sábado, 7 de fevereiro de 2015

Na dúvida, fique com a lei. Ou: O PT é um partido político ou uma quadrilha?

Que fim melancólico terá o PT! Acaba de completar 35 anos no auge de sua decadência moral, envolto em infindáveis escândalos de corrupção, que fazem todos os casos anteriores parecerem crimes de pequenas causas, e ainda assume a postura de defesa oficial dos corruptos, acusando de “golpismo” aqueles que exigem apenas a aplicação das leis.
A presidente Dilma, em vez de aparecer em público para explicar o evidente estelionato eleitoral, preferiu discursar no evento do aniversário do PT. Nenhuma palavra sobre a destruição da Petrobras, que não será interrompida com a indicação de um novo presidente claramente subserviente ao Planalto. Em vez disso, atacou os “golpistas”:
Nós temos força para resistir ao oportunismo e ao golpismo, inclusive quando se manifesta de forma dissimulada. Estamos juntos para vencer aqueles que tentam forjar catástrofe e flertam com a aventura. [...] Nós não podemos vacilar, não podemos temer. Se tiver erro, aqueles que erraram que paguem pelos erros, mas temos de preservar a história de nosso partido e do meu governo e do presidente Lula.
A presidente não disse uma só palavra sobre as acusações de Pedro Barusco, sob delação premiada (precisa provar as denúncias), de que o seu partido desviou mais de meio bilhão de reais só de uma diretoria da Petrobras. “Se tiver erro”? Como assim? A presidente ainda confia no tesoureiro do partido, João Vaccari Neto? Então é cúmplice!
E de cumplicidade o ex-presidente Lula entende. Sua frase em defesa de Vaccari ficou famosa: “Na dúvida, fique com o companheiro”. Lula tenta apelar para a máxima jurídica que diz in dubio pro reo, ou seja, com ausência de provas, o réu deve ser considerado inocente. Lula já coloca o tesoureiro do partido como réu no processo. O mesmo era dito sobre Delúbio Soares e o mensalão, que, aliás, Lula e boa parte do PT insistem em negar ter existido. O alvo, para não variar, foi a imprensa:
O critério da imprensa não é critério da informação. Achamos que tudo o que acontece no país tem que ser noticiado. O critério adotado pela imprensa é a criminalização do PT desde que chegamos aqui. Eles trabalham com uma convicção que é preciso criminalizar nosso partido. Não importa que seja verdade ou não verdade.
A vitimização é a marca registrada do PT. E dos bandidos! Todos os presos costumam repetir que são inocentes, vítimas. Quem criminalizou o PT não foi a imprensa, e sim os petistas. A cúpula do partido, sob a conivência ou negligência dos partidários, que desejam preservar suas boquinhas estatais.
O que diferencia pessoas decentes de mafiosos é que os primeiros valorizam os princípios, os últimos, os seus companheiros. A lealdade dos primeiros é com os valores universais, com as leis isonômicas, e a dos últimos é com seus comparsas de crime.
Há, sem dúvida, uma ala do PT “indignada”, um grupo que se diz contra seus métodos e a corrupção que tomou conta da sigla. Mas não se enganem: quem sabe de tudo que o PT fez até aqui, da defesa oficial que o partido faz de seus corruptos, e nele permanece, é cúmplice!
O jornalista Merval Pereira foi direto ao ponto em sua coluna de hoje, e descreveu com perfeição a podridão que o PT representa atualmente:
Não há mais volta nesse pântano em que o PT se encalacrou, e o que vier daí será apenas para aumentar o ridículo da situação, dar o tom escandaloso dessa tragicomédia em que nos meteram.
Quando a presidente Dilma Rousseff, a grande muda nesses dias de crises, sai de seus cuidados para dar posse no ministério das ações estratégicas a Mangabeira Unger, e fala da importância do pré-sal para nossa educação, aí vemos que ela está fora de órbita.
[...]
Quando o ex-presidente Lula, como um Jim Jones aloprado, leva ao suicídio político seus seguidores repetindo na festa dos 35 anos do PT o mesmo discurso da festa dos 25 anos, em que o mensalão estava em evidência, vemos que o partido não saiu do lugar onde sempre esteve. Dez anos depois, o petrolão rebobina o filme para contar novamente a mesma história. 
O PT manteve os mesmos instrumentos de fazer política que sempre usou, transformando o cenário brasileiro em uma baixa disputa sindicalista, em que valem todos os métodos para vencer, e em que o adversário torna-se inimigo e precisa ser destruído, não apenas derrotado.
O editorial da Veja desta semana também mencionou a decadência ética do PT e a traição que isso representa aos seus ideais fundadores:
Editorial Veja
Um leitor fez uma comparação entre partido político e organização criminosa, usando as definições do dicionário, para concluir que o PT não pode mais ser considerado um partido:
O PT não é um partido; é uma organização criminosa!
Veja: entende-se por partido político uma “organização social espontânea que se fundamenta numa concepção política ou em interesses políticos comuns, e que se propõe alcançar o poder”, ou seja, uma “associação de pessoas em torno dos mesmos ideais, interesses, objetivos etc.” (Houaiss3), sendo livre a criação e fusão de partidos, e com autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, conforme preceitua o art. 17, caput, e § 1º da CF/88.
A organização criminosa, por sua vez, está definida no art. 1º, § 1º da Lei n. 12.850/13, que assim dispõe:
” Art. 1º. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”
Logo, resta cabalmente caracterizada a organização criminosa disfarçada na forma de partido político, o Partido dos Trabalhadores.
Difícil contestar sua lógica. Principalmente quando vemos a defesa oficial que o PT faz, na figura se seu presidente Rui Falcão, de seus corruptos. Ou o ex-presidente Lula atacando a imprensa e fingindo que o mensalão não existiu. Ou a presidente Dilma seguindo o mesmo caminho.
O PT não tem mais partidários; tem cúmplices!
Rodrigo Constantino

O crime como escolha individual

Normalmente, a esquerda adota uma visão sobre a criminalidade que retira quase integralmente a responsabilidade individual do criminoso. Ou seja, trata os bandidos como “vítimas da sociedade”, reduzindo tudo ao aspecto material, como se a criminalidade fosse fruto da falta de alternativas.
Essa visão é, para começo de conversa, ofensiva para com os pobres, maioria formada por cidadãos corretos, ordeiros e trabalhadores. Em segundo lugar, ao não implicar o sujeito em seus atos, anula qualquer chance de recuperação do marginal, que deve começar pelo reconhecimento doloroso dos próprios erros.
Uma reportagem da Veja desta semana de Leslie Leitão sobre Playboy, um dos bandidos mais procurados do Brasil, o chefão do tráfico e do roubo de carga que controla uma importante favela sob a conivência de policiais corruptos, deixa claro o aspecto da escolha no crime. Afinal, Playboy era um bom aluno de classe média, que tirava notas boas no Colégio Laranjeiras. Diz a matéria:
Playboy
O caso remete ao de Marcola, o bandido que citava filósofos em entrevistas. Playboy denota certo estudo, segundo a entrevistadora, e sem dúvida alguma poderia ter tomado outro caminho em sua vida. Ninguém pode alegar que foi falta de oportunidade que o levou para o crime.
Ele chegou a entrar para a Aeronáutica, graças a um padrinho militar, mas foi expulso por roubo. Sua irmã é funcionária de uma multinacional. “Não havia nada que pudesse indicar que ele se tornaria um criminoso”, diz um amigo de adolescência que hoje é empresário.
Enfim, enquanto não aceitarmos que a criminalidade pode muito bem ser um ato de volição, ficaremos reféns de uma mentalidade que tira a culpa dos ombros do bandido e a joga para a “sociedade”. Onde entra o livre-arbítrio?
Justamente por compreenderem isso, os liberais e conservadores, ao contrário dos esquerdistas, clamam por punições mais severas e consideram a impunidade o maior convite ao crime. É preciso reduzir o prêmio do crime e aumentar seus riscos, para que ele seja menos atraente do ponto de vista racional do indivíduo. O crime é também uma escolha.
Rodrigo Constantino

QUANDO HÁ TESÃO, NEM O DIABO SEGURA- Harvard proíbe sexo e namoro entre alunos e professores

“Não há lugar para um Deus na minha mente. Não é desejo de ser diferente, é convicção.” (Mim)

IMB-Estímulos governamentais empobrecem a economia

Um dos principais debates econômicos atuais entre a esquerda e a direita é sobre se um aumento dos gastos do governo — principalmente na forma de estímulos — funcionam para aditivar a economia.
A esquerda diz "sim, sempre".  A direita diz "somente sob as circunstâncias corretas". 
Não é nada surpreendente constatar que tanto a esquerda quanto a direita estão completamente por fora — um aumento dos gastos governamentais é a maneira mais rápida de empobrecer uma economia.
O pecado original dos keynesianos é que eles acreditam que o gasto do governo possui um milagroso "efeito multiplicador" que enriquece a todos.  Todas as outras falácias do keynesianismo decorrem deste erro central. 
Essa doutrina do "enriquecendo pela gastança" obviamente não funciona na vida real: se você é pobre, a solução para a sua pobreza não é tomar dinheiro emprestado e sair fazendo farra em cima dessa dívida; a solução, infelizmente, passa por sacrifícios como trabalhar duro e poupar.  Não é nenhuma ciência astronáutica.
Mas, então, por que tal teoria tem tanto apelo?  Por que praticamente todos os economistas, de esquerda e de direita, são na prática keynesianos? 
A ideia de que a gastança nos enriquece é bem antiga.  Ela não foi criada por Keynes, que aliás nunca foi um pensador original.  Keynes simplesmente remodelou e regurgitou aquela antiga falácia conhecida como "consumo insuficiente".
O "consumo insuficiente"
A teoria do "consumo insuficiente" afirma que as economias funcionam muito bem enquanto o dinheiro estiver "circulando".  A princípio, parece algo bem intuitivo quando se analisa de cima para baixo: se as pessoas estão gastando dinheiro, então a situação está boa; se elas não estão gastando dinheiro, então deve haver algum problema.
Não surpreendentemente, esse raciocínio está exatamente invertido.  O gasto é algo que acontece quando você enriquece.  O gasto não enriquece você; você tem de enriquecer para gastar.  Logo, se uma economia está indo bem, então as pessoas realmente irão comprar mais piscinas para suas casas.  Mas, obviamente, não é a compra de piscinas o que as enriqueceu.
E o que as enriqueceu?  Poupança e investimento.  Mais especificamente, investimentos orientados por uma genuína demanda de mercado.  Por que tem de ser "orientado por uma genuína demanda de mercado"?  Porque, ao contrário do que afirmam os burlescos burocratas do governo, os gastos do governo para construir pontes que ligam o nada a lugar nenhum e para financiar pesquisas sobre a menstruação dos esquilos não são "investimentos".
Isso não significa que absolutamente todos os gastos do governo são inúteis — eles podem construir sarjetas e estações de tratamento de esgoto.  Mas o fato é que realmente não há como saber se um "investimento" conduzido por um burocrata está fazendo a economia crescer.  Sendo assim, seria tentador dizer que apenas "investimentos privados" importam, mas serei cabeça aberta e direi que apenas "investimentos conduzidos por uma genuína demanda de mercado" interessam. 
Isso significa que se o governo realmente descobrisse uma genuína demanda de mercado (como uma estrada ligando duas cidades até então incomunicáveis) isso poderia ser classificado como "investimento conduzido por uma genuína demanda de mercado", e as consequências poderiam ser positivas.
É possível entender o papel do investimento privado na clássica história de Robinson Crusoé.  O pobre Robinson acorda com fome, todo molhado e com frio.  Choveu a noite toda, e ele amanheceu com uma gripe forte.  Robinson olha para o céu e ergue seu punho contra os Deuses da Pobreza.
Como Robinson pode melhorar sua situação?  Investindo, é claro.  Para se alimentar, ele tem de construir anzóis de pesca, redes de pesca, e gravetos para colher frutas.  Para se abrigar, ele tem de coletar madeira, primeiro para construir uma cabana, e depois para fazer uma fogueira para se aquecer.  Tudo isso é investimento.
E aí entra o keynesiano e diz em tom de deboche: "Por que tanto trabalho duro, Robinson?  Para quê todo esse investimento, se você pode simplesmente aumentar seus gastos?"  Lembre-se de que são economistas prestigiosos que seguem esse ideia.
Como é que esse raciocínio fatal se traduz nas políticas governamentais atuais?  O ponto-chave é se lembrar de que, quando o governo aumenta seus "gastos", ele está na prática criando dinheiro e aumentando a quantidade de dinheiro na economia.
(O raciocínio é simples: para aumentar seus gastos, o governo incorre em déficits.  E os déficits são financiados pela emissão de títulos do Tesouro, os quais são majoritariamente comprados pelos bancos por meio da criação de dinheiro.  E tudo isso é acomodado pelo Banco Central.)
Ou seja, não está havendo fabricação de anzóis.  Não está havendo coleta de madeira.  Não está havendo construção de abrigo.  Não está havendo criação de fogueira.  Está havendo apenas criação de dinheiro.
E por que o governo faz isso?  Em parte, para conseguir apoio e votos: se eu pudesse criar dinheiro do nada, garanto a você que teria vários amigos no Facebook.  Em parte, para "estimular" a economia com mais gastos.
Criar dinheiro não significa criar riqueza
O problema é que dinheiro criado do nada (tanto na forma de pedaços de papel quanto na de dígitos eletrônicos) não representa recursos reais.  Você não come papel ou dígitos eletrônicos.  A criação de dinheiro simplesmente faz com que alguns recursos sejam retirados de um setor e desviados para outras áreas.
Suponha que eu possua alta influência perante o governo e o Banco Central cometa um "erro" e deposite trilhões de reais na minha conta.  O que eu faria?  Obviamente, compraria ou construiria várias mansões e, todas as noites, daria as maiores e mais estrondosas festas de arromba para meus amigos.
A questão, no entanto, é que o Banco Central apenas me deu dígitos eletrônicos.  Ele não me deu bebidas, não me deu DJs, e não me deu nem madeira, nem concreto, nem tijolos, nem vergalhões e nem latas de tinta para construir (ou redecorar) as casas.
Sendo assim, como é que eu consegui construir as mansões e fazer as festas de arromba?  Ora, utilizei o dinheiro que o BC criou para mim e, antes de você, me apropriei de todos os recursos disponíveis na economia.  Sim, cheguei antes de você.
Você é um empreendedor e queria construir uma fábrica?  Lamento, já utilizei o dinheiro que o BC me deu para comprar todo o concreto antes de você.  Você queria construir um prédio?  Desculpe-me, os vergalhões e os tijolos já estão comigo.  Queria construir estradas?  De novo, o concreto já é meu.  Queria simplesmente reformar sua casa?  Desculpe-me, mas já me apropriei de toda a madeira e de todas as latas de tinta. 
Você pode até encontrar estes recursos, mas a preços muito maiores.  E por causa dos meus gastos. 
Estou dando uma festa, não sabia?  É uma festa keynesiana.
E aí eu pergunto: toda essa minha gastança, que está consumido vários recursos escassos, está fazendo a economia crescer?  Está enriquecendo todas as pessoas?  Quando tudo acabar, tudo o que terei feito é exaurir recursos escassos.  As pessoas que me forneceram serviços e materiais terão mais dígitos eletrônicos em suas contas bancárias, isso é fato.  Mas como isso se traduz em benefício para todos?  Não haverá fábricas construídas.  Não haverá prédios.  Não haverá estradas.  Não haverá reformas de casas.  E tudo está mais caro. Todos estamos mais pobres.  
E aqueles que não participaram da minha festa estão ainda mais pobres do que antes da minha festa.  Para eles, sobrou apenas aumento generalizado de preços.
Mas os políticos foram reeleitos, pois as pessoas que estavam recebendo meu dinheiro gostaram desse "estímulo".
Isso, resumidamente, é um "estímulo" keynesiano.  Recursos escassos foram retirados da população, desviados para alguns privilegiados, e foram exauridos nesse processo.
Conclusão
"Aumento de gastos governamentais" e "estímulos" não funcionam como se gnomos mágicos surgissem e distribuíssem sorvetes igualmente para todos; "aumento de gastos" e "estímulos" são simplesmente uma política de redistribuição de recursos.  No final, tudo se resume a tirar de todos e redistribuir para alguns poucos privilegiados. 
Portanto, perguntar se um "aumento dos gastos governamentais" funciona é uma mera distração.  Deixando de lado a injustiça do roubo redistributivo — em que recursos escassos são retirados do acesso dos menos privilegiados —, a questão passa a ser se os privilegiados que receberam o dinheiro recém-criado fizeram mais "investimentos orientados por uma genuína demanda de mercado" do que as pessoas que ficaram apenas com a carestia.
Não há nenhuma razão econômica para crer que esquemas de redistribuição tornem todos mais ricos.  Com efeito, há excelentes razões para crer que redistribuição afeta negativamente a economia.  Um aumento de gastos governamentais, por si só, nada mais é do que um esquema de empobrecimento maciço que permite a vários políticos comprar amigos durante esse processo.
[Nota do IMB: nós brasileiros já temos experiência prática nisso.  O governo Dilma elevou os gastos em 48% em termos nominais e gerou apenas carestia, aumento da desigualdade e estagnação econômica.  Sendo assim, temos uma experiência empírica com essa teoria.]
___________________________________
Leia também:

Peter St. Onge é pesquisador temporário do Mises Institute e professor assistente da Fengjia University College of Business, em Taiwan.  Seu blog é Profits of Chaos.

“Sou mais falso que um chinês paraguaio.” (Satanás Ferreira)

“Uns sujeitos melhoram com o tempo. Outros entram no PT.” (Eriatlov)

“Petista é o sujeito que mais tem rabo. Mas não o vê.” (Mim)

“Antes só que acompanhado por um petista.” (Mim)

JABUTI MÃO GRANDE- PT desviou meio bilhão de reais da Petrobras em dez anos

O PT desviou meio bilhão de reais dos cofres da Petrobras ao longo de dez anos. O dinheiro foi usado, entre outras coisas, para financiar as campanhas eleitorais do partido de 2010 e 2014.
VEJAhttp://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-homem-da-mochila

OLHOS ABERTOS TARDIAMENTE- Datafolha: 44% dos brasileiros acham o governo de Dilma ruim ou péssimo

“Não conheço governo sábio. Até o momento só conheci governo ladrão.” (Eriatlov)

ORDEM LIVRE- Protecionismo...contra você



A crise econômica, cujo fim ainda quase ninguém enxerga, está tendo alguns resultados bons, ainda que penosos. Um dos maus resultados é o aumento do protecionismo em vários lugares do mundo.

Aqui no Brasil temos um vício histórico a favor do protecionismo que nos foi propiciado por uma política de severas limitações a importações desde a década de 1950, que só começou a ser liquidada pelo governo de Fernando Collor, no início da década de 1990.

Nos industrializamos, é verdade, mas quem pagou por esta industrialização foram os brasileiros comuns, que subsidiaram empresas escolhidas pelos sucessivos governos.

Na hora em que foram implementadas, as políticas podiam parecer sensatas, mas elas não resistiram ao teste do tempo: a maioria das empresas protegidas pelas políticas protecionistas não conseguiram virar o século como empresas viáveis. A maior parte delas naufragou pelo simples fato de não serem competitivas do ponto de vista das escolhas dos consumidores.

Agora, com a crise a tentação voltou. Vamos tentar olhar ao longo deste artigo como as políticas protecionistas, no fundo, só protegem você, consumidor, contra preços mais baratos dos produtos que você almeja ter.

“País rico é país sem pobreza” é o slogan do governo Dilma, mas há uma cacofonia econômica quando o governo propala isso e ao, mesmo tempo, anuncia políticas protecionistas.

Políticas protecionistas para evitar a “invasão” de produtos baratos querem dizer, na verdade, que você, brasileiro, será obrigado a pagar mais caro por produtos, muitas vezes, piores.

Políticas protecionistas sempre são trombeteadas como grande vitória dos brasileiros.

Falta o lado oculto da história. Henry Hazlitt, em seu clássico Economia numa única lição, ensina que, para analisar qualquer política pública, é importante virá-la pelo avesso e fazer algumas perguntas: Quanto custa? Quem paga? Quem vai se beneficiar, a curto e a longo prazos? E quem pagará a farra?

Sem respostas a estas perguntas, qualquer política pública que pareça ótima pode ser, na realidade, péssima para a população.

Perdem os cidadãos e ganha o governo que passa a cobrar impostos mais caros. Com uma penada aumenta o preço e a arrecadação. O cidadão só pode comprar se concordar em pagar um pouco (ou muito) mais caro.

Em 1995, o modelo mais simples de liquidificador existente no mercado americano custava 14 dólares e 99 centavos. No Brasil, o equivalente mais barato, produzido no Brasil, custava 45 reais. Traduzido: os pobres brasileiros (que já eram várias vezes mais pobres do que os pobres americanos) tinham que pagar três vezes mais pelo mais elementar eletrodoméstico: um motor de alta rotação, com uma hélice afiada e um copo em cima.

Agora o governo aumentou os impostos de vários importados, alegando proteger o consumidor brasileiro contra produtos estrangeiros de má qualidade. Ora, quem precisa julgar a qualidade do produto que consome é o usuário e não um grupo de burocratas muito bem pagos e bem servidos de eletrodomésticos, simples e complexos.

Já tivemos proteções contra tecidos de algodão, calças do tipo jardineira, automóveis e motocicletas, barcos, freezers, fogões, leite em pó, celulares, trigo, nozes, ketchup e molhos de tomate, gomas de mascar sem açúcar, sucos de frutas, metanol, medicamentos com paracetamol, perfumaria, dentifrícios, batons, xampus, pneus, lâminas de barbear, abrunhos frescos e óleos de nabo silvestre. Vejamos o que vem agora.

A roupa será bonita: a defesa do interesse do consumidor brasileiro. A realidade será bem mais amarga: preços mais caros para coisas que os consumidores querem porque, no seu julgamento, elas são melhores ou mais desejáveis.

Todos falam de lobby, mas poucos sabem como ele funciona. Na versão light, senhoras e senhores simpáticos argumentam com burocratas porque o governo deve sobretaxar este ou aquele produto. Na versão mais pesada, dinheiro muda de mãos em troca de decisões governamentais protecionistas. Na versão violenta, funcionários contrários ao protecionismo chegam a sofrer ameaças de retaliações físicas, como me contou um diplomata envolvido em negociações comerciais internacionais.

A tarefa dos lobistas é tentar convencer os burocratas de que seus produtos e não outros, devem entrar na lista. Assim engordam artificialmente os lucros das empresas para as quais trabalham e nós, brasileiros, pagamos a conta.

A razão é simples: como os produtos ficarão mais caros se forem importados, fabricantes locais ganham uma bela licença para cobrar mais caro pelos seus produtos no Brasil.

Aí é que porca torce o rabo, caro leitor: a retaliação nada tem a ver com uma vitória de governos uns sobre outros. Ao contrário, ela é uma tremenda derrota, para você, porque a conta é toda sua.

Todo esse dinheiro sairá do seu bolso: o governo autorizará os produtores brasileiros (ou que fabricam no Brasil) a aumentar os preços de tudo o que entrar na lista, financiados com os seus caraminguás.

Isso mesmo, caro leitor, além de trabalhar de janeiro até quase fins de maio de cada ano (ou de junho, se você for mais pobre) para pagar os impostos que já existem, o governo autorizará um grupo de empresas que foram mais eficazes em buzinar o interesse delas em sobretaxas nas orelhas burocráticas brasilienses, a transferir os problemas de incompetência empresarial delas, para o seu bolso.

Já está com dor de cabeça? Trate de encontrar um remédio fora da lista de proteção, senão a sua dor de cabeça custará mais caro.

Em suma, meu caro leitor, voltando a Henry Hazlitt, essa vitória que será vendida pelo governo como sua, será uma grande derrota porque o que o governo estará fazendo cortesia com o seu chapéu; cada vez que ele cobrar mais caro o imposto de importação de um dos produtos da lista, será a sua cabeça que ficará descoberta.

Assim, não se apresse em comemorar uma vitória que não é sua; é dos produtores beneficiados e do governo que arrecadará mais impostos.

Essa política é uma grande potoca.

A parcela do pessoal que entrou nas classes C e B, em parte, graças a produtos importados mais baratos, não vai nada ficar feliz de ser forçada a voltar às suas classes de origem por um capricho burocrático para beneficiar os vizinhos do Mercosul.

Como sempre, o governo resolveu fazer propaganda para tentar fazer você acreditar que saiu ganhando, quando você será o grande perdedor.

De quebra, já está proibida desde 1º de julho a venda de todos os aparelhos elétricos que tenham qualquer tipo de plug que não novo de três pinos redondos fora de linha, cortesia dos sábios do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Multa para os comerciantes flagrados vendendo outros tipos de plug ou tomada: até 1.5 milhão, mais o salário de 700 fiscais.

Parabéns, o pagamento de todas estas contas sairá do seu bolso.

* Publicado originalmente em 09/12/2011.

“É bem mais fácil enumerar os males dos quais não sofro que fazer uma listagem daqueles que me afligem.” (Nono Ambrósio)

“Nós leões não beijamos muito. Nosso bafo não motiva.” (Leão Bob)

“Aqui na savana não tem perdão. Turista distraído é refeição.” (Leão Bob)

O orgasmo da esquerda caviar com a desgraça grega



Capa Esquerda Caviar Portugal
Como já comuniquei aqui, meu livro Esquerda Caviar ganhará uma edição portuguesa nos próximos meses. Tive a honra de ter um prefácio brilhante (já li, mas é supresa) escrito pela pena do genial João Pereira Coutinho, e a orelha escrita por meu amigo Bruno Garschagen. Este, que acompanha mais de perto as notícias lusitanas, pois viveu em Portugal, mandou-me hoje esseexcelente texto de Miguel Angel Belloso, publicado no Diário de Notícias, caderno de opinião.
O autor vai direto ao ponto, sem rodeios, e mostra profundo desprezo pelos “intelectuais” progressistas em relação ao desenrolar político na Grécia. O uso do termo “esquerda caviar” já no título mostra como terei importantes aliados por lá, nessa luta contra a hipocrisia e alienação dos socialistas das elites, esses “pensadores” que flertam com o radicalismo irresponsável e populista só como pretexto para atacar o capitalismo, que adoram odiar (desde que possam continuar usufruindo de suas benesses, claro).
Seguem alguns trechos do ótimo desabafo de Miguel:
Hoje escrevo verdadeiramente comovido. Os intelectuais “progressistas” – a esquerda caviar – recuperaram as ilusões com a vitória do Syriza na Grécia. Parece uma criança com sapatos novos. Acredita que está aberto o caminho para uma era dominada pelo regresso da política, ali onde governava a ditadura obscena dos mercados. A mim, esta espécie de orgasmo parece-me cómica, ainda que tenha uma certa explicação. Os intelectuais do regime politicamente correto andam desorientados há décadas. Pensaram que com a crise do Lehman Brothers, e a dura recessão que se lhe seguiu, tinha chegado novamente a hora deles. Que o capitalismo tinha fracassado tanto como o comunismo. Mas sentiram-se de novo atraiçoados e confusos. Quando a oportunidade de se afirmarem estava ao alcance da mão, acontece que em França os socialistas Hollande e Valls estão a pôr em marcha políticas para reduzir a despesa pública, diminuir impostos e liberalizar a economia, eliminando privilégios e fomentando a concorrência. E que em Itália, o socialista Renzi está a empreender uma reforma laboral que pretende liquidar as sinecuras dos sindicatos apesar dos protestos. Nesta situação, estes rapazes tão espertos, que viveram toda a vida como deuses, tomando champanhe com morangos ao pequeno-almoço à custa de manterem sequestrado o espírito dos mais pobres e desfavorecidos, perguntam-se: o que nos resta? O que poderemos esperar? Onde iremos chegar se a grande França, pátria do acolhimento e dos direitos sociais, se propõe diminui-los, ou na Itália herdeira da eterna Roma governa um socialista heterodoxo?
[...]
Não há que ter piedade com os extremismos, que optam sempre por políticas económicas erradas e levam à ruína os países onde têm possibilidade de governar. Como a boa vida que a esquerda caviar sempre desfrutou acaba por deteriorar os neurónios e promover o pensamento frouxo, os “progressistas” pensam que o Syriza levará a cabo o milagre e reconverterá com êxito a social–democracia. Estão enganados. As usual. O partido de Tsipras tem pouco que ver com a esquerda convencional, que sempre tratou de tornar compatível os seus devaneios com a despesa social, e o seu afã redistributivo como a manutenção dos equilíbrios financeiros. Tsipras sente uma desconfiança natural da economia de mercado e é puramente estatista. Não há nada de bom a esperar dele, salvo que baixe as calças. E de momento não está disposto a isso.
[...]
A esquerda tem a ideia estúpida de que, aumentando artificialmente a capacidade aquisitiva dos cidadãos, a procura sobe e um país volta a crescer e a gerar emprego. Mas num mundo globalizado, as pessoas dos Estados livres e democráticos têm a capacidade de escolher. Não são obrigadas a comprar os produtos nacionais, pode acontecer, portanto, como tantas vezes sucedeu em Espanha, que o aumento do poder de compra sirva para enriquecer os países que ofereçam os produtos de melhor qualidade ao melhor preço, que é o santo-e-senha do capitalismo. Os intelectuais rive gauche têm como aliado dos seus absurdos postulados o prémio Nobel Paul Krugman, que há já tempo perdeu a cabeça em defesa das esquerdas americana e europeia. Mas trata-se de um aliado frágil. Nos EUA, o país mais flexível e inovador do mundo, a oferta é imensa e capaz de satisfazer qualquer aumento de procura, o que não aconteceu até agora em Espanha e, desde logo, está longe de acontecer na Grécia, muito menos sob as políticas anunciadas por Tsipras.
[...]
Estão a ver, portanto, que não sinto nenhuma compaixão pelos gregos. Escolheram o pior e terão de pagar as consequências. Mas pelos intelectuais de esquerda que lhes deram alento e que continuam a dar-lhes ânimo a caminho do precipício, ou pelos que em Espanha convidam a imitar a experiência votando no Podemos, sinto repulsa, porque dedicaram-se a vida toda a difundir arengas erradas sem jamais arriscar o que quer que fosse.
O que mais comentar? A esquerda caviar é igual no Brasil e em Portugal, nos Estados Unidos e na França. Trata-se de uma turma que vibra quando um povo caminha na direção do abismo, tudo para poder atacar o maldito capitalismo. Quantas pessoas a mais terão de sofrer as consequências nefastas do socialismo até que esses “intelectuais” abandonem suas receitas estúpidas?
Rodrigo Constantino

“Roubam-nos, destroem instituições antes dotadas de credibilidade, e para justificar este carnaval de incompetência acusam a oposição, algo que não existe no Brasil, de golpismo.” (Eriatlov)

LEANDRO NARLOCH- Não, o problema do Brasil não é o brasileiro

Falta água, sobra inflação, falta luz, sobram escândalos, o Congresso e as escolas públicas são pura piada, as ações da empresa que prometia ser orgulho nacional valem trocados. Com tanta notícia apontando para um colapso nacional, é fácil culpar a própria cultura pelos erros do país e cravar que “o problema do Brasil é o brasileiro”.
Não somos os únicos a culpar a própria cultura. Os argentinos, numa versão similar ao nosso “é culpa de Portugal”, atribuem suas falhas à colonização de “brutos” espanhóis e italianos. Só que uma colonização muito parecida ocorreu no Chile, o sensato Chile. Os italianos até concordariam com os argentinos, pois também acham que o problema da Itália é o italiano. Sobre a Venezuela, já vi gente afirmando que a herança histórica e cultural levou os venezuelanos ao autoritarismo. Mas então o que dizer de colombianos e panamenhos, tão parecidos culturalmente e cada vez mais liberais?
No Brasil, a ideia de algum traço da cultura sabota o país se manifesta à esquerda e à direita, em conversas de rua e em teses universitárias. Tem quem explique os problemas nacionais por uma suposta preguiça de negros e mestiços. “O brasileiro é pobre porque não gosta de trabalhar”, ouvíamos anos atrás. Hoje se propaga uma versão simétrica desse equívoco. O problema não seria os negros, mas os brancos: a raiz das mazelas nacionais seria uma elite branca preconceituosa e apegada a privilégios.
Na rua, dizem que culpa é do jeitinho brasileiro, a nossa bem conhecida habilidade de ignorar as regras e favorecer parentes e amigos. Na Unicamp, empilham-se teses sobre os efeitos da “herança escravagista do Brasil patriarcal”, que teria criado uma elite acostumada a viver do esforço dos outros. Como se estivéssemos presos a um determinismo sociológico.
Longe de mim ter orgulho ou defender a cultura brasileira (ou qualquer cultura nacional). Meu ponto é que outros povos cheios de defeitos atropelaram arcaísmos e prosperaram. Os americanos sulistas são muito mais racistas que nós – mas isso não impede que a renda média dos negros americanos seja duas vezes a dos brasileiros. Ingleses até hoje mantém distinções de classe, o que muito professor da Unicamp consideraria motivo suficiente para subdesenvolvimento. Nos anos 70, pouca gente acreditaria que países da Ásia seriam tão ricos e desenvolvidos quanto os europeus. Era comum pensar que algum traço cultural limitava o progresso da Ásia, como o confucionismo na China. Hoje o PIB per capita de Hong Kong é 40% maior que o da Inglaterra; o de Cingapura é duas vezes o da França.
O problema não é cultura, mas as regras do jogo. O jeitinho brasileiro não é exclusivo ao Brasil – na verdade existe em todo lugar com excesso de burocracia. Um venezuelano ou um lord inglês, depois de um período de adaptação, vão andar na linha num ambiente em que outros andam na linha, e vão picaretear se acreditarem que os outros picareteiam sem serem punidos. Se há instituições (públicas ou privadas) que façam valer o que foi combinado e garantam direitos de propriedade, a cooperação aparece.
Dito isso, admito que há teses de peso sobre características da população capazes de influenciar a política. Os economistas Alberto Alesina e Edward Glaeser acreditam que, em países com mais diversidade étnica, as pessoas são menos dispostas a contribuir com o estado de bem-estar social (por isso os EUA não teriam um sistema equivalente ao da homogênea Dinamarca). Também se diz que, em países mais desiguais, os governos são mais irresponsáveis na economia, pois tendem a sacrificar as contas públicas com assistencialismo, para garantir o voto dos pobres. Mas isso diz pouco sobre costumes ou herança cultural: aconteceria com alemães ou dinamarqueses nas mesmas condições. E não impediu os Estados Unidos – um país tão heterogêneo quanto o Brasil e bem mais desigual que a Europa – de enriquecer.
O Brasil, como mostra o noticiário das últimas semanas, tem problemas de sobra. Mas o brasileiro não é um deles.