quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

DURO DE ENGOLIR- A dona do Jabuti disse que afirmou que somos “líderes no mundo em política social”. Deve ser para quem tem um contratinho com a Petrobras. Putz!

Alexandre Garcia- VANA VERBA

Quando um presidente da República termina o mandato, imagina-se que já está pós-graduado em governo, estado e nação. Conhece tudo, é um expert em Brasil. Então quando é reeleito, tem tudo para fazer um bom governo, pois já conhece as dificuldades e as soluções. No caso de Dilma, não seriam apenas quatro anos de graduação em Brasil; seriam 12. Oito anos como ministra de Lula. Era de se esperar, portanto, um discurso de posse como uma tese sobre governo e Brasil. Mas o que se viu foi uma peça de marketing mais fraca que o discurso de posse de quatro anos atrás. A dificuldade maior de se acreditar nas palavras do discurso é que elas repetem promessas, palavras-de-ordem e intenções que não resistiram aos últimos quatro anos. 

Questões como reforma política, combate ao crack, ao crime, à corrupção e aceleração do crescimento viraram ficção. A boa-vontade em receber um discurso novo, de governo novo, como prometido na campanha, se desmanchou à medida em que o discurso ía sendo pronunciado. Houve até um certo plágio da carta-testamento de Getúlio, quando defende a Petrobras e fala em “predadores internos e inimigos externos”. Nos direitos trabalhistas, garantiu “nenhum direito a menos”- três dias depois de ter endurecido prazos para receber seguro-desemprego, pensão por morte, auxílio-doença, abono e seguro-pescador. 

Mas afirmou que somos “líderes no mundo em política social”. Para ela, mais adiantados que Suécia, Dinamarca, Noruega, Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Uruguai e mais dezenas de países. Como brasileiro é de profissão esperança, ainda restou o Brasil Pátria Educadora, como prioridade das prioridades. Será que agora teremos uma revolução no ensino, como fez a Argentina há um século e meio? Espero que não seja estado educador, porque educador é o pai e a mãe. O estado ensina. O estado educar e formar em ética e cidadania é próprio dos regimes totalitários. 

A presidente despertou um fio de esperança ao citar como primeira condição para a retomada do crescimento um ajuste nas contas públicas. Para isso, a equipe econômica precisa de autonomia para fazer o doloroso necessário. Mas no dia seguinte, a presidente passou uma reprimenda no ministro do Planejamento, mostrando que o mandato que se inicia pode ser apenas mais do mesmo. Não houve no discurso nenhuma manifestação de arrependimento, nenhum reconhecimento de falhas e erros; ao contrário, ela mostrou, como Alice, estar no País das Maravilhas. E, no entanto, os fatos desmentes as palavras. Palavras vãs. Vana verba - como diz a sabedoria latina. Por coincidência, o nome completo de quem pronunciou a peça propagandística de 43 minutos é Dilma Vana Rousseff. 

IMB-A mentalidade da esquerda e seus estragos sobre os mais pobres

Quando adolescentes criminosos e assassinos são rotulados de "jovens problemáticos" por pessoas que se identificam como sendo de esquerda, isso nos diz mais sobre a mentalidade da própria esquerda do que sobre esses criminosos violentos propriamente ditos.

Raramente há alguma evidência de que os criminosos sejam meramente 'problemáticos', e frequentemente abundam evidências de que eles na realidade estão apenas se divertindo enormemente ao cometer seus atos criminosos sobre terceiros.

Por que então essa desculpa já arraigada? Por que rotular adolescentes criminosos de "jovens problemáticos" e supor que maníacos homicidas são meros "doentes"?

Pelo menos desde o século XVIII a esquerda vem se esforçando para não lidar com o simples fato de que a maldade existe — que algumas pessoas simplesmente optam por fazer coisas que elas sabem de antemão serem erradas. Todo o tipo de desculpa, desde pobreza até adolescência infeliz, é utilizada pela esquerda para explicar, justificar e isentar a maldade.

Todas as pessoas que saíram da pobreza ou que tiveram uma infância infeliz, ou ambas, e que se tornaram seres humanos decentes e produtivos, sem jamais praticarem atos violentos, são ignoradas pela esquerda, que também ignora o fato de que a maldade independe da renda e das origens, uma vez que ela também é cometida por gente criada na riqueza e no privilégio, como reis, conquistadores e escravocratas.

Logo, por que a existência do mal sempre foi um conceito tão difícil para ser aceito por muitos da esquerda? O objetivo básico da esquerda sempre foi o de mudar as condições externas da humanidade. Mas e se o problema for interno? E se o verdadeiro problema for a perversidade dos seres humanos?

Rousseau negou esta hipótese no século XVIII e a esquerda a vem negando desde então. Por quê? Autopreservação. Afinal, se as coisas que a esquerda quer controlar — instituições e políticas governamentais — não são os fatores definidores dos problemas do mundo, então qual função restaria à esquerda?

E se fatores como a família, a cultura e as tradições exercerem mais influência positiva do que as novas e iluminadas "soluções" governamentais que a esquerda está constantemente inventando? E se a busca pelas "raízes da criminalidade" não for nem minimamente tão eficaz quanto retirar criminosos de circulação? As estatísticas ao redor do mundo mostram que as taxas de homicídio estavam em declínio durante as décadas em que vigoravam as velhas e tradicionais práticas tão desdenhadas pela intelligentsia esquerdista. Já quando as novas e brilhantes ideias da esquerda ganharam influência, no final da década de 1960, a criminalidade e violência urbana dispararam.

O que houve quando ideias antiquadas sobre sexo foram substituídas, ainda na década de 1960, pelas novas e brilhantes ideias da esquerda, as quais foram introduzidas nas escolas sob a alcunha de "educação sexual" e que supostamente deveriam reduzir a gravidez na adolescência e as doenças sexualmente transmissíveis? Tanto a gravidez na adolescência quanto as doenças sexualmente transmissíveis vinham caindo havia anos. No entanto, esta tendência foi subitamente revertida na década de 1960 e atingiu recordes históricos.

Desarmamento

Uma das mais antigas e mais dogmáticas cruzadas da esquerda é aquela em prol do desarmamento. Aqui, novamente, o enfoque está nas questões externas — no caso, nas armas.

Se as armas de fato fossem o problema, então leis de controle de armas poderiam ser a resposta. Mas se o verdadeiro problema são aquelas pessoas malvadas que não se importam com a vida de outras pessoas — e nem muito menos para as leis —, então o desarmamento, na prática, fará apenas com que pessoas decentes e cumpridoras da lei se tornem ainda mais vulneráveis perante pessoas perversas.

Dado que a crença no desarmamento sempre foi uma grande característica da esquerda desde o século XVIII, em todos os países ao redor do mundo, seria de se imaginar que, a esta altura, já haveria incontáveis evidências dando sustentação a esta crença. No entanto, evidências de que o desarmamento de fato reduz as taxas de criminalidade em geral, ou as taxas de homicídio em particular, raramente são mencionadas por defensores do controle de armas. Simplesmente se pressupõe, de passagem, que é óbvio que leis mais rigorosas de controle de armas irão reduzir os homicídios e a criminalidade.

No entanto, a crua realidade não dá sustento a esta pressuposição. É por isso que são os críticos do desarmamento que se baseiam em evidências empíricas, todas elas magnificamente coletadas nos livros "More Guns, Less Crime", de John Lott, e "Guns and Violence", de Joyce Lee Malcolm. [Veja nossos artigos sobre desarmamento]. Mas que importância têm os fatos perante a visão inebriante e emotiva da esquerda?

Pobres

A esquerda sempre se arrogou a função de protetora dos "pobres". Esta é uma de suas principais reivindicações morais para adquirir poder político. Porém, qual a real veracidade desta alegação?

É verdade que líderes de esquerda em vários países adotaram políticas assistencialistas que permitem aos pobres viverem mais confortavelmente em sua pobreza. Mas isso nos leva a uma questão fundamental: quem realmente são "os pobres"?

Se você se baseia em uma definição de pobreza inventada por burocratas, como aquela que inclui um número de indivíduos ou de famílias abaixo de algum nível de renda arbitrariamente estipulado pelo governo, então realmente é fácil conseguir estatísticas sobre "os pobres". Elas são rotineiramente divulgadas pela mídia e gostosamente adotadas por políticos. Mas será que tais estatísticas têm muita relação com a realidade?

Houve um tempo em que "pobreza" tinha um significado concreto — uma quantidade insuficiente de comida para se manter vivo, ou roupas e abrigos incapazes de proteger um indivíduo dos elementos da natureza. Hoje, "pobreza" significa qualquer coisa que os burocratas do governo, que inventam os critérios estatísticos, queiram que signifique. E eles têm todos os incentivos para definir pobreza de uma maneira que abranja um número suficientemente alto de pessoas, pois isso justifica mais gastos assistencialistas e, consequentemente, mais votos e mais poder político.

Em vários países do mundo, não são poucas as pessoas que são consideradas pobres, mas que, além de terem acesso a vários bens de consumo que outrora seriam considerados luxuosos — como televisão, computador e carro —, são também muito bem alimentadas (em alguns casos, até mesmo apresentam sobrepeso). No entanto, uma definição arbitrária de palavras e números concede a essas pessoas livre acesso ao dinheiro dos pagadores de impostos.

Esse tipo de "pobreza" pode facilmente vir a se tornar um modo de vida, não apenas para os "pobres" de hoje, mas também para seus filhos e netos.

Mesmo quando esses indivíduos classificados como "pobres" têm o potencial de se tornar membros produtivos da sociedade, a simples ameaça de perder os benefícios assistencialistas caso consigam um emprego funciona como uma espécie de "imposto implícito" sobre sua renda futura, imposto este que, em termos relativos, seria maior do que o imposto explícito que incide sobre o aumento da renda de um milionário.

Em suma, as políticas assistencialistas defendidas pela esquerda tornam a pobreza mais confortável ao mesmo tempo em que penalizam tentativas de se sair da pobreza. Exceto para aqueles que acreditam que algumas pessoas nascem predestinadas a serem pobres para sempre, o fato é que a agenda da esquerda é um desserviço para os mais pobres, bem como para toda a sociedade. Ao contrário do que outros dizem, a enorme quantia de dinheiro desperdiçada no aparato burocrático necessário para gerenciar todas as políticas sociais não é nem de longe o pior problema dessa questão.

Se o objetivo é retirar pessoas da pobreza, há vários exemplos encorajadores de indivíduos e de grupos que lograram este feito, e nos mais diferentes países do mundo.

Milhões de "chineses expatriados" emigraram da China completamente destituídos e quase sempre iletrados. E isso ocorreu ao longo dos séculos. Independentemente de para onde tenham ido — se para outros países do Sudeste Asiático ou para os EUA —, eles sempre começaram lá embaixo, aceitando empregos duros, sujos e frequentemente perigosos.

Mesmo sendo frequentemente mal pagos, estes chineses expatriados sempre trabalhavam duro e poupavam o pouco que recebiam. Era uma questão cultural. Vários deles conseguiram, com sua poupança, abrir pequenos empreendimentos comerciais. Por trabalharem longas horas e viverem frugalmente, eles foram capazes de transformar pequenos negócios em empreendimentos maiores e mais prósperos. Eles se esforçaram para dar a seus filhos a educação que eles próprios não conseguiram obter.

Já em 1994, os 57 milhões de chineses expatriados haviam criado praticamente a mesma riqueza que o bilhão de pessoas que viviam na China.

Variações deste padrão social podem ser encontradas nas histórias de judeus, armênios, libaneses e outros emigrantes que se estabeleceram em vários países ao redor do mundo — inicialmente pobres, foram crescendo ao longo de gerações até atingirem a prosperidade. Raramente recorreram ao governo, e quase sempre evitaram a política ao longo de sua ascensão social.

Tais grupos se concentraram em desenvolver aquilo que economistas chamam de "capital humano" — seus talentos, habilidades, aptidões e disciplina. Seus êxitos frequentemente ocorreram em decorrência daquela palavra que a esquerda raramente utiliza em seus círculos refinados: "trabalho".

Em praticamente todos os grupos sociais e étnicos, existem indivíduos que seguem padrões similares para ascenderem da pobreza à prosperidade. Mas o número desses indivíduos em cada grupo faz uma grande diferença para a prosperidade ou a pobreza destes grupos como um todo.

A agenda da esquerda — promover a inveja e o ressentimento ao mesmo tempo em que vocifera exigindo ter "direitos" sobre o que outras pessoas produziram — é um padrão que tem se difundido em vários países ao redor do mundo.

Esta agenda raramente teve êxito em retirar os pobres da pobreza. O que ela de fato logrou foi elevar a esquerda a cargos de poder e a posições de autoexaltação — ao mesmo tempo em que promovem políticas com resultados socialmente contraproducentes.

A arrogância

É difícil encontrar um esquerdista que ainda não tenha inventado uma nova "solução" para os "problemas" da sociedade. Com frequência, tem-se a impressão de que existem mais soluções do que problemas. A realidade, no entanto, é que vários dos problemas de hoje são resultado das soluções de ontem.

No cerne da visão de mundo da esquerda jaz a tácita presunção de que pessoas imbuídas de elevados ideais e princípios morais — como os esquerdistas — sabem como tomar decisões para outras pessoas de forma melhor e mais eficaz do que estas próprias pessoas.

Esta presunção arbitrária e infundada pode ser encontrada em praticamente todas as políticas e regulamentações criadas ao longo dos anos, desde renovação urbana até serviços de saúde. Pessoas que nunca gerenciaram nem sequer uma pequena farmácia — muito menos um hospital — saem por aí jubilosamente prescrevendo regras sobre como deve funcionar o sistema de saúde, impondo arbitrariamente seus caprichos e especificidades a médicos, hospitais, empresas farmacêuticas e planos de saúde.

Uma das várias cruzadas internacionais empreendidas por intrometidos de esquerda é a tentativa de limitar as horas de trabalho de pessoas de outros países — especialmente países pobres — em empresas operadas por corporações multinacionais. Um grupo de monitoramento internacional se autoatribuiu a tarefa de garantir que as pessoas na China não trabalhem mais do que as legalmente determinadas 49 horas por semana.

Por que grupos de monitoramento internacional, liderados por americanos e europeus abastados, imaginam ser capazes de saber o que é melhor para pessoas que são muito mais pobres do que eles, e que possuem muito menos opções, é um daqueles insondáveis mistérios que permeiam a intelligentsia.

Na condição de alguém que saiu de casa aos 17 anos de idade, sem ter se formado no colégio, sem experiência no mercado de trabalho, e sem habilidades específicas, passei vários anos de minha vida aprendendo da maneira mais difícil o que realmente é a pobreza. Um dos momentos mais felizes durante aqueles anos ocorreu durante um breve período em que trabalhei 60 horas por semana — 40 horas entregando telegramas durante o dia e 20 horas trabalhando meio período em uma oficina de usinagem à noite.

Por que eu estava feliz? Porque antes de encontrar estes dois empregos eu havia gasto semanas procurando desesperadamente qualquer emprego. Minha escassa poupança já havia evaporado e chegado literalmente ao meu último dólar quando finalmente encontrei o emprego de meio período à noite em uma oficina de usinagem.

Passei vários dias tendo de caminhar vários quilômetros da pensão em que morava no Harlem até a oficina de usinagem, que ficava imediatamente abaixo da Ponte do Brooklyn, e tudo para poupar este último dólar para poder comprar pão até finalmente chegar o dia de receber meu primeiro salário.

Quando então encontrei um emprego de período integral — entregar telegramas durante o dia —, o salário somado dos dois empregos era mais do que tudo que eu já havia ganhado antes. Foi só então que pude pagar a pensão, comer e utilizar o metrô para ir ao trabalho e voltar.

Além de tudo isso, ainda conseguia poupar um pouco para eventuais momentos difíceis. Ter me tornado capaz de fazer isso era, para mim, o mais próximo do nirvana a que já havia chegado. Para a minha sorte, naquela época não havia nenhum intrometido de esquerda querendo me impedir de trabalhar mais horas do que eu gostaria.

Havia um salário mínimo, mas, como o valor deste havia sido estipulado em 1938, e estávamos em 1949, seu valor já havia se tornado insignificante em decorrência da inflação. Por causa desta ausência de um salário mínimo efetivo, o desemprego entre adolescentes negros no ano de 1949, que foi um ano de recessão, era apenas uma fração do que viria a ser até mesmo durante os anos mais prósperos desde a década de 1960 até hoje.

À medida que os moralmente ungidos passaram a elevar o salário mínimo, a partir da década de 1950, o desemprego entre os adolescentes negros disparou. Hoje, já estamos tão acostumados a taxas tragicamente altas de desemprego neste grupo, que várias pessoas não fazem a mais mínima ideia de que as coisas nem sempre foram assim — e muito menos que foram as políticas da esquerda intrometida que geraram tais consequências catastróficas.

Não sei o que teria sido de mim caso tais políticas já estivessem em efeito em 1949 e houvessem me impedido de encontrar um emprego antes de meu último dólar ser gasto.

Minha experiência pessoal é apenas um pequeno exemplo do que ocorre quando suas opções são bastante limitadas. Os prósperos intrometidos da esquerda estão constantemente promovendo políticas — como encargos sociais e trabalhistas — que reduzem ainda mais as poucas opções existentes para os pobres. Quando não reduzem empregos, tais políticas afetam sobremaneira seus salários.

Parece que simplesmente não ocorre aos intrometidos que as corporações multinacionais estão expandindo as opções para os pobres dos países do terceiro mundo, ao passo que as políticas defendidas pela esquerda estão reduzindo suas opções.

Os salários pagos pelas multinacionais nos países pobres normalmente são muito mais altos do que os salários pagos pelos empregadores locais. Ademais, a experiência que os empregados ganham ao trabalhar em empresas modernas transforma-os em mão-de-obra mais valiosa, e fez com que na China, por exemplo, os salários passassem a subir a porcentagens de dois dígitos anualmente.

Nada é mais fácil para pessoas diplomadas do que imaginar que elas sabem mais do que os pobres sobre o que é melhor para eles próprios. Porém, como alguém certa vez disse, "um tolo pode vestir seu casaco com mais facilidade do que se pedisse a ajuda de um homem sábio para fazer isso por ele".






Thomas Sowell , um dos mais influentes economistas americanos, é membro sênior da Hoover Institution da Universidade de Stanford. Seu website: www.tsowell.com.

EMPRESA PRIVADA X ESTADO

 “Se uma empresa privada fracassa, ela vai à falência.  Se o estado fracassa, ele pede (e ganha) mais dinheiro.”           (Lew Rockwell)


Quando o estado fracassa abjetamente em cumprir com a mais mínima qualidade aceitável algum serviço que ele se propôs a fazer — como a segurança —, as pessoas veem isso como algo rotineiro.  Se pessoas morrem em decorrência da falta de segurança — inclusive na área de infraestrutura — gerada pelo estado, são apenas coisas da vida.  Mas quando uma empresa privada oferece um serviço que deixa a desejar, todos os tipos de impropérios e ameaças judiciais são proferidos por seus desapontados clientes. (Lew Rockwell)

“A minha mulher vive sem mim. Porém não sem o Cartão Marisa.” (Climério)

“Preciso me controlar. Já estou maior que os espelhos lá de casa.” (Fofucho)

“Sou mulher do Satanás Ferreira. Sei que nos corneamos mutuamente.” (Ilvania Ilvanete)

“Trair amigos está no meu DNA. Eles que o digam.” (Satanás Ferreira)

Petrobras: piquenique à beira do vulcão

Nos próximos dias, a Petrobras espera nomear um diretor de governança corporativa. A ideia é parte de uma mentalidade terapêutica que propõe aplicar um band-aid para lidar com uma metástase. Certamente será um nome respeitável — um band-aid legal, com coraçõezinhos vermelhos ou o gato da Hello Kitty — mas nem de longe o que o paciente precisa.Dilma Rousseff
O “Diretor de Governança, Risco e Conformidade” será o terceiro integrante do Comitê Especial que a Petrobras está criando para “acompanhar as investigações de forma independente.”
Este comitê é um exemplo de como o Governo às vezes se esforça para enviar os sinais corretos, mas mesmo assim fracassa: o comitê foi anunciado em 24 de dezembro, uma data em que todo mundo tem uma ótima desculpa para não querer ouvir falar de Petrobras.
Para esta nova instância de supervisão, o governo convidou a ex-ministra do STF Ellen Gracie. Alguns analistas já apontaram a participação da ex-ministra no vexame da OGX, da qual foi conselheira, mas a coluna prefere enxergar que o Governo Dilma convidou, para um órgão de supervisão na Petrobras, uma ministra do Supremo nomeada por Fernando Henrique Cardoso. Já é um começo.
O segundo membro do Comitê Especial é ainda mais simbólico: o alemão Andreas Pohlmann, que foi contratado como diretor de Governança da Siemens em 2007, quando a Siemens se metera num escândalo de corrupção de proporções… bem, de proporções pueris perto do que aconteceu na Petrobras. Pohlmann ficou no cargo até 2010 e hoje é um consultor de governança respeitado mundialmente.
Mesmo assim, tudo isso é muito pouco, e tarde demais.
O que o paciente precisa é de um tratamento de choque. A Presidente deveria defenestrar toda a diretoria da Petrobras — culpados ou inocentes – e o seu conselho de administração. E deveria chamar os tais nomes consagrados do empresariado nacional, ventilados nas últimas semanas — mas para uma faxina completa, não uma limpeza parcial.
A reinvenção da Petrobras só pode acontecer se a empresa se desvencilhar por completo de todos os acordos, amarras, compromissos e piscadelas que a algemam a um passado de aparelhamento, superfaturamento e descarrilhamento do que já foi, um dia, um orgulho nacional.
A inoperância da Presidente Dilma neste episódio tem contribuído para a deterioração acelerada das expectativas em relação à empresa. Sua decisão de manter Graça Foster no cargo (mesmo enquanto considera nomes para o conselho) é a senha de que haverá uma mudança, “mas não vamos exagerar.”
band-aid-02Mas Dilma precisa exagerar.
A Presidente parece convicta da viabilidade de se trocar o motor com o avião em pleno vôo. Mas ao contrário do que ela possa pensar, o motor da Petrobras não é o petróleo que jorra na Bacia de Campos, mas as pessoas que trabalham na Avenida Chile e fazem a empresa funcionar. Se o Brasil aprendeu alguma coisa com o sucesso de Jorge Paulo Lemann e companhia, foi que as empresas são as pessoas.
Na Petrobras, a confiança que lubrifica as relações de trabalho se rompeu, e a confiança de acionistas e credores evapora a cada dia. Os credores estão batendo à porta, e os acionistas, fazendo as malas. Nos três primeiros pregões de 2015, a companhia já perdeu 19% de seu valor — uma espiral que só pode ser revertida quando o Governo oferecer à empresa um novo começo.
É claro que uma ruptura com o passado não é sem riscos. Trocar a cúpula da Petrobras pode literalmente parar a empresa. Mas talvez este seja mais um (sobre)preço a pagar.
Ao contrário do que acontece em Las Vegas, o que acontece na Petrobras não fica na Petrobras. Atingida pelo cisne negro da corrupção, sua gigantesca cadeia de fornecedores está demitindo pais de família — gente honesta, vítima de gente bandida. O País tem que lidar também com as empreiteiras envolvidas nos desvios, responsáveis por boa parte das obras de infraestrutura do Brasil, mas cuja obtenção de leniência criaria um moral hazard que o Brasil não tem como aceitar. Há, ainda, as investigações nos EUA… afinal, na falta de justiça divina para essa gente, há sempre a Justiça americana.
Há algumas semanas, começaram a surgir na imprensa — inclusive nesta coluna — nomes de empresários que o Planalto estaria considerando para o comando da Petrobras. Dias depois, no entanto, surgiu a notícia de que Graça Foster seria mantida, e que tudo que a Presidente quer trocar é o conselho.
Infelizmente para a Presidente, o plano do superconselho está fadado ao fracasso. Parece remota a chance de que grandes empresários e executivos respeitados aceitem a missão de supervisionar uma empresa sobre a qual, a cada dia, o Brasil descobre saber tão pouco.
E mais: como é que estes empresários e executivos — que respiram capitalismo em seu dia-a-dia — aceitariam ser conselheiros de uma empresa na qual o lucro não é a prioridade, onde quem manda é a contingência política, e tendo abaixo de si diretores que estavam in the house quando o furacão da fraude passou por ali?
É bem verdade que o conselho da Petrobras precisa mudar, em composição e atitude. Nos últimos anos, ele se tornou um dos órgãos mais opacos do capitalismo nacional, como se a Petrobras fosse, de fato, só do governo, e não uma empresa com acionistas minoritários. Nada do conselho da Petrobras fica público. Até dezembro, a última ata de reunião publicada era de julho de 2012. (A lei manda publicar atas que gerem efeitos perante terceiros, mas, como se sabe, nada do que aconteceu na Petrobras desde 2012 gerou efeito para terceiros…) E a empresa já teve a pachorra de interpelar um conselheiro independente por uma declaração dada à imprensa.Lula
Enquanto isso, a auditoria PWC (antes cega, agora guardiã da porta arrombada) continua se recusando a assinar o balanço auditado do terceiro trimestre, sem o qual a Petrobras permanece um pária no mercado de dívida internacional, incapaz de vender uma nota promissória para encher o tanque no posto da esquina e perigosamente exposta à desvalorização do real.
A derrocada da Petrobras se insere num grande ‘climão’ nacional: a economia não cresce, o ajuste fiscal vai doer, e há nos meios políticos a expectativa (senão a certeza) de que mais revelações de corrupção vão azedar o quadro institucional nos próximos meses.
Numa piada que se tornou corriqueira no mercado financeiro nos últimos dias, a pessoa liga e deseja um “feliz 2016”. Diante da dúvida do interlocutor, logo se explica: “É que 2015 já está perdido.”
Nunca antes na história deste país o nível de incerteza foi tão atemorizante e o pessimismo entre os tomadores de decisão tão contagiante. “Se você acha que existe o fundo do poço… não existe. O fundo pode sempre ser mais embaixo,” disse à coluna um empresário com experiência de Governo.  Essa ciranda de melancolia só vai parar quando a Petrobras parar de estrebuchar em praça pública.
“Esse debacle da Petrobras pode se tornar irreversível,” diz um empresário com trânsito no governo. “O escândalo acontece num momento internacional muito ruim pro setor e pode levar a conseqüências gravíssimas como default na dívida e erosão de valor em todo o mercado de capitais brasileiro. O governo está agindo de forma irresponsável.”
Por Geraldo Samor

Ataque em Paris é contra todo o Ocidente e sua liberdade de expressão. Ou: Pelo direito de blasfemar!

Um atentado a tiros na sede da revista de humor “Charlie Hedbo” deixou doze mortos em Paris nesta terça e abalou o mundo todo. A revista já tinha atraído a fúria dos fanáticos muçulmanos ao publicar, em 2011, uma charge de Maomé. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reagiu condenando o ataque terrorista e expressou solidariedade com a França na luta contra o terrorismo. “Os assassinatos em Paris são revoltantes. Estamos ao lado do povo francês na luta contra o terrorismo e na defesa da liberdade de imprensa”, declarou Cameron em sua conta no Twitter.
E essa é basicamente a luta em jogo: de um lado, aqueles que defendem a liberdade de expressão, o império das leis, a democracia, ou seja, as principais conquistas institucionais que foram produzidas basicamente no mundo ocidental; do outro, fanáticos que ainda vivem na Idade das Trevas, nem mesmo na real Idade Média, mas naquela caricatural criada pela narrativa anticatólica. Afinal, nem mesmo mais tarde, durante o período mais sombrio da Inquisição espanhola, o Ocidente viveu mergulhado no mesmo tipo de atraso e autoritarismo que muitos países islâmicos vivem hoje, em pleno século XXI.
Com atos terroristas não pode haver contemporização. A reação de todos os defensores da democracia e da liberdade deve ser enérgica e veemente. Os fanáticos do Islã não aceitam o contraditório, e se sentem no direito de simplesmente eliminar aquele que ousa “ofender” sua fé religiosa. Claro que os fanáticos são minoria, mas não podemos nos enganar: tal ato abominável encontrará aprovação em muito mais gente do que deveria. Não são poucos aqueles que julgam que a revista “pediu” isso ao enfrentar o islamismo, assim como muitos consideraram que o ataque às torres gêmeas em 11 de setembro foi uma retaliação “justa”.
O pior é que tal opinião não é exclusividade dos muçulmanos. Mesmo no Ocidente, há aqueles que pensam assim, que condenam a própria “ousadia” da revista em vez de defender a ampla e quase irrestrita liberdade de expressão típica dos países civilizados, mesmo sabendo que, com isso, crenças religiosas serão atacadas ou mesmo ridicularizadas. Faz parte do ambiente de tolerância ter de aceitar que o outro pode não só discordar, como abominar as suas crenças. Não resolvemos tais dilemas no tiro, e sim no diálogo ou na salutar segregação voluntária e pacífica.
O caso nos remete ao das charges ironizando Maomé na Dinamarca. À época, escrevi um texto sobre o assunto, que reproduzo abaixo:
Dinamarca e Fanatismo
“Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos.” (Karl Popper)
O artigo vem um pouco atrasado, para falar das charges de Maomé e da reação alucinada que geraram entre muçulmanos fanáticos. Mas não tem problema. Afinal, a reação dos extremistas também veio bastante atrasada. Na verdade, levaram meses para mostrar revolta insana com uns simples desenhos, curiosamente em um momento que muito interessava ao Irã. O que está por trás dessa suposta loucura? Quem tem razão nesse episódio?
Muitas pessoas, talvez por medo do Islã ou por um relativismo moral hipócrita, condenaram o próprio Ocidente e sua liberdade de expressão. Querem voltar aos tempos em que era proibido ir contra a fé e a religião. Acham que os jornais não tinham nada que desrespeitar as crenças dos muçulmanos. Essas mesmas pessoas nada falam quando o lado de lá diz que Israel deve ser exterminado do mapa, ou que o Holocausto nem existiu.
Também não fazem coro contrário quando filmes ou charges ironizam a figura de Cristo. O respeito da fé acima de tudo, aparentemente, tem dois pesos e duas medidas, como todas as demais formas de relativismo. É só o Ocidente que tem obrigação de respeitar a fé do Oriente. Este pode declarar a Jihad contra nós, pregando a morte dos infiéis, sob um silêncio complacente até mesmo dos “moderados”, que não tem problema algum.
Uma das possíveis causas do fanatismo islâmico pode ser encontrada no maior “achatamento” do mundo, com os avanços tecnológicos reduzindo a distância entre os povos. É a opinião do colunista Thomas Friedman, em seu livro O Mundo é Plano. O autor defende a tese de que, com a maior globalização e o progresso da internet, não é mais possível fechar os olhos dos muçulmanos para a realidade mundo afora. Fica mais evidente o atraso deles, o quanto ficaram para trás em relação ao Ocidente.
Vários terroristas, em suas declarações, deixam claro esse ressentimento, uma busca de vingar a humilhação perante o sucesso ocidental. Essas paixões viram um prato cheio para o oportunismo de líderes inescrupulosos, que abusam de bodes expiatórios externos para justificarem as atrocidades domésticas.
Com uma população extremamente jovem, economia dependente do “ouro negro” e sem geração de novos empregos, ausência de liberdades individuais e miséria crescente visível pelo “choque de civilizações”, há um ambiente fértil para uma fábrica de terroristas fanáticos. Não há como lutar contra isso usando apenas a razão, afinal, tamanho fanatismo cria uma barreira intransponível à lógica. Estamos diante de um caso claro de rigidez cognitiva.
A cura de tal doença levará tempo. Será preciso democratizar as atuais teocracias, separar a fé religiosa do estado, aumentar o grau de liberdade individual, reduzir a dependência econômica do petróleo etc. Nada disso será da noite para o dia. Mas é fundamental, para tanto, que os formadores de opinião não se curvem diante do medo ou da hipocrisia.
Achar que o problema está na liberdade de expressão ocidental, em vez de no fanatismo religioso dos muçulmanos, é trocar totalmente as bolas. O mundo necessita de um julgamento objetivo sobre esses acontecimentos, para o bem dos próprios muçulmanos que não compactuam com as barbaridades perpetradas em nome do seu Deus. Apelar ao relativismo moral e culpar a liberdade de imprensa dinamarquesa pela reação dos fanáticos é assassinar o bom senso. Devemos ser livres até mesmo para blasfemar!
Marcelo, um oficial do reino da Dinamarca na mais famosa peça de Shakespeare, afirma que “há algo de podre no Estado da Dinamarca”, ao ver, espantado, o fantasma do Rei Hamlet. Eram outros tempos. Talvez no começo do século XVII havia mesmo algo de podre no reino da Dinamarca. Mas, atualmente, o país conta com ampla liberdade individual. A imprensa é livre, a economia é livre, e a Dinamarca está na oitava posição no ranking de liberdade econômica do Heritage. A renda per capita beira os US$ 40 mil.
Trata-se de um país avançado em todos os sentidos. O jornal dinamarquês tem total direito de desenhar uma charge de quem quiser, seja de Maomé, Jesus, Buda ou do Papa. Os muçulmanos fanáticos é que não têm direito de incendiar embaixadas e matar gente por causa disso. Se Shakespeare vivesse nos dias atuais, provavelmente escreveria que há algo de muito podre nas teocracias islâmicas…  
Rodrigo Constantino

LEANDRO NARLOCH- Ataques em Paris: já estão culpando a vítima

O ataque contra os jornalistas franceses do Charlie Hebdo mal acabou e já tem intelectual culpando as próprias vítimas pelo episódio.
Como sempre acontece nesses casos, a opinião vem neste formato: “Não estou defendendo o estuprador, mas a mulher não deveria sair por aí com uma saia tão curta. Não estou defendendo o assaltante, mas isso que dá ostentar um Rolex”.
“Esse jornal deveria compreender que isso não se faz, é atrair problema”, disse, ao vivo na Globonews, a professora Arlene Clemesha, da USP. “É claro que não estou defendendo os ataques, mas não se deve fazer humor com o outro.” A professora ainda chamou a revista de sensacionalista. O Charlie Hebdo não é sensacionalista – é uma revista satírica parecida com O Pasquim, que a professora deve adorar.
Pouco antes, o professor Williams Gonçalves, da UERJ, foi mais constrangedor. Culpou os próprios jornalistas pelos ataques, disse que as charges foram um ato de irresponsabilidade e perguntou qual é a graça de se fazer charges com Maomé. “Quem faz uma provocação dessa não poderia esperar coisa muito diferente”, diz ele.
Ora, é claro que o humor sobre religiões tem sua graça. O Porta dos Fundos zomba de religiosos quase toda semana – entre eles, os muçulmanos. O musical The Book of Mormons tem duas horas de pura ridicularização da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Maomé foi um entre tantos religiosos que o Charlie Hebdo satiriza.
Mas o importante é que os jornalistas franceses não cometeram nenhum crime. A charge sobre Maomé é inofensiva – não se pode acusar a revista de discriminação. A liberdade de expressão não só é garantida pela lei local – também é um dos grandes valores da cultura francesa.

Caio Blinder- Somos todos franceses

Paris, manhã de quarta-feira. Fomos todos atacados. Todos nós, pessoas civilizadas. Cenas de horror nesta cidade maravilhosa que eu acabei de visitar nas férias. Temos apenas os primeiros detalhes e especulações muito plausíveis sobre os motivos do ataque contra o semanário satírico Charlie Hebdo, que resultou em pelo menos 12 mortes.
Porém, no coração da capital francesa aconteceu um ataque terrorista contra a liberdade de expressão, contra a sátira, contra a França, contra a civilizaç ão. Não temos todos os detalhes, mas conhecemos este filme. Charlie Hebdo é conhecido por desafiar o politicamente correto e fora alvo de repetidos ataques e ameaças por suas caricaturas do profeta Maomé.
Seu mais recente alvo, nesta mesma quarta-feira que antecedeu a chacina, foi o jihadismo ensandecido encarnado no grupo Estado Islâmico, com um tuíte-chacota sobre seu líder Abu Bakr al-Baghdadi. Pelas primeiras informações da polícia, os dois pistoleiros que atacaram a sede do semanário bradavam que “vamos vingar o profeta”.
Aliás, centenas de jovens franceses estão fazendo “estágio terrorista” na Síria e o temor constante é que voltem para casa (e para outros países europeus) para praticar o que aprenderam.
Sei que o “por outro lado” incomoda muita gente. No entanto, nesta hora de agonia na França, devemos temer também pelo incremento de hostilidade contra muçulmanos em geral quando há uma alta de xenofobia e de hostilidade contra imigrantes na Europa. Para lembrar o óbvio, este horror em Paris é maná para Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, o cada vez mais popular partido da extrema direita francesa.
Temos uma guerra em muitas frentes. De novo, precisamos estar vigilantes e combater sem tréguas os agentes da intolerância, mas devemos também preservar a tolerância. Este paradoxo é que nos faz civilizados.
***

VÍTIMAS

VÍTIMAS

Observar a ignorância em ação
É ferir-me a carne com ferro quente
Ver o homem reduzido a um fantoche
É um deboche que machuca
Pobre do humano que não sabe pensar por si
Tendo a visão do mundo murada por fantasias sobrenaturais
Resta somente para eles
Seguir pelo caminho que lhe empurram
Os especialistas em lavagem cerebral.

DELÍRIO

DELÍRIO

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras...
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.

INSETOS

INSETOS

Como gosmentos insetos
Os inaptos se agarram ao poder
Não podendo contar com seus talentos
Para uma ascendência decente
Urge aos jumentos
A prática na administração
Da velha arte do puxa-saquismo
Desprezada por quem é capaz.

José Nêumanne Pinto: ‘Compromisso com a mediocridade’

Publicado no Estadão

Quando a presidente reeleita Dilma Rousseff anunciou o executivo da área financeira Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, a direita reagiu com espanto e a esquerda, com raiva. No entanto, ela apenas seguiu o figurino de seu primeiro governo, inspirado em seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. No caso específico, ela foi buscar o profissional para decepar os nós da economia a serem enfrentados no segundo governo em dois lugares confiáveis: o segundo escalão da assessoria do adversário tucano, Aécio Neves, e a indicação do banqueiro amigo Lázaro de Mello Brandão, chefe do segundo maior banco privado do País e velho aliado.


O chamado mercado ficou perplexo porque não contava com a astúcia de nossa figura “chapolinesca”. Por falta de desconfiômetro e de sagacidade, os magnatas do negócio financeiro contavam com mais uma figurinha acadêmica carimbada do PT, nos moldes de Guido Mantega, o descartado, ou Aloizio Mercadante Oliva, a bola da vez na sinuca de madame. Ledo e “ivo” engano, dir-se-ia antigamente. Este escriba, precavido, não se surpreendeu por dois motivos: primeiramente, por ter aprendido a entender os atos da alta cúpula petralha no poder, sempre opostos à retórica da propaganda com a qual engana o eleitorado; e, em segundo lugar, por se lembrar de, em palestra no Conselho de Economia da Fiesp, o respeitado macroeconomista Octavio de Barros, vice-presidente do Bradesco, ter feito em priscas eras apaixonadíssimo discurso de louvação à gestão econômica do nosso padim Ciço do Agreste.


Surpreenderam-se os desatentos que não prestaram atenção nesses aparentes detalhes, que, na verdade, são essenciais. O filmete dos banqueiros tomando a comida do trabalhador para associar Neca Setubal, do Itaú, com a adversária Marina Silva era apenas uma patranha de marqueteiro. Como Napoleão espalhou a sábia lição de que “do traidor só se aproveita a traição”, aviso dado antes de mandar fuzilar o alcaguete que lhe delatou as posições das tropas inimigas, Dilma sabe que se ganha o voto com a mentira do marketing político, mas se governa com quem conhece o caminho real das pedras. Pois então: avisou que ia convidar o presidente do banco amigo, Luiz Trabuco, e recebeu-o na companhia de seu Brandão, que vetou a solução, mas apresentou uma saída razoável na pessoa de Levy, ex-luminar da gestão lulista. O discurso do banqueiro rapace serve para levar os votos dos tolos. A boa gestão recomenda o uso da frieza dos dedos de tesoura disponíveis – a velha fábula de ganhar com a esquerda e guiar com a direita. Até porque, se não der certo, é só trocar. Não faltarão nomes no colete de seu Brandão.


Os futuros ministros do segundo governo que vêm sendo indicados também não foram inspirados nos discursos do palanque eletrônico, mas nas lições do mestre Maquiavel de Caetés. Que importa se a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia Abreu, assumiu a defesa sub-reptícia de uma “ordem medieval do trabalho” (apud Miriam Leitão) ao recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a implementação de normas explícitas a serem obedecidas pelos proprietários rurais, acusando-as de “preconceito ideológico contra o capitalismo”? A futura ministra é uma direitista do peito, amarrada à chefe por laços de afeto e admiração mútuos, assim como a Graciosa da Petrobrás.


Antes de nomear os novos ministros, a presidente tentou transferir parte de sua responsabilidade para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo acesso à delação premiada de Paulinho do Lula e de Beto Youssef para evitar nomear receptadores de propinas da roubalheira da Petrobrás. O ex-relator do mensalão, Joaquim Barbosa, chamou a iniciativa de “degradação institucional”. O loquaz ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confessou o absurdo, em vez de dar uma de João sem braço. Ficou claro que na nomeação de seu primeiro escalão a chefe do governo leva em conta apenas as notícias do dia, em vez de compulsar os prontuários de seus futuros auxiliares. O líder da minúscula bancada governista do PRB na Câmara, George Hilton, vai tomar conta do Ministério do Esporte durante a Olimpíada no Rio, mesmo já tendo sido flagrado pela polícia carregando R$ 600 mil em pacotes de dinheiro vivo num avião privado. Kátia Abreu, Eduardo Braga e Hélder Barbalho são réus na Justiça. Aldo Rebelo tem ficha limpa, mas isso não basta para, com as palavras de ordem pré-históricas do PCdoB, comandar a pasta de Ciência e Tecnologia. Deus nos acuda.


Cid Gomes foi escolhido para o Ministério da Educação, apesar de ter sido acusado de pagar com dinheiro público o aluguel de um avião particular para viajar com a família (a sogra inclusive) para a Europa. E de ter conquistado com mérito a fama de Mecenas do semiárido por pagar cachês altíssimos a cantores como Ivete Sangalo e Plácido Domingo. Não o recomenda ao cargo a acusação de ter reagido a uma manifestação de professores afirmando: “Quem quer dar aula faz isso por gosto, não por salário. Se quer ganhar dinheiro, deixa o ensino público e vai pro privado”. Sua saída do Partido Socialista Brasileiro (PSB), traindo Eduardo Campos para ficar com a presidente, que obteve votação espetacular no Ceará, o recomendou para o cargo muito mais do que o trabalho pioneiro de seu secretário adjunto de Educação, Maurício Holanda Maia, mais adequado para o cargo.


A reunião de bons burgueses com antigos delinquentes e derrotados nas urnas e o “museu de novidades” (apud Josias de Souza) não bastarão, contudo, para definir com justiça a Esplanada dos Ministérios sob Dilma 2. Sua principal característica genérica é a mediocridade ampla, geral e irrestrita. A mediocridade tirânica, que não se basta, que tudo faz para se impor e governar, é a marca do governo que nos espera e do destino que nos fará engolir.

Rodrigo Constantino- Filhos de Gandhi: o pacifismo sob a ótica de Orwell

“O jeito mais fácil de terminar uma guerra é perdê-la.” (George Orwell)
Basta mencionar o nome Gandhi para que automaticamente muitos se lembrem do pacifismo como um meio para um fim nobre, que é a paz. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, eis o resumo da doutrina gandhiana. Em muitos aspectos, essa doutrina remete aos ensinamentos de Cristo, que teria dito no famoso Sermão da Montanha: “Ouviste o que foi dito: olho por olho e dente por dente; Eu, porém, te digo que não resistas ao mau; mas se alguém te bater na tua face direita, oferece-lhe também a outra”. Em resumo, jogar fora a lex talionis e responder à violência com amor. O próprio Gandhi afirmara que “Cristo é a maior fonte de força espiritual que o homem até hoje conheceu”. E para ele, “a força de um homem e de um povo está na não-violência”.
Tudo isso parece, sem dúvida, muito bonito e nobre. Normalmente, aquele que propaga tais ideais adquire um ar de nobreza, de boa alma imbuída das mais belas virtudes. Quem poderia ser contrário à paz? Ocorre que a paz é uma finalidade, e existem diferentes meios para alcançá-la. Nem sempre o meio pacífico será o melhor. Muitas vezes será necessário, no mundo real, combater violência com violência, ou pelo menos com a ameaça de seu uso. Seria preciso combinar com o inimigo antes a estratégia de paz e amor. Afinal, para o pacifista retribuir chumbo com rosas, é crucial que ele esteja vivo acima de tudo. Mortos não costumam reagir a estímulo algum.
George Orwell foi, como jornalista, bastante realista. Em um artigo de 1948, chamado A Defesa da Liberdade, expressou sua opinião resumida sobre os métodos políticos de Gandhi, tendo como base o livro Gandhi e Stalin, de Louis Fischer: “Gandhi jamais lidou com um poder totalitarista. Lidava com um despotismo antiquado e um tanto vacilante, que o tratava de um modo razoavelmente cavalheiresco e lhe permitia a cada passo invocar a opinião pública mundial”.
Ele continua: “É difícil reconhecer como sua estratégia de greve de fome e desobediência civil poderia ser aplicada em um país onde os oponentes políticos simplesmente desaparecem e o público nada ouve além do que lhe permite o governo”. Ou seja: se Gandhi obteve algum sucesso com seu pacifismo romântico, isso se deveu ao fato de ser a Inglaterra do outro lado. Fosse um Stalin, por exemplo, e Gandhi seria apenas mais um mártir, um cadáver perdido numa pilha incontável. Não é preciso ficar na especulação: Dalai Lama adotou uma postura similar e isso nunca impediu que o povo tibetano fosse dizimado pelos chineses.
Um ano após o artigo de Orwell, Pablo Picasso estaria criando uma litografia para o cartaz do Congresso Mundial da Paz em Paris, que eternizou a pomba como símbolo dos pacifistas. Paradoxalmente, o evento era financiado pelos assassinos de Moscou. Picasso foi simpático ao comunismo, e chegou a ser agraciado com o Prêmio Lênin da Paz. Desconheço contradição maior que utilizar Lênin e paz na mesma expressão.
Os comunistas sempre fizeram muita propaganda pela paz, enquanto, na prática, foram sempre seus maiores inimigos. Tentavam monopolizar os fins para não terem que debater os meios, e desta maneira, todos que não compartilhavam dos seus slogans românticos eram belicosos ou assassinos em potencial. Foi assim que os comunistas franceses exortaram os soldados a abandonar seus postos poucas semanas antes de Hitler invadir a França. Oferecer a outra face para alguém como Hitler é o caminho certo para a destruição.
Ainda hoje nota-se que muitos seguem os passos de Gandhi, sempre reagindo com discursos lindos quando a escalada da violência é brutal. Basta dar carinho que os psicopatas assassinos poderão virar bons samaritanos. A impunidade permanece e o convite ao crime fica irresistível para os delinqüentes. Assim, os filhos de Gandhi saem às ruas com suas camisetas brancas na cruzada pela paz, já que cruzadas costumam valer mais pelo sentimento de bem-estar que incutem nos seguidores do que pelos resultados práticos concretos. Os criminosos agradecem. Olho por olho, e a humanidade acabará cega. Olho por rosas, e somente uma parte da humanidade acabará cega: a parte boa.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

“Tenho mais medo da vasectomia que de viajar de avião.” (Climério)

“A religião me ensinou a ser uma ovelha. Mudei, preferi ser um justo.” (Eriatlov)

“Deus é a muleta dos conformados” (Eriatlov)

“Posto nas portas das moradas, creio que tal aviso seria muito comum tal sua correspondência aos inquilinos: Aqui jaz o pensar.” (Mim)

JUSTIÇA

JUSTIÇA

Santa?
Santa é a justiça
Bata-me que eu te bato
Nada de dar a outra face
Pois para os maus não existe limite
Agora eu também bato
Pois de apanhar calado
Minha cota já se esgotou.

Políbio Braga-Lula fez votação entre ministros para fazer escolha ideológica dos chineses para construção do gasoduto do Nordeste

  Lula fez votação entre ministros para fazer escolha ideológica dos chineses para construção do gasoduto do Nordeste

Ao lado, manifestante posta nas redes sociais sua foto com o pedido que milhões de brasileiros também fazem. O ambiente político e social está irresperável com Lula em liberdade. 



O jornal O Globo de hoje, volta a atacar o escândalo da empresa de fachada criada pela Petrobrás para construir a rede de gasodutos Gasene, e informa que Lula admitiu em 2010 que a decisão de escolher chineses para a obra foi tomada na marra e teve motivação ideológica. Foi voluntarismo de puro ranço ideológico amadorista e que tratou a Petrobrás como brinquedo do PT. Leia tudo:

Apesar de a Petrobras defender oficialmente que se manteve dissociada da empresa criada para construir a rede de gasodutos Gasene, foi o próprio governo do ex-presidente Lula que escolheu os chineses como parceiros nas obras dos quase mil quilômetros de dutos entre Cacimbas (ES) e Catu (BA). A decisão a favor dos chineses foi tomada dentro da Granja do Torto (residência presidencial), e, segundo afirmou o próprio Lula, teve viés “ideológico”.
Ao discursar na inauguração do trecho baiano do gasoduto, em 26 de março de 2010, Lula revelou que a escolha se deu por meio de uma votação entre ministros, e com a ciência da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Já havia uma negociação em andamento com parceiros japoneses, mas o governo agiu diretamente na definição do projeto.
Lula disse no discurso: “Sabe o companheiro José Sergio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras), sabe a ministra Dilma (...) que a decisão de fazer este gasoduto com a China foi uma decisão ideológica. Nós já tínhamos um estudo e um trabalho avançado com o banco japonês — o JBIC — para financiar a obra, quando, em 2004, lá na Granja do Torto, eu e alguns ministros fomos discutir se a gente ia fazer parceria com a China ou com o Japão. (...) E foi a primeira e última vez em que eu fiz uma votação no Ministério. (...) A China ganhou por quatro a dois, e nós fizemos a parceria com a China”.
Foi divulgano no domingo que a Petrobras criou uma empresa de fachada para construir o gasoduto. A Transportadora Gasene funcionou na mesma sede de um escritório de contabilidade no Rio, contratado para a prestação de serviços contábeis ao negócio. O dono do escritório foi colocado como laranja na presidência da empresa — uma sociedade de propósito específico (SPE) — responsável por investimentos de R$ 6,3 bilhões.

Auditores citam chineses

Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) reproduziram em auditoria de dezembro que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) considerou como “empresas de papel” os empreendimentos criados. Trechos das obras entre Cacimbas e Catu foram superfaturados em mais de 1.800%, segundo o relatório técnico.

CLIQUE AQUI para ler tudo. 

POLÍBIO BRAGA- A passagem de Jorge Gerdau pelos governos do PT terminou de modo melancólico, como se nunca tivesse existido.

Análise - A passagem de Jorge Gerdau pelos governos do PT terminou de modo melancólico, como se nunca tivesse existido.

Neste início de mandato da presidente Dilma Roussef, o industrial Jorge Gerdau nem parece mais o mesmo homem que na cerimônia de posse do primeiro mandato de Lula costeou o alambrado do Palácio do Planalto para implorar por um pouco de atenção e festejar a nova aurora do Brasil.

. É que ele não esteve no Congresso, não foi à recepção no Planalto e sequer esteve entre os convidados mais vistosos da cerimônia de posse do novo ministro da Fazenda.

. O desprestígio de Jorge Gerdau no governo federal é visível e decorre muito mais da parte podre das companhias que escolheu dentro do PT.

. Nos últimos meses, o presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau perdeu o cargo que tinha como conselheiro da Petrobrás, condição que o coloca como testemunha voluntária ou involuntária das malfeitorias levadas a efeito pela organização criminosa em que se transformou a estatal, bem sob seus atentos olhos e bem azeitados ouvidos. O resultado é que Gerdau é citado numa das ações já intentadas contra a Petrobrás, a de Providence, EUA. 

. Pior ainda foi o modo melancólico como deixou a presidência da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Produtividade, instalada com pompa e circunstância por Dilma, que contava ter ali algo semelhante aos sucessos que Jorge Gerdau conseguiu nos governos estaduais e municipais que aderiram aos princípios do Movimento Brasil Competitivo, iniciado em Porto Alegre com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade.

. A Câmara não sobreviveu a Gerdau, desmanchando-se no ar como se nunca tivesse existido.

. Só o dr. Jorge não sabia que gestão, desempenho e produtividade são palavrões no âmbito das reduzidas opções linguísticas usadas pela cartilha petista.

. A passagem do líder industrial gaúcho pelos governos Lula e Dilma foi melancólica e terminou de modo patético.

. Isto tudo serve de lição para os empresários que conciliam com os interesses dos delinquentes políticos que querem destruí-los, como já se viu antes em Cuba, na Rússia e na Venezuela, apenas para citar três exemplos mais recentes. 

NO PAÍS DA SÁBIA ANTA- Em meia hora, Petrobras perdeu R$ 4 bilhões em valor de mercado

Montante passou de R$ 107 bi para R$ 103 bi em 36 minutos, após rumor sobre possível barateamento da gasolina para frear concorrência.

LOBO BOBO, LOBO BOBO! Governo deve anunciar corte de gastos simbólico nesta quarta

Será criado um comitê de avaliação do gasto público para balizar cortes orçamentários futuros.
*Maus gerentes da coisa pública, porta cabide de bajuladores e chupins, não conseguem apresentar nada de novo, nada de austeridade, de competência, então criam comitês e supervisões para dar uma de João -Sem-Braço ou um Migué no povo. Por sinal, povo anta, curtidor do Jornal Nacional, onde tudo fica na superfície.