domingo, 5 de novembro de 2017


'Invejo a burrice, porque é eterna." (Nelson Rodrigues)

"Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos." (Nelson Rodrigues)
“O dízimo é o pagamento da ilusão.” (Filosofeno, o filósofo que dorme sobre o capim)
“Ser feia é o problema menor de Dilma.” (Mim)


“Não tive educação financeira. Estou aprendendo, mas ainda carrego as marcas das chibatadas.” (Mim)
“O STF interpreta a lei do jeito que quer. E nós interpretamos o STJ do jeito que queremos: suspeitos! ” (Mim) 
“Não se julga os outros pela aparência.  Mas a norma popular diz que se estiver fedendo é porco.” (Mim)

O ENEM, PARA OS NÃO INGÊNUOS por Percival Puggina. Artigo publicado em 03.11.2017



A maioria dos brasileiros não sabe como funciona o Enem, o tal Exame Nacional do Ensino Médio. Nem imagina como um aluno possa prestar exame no Amazonas e ser qualificado para cursar Arte Dramática no Rio Grande do Sul. Menos ainda haverá de entender a lógica dessa perambulação acadêmica em meio à miscelânea das cotas, das linhas de corte e múltiplas escolhas (como se a opção por uma graduação universitária fosse questão de nota, da cor da pele e de onde se estudou antes, e não de vocação).

Pois eu também não consigo penetrar nesse emaranhado. Mas sei, a esse respeito, algo que todos deveriam saber. O Enem é um dos mais importantes instrumentos de concentração do poder político nas mãos de quem já o detém e nele se incrustou de modo quase irreversível. É parte de um projeto de hegemonia que já conta quase quatro décadas de planejamento e execução. Tudo se faz de modo solerte e gradual, para que a sociedade não perceba estar transferindo soberania e sendo politicamente manipulada. De fato, se não somos agentes desse projeto, se não compomos quaisquer dos grupos ideológicos e de interesse que se articulam para esse fim, tornamo-nos inocentes inúteis, cidadãos descartados de uma democracia a caminho da extinção por perda de poder popular e inanição do poder local.

É possível que o leitor destas linhas considere que estou delirando. Ou que não seja bem assim. Talvez diga que mudei de assunto e que o primeiro parágrafo acima nada tem a ver com o segundo, ou seja, que Enem nada tem a ver com poder. Pois saiba que tem, sim. Peço-lhe que observe a realidade do município onde vive. Qual o poder do seu prefeito, ou de sua Câmara Municipal? O que eles, efetivamente, podem realizar pela comunidade? Da ambulância ao asfaltamento da avenida, quais os sinais de progresso que acontecem aí sem que algo caia da mão dadivosa da União? Quais são as leis locais que você considera importante conhecer? E no Estado? Tanto o Legislativo quanto o Executivo constituem poderes cada vez mais vazios, que vivem de promessas e criação de expectativas, empurrando a letargia com a barriga e empanturrando a sociedade de palavras.

Observe que todas as políticas de Estado que podem fazer algum sentido na vida das pessoas são anunciadas no plano federal (que venham a acontecer é outra conversa). Por quê? Porque é lá que estão concentrados os recursos. O poder político que comanda o país conta muito com seu elenco de prerrogativas exclusivas. Mas o poder que tudo pode, como temos testemunhado à exaustão, pode até o que não deve poder. Esse monstrengo chamado Enem não é apenas uma fonte de colossais trapalhadas. É um instrumento de poder. Impõe a homogeneização de currículos. Regula visão de mundo, de história e de sociedade. Controla posições sobre pautas políticas e violenta a liberdade de opinião dos estudantes. Age contra as diversidades regionais ideologizando as múltiplas escolhas e transmitindo a sensação de que a Educação, o exame e o ingresso no ensino de terceiro grau são dádivas de um onisciente guru brasiliense que tem o gabarito de todas as provas. Estou descrevendo a ação abusiva de um gigante das sombras: o poder dos burocratas instalados no Ministério da Educação.

As cartilhas, os livros distribuídos às escolas, os muitos programas nacionais voltados ao famigerado "politicamente correto", a imposição da ideologia de gênero, tudo flui para o Enem e dele necessita. Ele serve aos oráculos de um projeto de poder, do único que de fato mobiliza energias políticas no país, de modo permanente, há quase quatro décadas.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


Comentários
Luiz Felipe Gomes . 04.11.2017

Excelente artigo. Argumentação incontestável, à qual apenas ousaria acrescentar que, no Brasil, desde a “Revolução de 30”, a concentração de poder na União só tem aumentado, anulando a federação, que só existe no papel.
Ismael de Oliveiira Façanha . 04.11.2017
Exato! Mas o Percival não disse tudo. Não disse que se o candidato, na Redação, ofender os tais "direitos humanos", levaria zero; graças à decisão da ministra (STF) Cármen Lúcia, isso foi desfeito mas, o candidato ainda perde 200 pontos, pelo seu exercício de livre pensamento. Assim, o candidato tem de escrever que Che Guevara foi um santo, mas que Jesus Cristo foi um precursor da sociedade socialista e que Maria Madalena foi sua namorada, pois ele teria sido um simples mortal. Mais crédito ainda ganharia se dissesse que o Natal é o Papai Noel presenteador, invenção da Coca Cola na campanha de 1931, portanto nada tendo a ver com um Divino Advento do Deus Vivo. Isso se enquadra na "Onellização" da sociedade escravizada ao "politicamente correto" imposto pelas "forças ocultas" de sempre.
Francisco Moura . 04.11.2017
Como sempre, brilhantes os artigos do Percival, raro intelectual brasileiro, obrigado por nos apresentar a realidade.

Cesar Trevisan . 04.11.2017
Meu filho termina segundo grau esse ano. Fez vestibular na PUCPR e passou. Ontem ele me perguntou se deveria fazer fazer o ENEN. Disse que sim, pois é uma '' oportunidade '' de testar os conhecimentos e talvez passar numa outra universidade. Ele me falou claramente: '' Não estou interessado em testar conhecimentos, pois já passei no vestibular que eu queria. O ENEN é um inferno, já fiz isso ano passado e não estou interessado naquela porcaria '' Só me restou dizer: '' A decisão é tua''. Ele percebeu claramente qual o objetivo do ENEN e não está interessado em participar daquele circo.
Joma Bastos . 04.11.2017
A única saída verdadeira e segura para o Brasil é a Intervenção Constitucional que formulará as bases para a transformação e aprimoramento institucional. E não tenhamos dúvidas! Precisamos de uma nova Constituição liberal, enxuta e autoaplicável. As leis serão reajustadas a partir da nova Carta. É fundamental o controle direto do cidadão nos poderes republicanos. Temos de radicalizar na transparência total da coisa pública. É fundamental implantar um Federalismo de verdade é crucial. É imprescindível uma Reforma Política Real. O voto distrital é básico. O regime político ideal seria o semi-presidencialista, para que o poder político esteja desconcentrado, evitando o poder absoluto e sua potencial corrupção. É necessária liberdade para candidaturas, independentemente dos partidos. O voto deve ser não obrigatório. O voto pode ser eletrônico, porém com impressão do respetivo voto para uma possível recontagem. Uma recontagem não por amostra, mas sim uma total recontagem. A Venezuela faz recontagem por amostra, e deste modo, o TSE corrupto e comunista escolhe a amostra, trapaceando a recontagem. A corrupção é estrutural e cultural. Não acaba por decreto ou canetada de magistrado. Só um povo consciente pode acabar com ela. Este povo promoverá uma completa mudança estrutural e cultural neste Brasil, através de uma Intervenção Constitucional, com o pleno apoio das Forças Armadas.
Genaro Faria . 04.11.2017
Brutal concentração de poder combinada com a total imbecilização das massas é o requisito sem o qual não se faz uma revolução, que é a destruição e posterior substituição de uma estrutura política e cultural por meio da subversão dos valores civilizacionais de um país. O ENEM e a estreia espetacular da ministra dos Direitos Humanos no anedotário nacional são emblemáticos do estágio avançado da revolução cultural comunista em que se encontra o nosso país.
Jonah Hex . 03.11.2017
touché!
Dalton Catunda Rocha . 03.11.2017
Caso não saiba ou não lembre, o inventor deste monstrengo chamado de ENEM foi FHCannabis. Escola pública nunca prestou, nem prestará, no Brasil. Se algum governador ou prefeito deste país quiser mesmo, melhorar a educação, no seu estado ou município; então que faça isto: 1- Privatize todas as escolas públicas. 2- Dê o direito aos pais de escolherem em qual escola particular, eles querem matricular seus filhos, por meio de bolsas de estudo. O resto é só demagogia eleitoreira. Você acha que as escolas públicas funcionam gratuitamente? Enquanto nas escolas particulares, cerca de 70% dos funcionários são professores, nas escolas públicas esta percentagem não passa nem de 40%. O resto é burocracia; corrupta, incompetente e lenta. Sai mais barato e melhor, se usar dinheiro público, para pagar uma mensalidade numa escola particular, que jogar dinheiro fora em escolas ditas “públicas”, mas de fato da CUT, da corrupção e da incompetência. Em resumo. Com escolas sob o controle de marxistas, estaremos fadados a vivermos num país pobre, falido, corrupto e endividado. Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coréia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais de 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A "Um estudante típico vai sair da escola com a cabeça cheia de minhocas, submetido a uma intensa pregação de anos e anos contra o lucro e o sistema capitalista. Aos 18 anos, vai cair na vida sem ter a menor noção de quanto deve poupar por mês para se aposentar, ou de quanto deve separar a partir dos 22 ou 23 anos para poder dar uma entrada para adquirir a casa própria aos 30 anos. Quando descobrir como o mundo funciona, já estará endividado e pendurado no cheque especial. Seria muito melhor se, em vez de ter aulas baseadas em um marxismo de quinta categoria, ele fosse preparado para a vida. " > Publicado na revista Veja (edição 2438), na página 65.

ELIZIO JUNIOR . 03.11.2017
Já o acompanho pelos os artigos que publica no midiasemmascara. Passou a acompanhá-lo ainda mais pelo seu blog, meus parabéns Puggina. Do sertão da Bahia, Elizio Júnior!
Pedro Gabriel Alves Sampaio . 03.11.2017
Excelente artigo como sempre, Prof° Puggina. Realizarei o referido exame pela primeira vez neste Domingo e estarei acompanhado do profundo sentimento de desgosto que me é despertado ao ver multidões de jovens sacrificando toda a autonomia intelectual - sacrifício este que substitui a antiga vocação - em prol do ingresso em um curso que, amiúde, não desperta nenhum interesse sincero. É uma situação deprimente.

ROBERTO


O pensar em fogo. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Roberto sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Roberto em seus braços mar adentro, no caminho da mansidão.

NA FRUTEIRA DO SUPERMERCADO

                                                      
NA FRUTEIRA DO SUPERMERCADO

- Você é um mamão?
-Não, não sou mamão.
-Não é mamão?
-Não. Sou melão.
-Nunca ouvi falar.
-E você o que é?
-Banana caturra.
-Nunca ouvi falar.
-Sou artista, eu canto.
-Eu também. Canto até em espanhol.
-El dia que me quieras?
-Sim.
-Vamos cantar em dupla?
-Vamos!... Acaricia mi ensueño
El suave murmullo
De tu suspirar.
Como ríe la vida...
Nisso se intromete na conversa o abacate.
-Vocês podem ficar quietos, estou tentando dormir.
-Dormir agora durante o dia?- pergunta o melão.
-Sim, ainda estou verde, preciso amadurecer.
Nisso uma distinta senhora passa pela fruteira e leva os dois artistas para sua casa, alegrando por hora o verde abacate que cochila entre macias palhas.



MARIA


Maria não queria João, queria Paulo. O pai de Maria não queria Paulo, queria João. Maria mulher objeto desejava ter amor, voz, vida, luz, liberdade. A mão pesada dos costumes desceu sobre Maria que soluçava pelas noites geladas na solidão da cama, desenhando no chão de areia pássaros livres, tentando resignar-se com seu destino e aceitar o determinado pelo pai. Porém algo dentro dela era mais forte, pois corria por suas veias o sangue da insubmissão e do desejo de todos os mortais de ser feliz. Os dias de Maria eram de tristeza, sabendo que o futuro lhe reservava a mesma vida inglória de diversas outras Marias de sua aldeia. Então quando teve certeza que nada mudaria o contrato acertado da troca de uma mulher por cabras e algum dinheiro, foi ao rio. Lá calmamente se deixou levar pelas águas, entrando num transe de paz, conquistando a liberdade tão almejada.

TOMATE


Numa tarde movimentada um tomate foi atravessar a rua, então surgiu um caminhão em alta velocidade e o pneu dianteiro foi para cima do tomate que a realizou a transformação papel e saiu ileso. Era um tomate ninja.

LIBERDADE É TUDO


“Se me derem casa, comida, roupa, estudo, tudo em troca de tutela, em troca da minha liberdade, eu digo: Deixem-me nu na beira da estrada!” (Mim)

MESTRE YOKI

“Mestre, qual é o futuro de um país que não investe em educação de qualidade?”
“O futuro será igual boi na moenda: Roda, roda e não sai do lugar.”

MESTRE YOKI


“Mestre, existe alma?”
“Sim, com nome e sobrenome: Almanaque.”

LULA E SERRA TÊM A MAIOR REJEIÇÃO DA HISTÓRIA


Pré-candidato a presidente em 2018, o ex-presidente Lula conseguiu conquistar a maior rejeição entre os presidenciáveis nas principais pesquisas para a eleição de 2018. Sua rejeição, segundo o Datafolha de setembro, só perde para a rejeição do tucano José Serra em 2002, somando 47% do total. Não por acaso, ele perderia para Lula no segundo turno. Este ano, o mais rejeitado é o próprio Lula: 44%, hoje.

Diário do Poder

CONTRIBUINTE SUSTENTA 602 DEPUTADOS FEDERAIS


O Brasil tem 513 deputados federais, mas o contribuinte paga 602 deputados, em razão do grande número de suplentes convocados para o lugar de titulares nomeados para o Poder Executivo. Cada um recebe ajuda de custo de R$33,7 mil para a mudança, ao tomar posse do mandato, ainda que por poucos dias, além de outro pagamento de R$ 33,7 mil para ajudar com a mudança para fora de Brasília. Só de ajuda de custo a Câmara já gastou R$ 6,13 milhões na atual legislatura.

Diário do Poder

BARRO


“Deus fez o homem de barro? Sendo assim desconfio que os políticos brasileiros foram feitos de barro de aterro sanitário.” (Eriatlov)

NOSSOS ERROS


Ninguém passa pela vida sem erros
Sejam eles grandes ou pequenos
Já que imperfeitos nós somos
De nada vale regurgitá-los
Na vivência da rotina diária
Pois tornará amargo o viver
O melhor é ser justo e fazer todo o bem possível
Assim acalmando a fera interior que tem a força para nos devorar.

O PAVOROSO

Humanos criaram o pavoroso do fogo
Para amedrontar os maus e ter o poder sobre os homens
Mas a criatura fictícia não chega nem perto
Em maldade sutil ou grosseira
Dos pares dos seus criadores.

JUSTO

Mentes estranhas que navegam no nada
Braços abertos para o firmamento
Esperando cair manjares de sultões
E tesouros intocados pelo suor
Do azul dia do céu
Dos confins das galáxias na noite
Minha mente se recusa
A participar desta torpeza
Pois o que tomo sem esforço para mim
Amanhã fará falta a outrem.

TUTELADOR

Envolta mente na soberba
Acha-se o bom na tutela
Animal racional medíocre
Pensa saber ensinar a todos o verdadeiro caminho
Logicamente não compreendendo que somos todos tão diferentes
Em sonhos e determinação.