terça-feira, 3 de outubro de 2017

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- sexta-feira, maio 22, 2009 Crônica antiga: MEUS DOIS TURCOS

(29/6/2001)


Em meus vinte e poucos anos, eu julgava que o bem-estar europeu era fruto de trabalho exclusivo dos europeus. Em Estocolmo, quando meus professores de sueco me perguntaram em que diska eu trabalhava, achei que havia um mal-entendido. Tinha eu cara de diskare (lavador de pratos)? Já nas primeiras semanas de Suécia, entendi que era visto não como um jornalista que estava lá para observar a vida no paraíso, e sim como mão-de-obra potencial. Observei meus colegas de curso: polacos, gregos, iugoslavos, turcos, árabes. Todos estavam ali tentando adquirir um conhecimento mínimo do idioma ... para trabalhar. Quanto a mim, que buscava apenas conhecer um idioma e um país novo, me sentia peixe fora d'água naquelas aulas. Quando descobri que dificilmente teria chances de trabalhar em minha área, fiz minhas malas... e voltei.

Quando alguém me fala que mobilidade social não existe no Brasil, costumo puxar da memória dois turcos de minha infância. Aconteceu há mais de quarenta anos, quando eu ainda vivia nos campos de Upamaruty. Eles chegaram de Dom Pedrito, cidade que eu ainda não conhecia, aliás não conhecia cidade nenhuma. Vinham em duas precárias bicicletas, enfrentando estradas de areia e barro, os porta-cargas repletos de espelhos, pentes, isqueiros, carretéis, agulhas, alfinetes, baralhos. Uma orgia de consumo para aqueles camponeses, separados da cidade por léguas de solidão. As mulheres da região recebiam os turcos com festa, eram as coisas da cidade que chegavam até seus modestos desejos. Ainda piá, eu os observava com espanto. Entre si, usavam uma algaravia incompreensível. Conosco, falavam com sotaque carregado. Hospitalidade oblige, sempre encontravam pernoite e comida em nosso rancho. À noite, me ensinavam, com o auxílio de grãos de feijão e milho, mistérios da matemática. Se mal se conseguiam fazer entender com palavras, eram exímios nesta linguagem universal, a dos números.

Os dois turcos voltaram muitas vezes em suas bicicletas àqueles pagos inóspitos. Até o dia em que chegaram de jipe, desta vez com tecidos, colchas, cobertores, toalhas e utensílios de cozinha, uma orgia aos olhos do mulherio lá da campanha. Voltaram muitas outras vezes, até o dia em que não voltaram mais. Quando fui conhecer cidade, encontrei-os em Dom Pedrito. Descobri então que sequer eram turcos, mas sírios. Tinham uma loja de tecidos, com três ou quatro funcionários. Quando abandonei a cidade, já tinham duas lojas e o dobro de funcionários. Bem mais tarde, quando me dei conta do que significava ser sírio, meus dois turcos me voltaram à lembrança. Haja pertinácia para sair de longínquos desertos das Arábias, atravessar um oceano, viver em país novo, outra língua, cultura distinta, e enfrentá-lo com duas bicicletas e algumas bugigangas de mascate no cargueiro.

Nasci entre gente pobre, que trabalhava na lavoura de sol a sol, fazendo uma agricultura de mão pra boca. Não tenho notícias de que alguém tenha prosperado como os dois "turcos" de minha infância. Claro que nenhum brasileiro de cepa se disporia a sair pedalando pampa afora, como os sírios, para juntar algum pecúlio de centavo em centavo.

Na Suécia, reencontrei os turcos — estes turcos de verdade — mais árabes, eslavos e mesmo latinos, encarregando-se do trabalho pesado ou sujo, que os hiperbóreos Svensons não se dignavam a enfrentar. Fui reencontrá-los mais tarde em Paris, nas mesmas tarefas. Certa noite, voltando para o Grand Hotel Saint Michel, aquele conhecido hotelzinho da folclórica madame Salvage, que abrigou brasileiros e latinos durante décadas e de grand só tinha o nome, tive surpresa insólita. Pedi minha chave ao porteiro da noite. Do catre instalado na portaria ergueu-se uma calva ilustre, inconfundível, a solene calva de um de meus professores de filosofia em Porto Alegre. Para ele, naquele momento, era melhor ser porteiro de hotel em Paris que catedrático no Brasil.

Destas andanças, algo aprendi sobre eles: imigrantes não se enganam. Só rumam rumo ao melhor. Um árabe que quebra pedras ou junta lixo em Berlim ou Estocolmo, vive evidentemente melhor que em sua villaya na Argélia. E ainda manda algum dinheiro aos que ficaram no deserto. Na época em que Giscard d'Estaing ofereceu passagem e mais dez mil francos aos migrantes que quisessem voltar a seus países, Slimane, um amigo argelino, me dizia: "Não volto. Podem me dar a França inteira. Não posso levá-la no bolso".

Imigrantes são seres diferenciados. Ousam deixar para trás pátria, família, passado, em busca de um futuro melhor. Nestes dias que correm, há pessoas morrendo no mar ou sufocadas em furgões, tentando entrar clandestinamente na Europa, via Itália, Espanha ou Inglaterra. Mas não vemos hoje — nem vimos em dias passados — alguém arriscando a vida para entrar em Angola, Cuba, Congo ou países da finada União Soviética.

O Brasil pode ser pesado de carregar-se às costas. Pessoalmente, nunca encontrei motivos para orgulhar-me deste país. Mas horrível também não é. Estes seres que não se enganam, os imigrantes, vêm para cá de todos os continentes, e inclusive do nosso. Isto atesta que o país é viável. Os italianos e alemães que um dia chegaram de mãos abanando no Brasil, construíram as cidades mais prósperas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Japoneses e coreanos que aportam nesta São Paulo vão muito bem. O mesmo diga-se de árabes e judeus.

Você conhece nome e sobrenome de algum mendigo? Eu não. Deles só tomo conhecimento nos meses de inverno, quando repórteres saem a entrevistar moradores de ruas. Só tenho lido sobrenomes como Vieira, Soares, Santos, Silva, Silveira e por aí afora. Jamais ouvi falar de algum mendigo chamado Isaac ou Jacó, Abdul ou Tanako, Gert ou Salvatore.

Assim, quando intelectuais de classe média afirmam que este nosso sistema capitalista — que aliás nem chegou ao capitalismo — não dá chances a ninguém, costumo evocar meus dois turcos. Trabalhando, dá. Estendendo a mão para pedir, não dá.

SPONHOLZ- CARICATURAS



SPONHOLZ


CONTANDO


Desde cedo da manhã o velho seu Zacarias sentado na porta da igreja contava um, dois, um, dois, um, dois. Passou Antenor e perguntou: Por que um, dois? Seu Zacarias olhou para ele e: Um, dois, três... Um, dois, três...Um, dois, três...Aí veio Dona Cleusa e também o interpelou. E Zacarias: Um, dois, três, quatro... Um, dois, três, quatro... Agora já são quatro pessoas que não tem o que fazer além de encher o saco de um velho sentado na porta da igreja.

DISTRAÍDO


Belo domingo de sol, os amigos Paulo e Anselmo foram passear de balão. Paulo sempre ligado e Anselmo mui distraído. Quando o instrutor mandou aliviar o peso Anselmo prontamente se jogou do balão. Paulo sofreu um infarto e o instrutor um AVC. Anselmo caiu sobre um monte de feno, saiu ileso e foi ao enterro dos dois. De paletó e gravata, só de cueca e sapato de bico fino.

ESQUECIDO


Guilherme é um sujeito muito esquecido. Esquece coisas nos lugares mais impróprios e jamais se lembra de ir buscá-los. Ontem fez doze anos que deixou a mulher na casa da sogra.

"Irresponsabilidade fiscal raramente oferece uma saída para a pobreza, seja para indivíduos, seja para nações." Thomas Sowell


"Competição faz um trabalho muito mais eficiente que o governo em proteger os consumidores". Thomas Sowell


MASSACRE DE LAS VEGAS: SOBRE ARMAS, LEIS E LOUCOS. por Bene Barbosa. Artigo publicado em 03.10.2017

O terrível tiroteio ocorrido em Las Vegas, EUA, colorido com o sangue de dezenas de vítimas fatais e centenas de feridos aguçou os vampiros do desarmamento que saíram hoje pelas emissoras de rádios, TVs e jornais a propagar em transe jubiloso, que as leis permissivas para o porte e a posse de armas nos EUA são as responsáveis por esse massacre. Fazem questão, óbvio!, de esquecer dezenas de outros fatores e casos como o de Nice, na França, onde um caminhão foi usado para matar mais de 80 pessoas e que na mesma França, com seríssimas leis restritivas, houve em 2015 um ataque terrorista com mais de 180 mortos perpetrado por islâmicos armados de fuzis AK-47 contrabandeados e, portanto, ilegais. O assassino de Vegas, ao contrário do que afirmam na imprensa, desrespeitou pelo menos uma dúzia de leis estaduais e federais para planejar e executar o covarde ataque contra inocentes desarmados. A pergunta óbvia é: qual lei impediria o assassino? Nenhuma!
Enquanto isso, para tentar faturar em cima da desgraça, a Globo News – além de uma quantidade recorde de mentiras e bobagens sobre o assunto – colocou no ar uma enquete com uma pergunta claramente desonesta, tentando induzir um resultado adequado à sua ideologia. Bom, o tiro saiu pela culatra e o resultado parcial neste momento é de 95,47% para a opção de que qualquer pessoal deve ter o direito de portar armas!

Tempos atrás já falei sobre esse tipo de ocorrência em um artigo intitulado “Sobre armas, leis e loucos” que reproduzo na íntegra abaixo e que continua absolutamente atual uma vez que as mentiras, distorções e desonestidades continuam sendo repetidas.
“Como sempre acontece, o mais recente ataque contra um grupo de vítimas indefesas, desta vez em um cinema nos EUA, onde 12 pessoas foram mortas, reacende a sanha dos desarmamentistas americanos, dentre os quais o prefeito de Nova Iorque, Mike Bloomberg, um dos expoentes políticos americanos que acham terem nascido com o dom de saber o que é melhor para mundo todo.
No Brasil, via de regra, aqueles que pregam o desarmamento como forma de impedir tais massacres se assanham rapidamente ao sentirem o cheiro de sangue inocente, impelidos quase sempre pelo antiamericanismo tupiniquim, mas invariavelmente esquecendo - ou fazendo questão de esquecer - que tais acontecimentos não são, nem de longe, exclusividade norte-americana.
Em 1999, um louco invadiu um cinema de São Paulo e abriu fogo usando uma submetralhadora comprada poucos dias antes em uma favela da capital – arma ilegal, evidentemente. Matou três pessoas e feriu outras 5; e Só não houve mais vítimas porque um herói anônimo pulou sobre ele e o desarmou antes que recarregasse sua arma. Em 1997, Fernando Henrique Cardoso havia transformado o porte ilegal de armas em crime, aumentando muito as restrições relativas à posse e ao porte de armas no Brasil.
Japão, 2001. Um homem com problemas mentais invade uma escola, mata oito crianças e fere outras 13 usando uma faca. O massacre que assustou o Japão não foi o primeiro e não seria o último. A posse e o porte de armas para civis são proibidos no Japão desde o século XV.
Em 2010, em Naping (China), um desequilibrado mental invadiu uma escola primária e, também usando uma faca, matou oito crianças e feriu gravemente outras cinco. Entre 2010 e 2011, outras 116 crianças e adultos seriam vítimas de ataques semelhantes na China Comunista, fazendo com que o governo proibisse a divulgação de outros ataques para evitar os chamados “copiadores”. Na China, as armas de fogo são terminantemente proibidas para os cidadãos.
Cumbria, Inglaterra, 2010. Um homem, durante um surto psicótico, mata aleatoriamente 12 pessoas e fere outras 11. Foi acompanho por quilômetros por uma viatura de polícia, cujos policiais estavam também desarmados e não puderam fazer nada. Em 1997, a Inglaterra praticamente proibiu as armas particulares para seus cidadãos.
Em 2011, mais um massacre. Desta vez um louco invadiu uma escola no Rio de Janeiro e assassinou friamente 12 adolescentes. A carnificina só parou quando ele foi baleado por um policial que invadiu a escola. Sete anos antes era aprovado o chamado “Estatuto do Desarmamento”, que proibia o porte de armas e criava restrições quase intransponíveis à compra de uma arma legal.
Casos semelhantes aconteceram em diversos outros países, entre eles os pacíficos Canadá e Finlândia. Em todos, houve premeditação e, como autores, viram-se pessoas com distúrbios mentais, que utilizaram as armas que tinham à disposição ou foram capazes de colocar às mãos. Também em todos os casos, a lei, mais ou menos restritiva, de acesso às armas não foi capaz de impedir as mortes, simplesmente porque nenhuma das armas foi usada legalmente.
Recorrer ao desarmamento quando um caso assim acontece é fugir para o simplismo, é apelar, muitas vezes, para o confortável discurso fácil que joga nas armas o poder sobrenatural de agir por conta própria. Ao mesmo tempo, é enterrar a cabeça no chão e negar a existência de pessoas más e insanas, capazes de matar crianças inocentes sem qualquer remorso ou arrependimento. É negar a maldade, negar a existência de lobos no meio das pacatas ovelhas. É, em última análise, balir discursos pacifistas, na defesa pueril de leis restritivas, enquanto os lobos-loucos ignoram sua existência e se preparam para o banquete sangrento.
O primeiro ministro inglês, após o citado ataque de Cumbria, resumiu magistralmente sua posição ao ser inquirido sobre mais restrições às armas: “não é possível legislar sobre a loucura”. E não é, mesmo.”
Como podemos ver, enquanto esse pessoal engajadinho "da paz" segue mentindo, as pessoas seguem morrendo e os loucos, criminosos e terroristas vão muito bem, obrigado.
* Publicado originalmente em http://www.cadaminuto.com.br/noticia

“Gente boa vai para Brasília e se torna ladrão. Deve ser a água.” (Pócrates)


“A podridão neste país troca de embalagem, mas o cheiro não muda.” (Pócrates)


“Criança com liberdade incondicional acaba como um adulto cumprindo cadeia.” (Pócrates)


“Filosofia de boteco explica até porque os filósofos dos mesmos são cornos.” (Pócrates)


O IRMÃO DO SIM

Pais que dos filhos escravos
No sentido de fazer vontades
Esquecem-se de que um dia partirão
E deixarão os rebentos no mundo
Para enfrentar a dura vida realidade
Amor carinho e ternura
Favorece o relacionamento
Porém devem  observar
Que o sim
Tem um irmão que se chama não.

A GRANDE MANADA

O caldeirão de imbecis está transbordando
O real agora é o fantasioso
O certo como errado é visto
O manipulador é o grande herói
Pois as mentes estão estagnadas
No dai-me o pão e o circo
E a boa rede para descansar
Depois no momento das urnas
Ganhará o torpe pagamento em votos
Da grande manada que muge.

PARA ONDE OLHA O MAU

O mau não tem paz de espírito
Não conhece o significado de pombinhas brancas
Simplesmente porque seus olhos e sentimentos estão todos voltados para si.

“Não sonho em ser gente. São muitos compromissos e problemas psicológicos.” (Leão Bob)


“Nós leões não praticamos higiene bucal. Nosso beijo é broxante.” (Leão Bob)


“Minha mãe diz que não devemos comer franceses sem antes lavá-los bem.” (Leão Bob)


“Rodeado de moscas. Isso lá é vida?” (Leão Bob)


“Na semana passada devorei um político brasileiro. A moral é ruim, mas a carne é muito boa.” (Leão Bob)


DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- segunda-feira, novembro 21, 2005 Cria cuervos...

Minha primeira viagem à Europa foi em 71. Parti com a intenção de não mais voltar. Não exatamente pelos motivos que levaram muitos brasileiros a debandar naqueles dias. Estes quiseram um dia tomar o poder, contaminados pela ideologia marxista, e a aposta foi perdida. Não, o que me levava à Europa não era uma derrota. Era algo bem maior: eu queria fugir do país do futebol e carnaval. Me repugnava pertencer a um país cujas maiores virtudes eram estas vulgares manifestações de massa.

Percorri toda a Europa. Comecei pelo Portugal de Salazar, pela Espanha onde ainda governava Franco, subi por aquela ilha onde a cerveja sempre é quente, passei pelo país das 400 cervejas sempre geladas, continuei pela geografia incrível daquele outro país pequeno e rico, a Holanda, onde as prostitutas se exibiam nas vitrines, ante crianças que iam para a escola ou fiéis que rumavam à Igreja. Subi depois pela Dinamarca e Suécia, voltei para França e Itália e tomei uma decisão: vou voltar para a Suécia e ficar por lá. A decisão foi de meu baixo ventre, como adoram dizer meus detratores. Sejamos mais elegantes: o que eu queria, no fundo, era desfrutar do carinho das adoráveis louras nórdicas, como dizia a propaganda dos suecos para atrair imigrantes. A liberação sexual era a imagem mais cultivada pelos Svensons e era isso mesmo que eu queria. Queria também saber como era viver em uma sociedade do bem-estar.

Foi lá que os conheci. Naqueles anos, nossa imprensa jamais falava deles. Antes da viagem, ingênuo, eu imaginava que o bem-estar sueco era fruto exclusivo do esforço dos suecos. Não era. Quem dava suporte ao alto padrão de vida dos Svensons era uma massa significativa de imigrantes, turcos, árabes, eslavos e mesmo latinos. Na época, Portugal e Espanha eram os países mais pobres da Europa ocidental - o que não quer dizer que fossem miseráveis como uma Albânia ou Romênia - e portugueses e espanhóis iam ao país dos hiperbóreos buscar os altos salários que lhes faltavam. Estes migrantes ganhavam muito bem - se comparado ao que ganhariam em seus países de origem - para fazer os trabalhos servis que os Svensons não se dignavam executar. A aposta era boa. Conheci gaúchos que trabalhavam três meses no verão sueco, em jornada dupla, e com o ganho se refestelavam pelo resto do ano em Ibiza ou nas Baleares.

Lá pelas tantas, comecei a ouvir perguntas estranhas. Em que diska eu trabalhava? - me perguntavam os suecos. (Att diska é lavar pratos). Ora, eu não lavava pratos nem em minha casa. Obviamente, não pretendia lavar pratos no paraíso. Eu estava lá para conhecer uma sociedade altamente desenvolvida e, first and least, conhecer as adoráveis louras nórdicas. Conheci estas duas realidades y algunas cositas más: aprendi um idioma, conheci uma literatura exótica e tomei conhecimento desse ser para mim desconhecido, o imigrante. Bem entendido, eles existiam no Brasil, mas de modo geral perfeitamente integrados à sociedade brasileira, o que os tornava quase invisíveis. Deles dependia o bem-estar europeu.

Avancemos trinta anos. Hoje eles fazem as manchetes de primeira página dos jornais quase todos os dias, inclusive dos jornais brasileiros. Se há três décadas eram minorias que chegavam ao velho continente em busca de trabalho, hoje são legiões que o invadem, exigindo, desde o primeiro dia em solo estrangeiro, seus "direitos". Se antes chegavam com o rabo entre as pernas, humildes e perplexos ante os benefícios que o novo país lhes oferecia, hoje, instalados na nova pátria, se dão ao luxo de depredar suas cidades, para extravasar o ódio em relação aos generosos anfitriões que os acolhem.

Espanha e Portugal, de países exportadores de mão-de-obra, enricaram e hoje lutam com unhas e dentes para impedir a entrada de magrebinos e subsaharianos. A Itália tem de vigiar suas costas para conter os famintos oriundos do socialismo albanês e romeno. A Escandinávia, antes coberta pelo manto protetor do frio, hoje está saturada de sul a norte por árabes e turcos. Os bebedores-de-laranjada - como os define Oriana Fallaci - já subiram até Tromsø, na Noruega, além do Círculo Polar Ártico. Na pequena Malmö, ao sul da Suécia, os suecos estão fugindo da cidade para evitar a convivência com muçulmanos. Africanos, em geral, não gostam do frio. "A neve é nossa proteção", me dizia um canadense no Québec. Depois da calefação, o frio não protege mais.

Estou agora em Amsterdã, cidade tida como símbolo da tolerância e da liberdade de expressão. Na semana passada, na Arábia Saudita, um tribunal condenou um professor de química de uma escola secundária a levar 750 chicotadas e a mais de três anos de prisão por blasfêmia. Mohamad-al-Harbi foi acusado de infundir dúvidas nas crenças de seus alunos ao discutir com estes temas como o cristianismo e o judaísmo, segundo disse a acusação que tachou o mestre de "blasfemo". Entre bárbaros, entende-se que um professor leve 750 chibatadas por tentar esclarecer seus alunos.

O que não se entende foi o que aconteceu aqui na Holanda, em 2004, quando Theo Van Gogh foi assassinado por um fanático marroquino, que não gostou das críticas do escritor e cineasta ao Islã e à sociedade pluricultural. Ou seja, o islamismo já não pode ser criticado nem mesmo no Ocidente. Há dois anos, foi assassinado o político Pym Fortuin, homossexual assumido e adversário da imigração na Holanda. Considerando-se que o último assassinato político no país havia sido o de Wilhelm van Oranje, no século XVI, é forçoso constatar que a Europa mudou. Os grupos terroristas oriundos do sistema soviético - IRA, ETA, RAF, Brigadas Vermelhas - morreram de inanição com o desmoronamento da fonte provedora, a União Soviética. O terror agora é verde, a cor do Islã. Semana passada, Sarkozy, o ministro do Interior francês, denunciava que a França já está exportando homens-bombas.

Cria cuervos y te picarán los ojos - dizem os espanhóis. A generosidade com que os europeus acolheram os migrantes árabes é o fator que mais contribuirá para a instalação do terror na Europa. Mais alguns anos e este aprazível continente será uma espécie de Iraque. Cansados de matar-se entre si, os fanáticos do Islã se dedicarão ao aprazível esporte de matar infiéis. 72 virgens os esperam no Paraíso. Alá-u-akbar!


“Há lugares que não nos agradam, é verdade. Mas quando nenhum lugar nos agrada será que não há algo de errado conosco?”(Filosofeno)

Tenho muitas virtudes. Por exemplo: “Quase não cuspo e sei fritar um ovo.” (Assombração)

E AÍ ACONTECE

O pai está em fuga
A mãe dança animada no bailão
O bebê chora solitário na cama
Um cão ladrão pela madrugada
Enquanto a responsabilidade se ausenta.

OS BICHOS

Na floresta disse bem o orador papagaio
Somos felizes vivendo como bichos livres
Não temos governo
Não vivemos sob leis absurdas
Também não somos vítimas de impostos escorchantes
Que sustentam parasitas
Danem-se os racionais!

“Os meus melhores amigos sempre foram o pudim e sagu.” (Fofucho)


“Meu Messias, meu sempre salvador é o Miojo.” (Fofucho)


“O nono tem pensado muito em sexo. Só pensado.” (Nono Ambrósio)


“Reumatismo, bico de papagaio, gota e nervo ciático. O nono já está comendo anti-inflamatório de colher.” (Nono Ambrósio)


“Hoje fiz o meu melhor tempo. Consegui calçar os sapatos em 22 minutos.” (Nono Ambrósio)


“Estou na academia. Faço levantamento de muletas e treino engolir comprimidos a seco.” (Nono Ambrósio)