quinta-feira, 26 de julho de 2018

FILOSOFENO


“Com certeza não estamos sozinhos no universo. Os outros que cuidem.” (Filosofeno)

PORTO FINAL


Sentado na sua cadeira de palha absorto está o ancião Demétrio
Dentro do seu cérebro colidem lembranças do passado
Lágrimas
Emoções
Alegrias
Urubus e pássaros azuis
Navegar foi preciso e Demétrio navegou
Encarou seus medos e seguiu em frente
Agora seus olhos brilham relembrando os mares da vida percorridos
Enquanto espera para ancorar no porto final.

DEMAIS


Serpentes nas paredes
Esquilos saindo da televisão
Um jacaré na banheira
Baratas fritas e salgadas postas mesa
Um canguru consertando o encanamento
Um urso e um tigre jogando baralho na varanda
Macarrão de minhocas em molho branco
Carne em alho e óleo diesel
Bichos da goiaba em duelo de espadas
Minha sogra dando um elogio
Meu cunhado indo trabalhar
O vizinho carrancudo dizendo bom dia
Um político de um partido político honesto na porta
Mulher pode dobrar a dose do remédio
Senão enlouqueço
São muitas alucinações para um homem só.

A GRANDE MANADA


O caldeirão de imbecis está transbordando
O real agora é o fantasioso
O certo como errado é visto
O manipulador é o grande herói
Pois as mentes estão estagnadas
No dai-me o pão e o circo
E a boa rede para descansar
Depois no momento das urnas
Ganhará o torpe pagamento em votos
Da grande manada que muge.

ERIATLOV



“O vírus da corrupção compromete o indivíduo até a terceira geração.” (Eriatlov)


FILOSOFENO


“Stálin foi humano, detestavelmente humano”.  (Filosofeno)


FOLHA VERDE


O vento tirou da árvore encorpada uma folha verdinha
Que ficou voando pra lá e pra cá ao seu sabor.
Não sabia o vento
Que no canto da calçada do colégio municipal,
Um grupo de formigas aguardava por ela
Fazendo coro para nham, nham, nham!

INGÊNUO


Navega nas nuvens do pensar o ingênuo salvador do mundo de soluções simplistas
Crê ele ser possível mudar o homem apenas com boa vontade
Como também erguer fogueiras na floresta sem queimar madeira.


“Nem tudo na vida  é apenas querer. Às vezes faz-se necessário talento.” (Filosofeno)


“A arte da adivinhação é a nobre arte da enrolação”. (Filosofeno)

quarta-feira, 25 de julho de 2018


“Na política cada um acredita na mentira que lhe é mais conveniente.” (Eriatlov)

Não tenho medo da morte. Estive morto por bilhões e bilhões de anos antes de meu nascimento, e isso nunca me causou qualquer inconveniência.
— Mark Twain

“Política nestas plagas é a arte de mamar no estado, roubar e ainda ser condecorado.” (Eriatlov)



“Descobri que a turma de cima e do meio são quase incorruptíveis em reais. Já em dólares ninguém se aguenta.” (Eriatlov)




“Lula é a prova viva que para fazer o mal não é necessário ter todos os dedos.” (Eriatlov)


“A coerência dos imbecis é essa: aqui falam em democracia, mas apoiam  Maduro e o regime comunista cubano. ” (Eriatlov)

DOIS DE SANTA CATARINA ENTRE OS PIORES

O deputado João Rodrigues PSD-SC aparece no ranking dos políticos na posição 593. Já defensor do ladrão Lula, deputado Pedro Uczai do PT/SC na 589. Vergonhoso! 

RANKING DOS POLÍTICOS- OS MELHORES

Hoje os melhores são:
PEDRO CUNHA LIMA- PSDB/ PB
ANA AMÉLIA-PP/RS
EDUARDO BARBOSA-PSDB/MG
LOBBE NETO-PSDB/SP

http://www.politicos.org.br/#topGrid

REDES

Há gente interessante nas redes. Acontece o honesto debate, todos aprendem. Porém a grande leva é de ignorantes. A ignorância metida cansa, aborrece, dá vontade de largar tudo. Mas amanhã será um novo dia, que o conhecimento ilumine também os hoje obtusos.

ALEXANDRE GARCIA-Charlatanismo a solta

A morte da bancária que se submeteu a uma aplicação invasiva de acrílico no ambiente errado e com o profissional errado, chama a atenção para o quanto as pessoas se submetem a riscos, quando poderiam evitá-los. E a gente fica se perguntando como e por quê. No caso da vítima, Lilian, de 46 anos, ela viajou de Cuiabá para o Rio, para se submeter a esse tipo de cirurgia não em um hospital ou clínica, onde teria socorro imediato em caso de alguma intercorrência, mas no apartamento de um médico que não tem registro no Rio de Janeiro; e no lugar onde tem registro, Brasília, a licença fora suspensa e ele havia conseguido uma liminar na Justiça. Além do que, o tal Doutor Bumbum, não poderia sequer fazer cirurgia plástica, pois não tinha habilitação para tal. E se formara em Vassouras, estado do Rio.
    
Nada disso desperta desconfiança nas pessoas. No Instagram, onde se exibia, o Dr Bumbum tinha 650 mil seguidores. Vi videos gravados por ele, supostamente de propaganda. Qualquer pessoa percebe, na mensagem, nos gestos, a personificação de um charlatão. Em uma das tais cirurgias embelezadoras, percebe-se que o procedimento é feito sem que a paciente tire a roupa, quer dizer, nem é eliminado o risco de contaminação do campo cirúrgico.Não há um desfibrilador, um anestesista, para garantir a sobrevivência do paciente, no caso de uma embolia, uma parada cardíaca. E, claro, exame prévio de risco cirúrgico, nem pensar. Numa das mensagens, ele ensina a uma recém-operada esquentar uma tesoura para cauterizar uma sequela do procedimento.
    
A mãe do médico é outro personagem importante nessa tragédia. Ela é médica com registro cassado. E trabalham juntos. Um companheiro dela, dizem as notícias, foi encontrado morto a tiro na cama, e o inquérito policial nunca se completou. Parece o Psicose de Hitchcok, em que Alan Bates é a mãe - ou vice-versa. Será Dênis as mãos da mãe Maria de Fátima? Recomendo a leitura de Mentes Perigosas, de Ana Beatriz Barbosa Silva, para tentar compreender essas ações e relações.
    
Esse é um caso atual que chama a atenção para outros. Gente que se aproveita do modismo para fazer um parto arriscado em casa - se der errado e o hospital for distante, criam-se riscos para a mãe e o bebê. Procedimentos estéticos e até cirúrgicos inventados pela moda ou por pseudo-ciência, como se espalham fácil pela ignorância, ingenuidade ou desespero das pessoas! Pajés e curandeiros vicejam nesse ambiente. É um tal de mexer com sangue, com linfa, com poções e pílulas milagrosas tudo talvez ajudado pelas redes sociais, que aceitam qualquer doutor bumbum da vida; os doutores da internet, que curam câncer e retardam tratamentos e acabam deixando suas vítimas já sem possibilidade de cura. Nada que a razão, a lógica, a informação, o raciocínio, a desconfiança, não consigam evitar.

SETEMBRINO


Setembrino morreu no manicômio aos sessenta anos. Após sua morte os médicos especialistas o desmontaram para estudá-lo, mas não conseguiram juntá-lo novamente. Então ficou claro para todos que era verdade o que diziam dele: Setembrino tinha realmente um parafuso a menos.

BEIJO DE LÍNGUA


Saí aos pulos da minha casa felpuda, pois ouvi um grito de socorro rouco vindo do banheiro. Fui procurar para ver o que acontecia e num canto encontrei uma barata que envenenada, agonizava. Fui ter com ela e disse-lhe: ‘Não tem jeito amiga, para você não há volta, faça o seu último pedido. Então gaguejou ela: ‘Um beijo de língua, um beijo de língua... - Puta que pariu barata morra logo! Saí de fininho antes que meu mole coração fizesse uma besteira da qual iria me arrepender para o resto da vida.
                           
Pulga Lurdes

MUNARO


Munaro era um homem pequeno que se tornou triste. Viúvo recente, não tinha mais prazer na vida. A depressão foi tomando conta do pequeno corpo dele; os remédios não o ajudaram.  Por fim, no último domingo ele deu cabo da vida se enforcando num bonsai.

TRAÇA


Havia uma traça de meia idade ainda solteira e já cansada de viver só. Certa manhã acordou bem disposta e determinada como nunca; pegou uma caneta e fez um traço. Pronto! Arranjou um marido.

CASINHA DE SAPÊ NOS CONFINS


Casinha de sapê nos confins.
-Toc!Toc!
-Quem bate?
-Dias Toffoli.
-Valha-me Deus! Antes fosse a morte!

GREMLINS


No Deserto do Atacama protegidos por uma enorme parede de pedra encontraram-se os últimos gremlins malvados do planeta. O velho chefe mordendo a cabeça de um lagarto recém-abatido disse aos demais: “Pensei que caminhávamos para o fim da espécie, mas descobri novos elementos da nossa raça no Brasil. Ainda estão disfarçados, mas já cometem suas maldades com astúcia. O povo de lá vai se danar!”
-Quem são eles chefe?- perguntou o mais afobadinho.    
-Não Posso dizer os nomes para não atrapalhar suas artes. Só digo que estão instalados num tal de STF.


LÃ E CARNE


Genara era uma ovelha descontente que resolveu fugir dos campos e ir à cidade para cortar sua lã, pois sofria com o calor e principalmente queria ver como era o mundo longe da verde relva. Após muito andar chegou à terra do cimento e aço. Obteve informações e correu até o primeiro barbeiro. Lá chegando perguntou:
-O senhor corta lã de ovelha?
Respondeu o barbeiro um pouco espantado:
-Não só corto a lã como também degusto a carne.  
E dito isso deu uma paulada na ovelha Genara que morreu no ato. O barbeiro foi para casa feliz levando nas costas o futuro assado da noite de seu aniversário.

CONTANDO


Desde cedo da manhã o velho seu Zacarias sentado na porta da igreja contava um, dois, um, dois, um, dois. Passou Antenor e perguntou: Por que um, dois? Seu Zacarias olhou para ele e: Um, dois, três... Um, dois, três...Um, dois, três...Aí veio Dona Cleusa e também o interpelou. E Zacarias:  Um, dois, três, quatro... Um, dois, três, quatro... Agora já são quatro pessoas que não tem o que fazer além de ficar xeretando a vida de um velho sentado na porta da igreja.

SEM SEGREDOS


Na tarde de ontem Reginaldo seguiu sua mulher e então descobriu que era corno. Como nunca gostou de segredinhos foi até a uma serigrafia e mandou estampar em seis camisetas ‘EU SOU UM CORNO’. Á noite convidou os amigos para uma festinha e anunciar a entrada no clube. Na manhã de hoje comprou um capacete viking e plantou uma placa no jardim da casa ‘AQUI MORA UM CHIFRUDO APAIXONADO’.  Como ela é uma safada bem bonitinha, já tem vizinho perguntando quando a moça pretende plantar mais um galho na testa do feliz.

terça-feira, 24 de julho de 2018

ATACAMA



Uma pequena e solitária árvore perdida no meio do deserto do Atacama. No seu tronco uma inscrição que diz muito: “O PT esteve aqui.”

OS PERDIDOS E O DEMÔNIO


Três caçadores de tesouros, malvados que só, estavam perdidos e dormiam sob estrelas no deserto; passavam frio. Ouviram então um barulho e perguntaram- “Quem vem lá?” – Saindo de dentro da escuridão uma voz respondeu.
“É o demônio.”
O mais velho deles disse.
“Traz fogo camarada?”
O diabo respondeu.
“Trago muito fogo.”
“Então se aproxime sem medo que não irei te passar no chumbo.”
E foi assim que o demônio passou a noite bebendo, contando causos e comendo carne seca na maior alegria junto da fogueira como se fossem velhos companheiros. Pela manhã foi embora dizendo.
“Até um dia rapaziada! Quando chegarem por lá peçam por mim!”


SOPA DE LETRINHAS


Nestor, sujeito mala  politicamente correto foi tomar uma sopa de letrinhas. Blábláblá interminável. Perdigotos atiravam-se solenes sobre a mesa.    Até que as letrinhas não suportaram o papo e as ideias do babão e revoltadas  formaram dentro do prato uma corriqueira expressão nacional: “ Calado! Vá tomar nas pregas!”

GOSTO É GOSTO


Foi um dia muito especial para o planeta.  Naquele dia choveram rosas multicores de muito perfume em todos os lugares da terra, inclusive sobre os mares e desertos. Porém não foram poucos os bípedes não plumados que taparam suas narinas para o doce odor e preferiram abri-las para cheirar cu e bosta de galinha. Bem, como dizem, gosto é gosto.


QUEIMADO


Irado como nunca Nicanor olhou para ele com todo o desprezo do mundo. Cuspiu e sapateou em cima dele com os sapatos sujos de barro. Humilhou-o dizendo que não servia para nada, um inútil. Jogou-o na churrasqueira, deu-lhe um banho de gasolina e riscou um fósforo. Foi abraçado pelas chamas e rapidamente desapareceu, virou cinzas. Tão importante e mal utilizado de quatro em quatro anos, vilipendiado, assim morreu em nosso país mais um título de eleitor.

ENTRE FRUTAS



- Você é um mamão?
-Não, não sou mamão.
-Não é mamão?
-Não. Sou melão.
-Nunca ouvi falar.
-E você o que é?
-Banana caturra.
-Nunca ouvi falar.
-Sou artista, eu canto.
-Eu também. Canto até em espanhol.
-El dia que me quieras?
-Sim.
-Vamos cantar em dupla?
-Vamos!... Acaricia mi ensueño
El suave murmullo
De tu suspirar.
Como ríe la vida...
Nisso se intromete na conversa o abacate.
-Vocês podem ficar quietos, estou tentando dormir.
-Dormir agora durante o dia?- pergunta o melão.
-Sim, ainda estou verde, preciso amadurecer.
Nisso uma distinta senhora passa pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa, alegrando por hora o verde abacate que cochila entre macias palhas.



domingo, 22 de julho de 2018

Instituto Liberal-“Minha Formação”: o legado de Joaquim Nabuco

De Lucas Berlanza

Quando se vê defrontado pela crise moral e institucional de nossos tempos, o cidadão brasileiro realmente interessado nos rumos do país se vê carente de referências nacionais de valor. A descaracterização mal-intencionada de nosso passado, promovida em materiais didáticos e pregações políticas rasteiras, é a grande culpada por isso. O Brasil, ainda belo e admirável aos olhos, mas sofrendo os extremos efeitos de um processo de anos de propositada confusão e imoralidade, já foi berço de gigantes, de figuras extraordinárias, de que não podemos esquecer. Nas páginas de “Minha Formação”, seu livro de memórias e reflexões, podemos penetrar a intimidade de um dos maiores brasileiros de todos os tempos: Joaquim Nabuco (1849-1910).
O diplomata, político e jurista, formado na Faculdade de Direito do Recife, deixou para a posteridade, além do legado inquestionável da campanha abolicionista – cumprindo papel fundamental na eliminação de uma das mais tristes páginas da história brasileira, a escravidão –, em que se portou como incansável guerreiro da liberdade, as páginas que expressam sua genialidade e permitem dividir com os patriotas de hoje as preocupações do construtor de ontem. Afinal, tal como José Bonifácio e outros valorosos nomes, Nabuco é um construtor do Brasil. Construtor de uma realidade, de um país onde as mais diversas etnias passam a conviver sem uma sujeição de amparo legal de umas perante as outras – ainda que as medidas de nosso atual governo tentem promover divisões artificiais -, e construtor de um sonho – um sonho ainda não realizado, de fazer do Brasil uma nação avançada, próspera e consciente de si. “Minha Formação”, que reúne anotações de Nabuco sobre sua trajetória de vida até 1899, é um livro que não apenas informa. Ele inspira, emociona, faz o leitor se sentir motivado por viver no mesmo torrão em que uma alma como aquela deu seus luminosos primeiros passos.
Politicamente, Nabuco se define como um “liberal inglês”. “Quando entro para a Câmara” diz ele, “estou inteiramente sob a influência do liberalismo inglês, como se limitasse às ordens de Gladstone; esse é em substância o resultado de minha educação política: sou um liberal inglês – com afinidades radicais, mas com aderências whigs – no Parlamento brasileiro; esse modo de definir-me será exato até o fim, porque o liberalismo inglês, gladstoniano, macaulayiano, perdurará sempre, será a vassalagem irresgatável do meu temperamento ou sensibilidade política”. Em um cenário nacional monárquico dividido em dois grandes partidos, os chamados Partido Conservador e o Liberal, Nabuco esteve no primeiro e terminou a vida pública no segundo, e teceu considerações elogiosas a figuras de ambas as legendas.
Ao ler as páginas de “Minha Formação”, a experiência é em alguns aspectos similar à de ler “Reflexões sobre a Revolução na França”, de Edmund Burke, a quem Gladstone, referenciado por Nabuco, muito apreciava; ambos são confessos monarquistas, sem avançar em que determinadas formas empíricas de governo sejam essencialmente superiores a outras, mas compreendendo a importância da prudência, da adequação de princípios abstratos às experiências históricas e realidades concretas de cada povo e lugar.  E Nabuco conhecia bem o espírito anglo-saxônico, fornecendo observações bastante pessoais sobre a Inglaterra e os Estados Unidos.
Nas linhas de Nabuco sobre a Família Real, como no famoso trecho de Burke a respeito da rainha de França, encontra-se o mesmo cavalheirismo, a mesma elegância, o mesmo “romantismo” que, particularmente, nos parece, a despeito de qualquer limitação que possa ter, algo sedutor e comovente. A mesma aversão a radicalismos destrutivos e ânsias por rupturas bruscas, típica do que alguns convencionaram chamar de conservadorismo político moderno, dá as caras em ambos. Isso motivou Nabuco a se manter sempre afastado dos anseios republicanos que insuflaram algumas correntes de sua geração.
Qualquer que seja a nossa visão sobre tudo isso, porém, o abolicionismo é maior que qualquer outro elemento em sua vida. Ele próprio reconhece que “a feição política tornar-se-á secundária, subalterna, será substituída pela identificação humana com os escravos e esta é que ficará sendo a característica pessoal, tudo se fundirá nela e por ela. Nesse sentido é a emancipação a verdadeira ação formadora para mim, a que toma os elementos isolados ou divergentes da imaginação, os extremos da curiosidade ou da simpatia intelectual, os contrastes, os antagonismos, as variações de faculdades sensíveis à verdade, à beleza, que os sistemas mais opostos refletem uns contra os outros, e constrói o molde em que a aspiração política é vazada, e não ela somente, a inteligência, a imaginação, os próprios sonhos e quimeras do homem”. Libertar os escravos, tornar todos os habitantes do Brasil efetivamente seus cidadãos, tornou-se a causa da vida de Joaquim Nabuco. Com sua elogiosa oratória, sua bagagem cultural vasta e sua sensibilidade notável – e, nas páginas de “Minha Formação”, entramos em contato com um pouco de cada uma -, ele foi até o Vaticano se encontrar com o papa para pedir um manifesto contra a escravidão, o que relata em detalhes.
É imperioso revolvermos os porões do passado e encontraremos a ordem liberal sendo defendida por grandes figuras de nosso país, que conhecemos apenas de nome e, muitas vezes, são mencionadas e homenageadas por cultistas de totalitarismos e extremismos que jamais contariam com seu aplauso. Joaquim Nabuco é nome de ruas, é figura retratada em quadros e estátuas. No dia 2 de junho deste ano, foi inscrito no Livro dos Herois da Pátria. Uma das pouquíssimas atitudes positivas de nossa atual mandatária do Executivo, cujo nome não mencionaremos por julgarmos que não merece constar de um artigo em homenagem a um verdadeiro homem público, com todas as letras e “pingos nos is”. Nabuco faz parte do norte que precisamos revisitar, da inspiração que precisamos resgatar para colocarmos a bandeira verde e amarela em seu devido destino, em sua legítima direção.
Deixemos esse grande baluarte nacional da liberdade nos brindar com uma perfeita síntese de sua própria vida:
“Qualquer que seja a verdade teológica, acredito que Deus nos levará de algum modo em conta a utilidade prática de nossa existência e, enquanto o cativeiro existisse, estou convencido de que eu não poderia dar melhor emprego à minha do que combatendo-o. Essa vida exterior, eu sei bem, não pode substituir a vida interior, mesmo quando o espírito de caridade, o amor humano, nos animasse sempre em nosso trabalho. A satisfação de realizar, por mais humilde que seja a esfera de cada um, uma parcela de bem para outrem, de ajudar a iluminar com um raio, quando não fosse senão de esperança, vidas escuras e subterrâneas como eram as dos escravos, é uma alegria intensa que apaga por si só a lembrança das privações pessoais e preserva da inveja e da decepção.”
Pequenos que somos, que vejamos nessas palavras uma exortação para agir. Por pouco que façamos em nome da liberdade e dos bons princípios, intenso nos é o ganho, qualquer que seja a nossa crença, pelo menos para que nossos descendentes não nos vasculhem no passado e digam: eles nada fizeram. Joaquim Nabuco fez. E nós, faremos?
DEZEMBRO 2014

NO BOLSO


Não parece doença
Mas é das bravas
Que toma o sujeito pela mente
E o conduz gentilmente
A ser um contribuinte compulsório
Dos procuradores do tal senhor onipotente
Que ninguém vê
Que ninguém sente
Salvo o sentir no bolso mensalmente.


FILOSOFENO


“A maldade sempre encontra seguidores; às vezes por conveniência, às vezes por gosto próprio.” (Filosofeno)

FILOSOFENO


“As víboras humanas passam seus venenos no chocolate.” (Filosofeno)

FILOSOFENO


“Às vezes a solidão nos obriga a uma convivência difícil.” (Filosofeno)


ERIATLOV



“Não reeleja ninguém, nem mesmo sua mãe.” (Eriatlov)



ERIATLOV


“Com a estirpe de excelências que temos o país precisa de condolências.” (Eriatlov)

ERIATLOV


“Enquanto o povo continuar pedindo mais governo, o que ganhará no lombo serão mais impostos a pagar e corrupção.” (Eriatlov)


sábado, 21 de julho de 2018

CLIMÉRIO


“Mesmo no inferno há vantagens. O aquecimento é de graça.” (Climério)

CARLIN


“A jornada da vida não serve para se chegar ao túmulo em segurança, em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro, meio de lado, totalmente gasto, berrando ... Puta merda, Que Viagem!!!”(George Carlin)

CHASE


"O cume da tolerância é mais rapidamente alcançado por aqueles que não andam carregados de convicções." — Alexander Chase

CLIMÉRIO


“Eu só acredito em político morto. Não mente, não rouba, não incomoda.” (Climério)

CARLIN


“O paradoxo dos nossos tempos é que temos edifícios mais altos e pavios mais curtos; estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos.” GEORGE CARLIN

ASIMOV


"Criacionistas fazem parecer que uma “teoria” é algo que você sonhou depois de ter passado a noite inteira bêbado."  — Isaac Asimov

ALEXANDRE GARCIA- DERCY ONTEM E HOJE

Recebi pelo WhatsApp um trecho de uma entrevista da Hebe com Dercy Gonçalves. Vou resumir, omitindo os palavrões. “O Brasil está falido e não tem nada que preste, aquele congresso deveria acabar, são safados (e a platéia aplaude). Tem que dar porrada e querem se reeleger de novo. Não votem neles, mas é um povo muito lerdo, é uma pouca vergonha. Ninguém respeita mais a gente no exterior; aqui é submundo, não tem ordem. Sou a favor da ordem, da disciplina e não essa casa de mãe joana.”
    
Hebe apoiava e o auditório aplaudia. Dercy morreu há 10 anos; pela animação, o programa deve ser de uns 10 anos antes da morte. Quer dizer, faz uns 20 anos. Seguramente há três décadas que venho lendo e ouvindo sobre a necessidade de mudar o Congresso, mudar os políticos. Mas nada acontece porque é impossível mudar o eleitorado. Falo nisso porque vão começar as convenções partidárias para escolher os candidatos que os partidos vão nos oferecer para votar - sem que tenhamos participado dessa escolha. São os chefes partidários que escolhem e a convenção apenas homologa. E nós, mais uma vez, vamos ficar com o papel de procurar as alternativas que sejam mais convenientes, embora não as ideais.
    
Os que pesquisam, se informam, buscam  alternativa, são minoria. As estatísticas nacionais mostram que até os universitários têm entre eles 38% de analfabetos funcionais - gente que consegue ler, escrever, fazer algumas operações matemáticas, mas não consegue expressar idéias num texto maior, nem entender um parágrafo que vá além de uma frase curta, e muito menos elaborar a solução de uma equaçãozinha de primeiro grau. Seguramente o dobro desse percentual - é doloroso admitir - aparece no eleitorado. Num momento em que nem os partidos políticos se alinham em torno de candidatos a presidente, imagino a confusão e a indecisão entre eleitores. Aliás, notei ontem que o Estadão usou, em lugar da palavra partidos o termo siglas. É o que são; meras siglas defendendo seus egoísmos coletivos, ávidos pelo poder sobre o orçamento que deveria existir para servir e não para se servirem.
    
Você pode pensar que há um quarto de século, em tempos da entrevista de Dercy Gonçalves na Hebe era a mesma coisa e até hoje  nada resolvemos. Infelizmente, ainda era menos ruim. Naquele tempo não tínhamos um desembargador que, para livrar seu guru, cujas barbas beijara, inventava habeas corpus que até um calouro de Direito sabe ser impossível; ou um ministro do Supremo que toma a iniciativa de soltar do presídio seu ex-chefe que cumpria pena de 30 anos. E ambos sem nenhum problema de consciência para se considerarem  impedidos. Quer dizer, há 25 anos, o problema eram os políticos e a Justiça poderia ser a solução. Hoje a Justiça também está eivada de problemas. Teria Dercy Gonçalves em seu vocabulário palavras  - além das que eu censurei aqui -  para classificar a atualidade?
 

GOSMENTOS


Como gosmentos insetos
Os inaptos se agarram ao poder
Não podendo contar com seus talentos
Para uma ascendência decente
Urge aos jumentos
A prática na administração
Da velha arte do puxa-saquismo
Desprezada por quem é capaz.

DIPSOMANÍACO


Havia na casa de campo da família
Trinta litros de aguardente.
Durante os primeiros quinze dias do mês
Ficaram todos vazios.
Os funcionários ficaram apavorados,
Mas a patroa os tranquilizou,
Dizendo que o patrão era dipsomaníaco.
Ninguém entendeu nada,
Porém eles ficaram com a certeza
De que tinham um patrão pinguço.


GAIOLA


Gaiola não é hotel
E por mais que o serviço seja bom
Não existe a liberdade só conseguida nos céus
Que se abram as portinholas
E que seja dado aos casaquinhos de penas
O direito de viver sem limites.


QUANDO UM AMIGO SE VAI


Quando um amigo se vai
É uma estrela do nosso universo que se apaga.
Mesmo não querendo,
E procurando entender
A gente sofre.
Mais doloroso ainda,
É quando ele parte
Assim de repente,
Surpreendendo a sua amada gente
E deixando sonhos pelo caminho.

PARABÉNS PREFEITURA DE QUARAÍ!

sexta-feira, 20 de julho de 2018

COMO O VENTO


Somos como o vento
Que balança árvores
Revolve folhas
Levanta poeira
Derruba chapéus
Que você sente e não vê
E como todos nós
Passa e não retorna nunca mais.

HRX


“Os sujeitos desse planetinha ficam de joelhos para um ser nunca viram e nem sabem se existe. Há promessa de pós morte morarem eternamente num paraíso regido por esse tal criador. Ainda bem que os mortos não se decepcionam.” (HRX, o ET viajante)

JAMES RANDI

Para ter certeza que minha blasfêmia está minuciosamente clara, por meio desta declaro minha opinião que a noção de um deus é uma superstição básica, que não há evidência para a existência de nenhum deus(es), que diabos, demônios, anjos e santos são mitos, que não há vida após a morte, paraíso nem inferno, que o Papa é um dinossauro medieval perigoso e intolerante, e que o Espírito Santo é um personagem de história em quadrinhos digno de risadas e escárnio. Acuso o deus Cristão de assassinato ao permitir o Holocausto — sem mencionar a “limpeza étnica” presentemente sendo feita pelos Cristãos no mundo — condeno e vilipendio essa divindade mítica por encorajar o preconceito racial e comandar a degradação da mulher.
— James Randi

CONCURSO


O último Concurso de Mentiras em São Pino teve setenta participantes. Doze advogados, oito pescadores e cinquenta profissionais da política.


CLIMÉRIO


Dolarice- “Se queres ficar comigo Climério, precisa me assumir de corpo e alma.” 
Climério- “Então Doralice estou caindo fora, porque o meu corpo é todo seu, mas alma é algo que procurei e descobri que não tenho.”

NA SALA DE AULA NA CORREIA DO NORTE...


Professor: "Camaradas estudantes, quantos sistemas econômico-políticos existem no mundo?"

Estudante: "Existem três sistemas desse tipo: o sistema econômico-político capitalista, o sistema econômico socialista norte-coreano e o sistema eclético chinês".

Professor: "Então, entre esses três sistemas, qual é o maior?"

Estudante: "Bem, pode ser bastante difícil responder a essa pergunta".

Professor: "Que tipo de resposta é essa? Existe apenas uma resposta clara! Nosso estilo de sistema econômico-político socialista é o maior, pois este é o sistema destinado a conquistar o mundo inteiro e estimular o desenvolvimento econômico eterno! "

Estudante: "Professor, isso é ótimo, de fato ... Mas se nosso sistema assume o mundo e todos os outros países e sistemas econômico-políticos, então, para quem vamos pedir ajuda alimentar?"


TRIPOD

DISSEONÁRIO PEDRA



HOMEM SOLTEIRO- Descompromissado que sonhava em se casar com a Scarlett Johansson, mas acaba no altar com a Mariazinha Boca Torta.

FERNANDINHO BEIRA-MAR- O segundo homem mais honesto do Brasil. O primeiro é Lula.

MALUFAR- Verbo em desuso. É o mesmo que Lular atualmente.

HOMEM CASADO-Marido da Mariazinha Boca Torta que deseja ter uma amante linda como a Scarlett Johansson, mas o dinheiro é curto.

ESPERANÇA- Era a última que morria. Não é mais. Agora morre antes dos socialistas corruptos.

BOTECO- A casa do álcool. Frequentada por os mais diversos tipos, desde jogadores, chatos, filósofos, cornos e mal-amados.

HONESTO- Palavra que já não quer dizer nada. Todo pilantra diz que é honesto.

HUMOR- Família pequena de constituída de três irmãos que pouco se falam: O Bom Humor, o Sem Humor e o Mau Humor.

INQUISIÇÃO


“Inquisição? Nada sei, era com o povo de Deus, eu não estava lá.” (Satanás Ferreira)



“Mais honesto que eu, nem o Lula.” (Satanás Ferreira)

“Não se preocupem. No inferno é igual para quem usa Rexona: sempre cabe mais um!” (Satanás Ferreira)

SATANÁS FERREIRA

“Aqui no inferno o pior não é o fogo. A música ambiente é funk o dia todo.” (Satanás Ferreira)

CONHECIMENTO


Quando penso que estou chegando ao meu destino
Descubro que ainda não saí
Assim é a viagem pelo conhecimento.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

E AGORA?


Passava ele os dias brincando de estar vivo
Deixando o tempo correr solto
Porém desesperou-se diante do vazio futuro
Quando percebeu que o trem da vida já havia passado.



ADOTE QUE É MANSO


É monstro de ódio mal-educado e já sem freios
Tudo o que palavra demonstra
Mas o torpe grita indignado
Que ele é assim por que
Ninguém o quer
Ninguém o ama
Assim age o torpe para que você se sinta culpado e o adote
Você o adote
Pois ele não o quer na sua casa
Tampouco sentado à sua mesa
Muito menos aconchegado na própria cama.


SERVENTIA


Labutar num escritório
Nem pensar pelo tédio
Trabalho braçal
Achava pesado
Tentou ser cantor
Mas não tinha voz
Tentou ser ator
Porém não tinha talento
Então resolveu ser chupim de político
Trabalho que serve para qualquer jumento.

ANSIEDADE


Ansiedade é um monstro
Que apavora o futuro
De um feto chamado fato
Muito antes de nascimento.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

NÃO PARENTE


O sol se põe e há um homem morto caído no meio da rua. A multidão se aglomera para ver o cadáver. O povo gosta de ver a desgraça dos outros. Não existe muito sangue no asfalto, apenas um leve filete saindo do nariz do pobre. Uma bicicleta torta atirada ao lado já diz tudo. A mulher de blusa vermelha olha bem de perto para ver se não é um primo seu. Um homem de camiseta amarela e boné branco também chega bem perto para ver se o reconhece. Nada. Vem o perito, faz os procedimentos e o leva embora. O atropelador, em casa, sossegado, toma mais uma cerveja. Dias depois, descoberto pela lei e questionado o porquê de não ter prestado socorro, diz: “Que importa? Não era meu parente!”

VERDADE- H.L. MENCKEN


"O homem que se gaba de só dizer a verdade é simplesmente um homem sem nenhum respeito por ela. A verdade não é uma coisa que rola por aí, como dinheiro trocado; é algo para ser acalentada, acumulada e desembolsada apenas quando absolutamente necessário. O menor átomo da verdade representa a amarga labuta e agonia de algum homem; para cada pilha dela, há o túmulo de um bravo dono da verdade sobre algumas cinzas solitárias e uma alma fritando no Inferno.“

 Referência: https://citacoes.in/autores/henry-louis-mencken/

Um peixe não escreveu este ensaio- Richard Carrier

É impressionante o número de pessoas que insistem em dizer que eu não sou um ateu. Parece bem óbvio para mim que eu não acredito que qualquer deus exista, e sinceramente acho que isso faz de mim um ateu. Contudo, aí estão essas pessoas, tão insistentes em dizer que eu não posso ser um ateu. “Você é muito bacana”, ela dizem, ou “na verdade, você acredita, só não sabe disso” (como é que é?). Às vezes eu ouço algo como “Você acredita em alguma coisa, e isto, na realidade, é deus” ou “você ainda está procurando, mas ainda vai encontrá-Lo” (ele está convidado a fazer uma visitinha à minha casa quando quiser). Quando eu tenho tempo de conversar com essas pessoas, elas geralmente me dizem isto: que, na verdade, eu sou agnóstico, pois estou querendo admitir que não sei se existe qualquer deus. É aparentemente tão importante para as pessoas acreditarem que eu seja “na verdade, apenas um agnóstico” que eu penso que isto é um sinal assustador do poder que a religião possui sobre as pessoas. É trágico que a simples ideia de que um bom amigo ou parente ser um verdadeiro e declarado ateu seja tão horrível que precise ser negada.
Às vezes tenho a chance de explicar que sou um ateu, não porque sei que não existe deus, mas porque acredito que não existe deus. Se alguém insistisse que seu peixe de estimação pode falar, eu não poderia dizer que sei que ele não fala, especialmente se não pudesse ir lá verificar, mas ainda seria sensato eu dizer que não existem peixes falantes. A importância disto é que acredito que deus exista da mesma maneira que acredito que peixes possam falar. Certamente, eu não examinei todas espécies de peixes, muito menos cada peixe no mundo, e nem poderia realizar tal façanha; mas a alegação de que eles existem é tão contrária à minha experiência pessoal e aos fatos observados, que eu simplesmente não irei acreditar nisto até que uma prova definitiva seja oferecida. É claro, se eu visitar alguém e seu peixe falar comigo, eu ainda serei sensato ao testar a possibilidade de truque ou de insanidade antes de acreditar que eles realmente possam falar. Mas, se eu me encontrar com vários peixes falantes, e pessoas confiáveis confirmarem isto, e cientistas publicarem estudos cuidadosamente pesquisados sobre eles, e a manchete dos jornais disserem “Descoberta incrível: peixes falantes!”, aí sim seria mais do que razoável acreditar que eles existam. Ninguém duvida de tal bom senso, até que ele seja aplicado à religião.
Eu nunca vi ou falei com um deus, nem vi um deus fazer algo que fosse, sem sombra de dúvida, divino. As pessoas insistem em dizer que sabem que um deus existe, mas a maioria delas afirma que apenas o sentem, e não oferecem nenhuma outra prova. De fato, é estranho que aqueles poucos que sinceramente oferecem a prova mais legítima, que é a de ouvir deus falando, sejam considerados loucos até pelos crentes. Os crentes estão provavelmente certos sobre isso, mas o seu “sentimento” de que deus existe, a meu ver, não é mais convincente. Qualquer um pode “sentir” que os peixes falam, mas isto não significa que tal fato seja verdade; nem seria uma maneira segura de saber que tal fato é verdade, se ele realmente fosse. As pessoas também dizem que existem bilhões de testemunhas da existência de deus; mas como a grande maioria apenas “sente” que deus existe, nem trilhões de testemunhas seriam suficientes. Eu estou impressionado com o número de pessoas que pensam que se a Terra parasse de girar, nós iríamos todos cair no espaço — elas apenas “sentem” intuitivamente que isto é verdade, apesar de exatamente o oposto acontecer (na verdade, as pessoas no Equador iriam ganhar alguns quilogramas). Eu acredito que bilhões de pessoas “sentem” que deus existe, mas sentimentos são apenas evidências que se sustentam em nossos corações e em nossos sonhos. Sentimentos não dizem muito sobre a realidade fora de nós mesmos.
As pessoas também afirmam que a Bíblia diz que deus existe. A Bíblia também diz que um cara viveu dentro da barriga de um peixe gigante durante três dias, de algum modo escapando de ser digerido pelos ácidos estomacais; e que uma enchente “tão grande” que cobriu todas montanhas aconteceu para satisfazer o desejo genocida de um deus aparentemente sem criatividade (Por que não fazer todo mundo desaparecer instantaneamente e evitar que as pessoas e os animais do mundo sofressem ao se afogarem?). Considerando que isto me soa como um conto de fadas, eu acho que deus provavelmente é um conto de fadas também. Basicamente, se a Bíblia diz que existem peixes falantes, eu não acreditaria nisso até que visse um por conta própria (a Bíblia realmente alega a existência de asnos falantes). Da mesma maneira, a Bíblia pode dizer que um deus exista, mas eu ainda não acreditarei nisso até que veja um por conta própria.
Porém, a maioria das pessoas que encontro não percebe que sou antes de tudo um livre-pensador, e só sou um ateu devido à aplicação desse livre-pensamento sobre as evidências disponíveis. As razões que tenho para ser um livre-pensador são na realidade bem diferentes das razões que tenho para não acreditar em um deus. Às vezes uso uma camisa que diz: “Nós todos precisamos de humanidade, não de religião; de razão, não de fé”. Isso tem originado conversas interessantes sobre o porquê de eu ser um livre-pensador. “Isso é um tanto indelicado”, dizem alguns que leem a camisa. Eu pergunto por quê. Parece-me sensato que se a religião fosse banida da Terra, mas fosse substituída por uma raça humana inteira trabalhando em conjunto, não perderíamos nada, e ganharíamos tudo. Logo, nós precisamos de humanidade — isto é, a nossa própria humanidade, a espécie humana como um todo. Mas nós não precisamos de religião — ela não oferece nada que não possa ser obtido através de outros meios.
Também me parece sensato que se as pessoas vivessem pela razão ao invés de pela fé, muitas tragédias enormes teriam sido evitadas, e um número igual de avanços teria sido feito, especialmente no comportamento humano. Eu não afirmo que isto seja uma receita para a utopia, apenas uma receita para melhoras significativas. Quantas vezes nos encontramos comentando sobre um criminoso ou um político: “Eles são tão estúpidos! Qualquer pessoa racional teria agido de modo totalmente diferente!”. Um criminoso ou um político pode ter a fé que quiser, mas ainda fará coisas estúpidas — e esse é o problema. Portanto, nós só precisamos que as pessoas ajam de maneira inteligente. Nós podemos fazer isso sem fé. Na realidade, a “fé” dos homens-bomba islâmicos e dos destruidores de clínicas de aborto são uma ameaça real à humanidade, da mesma maneira que a “fé” dos membros do Partido Comunista em sua crença de que o comunismo iria nos levar à utopia. As pessoas podem viver sem fé. Porém, elas não podem viver sem razão.
É claro, geralmente se afirma que precisamos da religião para que a humanidade se comporte e trabalhe em conjunto. Todas as evidências dizem o contrário. A religião notadamente não tem melhorado o comportamento humano. Os pagãos romanos eram muito mais gentis do que os cristãos da Inquisição. A religião também não tem unido cristãos, muçulmanos, budistas e judeus. Com certeza, ela os tem dividido. Na verdade, a religião nunca irá uni-los, isso porque a religião exige que eles compartilhem as mesmas crenças, sem oferecer evidência suficiente de que suas ideias sejam mais corretas que a de qualquer outra pessoa. Por outro lado, a razão é a única coisa que pode realmente unir as pessoas com opiniões divergentes. A razão, por definição, baseia suas decisões nas evidências disponíveis a qualquer um, e permite às pessoas discordarem quando há falta de evidências. A religião nunca fará isto, e esse é o seu problema.
Também é frequentemente dito que nós precisamos de fé tanto quanto nós precisamos da razão. Geralmente essa afirmação é baseada em uma definição bem ampla de “fé”. Muitos têm dito que os ateus possuem fé como todos os outros, e que ninguém pode viver sem ter fé em algo. No entanto, isto é enganoso. Se você quer dizer que “fé” significa “crença”, então você pode dispensá-la por completo. Na realidade, fé é geralmente empregada para descrever uma justificativa particular para a crença em algo, ao invés de simplesmente dizer que você acredita nesse algo. Se eu digo que acredito que não existam peixes falantes, não é muito produtivo dizer que isso prova que tenho “fé” que peixes não falam; isso porque eu não acredito nisso com fé. Eu acredito nisto por causa das evidências dos meus sentidos e das evidências apresentadas por pessoas empregando o método racional de obtenção da verdade sobre as coisas. Contudo, dizer que você tem “fé” que deus existe significa mais do que apenas dizer que você acredita nisto. Significa que você acredita que deus existe porque você tem fé que ele exista. É a esse significado de fé que a razão se opõe. Eu não acredito em nada com fé. Eu só acredito nas coisas porque eu tenho boas evidências para sustentá-las. E isto é o que significa razão: basear todas as crenças nas evidências dos sentidos, e em nada mais.
É claro que alguns tentam se aproveitar disso. Por exemplo, eles dizem que eu simplesmente substituí minha fé em deus pela fé na razão. Contudo, só acredito na razão porque as evidências dos meus sentidos têm confirmado que a razão é confiável. Eu não acredito nela com fé. As pessoas também dizem que eu, na verdade, acredito nas coisas que eu nunca vi serem demonstradas, como a existência do urânio ou que meus amigos iriam me defender numa situação de vida-ou-morte. E isso, dizem eles, prova que eu realmente tenho fé em algumas coisas. Porém, nem mesmo essas crenças são realmente baseadas na fé. As evidências dos meus sentidos têm provado até agora que certas fontes são confiáveis o suficiente para que eu acredite nelas se não existirem evidências afirmando exatamente o contrário. A ciência, o jornalismo responsável e as pessoas que eu sei que honestamente utilizam métodos já conhecidos e testados; todos eles têm se provado dignos de confiança pelos meus próprios sentidos. Se suas alegações repentinamente contradissessem a minha experiência pessoal, eu iria parar de acreditar em suas afirmações. As alegações da Bíblia obviamente caem na categoria de “inacreditáveis”. É por isso que eu acho que a existência do urânio é muito mais provável que a existência de um deus. Eu não acredito nisso devido à minha fé na ciência, mas porque as evidências dos meus sentidos dizem que a ciência acerta muito mais vezes do que a Bíblia. Mais do que isso, a ciência admite muito mais rapidamente seus erros do que qualquer religião um dia admitirá. Do mesmo modo, a fé em meus amigos também é baseada em experiências anteriores. As evidências dos meus sentidos provam até agora que as pessoas honestas, misericordiosas e maduras irão defender seus amigos. Logo, todas minhas crenças são baseadas em evidências, e não na fé.
Por que eu penso dessa maneira? Parece até ingênuo fazer tal pergunta. Realmente faz sentido basear suas crenças em coisas para as quais você não possui boas evidências? “Fé em deus” não é o mesmo que fé na ciência ou nos amigos, ou até em suposições cotidianas como “um peixe não escreveu este ensaio”. Fé em deus significa fé de que algo impressionantemente impossível de acreditar, tanto não provado quanto improvável que seja verdade. Isso simplesmente não é sensato para mim. Eu nunca irei basear minhas crenças em tais produtos da imaginação, pois isso facilmente leva ao erro e à autoilusão. Apesar de o meu coração me dizer coisas úteis sobre mim mesmo, apenas minha mente tem algo de útil para dizer sobre o mundo externo. E ela me diz que deus, assim como peixes falantes, é a maior das ficções.
Eu suspeito que muitas pessoas pensam que precisam acreditar em deus para que suas vidas tenham sentido, e esta pode muito bem ser a única razão para que acreditem em deus. Mais do que uma suspeita, essa teoria tem sido confirmada várias vezes através de declarações abertas de crentes com os quais falei. Contudo, não é racional acreditar em algo apenas porque você precisa, especialmente quando esse algo possui grandes chances de ser falso. Não é sábio construir um elo emocional com qualquer ideia que possa estar errada, ainda mais se ligar a uma má ideia que pode levá-lo ao erro e à desgraça. Nós todos podemos facilmente ver que um jogador compulsivo “precisa” acreditar que vai ganhar a fim de continuar apostando, mas essa necessidade não possui qualquer correspondência com a verdade. Se as chances são 10 contra 1, não importam as necessidades de um jogador, ele provavelmente estará errado sobre suas chances de ganhar a aposta.
Considerando que eu sempre vivi a minha vida com significado e alegria, sem a necessidade da crença em um deus ou em uma vida após a morte, eu sei que tais crenças são desnecessárias. Eu também tenho encontrado pessoalmente centenas de outras pessoas que encontram um amplo sentido para a vida sem precisarem da crença em deus ou no paraíso; logo, eu sei que não sou apenas uma aberração da Natureza. Então, quando qualquer pessoa me pergunta por que eu sou um livre-pensador, eu geralmente começo com a resposta curta: não é necessário ou sensato pensar de outra maneira. E, como um livre-pensador, se qualquer crente tentar discutir que você não pode provar que um deus não existe, simplesmente peça para que ele prove que este ensaio não foi escrito por um peixe. Talvez a partir daí ele comece a entender.

QUANDO GOSTO


Quando gosto
Gosto que me enrosco
Menos é claro
Quando o enrosco se chama arrame farpado.