores vai depender do relativo poder de barganha entre eles no mercado de trabalho. O que interessa é que os empregados de maior renda irão repassar uma parte, se não a maior parte, de qualquer aumento em seu imposto de renda para seus empregadores.

Consequentemente, estes empregadores irão contratar menos empregados — ou tentarão contratar oferecendo salários bem menores, algo difícil —, e irão tentar repassar esse aumento havido nos custos trabalhistas para os consumidores, na forma de preços maiores.

Os empresários irão tentar repassar estes maiores custos aos consumidores até o ponto em que possam elevar preços sem sofrer uma relativamente grande perda no volume de vendas. Desta forma, os consumidores que ainda continuarem comprando a estes preços maiores estarão pagando parte do aumento na carga tributária que supostamente deveria afetar apenas os "ricos".

Desnecessário dizer que, quanto mais pobre for o consumidor, pior ficou a sua situação. Qualquer aumento no imposto de renda da camada mais rica da população — seja o 1% mais rico ou os 5% mais ricos — irá acabar por elevar os impostos que toda a população paga indiretamente.

Mas ainda dá para piorar.

Por exemplo, caso o repasse para os preços desse aumento no imposto de renda fosse muito pequeno, o efeito de longo prazo será ainda pior.

Se os empregadores tiverem de arcar com toda a elevação dos custos trabalhistas sem uma correspondente elevação de sua receita, suas margens de lucro diminuirão. Redução nos lucros significa menos investimentos. E menos investimentos significam menos crescimento econômico, menos emprego, menores salários e queda na renda de toda a população.

Os pobres, de novo, foram os mais prejudicados.

Além de elevar o imposto de renda sobre os ricos, muito popular também é a ideia de se elevar o imposto de renda de pessoa jurídica, principalmente para as "grandes corporações". Demagogos sempre dizem que as grandes corporações não pagam sua "fatia justa" de impostos.

O principal problema, o qual até mesmo economistas de esquerda entendem mas não gostam de admitir em público, é que grandes corporações não pagam impostos. Pessoas arcam com os impostos, não entidades inanimadas. Uma importante área da ciência econômica, chamada de "incidência tributária, diz que a entidade sobre a qual um imposto é criado (ou elevado) não necessariamente irá arcar com todo o fardo deste tributo; boa parte do ônus pode ser transferida para terceiros.

Por exemplo, se um tributo é criado (ou elevado) sobre uma grande corporação, e caso ela queira se manter operando no mercado, há três coisas que ela pode fazer: ela pode elevar os preços dos seus bens e serviços, ela pode deixar de dar aumentos salariais ou deixar de contratar pessoas, e ele pode, no extremo, reduzir salários e demitir pessoas. Em cada uma dessas situações, uma pessoa de carne e osso ficou em pior situação. E os pobres, na melhor das hipóteses, não melhoraram em nada sua situação.

O ponto principal é que uma corporação é uma ficção jurídica e, como tal, não paga impostos. Repetindo: pessoas pagam impostos, e não entidades inanimadas. Na prática, corporações são meramente coletoras de impostos para o governo.

Políticos adoram ludibriar o povo dizendo que não irão criar impostos sobre ele, o povo, mas sim sobre alguma outra entidade. Suponha que você é o proprietário de um imóvel. Se um político lhe disser que não irá tributar você, mas sim apenas o seu terreno, você facilmente perceberia a trapaça. A terra não paga impostos e nem tem como pagar impostos. De novo, apenas pessoas físicas pagam impostos.

No entanto, essa artimanha utilizada pelos políticos segue seduzindo incautos.

Outra tramóia que está sempre em voga é a elevação dos impostos sobre herança, a qual quase sempre se dá na forma de transmissão de bens imobiliários. O imposto sobre herança existe apenas para aplacar o ímpeto dos invejosos; suas receitas são ínfimas. Mas seu poder destruidor é enorme. Seu impacto é grande porque, para que o recebedor da herança (majoritariamente na forma de um bem imobiliário) consiga pagar os tributos incidentes, ele normalmente tem de vender outros ativos que possui. Em muitos casos, ele tem de vender ações, debêntures e até mesmo seu ponto comercial e sua propriedade rurais. O efeito prático disso é que ativos que estavam sendo utilizados em atividades produtivas foram transformados em fonte de financiamento para as atividades destruidoras do governo.

Conclusão

A ignorância sobre os fatores que perpetuam a pobreza alimenta políticas de cunho invejoso e rancoroso que não apenas destroem ainda mais a economia, como também, e consequentemente, perpetuam ainda mais a pobreza.

Ao menos alguma porcentagem dos impostos que foram aumentados sobre os ricos e sobre as grandes corporações serão repassados a todos os consumidores — e isso prejudicará majoritariamente os mais pobres. Qualquer aumento de impostos sobre um grupo acabará sendo compartilhado por todos. E não há nada que as autoridades estatais possam fazer quanto a isso. Os indivíduos de mais alta renda irão arcar com apenas uma fatia do aumento ocorrido em suas alíquotas. E essa importante constatação quase nunca é reconhecida. E é dessa maneira que um imposto sobre um se transforma em um imposto sobre todos.

Enquanto as pessoas se mantiverem ignorantes sobre intervenções econômicas que perpetuam a pobreza, bem como sobre as consequências de medidas tributárias implantadas exatamente com a desculpa de se aliviar essa pobreza, charlatães e políticos espertalhões continuarão se esbaldando.

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Max Borders foi editor da revista The Freeman e diretor de conteúdo da Foundation for Economic Education.

Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Mises Brasil.

D.W. MacKenzie, professor assistente no Carroll College, em Montana, EUA.

As três irmãs

Quando jovem li uma pequena história de três irmãs: Felda, Melda e Fedonelda.  Jamais imaginei que um dia seria governado por uma delas, a Melda.

Fantasma, filho de Maranhão é exonerado de Tribunal de Contas

Além de sair desmoralizado, o deputado Waldir Maranhão fez o filho, Thiago Augusto, perder a boquinha que tinha no TCE do Maranhão.

Ele é médico e mora em São Paulo, mas recebia R$ 6,5 mil por mês por 'trabalhar' em São Luís.

PB

SÓ GENTE BOA! Investigados pela polícia, 236 taxistas já foram suspensos em Porto Alegre

A EPTC já suspendeu a licença de 236 taxistas acusados de crimes ligados a furto, roubo, tráfico de drogas, sequestro, estelionato e agressão contra mulheres em Porto Alegre.

O número é surpreendentemente alto.

A Defensoria Pública do Estado defende os motoristas suspensos e ataca a EPTC.

A EPTC defende o público do Estado.

PB

Marina Silva é a Dilma requentada. Muda-se a louça, mas a comida é a mesma.

“Quando eu era pequeno, meus pais descobriram que eu tinha tendências masoquistas. Aí me passaram a me bater todo dia, para ver se eu parava com aquilo.” WOODY ALLEN

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quinta-feira, outubro 31, 2013 ENTRE CEBETE E SÓCRATES *

A geração anterior à minha está partindo. Há pouco se foram Jockymann e Scliar. Millôr está pela bola sete. Soube que está há cinco anos em cadeira de rodas, condição que não estimula viver. 

A próxima rodada será a nossa, a dos que hoje estamos nos 60. Há uma fase em nossas vidas em que lemos as participações de nascimento para saber de nossos contemporâneos. Mais adiante surge a outra, em que lemos os necrológios para saber das novas. Os de minha geração estão chegando lá. 

Nos últimos quatro ou cinco anos, mais da metade de uma mesa de meu boteco partiu. Cirrose, câncer, coração. Há poucos meses, um de meus companheiros de bar me noticiou, assustado, a última partida. 

- Estou ficando sozinho. Jesus está chamando. 

São os sinais. Como dizia um dos profetas de A Vida de Brian, ao anunciar o apocalipse: “E chegarão os dias em que os homens não mais saberão onde puseram os pequenos objetos”. Este me parece ser o prelúdio do fim. Ainda não cheguei lá, mas estou atento aos sinais. Já me preocupei muito com a morte em meus dias de adolescente. Como esta senhora podia visitar-me amanhã, procurei viver intensamente cada dia. Não foi má idéia. Como a fulana não chegava, dela acabei me esquecendo. Mas sempre chega o dia em que dela voltamos a lembrar. Manifestei esta inquietação a uma amiga de minha idade Sua resposta: 

- Como acredito em vida posterior a morte, isto não me preocupa. O que me preocupa é o sofrimento. 

Pode ser. Quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte – diz Sócrates em Fédon. Eram dias em que filosofar era raciocinar com clareza para se chegar a alguma conclusão. Nada a ver com estes nossos dias, em que filosofar se resume a discutir qual será o objeto da filosofia. “Que não será senão a separação entre a alma e o corpo? – pergunta-se o ateniense -. Morrer, então, consistirá em apartar-se da alma o corpo, ficando este reduzido a si mesmo e, por outro lado, em libertar-se do corpo a alma e isolar-se em si mesma? Ou será a morte outra coisa?” 

Ao que objeta Cebete, um de seus interlocutores: 

- Sócrates, dificilmente os homens poderão acreditar que a alma, uma vez separada do corpo, venha a subsistir em alguma parte, por destruir-se e desaparecer no mesmo dia em que o homem fenece. No próprio instante em que ele sai do corpo e dele sai, dispersa-se como sopro ou fumaça, evola-se, deixando, em conseqüência, de existir em qualquer parte. Porque, se ela se recolhesse algures a si mesma, livre dos males que há pouco enumeraste, haveria grande e doce esperança de ser verdade, Sócrates, tudo o que disseste. Mas o fato é que se faz mister de não pequeno poder de persuasão e de muitos argumentos para demonstrar que a alma subsista depois. 

A preocupação é antiga. Quatrocentos anos depois, Paulo irá jactar-se: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. O fanático judeu sabe que sua pregação tem suas bases no absurdo: “Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé”. 

Para quem não acredita em ressurreição, toda fé é vã. Mas vida posterior à morte tem seus problemas. De minha parte, me recuso à serenidade de Sócrates e fico com as dúvidas de Cebete. Penso que outra vida não tem graça alguma. É de supor-se que iríamos sem o corpo pra lá, não? Afinal, apodreceu por aqui. Bom, e daí? Seríamos uma consciência pura vagando pelo espaço, uma espécie de fumacinha – como aventa Cebete – zanzando em meio ao nada, conversando com outras fumacinhas? 

Reencontraria eu lá os bares que tanto amei? Na hipótese de ir para o paraíso – porque também existe a outra hipótese – estariam lá me esperando o Le Procope, la Petite Périgourdine, o Rélais de l’Ódeon, Aux Charpentier, Bofinger, Tire-Bouchon? El Oriente, Gijón, o Sobrino de Botín, El Espejo, o Venencia, a Cerveceria Alemana? O Sept Portes, Los Caracoles, Mi Burrito y Yo, o Salamanca? A Tasca do Chico, o Berlenga, o Tavares, o João-do-Grão? El Greco ou Florian? Lá tem Leffe, Grimbergen, Guinness, Delirium Tremens? Kirschwasser, akvavit, metaxas, calvados, orujo, queimada? Terá Riojas, Neros d’Avola, Cahors, Malbecs ou Carménères? Camembert, bouillabaisse, foie gras, boudin, andouilletes? Cochinillos, corderos lechales y pata negra? 

Nunca ouvi falar de restaurantes, cervejarias ou vinícolas lá no Além. Então não quero. Hemingway dizia que os americanos bons, quando morrem, vão para Paris. Muito melhor. Outra pergunta: reencontrarei meus amigos e minhas amadas nas paragens do Além? Seria muito bom. Mas também os chatos que procuro evitar na vida terrena? Pois é de supor-se que chatos também tenham direito à vida eterna. Só o que faltava tropeçar nalguma esquina do Além com alguma das figurinhas que não suporto nem ver nos botecos da Paulicéia. 

Por outro lado, sem corpo não há prazeres. Não há sexo, não há palato, não há música nem odores. Falar nisso, teria eu óperas ou música erudita? Ou o paraíso já estaria globalizado, contaminado pelo rock? A lembrança de um filme de 1966, Modesty Blaise, me aterroriza. Nele, Dirk Bogarde sofre uma tortura atroz. É amarrado entre estacas no deserto. Com um radinho de pilhas no ouvido, tocando música dos Beatles. Você imaginou isto para toda a eternidade? Prefiro as chamas do inferno, o choro e ranger de dentes. 

Passo. Eternidade é um risco. Isso sem falar que deve ser um saco. Outra hipótese é a espírita. A gente reencarna aqui no planetinha mesmo. Mas... se eu reencarno com tudo, mas sem a memória da vida passada, de que adianta? É como se tivesse morrido. Pior ainda: e se eu reencarnasse como antropólogo, sociólogo, petista ou psicanalista? Seria uma nova vida, só que de vergonha e opróbrio. 

Há uma terceira hipótese, a budista. Libertar-se do eu. Mas essa é inviável. Eu sou eu e nada mais, ora bolas! O que dá dramaticidade à vida é sua brevidade. Se temos a perspectiva de menos de século, temos de agir rápido. Imagine se alguém vivesse, não digo pela vida eterna, mas por mil anos? Vestibular? Vou deixar lá pros 200 anos. Profissão? Quem sabe aos 500. A História sofreria um retardo irremediável. 

Volto a Sócrates: quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte. Não sei ainda se aprendi a morrer. Veremos isto mais adiante. Mas desde há muito aceito tranqüilamente a idéia de morte. Sei que vou ficar triste por abandonar a festa. Certamente vou chorar. Como um dia chorei, ao partir de Madri. 

Ou, conforme as circunstâncias – nunca se sabe! – ficarei talvez alegre por abandonar o sofrimento. Mas da vida eterna, declino prazerosamente. 

* 16/03/2011

Ficar para a história. Por Marli Gonçalves- Da página de Carlos Brickmann

Pensa comigo. Aos fatos. Está visto no decorrer da Operação Lava Jato que não há mais como escapar de investigações e que estas viram ao avesso as vidas, o presente, o passado e o futuro, aqui e em toda a galáxia. Certo? Certo. Até pode fazer, mas tem de rebolar tanto para não ser descoberto que vai acabar chamando a atenção do japonês. 

Sorria, você está sendo filmado, fotografado, televisionado, gravado, youtubado, instagramado, facebucado, zapzapeado e tuitado - eles também, e bem mais do que nós.

Pois bem. Com algumas décadas acompanhando a política nacional como jornalista, conheço ou lembro mais detalhes ainda do que a maioria de vocês, da vida pregressa desses cavalheiros de cabeça branca ou lisinha que ora se apresentam para nos governar e também os que se apresentam para resistir. Muita coisa antiga da época que só havia muito o "ouvi falar", mas quase nada era mesmo investigado. Assunto abafado era o termo. Às vezes, escapava, vazava, e algum jornalista conseguia uma boa história, suportava a pressão. Mas, como disse, eles eram jovens, arrogantes, queriam subir na vida e aprenderam política antiga contaminada por populismo. 

A essa altura, hoje, já devem ter percebido que as coisas realmente mudaram. Se tiverem consciência da importância do momento e da missão que constroem - e isso a gente pode ficar lembrando a eles todo o tempo - precisam tentar fazer o melhor, o seu melhor, não podem se deslumbrar com cargos e poderes. Já viveram, são raposas, experientes em sua grande maioria.

Vão querer entrar para a história com uma foto melhor na carteira de identidade. Tomara. Tomara. Tomara.

Da mesma forma, e do outro lado, os mais tradicionais dirigentes e militantes parecem crianças novamente se divertindo de voltar a atuar, ser de esquerda, de se manter bem à esquerda, combatendo "golpes", de agitar, conclamar, ser revolucionário - a única forma que antes todos nós achávamos legal para ficar para a história. Mártires. Mas eles terão um limite, não posso acreditar que - e será uma enorme decepção se o fizerem, como inclusive ameaçam - na Hora H insuflarão mais as massas de manobra, os jovens. Temo porque eles não têm mais tanta energia, e a situação ficaria fora de controle.

Passado esse meu momento otimismo em primeiro grau, me peguei pensando nessas coisas, entrar na história, ficar para a história, passar para a história. Entrar: a marca que deixamos quando fazemos algo marcante, realmente importante. Ficar: o legado de que um ato ou pensamento nosso possa conseguir ser imortal, ser exemplo, servir como guia e lembrança. E, enfim, passar para a história: o reconhecimento de uma ou mais gerações, ou ao menos de algum estudioso que dê a chancela, faça algum registro. Há até os que ganharam feriado, ou o direito de ficar "a vida inteira" sendo festejado no aniversário da morte.

Nos tempos digitais, com a locomotiva do tempo transformando-se em trem bala de forma espantosa, e o google virando verbo, ficou mais fácil e ficou maior esse mundo da tal história. Mais espaçoso, infelizmente talvez também menos criterioso, mas agora todos nós podemos sonhar com isso. Em estar bem na fita. Temos que caprichar é como chegaremos lá e por quais fatos mereceremos ser lembrados eternamente - História é eternamente, um infinito que não tem tamanho. 

Nesse exato momento, por linhas tortas ou não, somos a caneta que escreve a história. Mas não posso deixar de ressaltar que a tinta é indelével. Portanto, por favor, redobrem a atenção, escrevam com cuidado, sem arrependimentos, porque esse é exatamente um momento que passará para a história. E não pode ter borrão.

Marli Gonçalves, jornalista Registre-se isso. 

São Paulo, olho em Brasília, Brasil, maio de 2016

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“Há um único responsável pelo desastre econômico: o governo federal” Autor: Alexandre Schwartsman

*As consequências econômicas de Dilma
O governo Dilma é o pior da República, talvez o pior da história. Não é fácil receber um país crescendo decentemente, contas públicas razoavelmente em ordem (com tarefas a cumprir, registre-se), histórico de inflação ao redor da meta, contas externas controladas e, em meros quatro anos, demolir esse legado, construído ao longo de mais de uma década por vários governos.
Não é por outro motivo que sua administração, assim como seus cúmplices, tem imensa dificuldade para assumir a responsabilidade pelo desastre. Originalmente a desculpa era a crise externa, convenientemente deixando de lado que o crescimento mundial de 2011 a 2014 foi igual ao registrado nos quatro anos anteriores, enquanto a relação entre os preços das coisas que exportamos e as que importamos (os termos de troca) foi a melhor da história recente, algo como 24% superior à sua média de 38 anos.
A desculpa agora é a oposição, que não teria compactuado com “as propostas de ajuste das contas públicas”, eufemismo para aumento de impostos, em particular a CPMF. Nas palavras da presidente, os opositores “são responsáveis pela economia brasileira estar passando por uma grande crise”.
Nada é dito, claro, sobre o aumento dos gastos observado sob seu governo, muito menos sobre seu papel no extermínio (em 2005, ainda no governo Lula) da proposta de ajuste fiscal de longo prazo, formulada pela equipe de Antonio Palocci e fulminada por ela como se fosse uma “proposta rudimentar” sob o argumento de que “gasto corrente é vida”.
Pelo que me lembro, também não foi a oposição quem baixou, na marra, as tarifas de energia, medida elogiada à época por ninguém menos que Delfim Netto, o mesmo que hoje reconhece o erro da política, apenas se esquecendo de dizer que estava entre os que a aplaudiram.
Desconheço também qualquer papel da oposição na decisão de aumentar o volume de crédito do BNDES em R$ 212 bilhões (a preços de hoje) entre 2010 e 2014, valor integralmente financiado por créditos do Tesouro Nacional, que se endividou no mesmo montante para beneficiar um punhado de setores e empresas selecionadas por critérios muito pouco transparentes.
Da mesma forma, a oposição não parece ter sido ouvida quando o governo decidiu segurar artificialmente os preços dos combustíveis, levando não apenas a Petrobras a uma situação delicada do ponto de vista de seu endividamento (limitando assim sua capacidade de investimento) como também, de quebra, desarticulando o setor sucroalcooleiro.
A lista poderia se estender ainda mais, tendo como fator comum a ausência de deliberação da oposição em decisões que, ao final das contas, caíam todas na esfera governamental. Não deve restar dúvida de que há um único responsável pelo desastre econômico em que o país se encontra: o governo federal, sob comando da presidente Dilma Rousseff.
E que não se exima o PT, que apoiou entusiasticamente a política econômica (assim como os keynesianos de quermesse que hoje fingem não ter nada a ver com assunto), mas se opõe ferozmente às tentativas de corrigir a Previdência ou atacar vinculações orçamentárias.
A oposição não é grande coisa, mas há apenas um culpado pela crise: o atual governo, presidente à frente e PT no apoio. O resto é apenas covardia e (mais) mentira para a campanha de 2018.
Fonte: “Folha de S. Paulo”, 4 de maio de 2016.

Merval Pereira: “Causas da queda da representação parlamentar” Autor: Merval Pereira

Causas da queda
A queda na qualidade da representação parlamentar é um fenômeno que se espalha por boa parte dos países da nossa região, avalia o sociólogo Bernardo Sorj, mas há razões específicas ao Brasil que são destacadas pelo historiador José Murilo de Carvalho, da Academia Brasileira de Letras, e pelo cientista político Sérgio Abranches: os reflexos dos 21 anos da ditadura militar que o país viveu.
Para José Murilo de Carvalho, um dos fatores que afetaram a qualidade da elite política atual “é o fato de que a geração que está agora ocupando espaço no Executivo e no Legislativo teve, sim, uma escola ruim, mas uma escola política ruim. Ela amadureceu durante a ditadura quando o Congresso permaneceu aberto, mas castrado pelo regime. Esta geração de políticos guardou então da atuação política uma visão puramente utilitária, sem qualquer dimensão cívica”.
Já Abranches diz que a ditadura interrompeu o fluxo de formação de lideranças acostumadas aos embates democráticos desde o movimento estudantil. Este foi capturado e monopolizado por partidos que não têm cultura democrática. A disputa tolerante entre visões e correntes diversas e o pluralismo desapareceram da política estudantil, que foi um campo de formação de lideranças.
“Não criamos novos canais de formação de lideranças políticas. O fim da clandestinidade forçada não reabriu o processo democrático na política estudantil”. Bernardo Sorj vê múltiplas razões para a decadência política na América do Sul, onde excetua o Chile e o Uruguai, como o surgimento de partidos novos, com frágil conteúdo programático, basicamente máquinas eleitorais em contextos de profundas transformações sociais (em particular processos de urbanização) que desorganizaram os velhos sistemas de fidelização de voto.
A perda de qualidade parlamentar é causada por dois motivos fundamentais, segundo Sorj: 1) a carreira política passou a ser uma oportunidade para pessoas que vêem nela uma forma de ascensão social e enriquecimento pessoal. Se trata de indivíduos onde o público está ao serviço do privado. 2) A nova geração da elite social e cultural se afastou da vida política – mas não da carreira pública, haja vista no Brasil, por exemplo, a nova geração de promotores.
A política é vista como um lugar de ineficiência e corrupção por uma geração com orientação cosmopolita e menos engajada nos problemas nacionais. Quando se engaja, o faz através de organizações de sociedade civil nas quais podem promover causas públicas sem ter que entrar em negociações e negociatas.
Eles consideram também o setor privado e o mundo empresarial mais atrativo e correto, com regras definidas de meritocracia e de ascensão econômica. Sergio Abranches concorda em que houve perda de reputação e prestígio da atividade política, que desvia jovens que teriam perfil para a política profissional para outras atividades de maior prestígio.
Ampliou-se também o acesso às candidaturas, principalmente pela democratização e eliminação de barreiras elitistas e pela fragmentação partidária, ressalta Abranches. Os movimentos organizados (CUT, sindicatos, organizações patronais, etc…) e igrejas evangélicas passaram a buscar representação parlamentar. “Esse processo de ampliação de acesso está relacionado à urbanização acelerada, ao aumento das comunicações, à penetração da TV e, sobretudo, à mobilidade social e econômica”.
O sociólogo Francisco Weffort acha que temos uma lei eleitoral inspirada em princípios que se adequaram, em alguma medida, ao Brasil de após 1945, mas que são inteiramente inadequados para o Brasil de após 1985. “Naquela época nós estávamos ainda saindo dos limites de uma sociedade rural, hoje somos plenamente uma sociedade urbana de massas. Neste sentido, quanto mais se urbaniza (e, paradoxalmente, quanto mais se democratiza) a sociedade, mais decai a representação”.
O também sociólogo Simon Schwarzman vê uma grande ampliação de acesso na política, “não necessariamente aos mais pobres, mas aos detentores de “dinheiro novo” obtido de forma mais ou menos ilegal, figuras de grande visibilidade como radialistas e jogadores de futebol, líderes religiosos e representantes de algumas categorias profissionais como policiais, e outras, sem falar de milicianos e outros personagens mais ou menos sinistros”. (Na terça-feira, propostas para reforma política)
Fonte: “O Globo”, 01/05/2016

E como diz a minha avó noveleira comendo pinhão na chapa: “Em Brasília eles vivem num outro mundo. Será que estão emaconhados?”

Hoje até os imbecis fazem seguidores. O não pensar é moda.

Levar o Brasil a sério é pra matar. O francês estava certo.