domingo, 3 de dezembro de 2017

ROMEU E O GATO


Endividado, Romeu entrou num bueiro pra fugir das dívidas. Dentro do buraco as dívidas se transformaram em ratazanas e passaram a persegui-lo. Guinchavam e mostravam seus dentes enormes e afiados querendo morder seus calcanhares numa corrida aflitiva. Romeu pesado e já sem fôlego nem mesmo conseguia gritar por socorro, embora não acreditando que alguém estaria dentro de um buraco daqueles para socorrê-lo. Quando as ratazanas estavam prestes a alcançá-lo eis que surge Garfield louco de fome e num piscar de olhos destroça os roedores e o leva para fora daquele lugar imundo. Romeu era um cidadão obeso. Durante o pesadelo ele caiu da cama sobre o gato que dormia sossegado no chão, não tendo o bichano chance alguma diante do tamanho do homem, mesmo ele tendo sete vidas. Esmagou numa só tacada todas as vidas do bichano que morreu se perguntando: “o que esse elefante está fazendo sobre mim?”

BICHO DA GOIABA


Era uma vez um bicho da goiaba que nasceu para ser bicho da goiaba, mas não queria ser bicho da goiaba. Certo dia fugiu da goiaba, apanhou um besouro táxi e foi para dentro da casa de uma senhora que fazia tricô. Andou para lá e para cá até penetrar num novelo de lã que pensou ser um enorme pêssego. Seu sonho era ser um bicho do pêssego até amadurecer, procriar, morrer e ir para o céu. Morreu de fome solitariamente o bicho da goiaba que sonhava ser um bicho do pêssego. Mas pelo menos tentou.

O ENROLÃO


O avião em que ele estava caiu num lugar quente e deserto. Mariel machucado e perdido por três dias; sofria de sede e desidratação, não tendo encontrado nem mesmo um pequeno arbusto para se proteger, nem uma plantinha de onde pudesse retirar água. Já no desespero viu ao longe viu uma edificação e depois de muito esforço chegando mais perto leu a inscrição BAR DO BETO. Aliviado entrou, foi até o balcão e pediu uma água mineral bem gelada. O atendente com a preguiça assentada no lombo fuçava no celular então demorou em vir atendê-lo e quando veio solicitou pagamento adiantado. O sedento homem alcançou uma nota de cem reais e o mesmo alegou não ter troco. Mariel disse que não precisaria dar troco, iria beber toda a nota em água. O atendente começou então a verificar a nota achando que talvez fosse falsa. Pediu um tempo para ir ao banheiro, já voltaria. A sede matava o homem e o atendente se enrolando. Nisso chegou o Beto e prontamente atendeu o cliente, além de cuidar dos seus ferimentos. “Disse ele:” Não ligue para o meu funcionário. “A vida toda esteve com políticos, está aprendendo a trabalhar agora.”

DE GRÃO EM GRÃO


“De grão em grão a galinha enche o papo, fica gorda e vai pra panela.” (Mim)

DESOCUPADO


“Um desocupado sempre acaba ocupando outros.” (Mim)

BOLETOS


“Já fui o rei dos boletos. Eu abria o chuveiro e no lugar de água caiam boletos.” (Mim)

VAI ENTENDER


“Temer não deveria estar no governo; Dilma e Lula deveriam estar presos. O Brasil mostra a cada dia que tem tudo para não dar certo.” (Mim)

“No Brasil tudo está no lugar. No lugar errado.” (Mim)

TSÉ-TSÉ


“Um mosquito do sono Tsé-Tsé picou o Eduardo Suplicy. O mosquito dormiu por três meses.” (Mim)

SEMPRE DIREI NÃO


“Se me derem casa, comida, roupa, estudo, tudo em troca de tutela, em troca da minha liberdade, eu digo: Deixem-me nu na beira da estrada!” (Mim)

A MELHOR CHARGE DO GOVERNO

DONA EUFRÁSIA


Já viúva, Dona Eufrásia (62) não era mole. Dava laço e tiro em qualquer marmanjo, não tinha medo de tamanho e nem de cara feia. Atirava também como poucas. Quando Neco engravidou a filha Jurema e não quis casar Eufrásia deu um jeito. Quebrou ele a pau e fez o bonito se casar com ela, a sogra. Criaram o menino na mesma casa , porém o assanhado só se deitava com a velha. Mais tarde Jurema arrumou um marido e trouxe-o para morar sob o mesmo teto. Pois Neco teve que aturar a sogra até ela morrer aos oitenta e cinco anos. Longa pena. Isso sem contar que a cada trimestre tomava uma tunda da velha para bem se lembrar da sem-vergonhice.

JARBAS E EDNO

Jarbas e Edno, irmãos.  Jarbas colocou uma escada na parede e subiu no telhado. Lá ficou dançando por horas, por vezes numa perna só.
Jarbas é louco.
Edno tomou todas, pegou seu automóvel e saiu em disparada. Encontrou uma árvore no caminho e se arrebentou todo.
Edno é burro.

OBSERVANDO

O canteiro central
Dois bancos com os pés no barro sob árvore robusta
O negro asfalto riscado de faixas brancas
Na sarjeta um copo descartável
Uma carteira de cigarros vazia
O poste de metal sem pintura que suspende o semáforo
O amarelo
O verde
O vermelho
Uma moça fofa atravessa a faixa com uma pasta verde nas mãos
Atenta ao perigo dos doidos e distraídos
Tantas coisas para se observar
E sentir o todo vivo ou estático que compõe a paisagem do nosso lugar.

CERTEZA

A vida corre
A morte nos espera
Somos ínfimas partículas
Filhas longínquas da grande explosão
Então mesmo sabendo
O que nos aguarda no fim
Vivemos com pressa
Como se a morte
Fedorenta e fria
Não fosse nos esperar.

“A tutela do estado só serve para seres menores. Passarinho sabido gosta mesmo é de voar.” (Filosofeno)


“A maldade sempre encontra seguidores; às vezes por conveniência, às vezes por gosto próprio.” (Filosofeno)


“Quando a bajulação for exagerada, cuide dos bolsos.” (Filosofeno)


“Acordo todas as manhãs aguardando pelo sol, não pela tempestade.” (Filosofeno)


“Um relacionamento que se expressa entre tapas e beijos tem tudo para terminar em tragédia.” (Filosofeno)


“O melhor amigo do homem é a ocupação.” (Filosofeno)


“Prefiro ficar na chuva a ter que aturar um chato.” (Filosofeno)


“Quem anda com quem não presta acaba pegando o cheiro.” (Filosofeno)