segunda-feira, 11 de maio de 2015

DIÁRIO DA TRONCHA- Livro sobre Mujica revela intervenção de Dilma para punir Paraguai


Dilma valeu-se de espiões cubanos para convencer Mujica a expulsar paraguaios do Mercosul. Informações foram transmitidas em reunião secreta em Brasília.

Um livro dos jornalistas uruguaios Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz revela que a presidente Dilma Rousseff interveio diretamente para punir o Paraguai depois que o congresso do país votou pelo impeachment do presidente Fernando Lugo, em 22 de junho de 2012. Uma Ovelha Negra no Poder, sobre o ex-presidente do Uruguai José Mujica, é a mesma obra que revelou confidências do presidente Lula sobre o mensalão.
Lugo sofreu impeachment por mau desempenho de suas funções a nove meses das eleições presidenciais no Paraguai. O posto passou a ser ocupado pelo vice-presidente, Federico Franco. Faz parte do jogo democrático ter instrumentos para afastar presidentes incompetentes, criminosos ou corruptos. No Paraguai, tudo ocorreu em obediência à Constituição, ainda que as votações no Congresso e no Senado tenham sido muito rápidas. Apenas um deputado e quatro senadores pediram a absolvição de Lugo. No total, 112 parlamentares votaram por "la condena", pela condenação. O prazo para o presidente apresentar sua defesa foi curto, mas não violou as regras para o impeachment.
Argentina e Brasil sustentaram que o processo significava uma "ruptura democrática", apesar de ter ocorrido em conformidade com as leis paraguaias. Para punir o governo interino, os governos dos dois países decidiram expulsar o Paraguai do Mercosul. Mas o uruguaio Mujica era contra a medida. O livro de Danza e Tulbovitz revela como o governo brasileiro o convenceu a mudar de ideia e como a presidente Dilma Rousseff foi fundamental para isso.
O trecho abaixo, contido no livro Uma Ovelha Negra no Poder, foi publicado no semanário Busqueda, do qual Danza, um dos autores da obra, é diretor de redação:
Quando Lugo foi destituído pelo Senado paraguaio e antes que se celebrasse a cúpula do Mercosul para resolver as sanções, uma das pessoas de maior confiança de Mujica recebeu uma chamada de Marco Aurelio García, mão direita de Dilma.
"Dilma quer transmitir uma mensagem muito importante para o presidente Mujica", disse o funcionário brasileiro em uma mistura de português e espanhol.
"Não tem problema, vamos estabelecer uma comunicação entre os dois presidentes", foi a resposta do uruguaio.
"Não, não pode haver comunicação nem por telefone, nem por email. É pessoalmente", argumentou o brasileiro.
Um encontro tão fugaz e repentino entre presidentes levantaria suspeitas, motivo pelo qual o governo brasileiro resolveu enviar um avião a Montevidéu para transportar o emissário de Mujica à residência de Dilma, em Brasília.
Assim foi feito, e quando uruguaio chegou, Dilma estava lhe esperando em seu escritório. A conversa formal sobre questões gerais durou apenas poucos minutos porque não havia muito tempo.
"Vamos ao que interessa", interrompeu Dilma e o emissário tomou uma caderneta e começou a anotar o que a presidente brasileira informava. "Sem anotações", disse ela e fez com que ele rasgasse o papel. "Esta reunião nunca existiu".
Durante a conversa, Dilma mostrou a ele fotos, gravações e informes dos serviços de inteligência brasileiros, venezuelanos e cubanos, que registravam como foi gestado um "golpe de estado" contra Lugo por um grupo de "mafiosos" que, a partir da queda do presidente, assumiram o poder. "O Brasil necessita que o Paraguai fique de fora do Mercosul para, dessa forma, acelerar as eleições no país", concluiu Dilma.
Na semana seguinte, no início do julho de 2012, todos os presidentes do Mercosul votavam, em uma cúpula na cidade argentina de Mendoza, a suspensão do Paraguai.
LEIA MAIS:
A Constituição Federal não deixa dúvidas. Em seu artigo 4°, estão previstos os princípios da política internacional brasileira, entre eles a autodeterminação dos povos e a não-intervenção. Esses valores são evocados como um mantra inclusive para justificar a apatia do governo petista frente a violações de direitos humanos em países admirados pelo partido, como Cuba e Venezuela. Se a revelação feita pelo livro estiver correta, Dilma não se sentiu constrangida em usar informações levantadas pelos espiões desses países para intervir numa questão doméstica do Paraguai.

IL- Ivan Dauchas- Marxismo e natureza humana

Marxismo e natureza humana

Povos tribais de Papua Nova Guiné
Povos tribais de Papua Nova Guiné
Em 1989, tivemos a queda do muro de Berlin. Pouco tempo depois, veio o esfacelamento da União Soviética e o abandono do comunismo por quase todos os países do mundo. Eu me lembro bem do meu sentimento de tristeza, desapontamento e resignação à época. Aquele sonho não era factível e teríamos de nos conformar com as injustiças e perversidades do capitalismo. Surpreendentemente, tantos anos depois da utopia socialista ter fracassado, muitos intelectuais no Brasil e no exterior ainda se declaram marxistas. De um modo geral, pode-se afirmar que no Brasil as idéias de Karl Marx são bem mais familiares a intelectuais e ao público em geral do que as de Adam Smith.
É certo que o capitalismo não conseguiu resolver o problema da pobreza e da desigualdade na maior parte do mundo. Mas, particularmente, acredito que os economistas de tradição liberal, como Smith, Hayek e Friedman têm mais a oferecer no sentido de encontrarmos soluções para esses problemas do que Marx. Depois de muito estudar esse economista alemão, minha conclusão é de que Marx estava errado em quase tudo que escreveu. Seu pensamento é incoerente, obscuro e, por que não dizer, irrelevante nos dias de hoje.
Um grave problema das teorias socialistas de um modo geral, e da marxista em particular, está na crença de que podemos criar uma nova sociedade mudando as pessoas em sua essência. Adam Smith, em 1776, disse que as pessoas são naturalmente egoístas. Essa foi a pedra fundamental sobre a qual todo o pensamento liberal foi erigido. Os marxistas nunca digeriram bem essa idéia de natureza humana. Para eles, o comportamento humano seria fruto de fatores de ordem social. As pessoas são egoístas porque a sociedade capitalista de consumo as tornou assim. Isso nada mais é do que a reverberação de uma idéia muito antiga, a de que o homem é bom, mas a sociedade o corrompe.
O pensamento marxista nunca resistiu bem ao confronto com evidências do mundo real. Vejamos um caso específico. E se pudéssemos voltar ao passado, mais especificamente à pré-história, conseguiríamos encontrar uma resposta para a existência ou não de uma natureza humana? Pois bem, essa volta ao passado é possível e foi feita pelo antropólogo Jared Diamond. Após conviver durante anos com povos tribais na Papua Nova Guiné, Diamond chegou a uma conclusão que talvez desaponte muitos marxistas, socialistas e comunistas. Esses povos primitivos que não sabem o que é capitalismo e provavelmente nem mesmo o que é propriedade privada são mais violentos que as pessoas civilizadas dos dias de hoje. Segundo Diamond, era mais seguro viver na Alemanha do século XX do que entre os tais “bons selvagens”.
Povos tribais de Papua Nova Guiné
As pessoas são egoístas e isso advém da própria natureza. Não é o capitalismo que nos corrompe. Nós, infelizmente, já nascemos corrompidos. Qualquer tentativa de criar uma outra sociedade baseada na cooperação, bondade e generosidade humanas irá redundar em enorme fracasso. Isso não significa que eu seja contrário a atos de cooperação, bondade e generosidade. Eu aprovo e admiro pessoas que agem dessa maneira. Não acredito, porém, no sucesso de qualquer tentativa de moldar a mente humana e incutir esses sentimentos forçosamente nas pessoas. Os socialistas concluíram o contrário. Isso explica em parte o fracasso das economias planificadas e já é para mim motivo suficiente para rejeitar o pensamento marxista. Mas para muitos ainda não. Apesar de tantas provas de que esse sistema não funciona, algumas pessoas insistem em acreditar no socialismo. Parece que não somente o egoísmo, mas também a teimosia faz parte da natureza humana.

“Blogueiro chapa-branca, ó vendido! Quanto custa a tua consciência?” (Eriatlov)

Augusto Nunes- A morte política é o destino dos senadores que desertarem para render-se a Fachin

O que houve com Álvaro Dias?, perguntam-se os milhões de paranaenses que votaram em outubro passado num candente opositor do governo lulopetista e acabaram reconduzindo ao Congresso um aliado incondicional de Luiz Edson Fachin? Como entender que um porta-voz do Brasil decente no Legislativo se tenha transformado em cabo eleitoral do doutor escolhido por Dilma para tornar majoritária no Supremo a bancada dos ministros da defesa de culpados?
Decidido a instalar Fachin no gabinete prematuramente esvaziado por Joaquim Barbosa, o senador do PSDB assumiu sem explicões razoáveis (e sem ficar ruborizado) o papel de estafeta de um caçador de togas. Uma guinada e tanto para esse paulista de Quatá criado em Maringá que, desde a ascensão do lulopetismo ao poder, tem sido um dos raríssimos integrantes da oposição partidária em permanente sintonia com o país que presta.
Antes de escancarar-se a estranha parceria com Fachin, a bela voz de locutor de rádio, sempre afinada com a voz rouca das ruas, ensinou em centenas de pronunciamentos corajosos como falar com fluência a linguagem dos indignados. Aos 70 anos, Álvaro Dias mudou de rumo e de lado. O tribuno veemente deu lugar ao homem que murmura pedidos de votos para uma ameaça ambulante ao Estado Democrático de Direito.
Alguma coisa parece ter-lhe confiscado o instinto de sobrevivência. Em rota de colisão com centenas de milhares de manifestantes exaustos de corrupção e incompetência, Álvaro Dias se nega a compreender que o apoio a Fachin é uma forma especialmente desonrosa de suicídio eleitoral. É um pecado sem remissão. Como descobriram tarde demais os senadores Demóstenes Torres e Kátia Abreu, não existe uma segunda chance para quem acampa voluntariamente na catacumba dos que capitularam por tão pouco. Ou quase nada.
O surto de suicídios políticos assumirá dimensões endêmicas se a bancada oposicionista não enxergar a tempo a relevância da sabatina a que Fachin será submetido na Comissão de Constituição e Justiça — e, sobretudo, a importância histórica da votação no plenário que decidirá em última instância se o eleito por Dilma merece um lugar no Supremo. Não merece, saberá o Brasil se os senadores cobrarem respostas que dissipem pelo menos quatro zonas de sombra localizadas por VEJA na edição desta semana.
1) Por anos a fio, Fachin foi simultaneamente procurador-geral do estado e advogado militante. A esse acúmulo de funções, proibido pela Constituição paranaense e, portanto, ilegal, soma-se uma agravante só contornada por gente dotada do dom da ubiquidade: o duplo emprego não impediu que Fachin continuasse a dar aulas na universidade. A sabatina precisa esclarecer esse milagre da multiplicação do tempo.
2) Em numerosos artigos, entrevistas e discursos, Fachin deixou claro seu menosprezo pelo preceito constitucional que garante a propriedade privada no Brasil. Se é que mudou de ideia, por que nunca se desmentiu?
3) Fachin sempre foi ostensivamente simpático ao MST, uma velharia comunista que não tem existência jurídica. Os laços afetivos permanecem? Como estão no momento as ligações promíscuas entre quem deveria defender o cumprimento das normas legais e o bando comandado pelo fora da lei João Pedro Stédile?
4) Fachin sempre defendeu a desapropriação de terras produtivas para fins de reforma agrária, sem o pagamento de indenização aos proprietários lesados. Recuperou o juízo ou ainda é tripulante da nau dos insensatos?
Há mais, muito mais. Mas o que acima se leu informa que a presença de um Fachin no STF pode ser ainda mais ruinosa que a de um Dias Toffoli. Como ocorre agora, também os defensores do ex-advogado do PT, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil e chefe da Advocacia-Geral da União garantiram que quatro ou cinco sessões do Supremo bastariam para que o novo ministro proclamasse a própria independência. Erraram feio, sabe-se hoje.
O Brasil de 2015 é outro. As multidões nas ruas avisam que não são poucos os providos do sentimento da vergonha. Contam-se aos milhões os que mantêm sob estreita vigilância os senadores eleitos para fazerem oposição. Quem trocar a oposição pelo amém ao governo não escapará do castigo reservado aos desertores.

“Quem ama não observa os defeitos? Pois digo que a minha mulher vem pra cima de mim de lupa.” (Climério)

“Caso eu ganhe na Mega tenho certeza que terei um charme dos diabos.” (Assombração)

“Ser feio para mim não é uma opção. É a dura realidade.” (Assombração)

“O ser que espera suas graças apenas do céu sem dispender trabalho ao pensar e também não agir para mudar algo que não lhe agrada, receberá do céu diretamente na sua caixa craniana o diploma de tonto.” (Filosofeno)

Empreendedor precisa ser otimista e olhar longe. Ou: Isaac Peres e o caminho liberal


Empreendedor precisa ser otimista e olhar longe. Ou: Isaac Peres e o caminho liberal

José Isaac Peres, da Multiplan. Fonte: GLOBO
Quando me mudei para a Barra, em 1982, o bairro era bem diferente de hoje. Havia muito espaço vazio, mas um enorme empreendimento já estava lá: O BarraShopping. Quantas memórias daquele cinema e daquela praça de alimentação! Só mesmo alguém muito empreendedor e ousado para construir um colosso daqueles na Barra da Tijuca daqueles idos anos 80.
Isaac Peres, o fundador do grupo Multiplan, enxergava longe, e tinha bastante coragem para apostar em algo assim. Pensei nisso ao ler sua entrevista ao GLOBO de hoje, ele que é conhecido por sua discrição e costuma fugir dos holofotes. As respostas mostram a tensão com o atual momento do Brasil, claro, pois um empresário desse patamar não pode ser um alienado; mas dá para perceber que os contratempos não o intimidam.
Quem já sobreviveu a tanta tempestade causada por governos irresponsáveis sabe que é preciso olhar lá na frente para continuar avançando. Eis a crucial diferença entre um intelectual e um empreendedor: este não pode se dar ao luxo de ser um pessimista inveterado como aquele. Claro que o intelectual honesto, que aponta os defeitos e faz alertas dignos de uma Cassandra, tem seu papel, pois impede a negligência dos demais. Só que para criar riqueza é necessário não ignorar, mas sem dúvida mitigar todos esses alertas e apostar na capacidade da sociedade de superar os obstáculos. Sem isso não há investimento produtivo.
Outra coisa que transparece na entrevista também é o cuidado do empresário ao criticar o governo. Devido ao seu tamanho, e ao enorme poder arbitrário do governo brasileiro, não poderia ser diferente. Nenhum empresário pode se dar ao luxo de se tornar um inimigo do partido no poder, e é preciso cautela na hora de colocar os pingos nos is. Para isso existimos nós, os críticos independentes que podem ligar a metralhadora giratória e colocar em palavras claras e diretas aquilo que muitos desses empresários sem dúvida gostariam de dizer. Vamos, então, aos trechos de destaque na entrevista, com meus comentários em seguida:
O Brasil não tem verdadeiramente um problema econômico, mas político. O país tem tudo: reservas internacionais, grau de investimento, recursos naturais, indústria, setor terciário expressivo, empresários diversificados. O maior problema é a educação. A questão central na atividade e em tudo na vida é massa cinzenta. O que o Brasil precisa é de capacidade empresarial, pessoas que tenham capacidade de transformar riqueza natural em atividades produtivas. O Brasil não está crescendo. Está enterrado numa série de coisas. Agora mesmo se discute a questão da terceirização, que já existe no mundo inteiro. Uma companhia tem que contratar outras empresas que têm um grau de conhecimento e especialização maior em cada atividade que não é a dela. Já passamos do tempo em que a empresa vivia uma época totalmente vertical. Se você perde o foco, perde sua capacidade produtiva e competitiva.
A crise é tanto econômica quanto política, mas entendo o ponto do empresário: a economia vai mal e passa por uma fase necessária de ajustes, mas sem mudança política isso não vai adiante. Ou seja, o Brasil tem muito potencial econômico, só que a política atrapalha. A mentalidade contra o empreendedorismo em nada ajuda. O caso da terceirização, citado pelo empresário, é um ótimo exemplo. O Brasil ainda não acordou para o mundo globalizado. Vive de preconceitos sindicais, de ranço esquerdista. Sem mudança de postura, todos os recursos naturais serão apenas isso, recursos inexplorados da natureza, e não riqueza efetiva.
A inflação é um tema que o preocupa? Está afetando o consumidor?
Muito. Ela afeta o consumidor. Mas o ruim da inflação é que desorganiza a economia, desestrutura. Você vai fazer um planejamento e não tem ideia exata de quanto vai gastar, de como estará o mercado consumidor em dois ou três anos. Ainda temos a oportunidade de voltar a uma inflação mais domesticável, de 4% a 5% (ao ano). Mas o ideal é o Brasil voltar a ter juros civilizados. Temos mais de 13%, e isso rouba a capacidade competitiva, além de onerar a produção. Mas entendo que, neste momento, o Banco Central tem que ser duro, o ajuste fiscal tem que ser duro.
A inflação é o pior imposto que existe, pois disfarçado e incidente de forma desproporcional sobre os mais pobres. É uma política deliberada de governo, e cabe ao Banco Central evitá-la. A taxa de juros alta é um sério problema para os empreendedores, pois o custo de oportunidade para investir fica muito elevado, mas é mais um sintoma do que causa dos males. Não se pode reduzir a taxa de juros na marra, artificialmente, como Dilma fez no primeiro mandato. Deu no que deu: uma taxa ainda maior na frente. É preciso atacar o mal pela raiz, ou seja, cortando os gastos públicos.
O consumidor não está tão retraído ainda por causa da inflação, pelo menos no nosso setor. Oitenta por cento da nossa atividade trabalham com as classes A e B, que sentem menos o efeito da inflação. Mas as pessoas estão inseguras, do meu ponto de vista, por diversas razões. A primeira é o medo do desemprego. E quem olha do ponto de vista político está preocupado com o rumo que o país vai tomar. Somos uma economia de mercado. Uma democracia que precisa se consolidar e está se consolidando. Mas há muitas coisas no ar. Quando se fala, por exemplo, em regular a mídia. A gente sabe perfeitamente como são outros países da América Latina. Começa com essa história de regular a mídia e depois toma conta do conteúdo. Como vai ser a reforma política é outro elemento que traz certa insegurança a quem investe a longo prazo. A outra questão que é um fantasma que paira sobre nós é o ajuste fiscal, porque, se nós não fizermos o dever de casa, vamos perder o grau de investimento. Se perdemos, vamos voltar 20 anos para trás.
As incertezas em relação ao futuro assustam mais o empreendedor do que qualquer coisa. Ele precisa ter um mínimo de confiança nas regras do jogo, na solidez da democracia. Ao citar a constante ideia petista de controlar a imprensa, e lembrar de outros casos latino-americanos, Peres toca no nervo da questão: o bolivarianismo é um risco que ainda paira no ar, asfixiando o apetite de nossos investidores. O risco de o próprio PT e a base aliada do governo não conseguirem aprovar o ajuste fiscal também é mencionado, pois sem essa mudança, sem esse estelionato eleitoral, o país certamente perderia o grau de investimento e isso seria caótico. O governo Dilma plantou as sementes dessa confusão toda.
Eu sou um subproduto de uma desordem econômica. Sou empresário há 50 anos e vivi com todo regime que se pode imaginar: congelamento de preços, inflação de 200% e de 1.000%, “n” planos econômicos, foram cortados não sei quantos zeros (das moedas). E nós crescemos, apesar da inflação. Não vejo, do ponto de vista estrutural, cenário no Brasil pior do que vivemos no passado, falando da época anterior a Fernando Henrique Cardoso. Todo o esforço fiscal que está sendo feito, estamos no caminho certo. A questão central no Brasil hoje não é nem a economia, mas a confiança. O empresário está retraído porque se sente inseguro a respeito de contratos, por exemplo. Resgatar a confiança é a palavra certa. O Brasil ainda pode crescer 5% a 6% ao ano. O fundamental é ter uma gestão econômica que dê confiabilidade ao investimento. Se o estado cuidar bem de educação, segurança e saúde, o resto vem. Acho que assim que a economia melhorar um pouco, os empresários darão um grande salto. Mas é importante haver cortes de despesas no governo. Não adianta só pedir esforço fiscal da sociedade.
Aqui o empreendedor mostra sua cara, ao se afastar da árvore (podre) e vislumbrar toda a floresta. Sim, o Brasil não está nada bem. Diria que está bem doente mesmo. Mas quem já passou por tantos planos, por hiperinflação, por congelamento e confiscos, sabe que vai superar o petismo também. E a receita oferecida não poderia ser mais acertada: colocar o governo cuidando do básico, como segurança, saúde e educação (de preferência por meio de vouchers, deixando a oferta com a iniciativa privada), além de garantindo regras claras e previsíveis, e deixar o restante com o setor privado. Liberalismo na veia!
O governo do PT avançou muito nas questões sociais e se excedeu nessas questões. Fez mais do que era necessário. Isso produziu um gasto que o governo não tem mais como pagar. Não pode ter aquela coisa de o sujeito trabalhar seis meses e pedir seguro-desemprego. A carga tributária também é acachapante e isso vai tornar as empresas menos produtivas e competitivas. E só tem uma maneira, é reduzindo o peso do Estado. Precisamos de 39 ministérios?
Aqui entramos provavelmente naquela seara do que certos empresários simplesmente não podem dizer. Repetir que o PT fez muito pelo social, até “em excesso”, é uma forma sutil de acusá-lo de populismo. Os gastos públicos explodiram sob o PT, e geraram esse rombo nas contas públicas. Só há uma saída: reduzir drasticamente o tamanho do estado.
Essa questão que estamos vivendo hoje (a corrupção) mata mais do que o crime nas ruas, porque são hospitais e escolas que deixam de ser construídos. Existe outro lado que é tão grave quanto a corrupção, que é a burocracia.
Corrupção é subproduto de excesso de governo, baixa transparência e impunidade. Sob o PT, tudo isso piorou muito, mas ao menos temos instituições de estado funcionando ainda, e punindo os corruptos, ainda que parcialmente. Claro que seria fantástico ver “o chefe” atrás das grades, mas vamos avançando aos poucos. E eis a marca do empreendedor: ao olhar 20, 30 anos à frente, ele leva em conta essas mudanças graduais, muito aquém do que um intelectual esclarecido ou um economista gostariam, é verdade, mas na direção certa.
Parênteses: como fica claro, o discurso esquerdista de que empresário é ganancioso e só pensa em maximizar seu lucro no curto prazo é mais uma grande ladainha. Mesmo um bilionário como Peres demonstra preocupação com o futuro distante, pois deseja ver sua criação, seu empreendimento, prosperar ao longo do tempo, deixar seu legado, sua marca, preservar os empregos criados. Normalmente é o político que terá visão míope de curto prazo, pois só pensa nas próximas eleições. Fecho parênteses.
O que um empreendedor como Isaac Peres poderia fazer a mais num país menos hostil ao empreendedorismo, com menos impostos, menos burocracia, mão de obra mais qualificada, infraestrutura melhor e regras do jogo mais confiáveis? É essa pergunta que precisa ser feita. E quem a fizer em busca de uma resposta sincera, saberá que o caminho a ser adotado é o liberalismo.
Rodrigo Constantino

A União Soviética salvou a Europa da escravidão?


A União Soviética salvou a Europa da escravidão?
O fim da Segunda Guerra Mundial completou 70 anos, e traz à memória muitos sofrimentos e sentimentos. Em umartigo publicado hoje na Folha, quatro embaixadores de países que compunham a antiga União Soviética comentam sobre a bravura popular dos soldados comunistas que teriam impedido a escravidão na Europa. Dizem eles:
Já se passaram 70 anos. No entanto, todos os anos neste dia, iremos lamentar os mortos e lembrar de uma guerra que chama à consciência. Ela nos encarrega de grande responsabilidade e faz perceber de modo mais profundo o abismo infinito, à beira do qual o mundo estava. Ela nos mostrou as consequências monstruosas da violência, intolerância racial, genocídio e do tratamento degradante ao homem.
Sempre recordaremos que esses excessos levam medo, humilhação e morte para as pessoas. Eternamente respeitaremos os que sacrificaram as próprias vidas, tanto quem combateu, quanto quem trabalhou abnegadamente na retaguarda.
[...] Nós nunca dividimos a vitória em nossa e dos outros. Reconhecemos a coragem de todos os aliados que se opuseram ao nazismo, inclusive dos membros da Força Expedicionária Brasileira. Sabemos, por outro lado, que a União Soviética perdeu naqueles anos de guerra dezenas de milhões de seus cidadãos.
A vitória foi forjada corajosamente e foi ficando mais próxima com a bravura da Leningrado cercada, com a coragem dos defensores de Sebastopol, com a proeza de milhares de combatentes na retaguarda. A vontade de ferro do povo soviético, o seu destemor e resistência, salvaram a Europa da escravidão.
Não resta dúvida de que a União Soviética teve papel importante na derrota nazista. Mas é preciso tomar cuidado para não reescrevermos a história, transformando em heróis aqueles que também eram vilões, como os nazistas que combatiam. Quando os autores descrevem o regime nazista acima, sobre as consequências monstruosas da violência, a intolerância, o genocídio e o tratamento degradante ao homem, eles poderiam estar muito bem descrevendo o próprio comunismo.
Os aliados tiveram que se unir ao Diabo para derrotar Hitler, como o próprio pragmatismo de Churchill disse. Mas isso não faz do Diabo um santo! O comunismo e o nazismo eram ambos monstros que deveriam ser derrotados, mas se era necessário se unir a um dos monstros antes para derrotar a maior ameaça do momento, então os aliados estavam dispostos a isso. Democracias liberais se juntaram aos soviéticos por essa causa comum, mas logo depois teve início a Guerra Fria, já que eram incompatíveis entre si.
Quanto os números de mortos na União Soviética, um fato, é preciso levar em conta que justamente por se tratar de um regime opressor e ditatorial, Stalin podia usar os “cidadãos” (súditos) como bem desejasse, e foi isso mesmo que fez. Mandava para o sacrifício milhões sabendo que seriam dizimados, sem levar em conta o valor da vida humana como tinham que fazer os líderes do mundo livre.
Li há muitos anos, mas ainda guardo fresco na mente os detalhes incríveis de Stalingrado, de Antony Beevor, um livro sobre os terrores dessa gigantesca batalha decisiva. Os russos e soviéticos eram tratados de forma desumana pelo próprio governo, e muitos morreram por traição ao tentar desesperadamente se entregar ao lado nazista, por não suportarem mais o próprio regime.
Alegar, portanto, que a União Soviética salvou a Europa da escravidão é repetir uma meia verdade que se torna uma imensa mentira. Sim, a União Soviética teve seu papel no combate ao nazismo, e com isso impediu a escravidão da Europa. Mas seu objetivo era impor outra escravidão, tão cruel e desumana quanto aquela que combatia. O comunismo era parecido com o nazismo em muitos aspectos, e as diferenças nas “intenções” propagadas não eram sentidas por suas vítimas. O kulak era o judeu dos comunistas, morto apenas por ser um pequeno proprietário de terras.
“Tendo em vista as ameaças reais do terrorismo de hoje em dia, o ultranacionalismo e o neonazismo, devemos permanecer fiéis à memória dos nossas ancestrais. Temos a obrigação de defender a nossa ordem mundial, baseada em segurança e justiça, e evitar o retorno às guerras frias e incandescentes”, concluem os autores. Mas é bom ter em mente que parte dessa ameaça ao mundo livre vem justamente dos que ainda pregam o comunismo ou suas variantes, e que são as democracias liberais que precisam ser preservadas, contra as diferentes formas de coletivismo totalitário.
Rodrigo Constantino

“Além de cães, nossos homens públicos têm bandidos de estimação.” (Mim)

“Preciso dar um jeito. Estou com a bunda mais caída que orelha de cachorro triste.” (Josefina Prestes)

“Medo dos mortos? Ora, nunca soube de um morto matar ou roubar alguém.”(Mim)

Quadrinha da Vovó

Já dizia minha vovó
Montada num jerico
Como é fácil de amar
Um sujeito podre de rico.

Fidel no inferno

Fidel Castro morre e vai para o céu. Quando ele chega lá, São Pedro diz que ele não está na lista. Fidel deve ir para o inferno.
Então, Fidel vai para o inferno onde Satanás dá a ele uma calorosa recepção e diz-lhe que está em casa.

Em seguida, Fidel percebe que ele deixou sua bagagem no céu. Satanás manda então um par de diabinhos para pegar suas malas no céu.

Quando os diabinhos chegam ao céu encontram as portas trancadas. São Pedro está almoçando. Resolvem os diabinhos pular o muro.

Quando eles estão escalando a parede, dois anjinhos conseguem vê-los.

Um anjo diz para o outro: "Meu Deus! Fidel foi ao inferno há 10 minutos e já estamos recebendo refugiados!

Pesquisa diz que ficar muito tempo sentado aumenta a chance de mortalidade... “Bem, depois desta notícia só me resta vender sofás e cadeiras. De hoje em diante só irei comer e ler deitado.” (Climério)

“O tempo é o melhor remédio até mesmo para morrer.” (Pócrates)

“Os politicamente corretos amam os clichês, que tornam o mundo mais simples e os liberam da desagradável tarefa de pensar. (Guilherme Fiúza)

ROLF KUNTZ AVISA QUE O ARROCHO MAL COMEÇOU E O BRASILEIRO JÁ SOFRE

 O Estado de S. Paulo -Rolf Kuntz
Que as coisas vão piorar, disso ninguém duvida, e os brasileiros já vão mal antes de começar o arrocho para valer. O desemprego chegou a 7,9% no primeiro trimestre, embora a austeridade nas contas públicas, nesta altura, seja pouco mais que uma promessa. Com a indústria em crise e o empresariado à beira do pânico, a economia nacional entra muito fraca na fase do aperto.  O pacote inicial do ajuste continua no Congresso, foi amaciado e deverá render menos que os R$ 18 bilhões estimados inicialmente. 

Os primeiros cortes no Orçamento ainda serão anunciados. O governo terá de agir com mão pesada, nos próximos meses, se quiser mesmo entregar o resultado fiscal prometido - um superávit primário de R$ 66,3 bilhões para pagar juros da dívida pública. A crise do Tesouro é evidente e por enquanto se manifesta em sinais esparsos, como a limitação de verba para o financiamento a estudantes. Mas a terapia pesada está só no horizonte e tentar adiá-la jogaria o País num buraco muito mais fundo. Quem garante, nesta altura, a execução do programa de ajuste? 

Os negociadores inicialmente escalados pela presidente, seus petistas de confiança, foram afastados por indisfarçável inépcia para a função. Passaram a negociar em nome do governo o vice-presidente, Michel Temer, e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Acuada e incapaz de se defender, a presidente Dilma Rousseff cumpre a rotina funcional de forma limitada e discreta. Não demonstra disposição para enfrentar os panelaços nem para cobrar apoio de seu partido. Petistas votaram a favor da Medida Provisória 665, na Câmara, porque foram enquadrados pela liderança do PMDB. 

Os principais temores e esperanças do governo são hoje representados por figuras peemedebistas, especialmente pelos presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, e pelo vice-presidente da República. O aliado mais importante converteu-se na verdadeira base do governo, porque os líderes do PT se negaram, até agora, a suportar o custo político da reparação dos danos causados na última fase da gestão petista. 

Enquanto o ministro da Fazenda busca apoio ao seu programa e o vice-presidente se consolida como a imagem política do Executivo, a economia afunda no atoleiro. A inflação oficial diminuiu de 1,32% em março para 0,71% em abril, mas o cenário dos preços continua aterrador. A inflação chegou a 4,56% em quatro meses, superando a meta oficial para todo o ano, 4,5%. A alta de preços acumulada em 12 meses chegou a 8,17%. Se a taxa mensal de 0,71% se repetir até dezembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 10,65% neste ano. 

A combinação de inflação elevada com desemprego imporá aos trabalhadores um sacrifício desconhecido há vários anos. O desemprego continuará a aumentar se a indústria permanecer em crise. A produção industrial diminuiu 0,8% de fevereiro para março. No primeiro trimestre foi 5,9% menor que a de um ano antes. Na comparação de dois períodos consecutivos de 12 meses a queda foi de 4,7%. 

Não haverá recuperação segura sem maiores investimentos, mas isso parece, por enquanto, fora da agenda. Nos 12 meses até março a produção de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, foi 13,8% inferior à dos 12 meses anteriores. De janeiro a abril a importação de bens de capital foi 12,3% menor que a dos meses correspondentes de 2014. A redução de compras de máquinas e equipamentos ocorre há mais de um ano. 

Não se tem cuidado da ampliação nem da modernização da capacidade produtiva. Isso significa perda de eficiência e de poder de competição. Com os erros acumulados nos últimos quatro ou cinco anos, o governo montou um conjunto de bombas interligadas. A gastança, os benefícios fiscais mal concebidos e a estagnação econômica - prova do fracasso de todos os truques - arrasaram as contas públicas. O déficit fiscal, incluído o gasto com juros, chegou a 7,8% do produto interno bruto (PIB), um dos piores resultados do mundo. 

A gastança, o populismo e o crescente descompasso entre a demanda interna e a capacidade produtiva provocaram uma inflação muito acima dos níveis observados nos países desenvolvidos e emergentes. O enfraquecimento da indústria derrubou a exportação de produtos manufaturados. O País tornou-se ainda mais dependente das vendas de bens primários e, portanto, do crescimento da China, hoje sujeito a uma política de ajustes internos. Com a inflação disparada, o Banco Central tem sido forçado a elevar os juros básicos da economia. 

A taxa passou a 13,25% no fim do mês passado e provavelmente voltará a subir nos próximos meses. Isso aumentará os custos financeiros de um Tesouro muito endividado e ao mesmo tempo dificultará a reativação dos negócios, especialmente da atividade industrial. Com os negócios em marcha mais lenta, a receita tributária será prejudicada e o ajuste das contas públicas ficará mais difícil. O quadro poderá melhorar nos próximos meses se o governo retomar as concessões de infraestrutura e de exploração do petróleo com eficiência maior que a exibida nos últimos anos. 

Mas isso também dependerá de maior realismo quanto às condições de negociação. Obviamente a Petrobrás será incapaz de manter os padrões de participação observados nos últimos anos. Nada disso ocorrerá, é claro, sem aumento da confiança dos investidores no governo e nas possibilidades da economia brasileira. Na sua fantasia, a presidente Dilma Rousseff continua incapaz de admitir ou, talvez, até de entender os próprios erros. 

Falando a sindicalistas antes da festa de 1.º de Maio, ela atribuiu os males do País à crise internacional e a “anos contínuos de seca no Brasil”. Houve seca em algumas áreas, mas desde 2004-2005 a produção de grãos e oleaginosas só diminuiu na safra 2008-2009. Em todos esses anos o agronegócio foi de longe o setor mais dinâmico. A indústria foi muito mais vulnerável às bobagens de um dos governos mais incompetentes da História nacional.

Vem pla Caixa você também

A colunista Sônia Racy informa, no Estadão, que o Banco de Desenvolvimento da China poderá investir 50 bilhões de dólares na Caixa Econômica Federal.
Aos poucos, o PT vai vendendo o que restou da sua sanha predatória. Está mais para rendição do que para privatização.
O Antagonista

Vai pagar sem auditoria?

Das 27 empreiteiras apontadas como participantes do petrolão, 18 têm a receber 24 bilhões de reais da Petrobras, segundo a Folha. O valor é quatro vezes o indicado no balanço da petrolífera como perda decorrente da corrupção.
A grande campeã é a Odebrecht, com 15,2 bilhões de reais a receber.
Os repasses da Petrobras às empresas investigadas saíram de 390 milhões de reais, em 2005, para 21 bilhões de reais, em 2013
Houvesse seriedade, a Petrobras teria de fazer uma auditoria nesses contratos.
O Antagonista

COM ELA NO COMANDO? - Dilma aposta em agenda positiva para afastar crise, diz Lauro Jardim

Dilma e o PT em geral sofrem de incontinência das boas práticas governativas.

SERÁ SURDA A CAMBADA?- À CPI, Youssef volta a dizer que Planalto sabia do petrolão

O FERMENTO USADO NA INFLAÇÃO NÃO É Fleischmann, MAS SIM O CARNIÇA PT- Mercado prevê alta na inflação a 8,29% e PIB negativo de 1,20%

RESPINGOS ROUSSEFIANOS- Vendas no Dia das Mães caem pela 1ª vez desde 2003

ARTIGO, DAVID COIMBRA, ZERO HORA - UM POUCO DE ROUBO

Ao lado, Dimas, o Bom Ladrão: ele roubava pouco. - 


Uns estão lá para roubar, outros roubam para estar lá. Tudo bem, não me importo de ser um pouco roubado. É preciso algum cinismo para viver como brasileiro. Temos, nós, brasileiros, coisas estranhas, como cartórios, por exemplo.

O cartório é o nosso cinismo remunerado. Todo mundo sabe que o cartório não garante a veracidade de nada, mas os cartórios são sempre solicitados e estão sempre lotados. As pessoas pagam por aqueles carimbos e saem de lá não com a sensação de que estão com um documento oficial nas mãos, mas com o alívio de ter cumprido uma dispensável e inútil exigência burocrática

No sistema anglo-saxão, não existem cartórios. Aqui, nos Estados Unidos, a despeito do cartapácio de documentos que já assinei, precisei num único dia de um notário, e o encontrei atrás do balcão de um banco privado. Como os bancos estão sempre vazios, porque todo mundo usa a internet, saí de lá em quatro minutos. Como tinha conta naquela agência, o trabalho do notário foi gratuito.

Nos países anglo-saxões, eles acreditam na sua palavra. Não tem burocracia e a fiscalização é frouxa. Mas, se você mente, a punição é dura. E certa.

Ao mesmo tempo, assim como há escassa vigilância oficial, qualquer cidadão pode (e exige) vigiar. Vou contar um caso que me deixou perplexo. Foi o tal escândalo dos e-mails da Hillary Clinton. Vi na TV e li nos jornais que ela estava em apuros porque, quando era secretária de Estado, usou seu e-mail privado para se comunicar com os assessores. Fiquei desconcertado. Mas qual é o problema? Entendi só no dia seguinte, quando um articulista do NY Times explicou que a História e o povo americano têm o direito de conhecer o conteúdo das conversas oficiais dos servidores públicos. Isso quase inviabilizou a candidatura de Hillary, imagine.

Dias atrás, havia eleições municipais aqui (por aqui sempre há algum tipo de eleição). Bem. Um americano me perguntou como são as eleições no Brasil. Fiz um resumo e, quando falei do sistema eletrônico de apuração, ele se espantou:

– Como assim? Vocês não veem o voto?

Contei que só 23 pessoas, fechadas em uma sala de Brasília, acompanham a soma digital dos votos. Ele não entendeu nada. Comentou, encantado:

– Como vocês confiam nas suas autoridades...

Não é uma contradição? Nós, que exigimos cartório até para comprar carro usado, somos desprendidos na eleição do presidente do país.

E aí também entra o nosso cinismo: nós fingimos que o processo é confiável para não nos incomodarmos.

Em tempo: não estou dizendo que houve fraude na eleição. Mas sei que, se houvesse, seria difícil de verificar.

O mesmo se dá com as nossas lides administrativas. Lula disse a Mujica, referindo-se ao mensalão:

– É a única forma de governar o Brasil.

Do que falava Lula, ao fim e ao cabo? Do cinismo.

O que foi Mujica, ao ressalvar que seu amigo Lula não é corrupto como Collor, e que processos como o mensalão estão entranhados no Brasil? Cínico.


No fim de semana, o presidente da UTC revelou que sua empresa doou R$ 7,5 milhões ao PT por medo de represálias do governo. Na prática, um tipo de espoliação. Alguma surpresa? Todo mundo sabe do relacionamento espúrio que sempre houve entre empreiteiras e governantes no Brasil. 

Hoje, os brasileiros se revoltam com isso. Porém, há três anos, quando Dilma pressionou a AG para que o contrato de reforma do Beira-Rio fosse assinado, o Rio Grande se ergueu em aplauso à presidente. Lembro exatamente da bazófia de Dilma na época, em uma ligação para os dirigentes da empresa:

– É o meu Estado, é o meu clube. Vocês não vão sair de lá. Antes, eu vou tirá-los.

Opa! Um presidente se intrometendo no relacionamento de duas empresas privadas? Fazendo ameaças? Com que direito? Com que poder? E os gaúchos sorriam, orgulhosos com essa prova clara de relacionamento promíscuo entre um alto funcionário público e uma empreiteira. Cinismo. Só com cinismo, para se viver como brasileiro. Podem me roubar um pouquinho.

EXPRESSO DAS DROGAS

Postos de fronteira, a cargo do Ministério da Justiça, não têm pessoal e equipamentos. Bandidos levam carros roubados para a Bolívia (que os legaliza), pela fronteira escancarada, e retornam cocaína e crack.
DP

COMEÇO DO FIM DA FARRA

O submundo da corrupção ficará indócil: projeto do senador Antonio Reguffe (PDT-DF) proíbe o BNDES de financiar governos estrangeiros e obras no exterior. Em 2013 e 2014, foram R$ 3 bilhões para Venezuela, outros R$ 3 bi para Angola e quase R$ 1 bilhão para Cuba.
Diário do Poder

DIÁRIO DO PODER- SAIBA POR QUE LULA ATACA JORNALISTAS E MPF



CLAUDIO TOGNOLLI

SAIBA POR QUE LULA ATACA JORNALISTAS E MPF





Há lançadas nos EUA 284 biografias não-autorizadas de Michael Jackson. Nenhuma sofreu retaliações da família Jackson, óbvio. Ali se respeita liberdade de expressão.

Ali, também, quando uma figura pública é acusada, cabe a ela, e somente a ela, sua defesa - sem ataques ad hominem contra os acusadores. Cabe ao acusado a chamada "exceção da verdade".

Desde 2007 o Brasil é o país que mais processa jornalistas em todo o universo. Quando Márcio Chaer fez esse levantamento, inédito, há quase dez anos, tivemos um fenômeno ogramente brazuca: os advogados das quatro maiores empresas jornalísticas do Brasil passaram a vetar a divulgação do número de ações civis contra jornalistas. Alegavam que tal publicidade afetaria o valor de ações de mercado dessas empresas.

OK: no Brasil, político sobretudo é que mais processa jornalista civilmente, em busca de reparo financeiro. Nada contra. A arena do direito foi feita afinal para pacificar tais pendengas. Mas Lula não quer lutar na Justiça: requer uma "Sharia" xiita da sociedade, uma reação (como lhe cai bem) em cadeia.

As acusações de Lula e do PT contra não apenas o jornalista de Época, mas contra toda a categoria que o investiga, estabelecem um marco. Lula não quer decidir o lance nos tribunais: opta pela conclamação dos militantes a uma cruzada contra a "direita".

Vivemos tempos bipolares. Um Brasil melhor seria, digamos, heteropolar. Os termos "política de direita" e "política de esquerda" foram cunhados na Revolução Francesa (1789-99). Inicialmente, apenas se referiam ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês. Aqueles sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar eram singularmente favoráveis ao Antigo Regime, (defesa cega da hierarquia, tradição e clero).

Aqui e agora, interessa aos zeros à esquerda dizer que no Brasil o oposto da esquerda é tão somente a direita furiosa.

Mentira: a maioria oposta à esquerda dita progressista, no Brasil, é composta por conservadores. E eles em sua imensa maioria não são direitistas.

Mesmo os conservadores trazem contradições que chocariam nossas "esquerdas": Edmund Burke, bretão pai do conceito de conservadorismo, era dito conservador porque se opunha à Revolução Francesa (mas defendia com unhas e dentes a Revolução Americana, para o arrepio das nossas "esquerdas".)

Churchill nunca foi de direita: era conservador, apenas.

Tem mais: quem "ataca" o presidente Lula fez apenas o papel de fiscalizar poderes.

Tem mais: o procurador que "atacou" Lula cumpriu apenas o seu papel claro de Promotoria, que é o de acusar, ou por outra, in dubio pro societate.

Tem mais: Walter Lippmann, pai do jornalismo dos EUA, gostava de dizer que "a função da imprensa não é mostrar a verdade, mas jogar luz sobre os fatos".

O fato é claro: o MPF investiga Lula sim. E ponto final.

Lula deixou uma mensagem clara: é contra poderes constituídos, mas se curva antes poderes constituintes…

Tem mais: confiram a defesa que a categoria fez do Procurador atacado por Lula:

"A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público reiterar sua confiança no trabalho do procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, bem como no dos demais membros do Ministério Público Federal no Distrito Federal. Após a publicação da reportagem "Lula, o operador", pela revista Época, no dia 2 de maio, Cordeiro tornou-se alvo de críticas infundadas, calúnias e difamações na internet.
A ANPR repudia qualquer ataque de cunho pessoal à atuação funcional dos procuradores da República, em especial quando se caracterizam pela falta de conhecimento dos fatos. Cabe esclarecer, primeiramente, que o procurador da República Anselmo Cordeiro não é o responsável pela investigação de suposto tráfico internacional de influência que teria sido cometido pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva - o procedimento está sob a direção de outro membro do MPF.
É importante frisar também que os membros do Ministério Público Federal não têm qualquer interesse em retaliar, perseguir ou prejudicar os investigados. Ao promover as medidas legais cabíveis para levar ao conhecimento das autoridades competentes fatos de extrema gravidade, os procuradores da República visam à defesa da ordem jurídica e do Estado Democrático de Direito. Eles tão somente exercem seu dever constitucional de fazer com que a lei seja efetivamente cumprida por todos, sempre respeitando o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, no desempenho de suas funções.
A Associação defenderá em todas as instâncias a atuação funcional dos procuradores da República, na forma que garantem a Constituição e a lei, evitando qualquer expediente de diminuição do Ministério Público na defesa dos princípios da República, da sociedade e do bem comum.
Alexandre Camanho de Assis
- Procurador Regional da República
- Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República



Claudio Tognolli é jornalista há 35 anos e já passou por "Veja", "Jornal da Tarde", "Caros Amigos", "Joyce Pascowitch", "Rolling Stone", "Galileu", "Consultor Jurídico", rádios CBN, Eldorado e Jovem Pan e "Folha de S. Paulo". Ganhou prêmios de jornalismo e literatura como Esso e Jabuti. É diretor-fundador da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e membro do ICIJ (International Consortium of Investigative Journalism). Professor da ECA-USP, escreveu 12 livros.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/

CONTAS ABERTAS- Presidência gasta quase meio milhão com uniformes de servidores

A Presidência da República vai gastar R$ 452,9 mil em uniformes para suprir a demanda dos servidores da Casa no decorrer de 2015. Desse valor, R$ 348,1 mil foram empenhados nos últimos dias de abril para fazer o pagamento a seis empresas responsáveis pelo fornecimento das vestimentas. Com os R$ 348,1 mil que já foram reservados em orçamento, a Pasta vai gastar R$ 108,3 mil apenas em sapatos. Serão 26 calçados sociais femininos baixos e 40 altos em couro sintético e 1.076 sapatos sociais masculinos em couro legítimo. Para acompanhar parte dos calçados, serão adquiridas 60 meias, por R$ 660,00. Outros R$ 8,8 mil serão gastos na compra de 778 gravatas verticais pretas e 40 do tipo borboleta. As luvas para garçons e maîtres sairão por R$ 1,1 mil. O montante também inclui a compra de camisas pólo e de manga longa para garçom, uniformes para preparação física, compostos por agasalho, calça e camisetas, uniformes guarda-pó nas cores azul e branca, uniformes para serviços gerais com calça e jaleco e ternos masculinos e femininos. 

*Vale ressaltar que, a princípio, não existe nenhuma ilegalidade nem irregularidade neste tipo de gasto feito pela União e que o eventual cancelamento de tais empenhos certamente não ajudaria, por exemplo, na manutenção do superávit do governo ou em uma redução significativa de despesas. A intenção de publicar essas aquisições é popularizar a discussão em torno dos gastos públicos junto ao cidadão comum, no intuito de aumentar a transparência e o controle social, além de mostrar que a Administração Pública também possui, além de contas complexas, despesas curiosas. - See more at: http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/11181#sthash.9ZDwlDOh.dpuf

Pergunta da minha avó noveleira: “ Langeri é a tal calcinha transparente com um fio que corre pela bunda?”

E como diz minha avó noveleira sobre o presidente uruguaio e Lula mensalão: “ Ainda bem que a boca deste Mujica não é um túmalo!”

O Mujica uruguaio se tornou o amigo da onça para Lula?

‘Dê alegria à mamãe. Fique em casa’, e outras sete notas de Carlos Brickmann

CARLOS BRICKMANN
Escolha suas companhias. Neste Dia das Mães, antes de sair de casa, lembre-se de que 15 mil presos foram legalmente libertados, só no Estado de São Paulo, para participar das comemorações. Como estavam há tempos na prisão, não têm dinheiro para passear ou comprar presentes, nem conhecem os locais onde a turma se reúne (ainda bem!) Alguns não têm sequer a mãe cujo dia festejam. Sem dinheiro, sem ter para onde ir, muitos sem local para dormir, sem agentes especializados que lhes deem assistência, que é que se espera? Que se ressocializem sozinhos? Ou que façam o que normalmente acontece, cometer novos crimes? 
Boa parte do pessoal indultado para o bom propósito de homenagear as mães não chega a ter a intenção de voltar: em média, 5% dos indultados para datas especiais não retornam para cumprir o restante da pena. A Polícia corre riscos para capturá-los, faz inquérito, a Justiça os processa e condena, o contribuinte paga sua estada na prisão, e, porque há uma data bonita, o cidadão ganha férias da cadeia. Dúvida pertinente: se o cavalheiro pode ser libertado em datas específicas, sem acompanhamento adequado, por que fica preso o resto do tempo? Se é preciso que fique preso, por questão de segurança e recuperação, por que as férias?
Convença a mamãe a ficar em casa, que as ruas estão mais perigosas nesses dias. Ficando em casa, economiza-se a conta do restaurante (e do estacionamento caríssimo), e até dá para experimentar alguma receita especial, caprichada. Não é ótimo fazer com que as panelas, às vezes, retornem à sua função precípua?
Retrato da paradeira 
Frase de um comerciante carioca sobre o baixo movimento das lojas, citada pelo colunista Aziz Ahmed, de O Povo: “Dia das Mães? Parece o Dia da Sogra!”
Pode piorar 1
No palanque da CUT, em 1º de Maio, Lula não tinha a seu lado sequer um líder expressivo do PT, ou de partidos aliados. Nem Aloízio Mercadante estava lá para tirar aquela foto por cima do ombro. Nenhum ministro, nem dos que subiram na política graças a Lula. Algum poste eleito por Lula? Ninguém. Nem mesmo o prefeito paulistano Fernando Haddad foi prestigiar seu inventor. Isso quando estão apenas as investigações do Petrolão em marcha. 
E depois?
Pode piorar 2
O senador Ronaldo Caiado, do DEM goiano, protocolou o pedido de CPI do BNDES. Sua frase: “É preciso descobrir por que os delatores da Lava-Jato disseram que o Petrolão seria café pequeno diante do esquema montado no BNDES”.
OK, sabe-se que Val Marchiori, que participou do programa Mulheres Ricas, usou parte de uma linha de crédito do BNDES, com juros de 4% ao ano, para comprar um carro Porsche Cayenne – uma beleza, por sinal. 
Mas isso também é café pequeno. O quente é descobrir como funciona o financiamento do BNDES a empreendimentos de firmas brasileiras em países como Guiné Equatorial e Cuba. O BNDES não dá informações. E boa parte dessas firmas está no Petrolão.
Pode piorar 3
A senadora Ana Amélia Lemos, do PP gaúcho, e o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, protocolaram o pedido de CPI dos Fundos de Pensão. Fala-se de coisas quentes – por exemplo, de fundos que aplicaram o dinheiro da poupança de seus associados em títulos da Venezuela. É muita vontade de perder dinheiro, desde que seja dos outros. E um dos fundos, o Postalis, do Correio, está cobrando dos associados um extra para cobrir seus prejuízos.
Tanto a CPI do BNDES como a dos Fundos de Pensão já haviam sido apresentadas e o Governo conseguira suspendê-las, convencendo parlamentares a retirar a assinatura. Desta vez, não deu: os esforços do Governo foram em vão. Em cinco dias os partidos deverão indicar seus representantes em ambas as CPIs.
Pode piorar 4
O presidente do partido Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força, pediu a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para ser ouvido na CPI da Petrobras. Paulinho quer que o procurador esclareça os critérios para abertura de inquéritos na Operação Lava-Jato. E disse que é preciso saber como ocorrem vazamentos seletivos de informações, que atingem alguns dos investigados. 
Segundo Paulinho, o Ministério Público contratou para isso duas grandes empresas de assessoria de imprensa, sem concorrência, por R$ 500 mil. 
Pode piorar 5
Acredite: o deputado federal Jair Bolsonaro, do PP fluminense, quer trocar de partido para ser candidato à Presidência da República em 2018. Uma das propostas que recebeu é do PRTB. Bolsonaro sairia para a Presidência com o chefe do PRTB, Levy Fidelix, de vice. 
Aerotrem e bala, já que o trem-bala não sai.
Como piorou
Informa Lauro Jardim que um dirigente do PT conseguiu explicar por que o partido e o governo não se entendem. Disse o petista: “O problema é que o PT diz que está pagando pelos erros do governo. E o governo diz que está pagando pelos erros do PT”. 
Completa Lauro Jardim, com precisão: “Parece ser um