terça-feira, 22 de maio de 2018

NONO AMBRÓSIO


“Ontem para conseguir dormir tive que esquentar seis tijolos no fogão de lenha. A Nona quando deita é um picolé, está mais fria que defunto velho em necrotério.” (Nono Ambrósio)

NONO AMBÓSIO


“O frio aqui no sul chegou para matar o Nono. Estou usando seis pares de meias e em dois dias já bebi três garrafões de vinho. E nada de esquentar os cascos. ” (Nono Ambrósio)

GREVE


“Nunca participei de greve. Quando um emprego não me agrava eu procurava outro.” (Climério)


“Há tantos modismos por aí, coisas fúteis sem pé nem cabeça que nada acrescentam para nossas vidas. É necessário filtrar informações, escolher bem o que vamos ver e ouvir, senão a vida passa e acabamos não aprendendo nada.” (Filosofeno)


“A cada dia novas esperanças. Mudar o que pode ser mudado e resignar-se com o que não pode e seguir em frente.” (Filosofeno)


“A nossa vida é repleta de contratempos. Só quem está morto não tem incômodos.” (Filosofeno)


“Há homens bons e homens maus. Os bons são fáceis de identificar, já os maus dão mais trabalho, pois andam sempre maquiados.” (Filosofeno)


“Um relacionamento que se expressa entre tapas e beijos tem tudo para terminar em tragédia.” (Filosofeno)



“Às vezes os pais querem tornar o fardo da vida sem peso algum para os filhos. Então acontece que quando precisam carregar algum, eles caem.” (Filosofeno)

ENQUANTO DORMIA GULLIVER FOI AMARRADO ... por Francisco Ferraz, no Estadão. Artigo publicado em 17.05.2018

Depois do naufrágio, Gulliver com muito esforço consegue chegar à praia. Atira-se ao chão e adormece profundamente. Ao acordar não consegue se mover. Estava amarrado ao chão dos pés à cabeça, inclusive pelos cabelos. (Viagens de Gulliver – Jonathan Swift – 1726).


Mais recentemente, quando penso no Brasil vejo a imagem de Gulliver amarrado ao chão. Somos neste 2018 um Gulliver atado. Enquanto dormíamos o tempo passou e com ele as oportunidades. Embora gigante, não conseguimos nos livrar das amarras com que os habitantes de Liliput – homenzinhos de uns 15 cm de altura – nos prenderam.

Porque não conseguimos nos livrar das amarras? Porque nós mesmos, na inconsequência de quem acha que sempre haverá tempo, nos entregamos a uma política sem grandeza que nos levou à paralisia. Amarrados a uma crise de natureza social, política, econômica e cultural nós desativamos as defesas com as quais podíamos vencer a crise.

Crises são desafios que devem convocar o melhor que temos para enfrenta-la. São oportunidades que fazem surgir líderes com lucidez, coragem, persistência e visão. Infelizmente precisamos buscar esses líderes na história e em outras nações. São indivíduos que, como Lincoln, Gandhi, Churchill, De Gaulle, Roosevelt, estiveram à altura do momento em que lideravam seus povos. Crises fazem grandes líderes, alguns até mesmo construtores de suas nações... Mas não no Brasil.

Não podemos usar a crise como uma alavanca para o avanço, por que não podemos contar com nossas instituições políticas: os três poderes estão amarrados como Gulliver.

Senadores e deputados, o executivo e seus ministérios, perderam as condições para resolver a crise. Preocupam-se com os processos em que estão envolvidos e na reeleição. Protelam decidir sobre matérias de gravidade como a Previdência. E, como se não bastasse, o STF, pelos conflitos pessoais e políticos que abriga se autobloqueia.

Como superar uma crise dessa gravidade se vivemos uma batalha surda em que grande parte dos valores indispensáveis para a convivência social e para uma cultura política democrática são desprezados e contestados, dividindo a nação em blocos antagônicos?

Nossa política foi penetrada por práticas e princípios que se opõem abertamente aos valores centrais de qualquer democracia. Nossa política deixou em segundo plano a discussão sobre políticas públicas para discutir a própria organização da sociedade.

Abriram-se então as comportas para que todos os valores que regulam a vida social entrassem em questionamento: família, religião propriedade, crime, liberdade de imprensa, mercado, competição, democracia representativa, livre iniciativa, educação, liberdade de imprensa, responsabilidade individual, mérito.

Pratica-se aberta e ostensivamente uma política em que as ideologias penetram todas as esferas da vida como uma nova ética; em que as relações pessoais e familiares são inferiores em importância às relações fundadas na ideologia; em que todo aliado é virtuoso e bem intencionado e todo adversário é mal intencionado e criminoso; em que nega-se a existência de princípios absolutos na moral e na religião; em que confunde-se educação e doutrinamento; e na qual o objetivo buscado legitima qualquer ato que contribua para atingi-lo.

Não são poucos os que argumentam que toda disciplina é odiosa; toda autoridade legal é ilegítima; que a liberdade verdadeira só existe quando há igualdade absoluta; que a responsabilidade é um conceito perigoso porque provoca desigualdades e individualiza situações que deveriam ser coletivas; que toda diferença social é uma exploração; que o mérito é um critério pernicioso por provocar a discriminação e a desigualdade; que todo delinquente é vítima; que a verdade e todas as demais virtudes são relativas.

Já se diz entre nós que obedecer e fazer obedecer a lei e punir criminosos faz mal à economia do país; que, dependendo de quem é acusado a culpa é absolvida pela intenção; em que “se eu fiz, mas tu também fizeste” estamos iguais, nenhum pode acusar o outro e eu estou inocentado.

Já se pratica uma política em que a lei vigente poderá ser respeitada sempre que for politicamente conveniente, caso contrário ela deverá ser assediada e contestada continuadamente para desgasta-la e derroga-la na prática.

Neste contexto, a qualidade da discussão política cai dramaticamente: o grito equipara-se ao argumento, a coerência é substituída pela desfaçatez, a ousadia afasta a prudência; a mentira se impõe como verdade; a publicidade se encarrega da persuasão.

Esta listagem nem tornou-se ainda universal em nossa cultura política, nem tampouco esgota as linhas de conflito nessa batalha política pelos corações e mentes dos brasileiros.

Vivemos, se me é permitida a ousadia de afirmar, uma ‘situação constituinte’ por meio da qual normas são derrogadas e caem em desuso pelas manifestações de ruas e pela ousadia dos atrevidos, perante as quais os poderes se submetem pelo silêncio.

Esta listagem, embora reduzida, dá uma ideia do quanto nós avançamos na destruição dos fundamentos de uma sociedade democrática, próspera e civilizada. Ela nos alerta para o quanto já foi perdido e que será necessário recuperar.

O fato é que muitas de nossas escolhas foram erradas e, quando não erradas, fracas; nossas decisões sempre evitam o custo político das ações; nossa percepção do tempo é singular: vivemos um presente fugaz mas sem sacrifícios; para trás está o território das heranças malditas e para a frente o futuro que certamente será glorioso, ainda que nada façamos para realiza-lo.

No tempo presente nossa convicção mais profunda é de que o Estado sempre terá recursos para bancar a despesa pública; a tarefa do governo então é distribuir e não estimular a produção e, quando faltar aumenta-se a despesa e compensa-se tirando a gordura dos que têm mais.


*PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA E EX-REITOR DA UFRGS, É CRIADOR E DIRETOR DO SITE WWW.MUNDODAPOLITICA.COM.BR

AMARRARAM CACHORRO COM LINGUIÇA por Percival Puggina. Artigo publicado em 18.05.2018



Desculpem a expressão pouco polida e, ainda menos, criativa. No entanto, é a exclamação que me ocorre diante do que se cristalizou como cenário das próximas eleições parlamentares.

Promover uma grande renovação nas duas casas do Congresso Nacional era a principal aspiração da sociedade brasileira para a futura eleição parlamentar em 7 de outubro. Tratava-se de pura racionalidade: afastar os corruptos, os coniventes com a corrupção e os incompetentes, preservando os melhores. A conduta dos eleitores, aliás, deveria ser sempre essa, mas os eventos dos últimos anos – em especial os achados da Lava-Jato e operações análogas – tornaram tal conduta uma imposição dos fatos a todo eleitor consciente, a todo cidadão preocupado com o presente e o futuro do país.

Foi no contexto desse clima político-eleitoral que começaram as pressões para extinguir o financiamento empresarial aos candidatos e partidos. Seria esse financiamento (e não o irracional modelo político) “a” causa fundamental da corrupção, por gerar conluio de interesses escusos entre financiadores e financiados. Tão indigno sistema – assim se dizia - deveria ser substituído por uma fonte pública, imune a quaisquer compromissos.

Chamada a opinar, a sociedade não aderiu à tese. Nem mesmo a poderosa organização formada por mais de uma centena de entidades e associações que se integraram na famosa “Coalizão por Reforma Política e Eleições Limpas”, sob a liderança da OAB e da CNBB, conseguiu sensibilizá-la. Empenharam-se os patrocinadores da tese em campanha que se estendeu por mais de um ano, entre 2014 e 2015, tentando, inutilmente, coletar 1,5 milhão de adesões a um projeto de iniciativa popular. O financiamento público encabeçava as propostas. Alegavam expressar o desejo social e pediam assinaturas durante missas em todo o país, mas nem assim conseguiram os patrocinadores coletar a metade disso! O povo jamais considerou ser de seu dever custear campanhas eleitorais, através de recursos públicos pelos quais cada cidadão estaria, inclusive, financiando candidatos contrários às próprias convicções.

A falsa lógica do beatificado fundo eleitoral público, porém, já havia contaminado os “legisladores” do STF. Em setembro de 2015, por oito a três, atropelando, inclusive, um projeto em sentido oposto que procurava disciplinar o financiamento por pessoas jurídicas, o Pleno decidiu que ele era “inconstitucional”.

Resultado: em 2017, o Congresso aprovou a formação de um fundo público para a eleição de 2018. Esse recurso, no montante de R$1,7 bilhão, será destinado aos partidos e neles manejados por seus líderes. E quem são estes? Como regra quase geral, nas executivas nacionais e nas secções estaduais, são deputados federais e senadores. Ou seja, os recursos “públicos” serão privatizados por aqueles que, em grande proporção, a sociedade não deseja ver reeleitos, frustrando-se a efetivação do cristalino anseio nacional pela renovação. OAB, CNBB e STF estão devendo explicações para esse terrível malfeito que realiza o sonho de todos os corruptos cuja reeleição estava em risco! Amarraram cachorro com linguiça, entregando-lhes – logo a eles! – o privilégio de se financiarem com meios que a nação sangrou para produzir e arrecadou na forma de tributos federais. Quem quiser furar esse esquema que trate de correr o chapéu juntando trocados de pessoas físicas, na base da “vaquinha”, ou do me dá um dinheiro aí.

Apesar desse desastroso papelão, persiste o desejo de renovação. Não se omita, não vote em corruptos, preserve os bons e renove. Sobretudo, dedique tempo à escolha que fará, e renove!


* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.


GOMES

Ciro Gomes é um paspalho violento que adora criar factóide. Gomez bom é o papai da Família Adams.

ALEXANDRE GARCIA-Danke Schoen

A semana começou com a Copa do Mundo na Rússia, com a convocação, por Tite, dos jogadores que vão representar o Brasil. Levei um susto. Como passaram rápido esses quatro anos! Parece que foi ontem, aquele 7 a 1 da Alemanha. E o que se passou nesses quatro anos, muito devemos aos 7 gols dos alemães(na verdade 8, porque deixaram entrar um para não humilhar o anfitrião). Já imaginaram se tivéssemos ganho a taça, nos tornando hexacampeões? Pouca gente iria apoiar investigações sobre a corrupção que envolveu a construção dos estádios, nem iria amaldiçoar esses elefantes-brancos que consumiram recursos que faltam para escolas e hospitais.

Naquele ano, a Lava-jato recém havia nascido e se tivéssemos ganho a Copa, ela talvez não sobrevivesse ao clima de euforia de Coliseu. Estaríamos incentivando as crianças a jogar futebol em vez de pensar sobre o futuro que vamos legar a elas. Quando a melhor seleção brasileira conquistou o tri no México, em 1970, foi recebida no Palácio do Planalto pelo Presidente Médici. O país teve o seu milagre econômico, crescendo a ritmo chinês, sem desemprego e o presidente era aplaudido no Maracanã. Se em 2014 o Brasil tivesse conquistado a Copa que hospedou, talvez tivesse continuado o governo Dilma e ninguém lembrasse de 13 milhões de desempregados ou inflação acima de 10%, ou de corrupção na Petrobrás e bancos estatais.

Os imperadores romanos usavam o Coliseu e outros anfiteatros para entreter o povo. Pão e circo - proclamava-se como ideal. Mas se faltasse pão, o circo servia como diversão. Por aqui, isso tem funcionado na medida em que a escola tem poucos resultados. É do interesse dos maus políticos que a população se distraia com o futebol e outras alegrias, enquanto eles desfrutam do pão dos impostos, das estatais, do poder. O esporte também se adaptou a isso; uma equipe já não é a reunião de jogadores que adoram o time em que jogam, mas artistas de um show-business em que a redondeza da bola se transforma na sinuosidade de um cifrão($).

Graças aos alemães, com aqueles sete benditos gols, isso mudou um pouco. Estamos participando das investigações da Lava-jato, apoiando a Polícia Federal e o Ministério Público, escolhendo astros não no estádio, mas no tribunal - e acompanhando julgamentos como acompanhávamos uma transmissão de futebol. Cada vez que um corrupto é condenado e vai para a cadeia, é mais um gol do Brasil. Nossa torcida mudou de interesse, quando a rede de nossos neurônios foi balançada sete vezes pelos alemães. Para retribuirmos a gentileza, usemos a língua deles para agradecer: Danke Schoen, Deutschland!

SÓ NOTÍCIAS

HIPOCRISIA É FUNDAMENTAL


“A hipocrisia é essencial ao convívio social. Você não diz para uma mãe que o bebê dela é feio. Pois à minha mãezinha disseram!” (Assombração)


CONSTATAÇÃO


“As beldades só fogem de feio pobre.” (Assombração)

ESTETICAMENTE


“Esteticamente a Dilma é da minha turma.” (Assombração)


ASSOMBRAÇÃO


“Mais horrível do que eu somente a política nacional.” (Assombração)