quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

INQUISIÇÃO


“Inquisição? Nada sei, era com o povo de Deus, eu não estava lá.” (Satanás Ferreira)

SATANÁS FERREIRA


Satanás Ferreira comenta com o seu secretário: “Nos lascamos aqui nesse calorão dos infernos enquanto a turma da boa vida e do dízimo salga a bunda e bebe cerveja gelada no Caribe. É justo?”

VIDA DURA


“Atacam-nos de todos os lados; venenos, sabonetes especiais, esmagões. Somos os cachorros de antigamente. Vida dura agora é vida de pulga.” (Pulga Lurdes)

TODOS SABEM


“Todos que me conhecem sabem que eu chupo.” (Pulga Lurdes)

CHATOS


“Peço não me confundam com chatos. Eles são meus primos.” (Pulga Lurdes)

O HOMEM FOGO


Não havia ninguém lá além dele. O branco da neve cobria tudo, da ponta dos pés ao horizonte longínquo. Carlos Kiefer, o homem fogo estava cansado depois de décadas de palco, labaredas e público. Ovacionado quase sempre e às vezes vaiado quando o fogo era pouco. Tinha setenta anos e estava só, a velha companheira havia partido há dois anos. Carlos gostava de extremos, fogo e gelo. O fim estava próximo, a saúde debilitada e o bolso vazio. Ergueu pela última vez os olhos para o céu cinzento e jogou-se num buraco na neve, levando dois litros de vodca, dez limões e um quilo de açúcar.

FOFUCHO


“No momento o meu melhor amigo ainda é o panetone.” (Fofucho)

PATRIMÔNIO


“Ter um patrimônio de alguns milhões de dólares creio não fazer mal para ninguém.” (Climério)

QUANDO MÃE EXCESSIVAMENTE PROTETORA


“Precisei sair da casa dos meus pais para aprender a fritar um ovo. “ (Climério)

MATILDE


Mesa de bar. A fumaça dos cigarros deixa o ambiente sombrio. Baralho, tagarelas em ação, a língua se solta. Envolvido pela embriaguez o verme abre sua caixa de segredos para companheiros de aguardente. Conta à história da esposa Matilde que há anos foi embora, mas que na verdade não foi, tranco na cabeça, jaz enterrada num lugar ermo. Todos riem, acham brincadeira, mas um deles leva a sério. No dia seguinte ele conta o segredo para um amigo, que também tem um amigo policial e antes da seis da tarde o crápula já estava encarcerado contando tudo. Oito anos se passaram do fato, os timbós verdejantes balançam ao vento, máquinas em ação, cavouca aqui e ali, então quase desaparece o timbozal, tantos buracos na paisagem. Uma multidão acompanha e aguarda. No segundo dia surgem ossos, um vestido vermelho e uma sandália de couro cru. Matilde ali posta, Matilde morta, Matilde agora ossos e pó finalmente terá sua justiça.

SEU ONOFRE


Gente brava? Conta Seu Onofre, gaúcho velho passado dos noventa, já rengo pelo andar dos anos, que gente brava tinha lá Barra da Foice na década de 1940. Não era lugar para frouxo. Em velório era proibido choro; toda mulher carregava e manuseava navalha sem problema; o padre Antônio quando aparecia rezava missa de revólver debaixo da batina e até o professou Anacleto que dava aula até a quarta série não tirava o facão da cinta. Até hoje não se sabe se a turma era comportada por respeito ao professor Anacleto ou por respeito ao facão. Diz ele que acabaram com a mata em volta do lugar só fazendo caixão de defunto. Acha mesmo que com tanto resíduo de gente enterrada que no o subsolo da Barra deve ter petróleo.

DEPUTADO JOÃO ANÍBAL


O deputado João Aníbal morreu, mas jamais será esquecido. Não pelos projetos e trabalho árduo, coisa que desconhecia, mas sim pelos vinte e cinco imóveis de luxo deixados à família; doze amantes pagas mensalmente com galhardia pelo dinheiro dos contribuintes; milhões de dólares em paraísos fiscais e trezentos e onze processos abertos contra ele. Podemos dizer sem medo de errar que deixou este mundo um homem exemplar na lista dos grandes filhos da puta que a nação deu ao mundo.

ALAIN RATON


Meu nome é Alain Raton. Digo que é muito duro não saber ler, posso dizer que é mortal. Sou um rato não alfabetizado, entregue aos perigos do mundo. Agora estou morrendo; comi uns grãos de raticida crendo tratar-se de salgadinhos da Elma Chips. Estou indo, deu , fui. Será que existe outra vida?

CHEFE DE QUADRILHA NÃO PODE PRESIDIR O BRASIL por General Augusto Heleno. Artigo publicado em 03.01.2018



Essa tem sido minha briga. Os brasileiros com vergonha na cara, não podem aceitar que o chefe da quadrilha, que arruinou o país, seja candidato ao mais alto cargo da República, se valendo de chicanas jurídicas. Isso é um deboche, um murro na nossa cara. Os idiotas da objetividade dizem que não há provas. Há sim, inúmeras. Basta que os magistrados de todos os níveis se tomem de um sentimento nacional e julguem, sem protelações e embargos, o que já lhes foi relatado sobre Lula e asseclas, por vários dos quadrilheiros mais notórios.

Agilizem os processos e coloquem essa máfia onde já devia estar: atrás das grades. Danem-se os prazos e os embargos. Basta que a imprensa, tão ciosa (quando lhe convém), no ataque à honra alheia, dispa-se das vestes ideológicas e assuma o papel preponderante que lhe cabe, com formadora de opinião, no extermínio dessa gangue. A mídia televisiva, precisa mostrar, exaustivamente, cara e feitos dos corruptos, independentemente de partidos políticos, cor, raça, opção sexual, condição financeira.

Vão esperar que tenham 80 anos?

Por que as delações não poupam o Molusco? Traição coletiva ao amado chefe? Não seria mais inteligente poupá-lo e investir no carisma de bandido que, segundo seus adoradores, vai reconduzi-lo à presidência da República?

A família, os filhos, os verdadeiros amigos lhes cobram um mínimo de dignidade, que reduza, senão as penas, pelo menos o inferno em que mergulham ao fazerem um exame de consciência.

Não está em jogo esquerda, centro ou direita, estatismo ou liberalismo, presidencialismo ou parlamentarismo. Trata-se da sobrevivência do Brasil, que anunciado muito tempo como o País do porvir, transformou-se em uma multidão angustiada, face ao triste futuro que se desenha no horizonte, se essa corja se mantiver no poder.

• Publicado originalmente no Diário do Poder

CAVEIRA DE BURRO? por Percival Puggina. Artigo publicado em 02.01.2018



Você já deu uma olhada nos nomes listados nas pesquisas de intenção de voto para as futuras eleições presidenciais? Pois é. Integram-nas alguns personagens da nossa cena política que jamais convidaríamos para um jantar em família. Outros há aos quais ninguém de bom senso confiaria a condução de uma microempresa familiar. Tudo indica, porém, que a nação entregará a um deles seu destino quando chamada - mais uma vez! - a escolher com base no inevitável e desesperado critério do mal menor. Caveira de burro, fatalidade?

Qual o perfil do presidente que desejaríamos ter? Honesto, competente, bem instruído nos negócios de Estado. Ademais, animado por um talento de estadista que lhe permitisse formular e sustentar soluções eficazes para nossas dificuldades sociais e econômicas. Sem ser demagogo, teria que estar dotado de excepcional capacidade de comunicação, pois lhe caberia arregimentar a opinião pública num nível capaz de alcançar dezenas de milhões de votos. Para viabilizar sua campanha em âmbito nacional, esse varão de Plutarco precisaria arrecadar uma fortuna entre doadores interessados no bom desempenho da frondosa árvore do poder e totalmente desapegados de sua acolhedora sombra e saborosos frutos.

Chegado ao Planalto nos braços do povo lhe caberia a indispensável tarefa política de compor sua sustentação parlamentar, posto que com nosso pluripartidarismo ela nunca lhe adviria da própria legenda. E mais uma vez, seu envolvente talento e bom programa produziriam o sortilégio de implantar suas ideias em cabeças onde elas não ocupavam qualquer espaço.

Há mais de um século, renunciamos à superior racionalidade do parlamentarismo e começamos a procurar por esse sujeito. E a fé em que o encontraremos resiste a golpes e rupturas institucionais, suicídios e revoluções, num cortejo de débeis honestos, poderosos safados, ditadores, demagogos, oportunistas, corretores da nação, idealistas repetidores de péssimos chavões. Caveira de burro ou burrice do sistema?

Se a concentração de poder no governante e se a possibilidade de partidarizar o Estado e a administração pública são causa relevantíssima de incompetência e corrupção, por que não separar essas funções? Se é tão difícil conseguir apoio parlamentar para medidas inerentes a um determinado plano de governo, por que não fazer dele o tema das campanhas eleitorais, centrando na eleição parlamentar o maior interesse político? Se seria tão apropriado dar a quem concede mandatos, ao eleitor, o poder de cancelá-los em caso de mau desempenho, corrupção ou infidelidade aos compromissos de campanha, por que não instituir o voto distrital com recall (que só é exequível nesse tipo de eleição)?

O presidencialismo brasileiro, com tão longa história de fracassos, se tornou um caso de fetiche. Nenhuma ideia na cabeça de um presidente se concretiza se não estiver antes na cabeça da maioria parlamentar. A importância da eleição do Congresso é uma obviedade que grita nas páginas da História!

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

SPONHOLZ

SPONHOLZ

VERDADE DO DIA


“Lula é honesto e eu sou Deus.”

MABURRO VENEZUELANO


E o Maduro? Acordou bem hoje? Já calçou suas ferraduras de prata, comeu alfafa e estercou?

CIVILIZAÇÃO

O barulho musical trepidante enerva-me
O silêncio absoluto apazigua-me
Fico feliz quando as hostes barulhentas silenciam
Então ouço novamente o belo cantar dos pássaros
E observo o retorno da civilização à sua estrada.

ESTUPIDEZ

No auge das festas
Dando chutes na alegria
Surge a estupidez
Embalada no álcool e na ignorância
Fazenda desabrochar as flores da tristeza nos corações conscientes.

ASSOMBRAÇÃO


“Minha aparência não causa polêmica. É bom saber que minha feiura é unanimidade.” (Assombração)