terça-feira, 7 de julho de 2020

“Pensar cansa. Talvez por isso tantos declinem disso para serem vistos usando cabrestos.”


NO PAÍS DOS OVOS VIRADOS

NO PAÍS DOS OVOS VIRADOS
No país dos ovos virados
A chuva planeja sair da terra
Os rios pensam em correr para cima
Eleitores mais ou menos corruptos desejam continuar elegendo corruptos completos
No país dos ovos virados
O diploma universitário pela qualidade de tantas será papel de embrulho
E só nos falta agora os filhos parirem os pais
Bandidos serem os carcereiros de suas vítimas
E policiais serem açoitados pela audácia suprema de prender e eliminar ladrões.



MUDANÇA
Antigamente queria mesa farta e variada
Hoje me basta ao lado dela um bom papo e o necessário.
SUJANDO A CIDADE,E ARROTANDO SALMÃO DEPOIS DE COMER POLENTA

Sai de casa o rapagão a passear com o seu cão
Sai senhora com sua cadelinha
Saem de mãos vazias
Sem pás ou sacolinhas
Prontos para bostear o mundo
Nas calçadas
Nas esquinas
Nos gramados dos canteiros centrais
Fazendo pisar na bosta canina
Todo adepto de caminhada
Que se torna sem querer
Um feliz proprietário
De um calçado fedorento.

EMOÇÕES

Quando vejo o reencontro de pessoas que se amam
Também no momento vitorioso de um guerreiro
Não consigo segurar minhas emoções
E lágrimas de alegria deslizam pelo meu rosto.

DO PESSOA

DO PESSOA



Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

A NECESSIDADE DA MORTE- ARTHUR SCHOPENHAUER

A individualidade do homem tem tão pouco valor que nada perde com a morte; há alguma importância nos característicos gerais da humanidade, que são indestrutíveis. Se concedessem ao homem uma vida eterna, sentiria tanta repugnância por ela que acabaria desejando a morte, farto da imutabilidade de seu caráter e de seu ilimitado entendimento. Se exigíssemos a imortalidade perpetuaríamos um erro porque a individualidade não deveria existir, e o verdadeiro fim da vida é livrar-nos dela. Se não houvesse penas e trabalhos, acabaria o homem por enfastiar-se, e voltaria a sofrer as dores do mundo em tudo o que se encontrasse ao seu alcance. Num mundo melhor o homem não se sentiria feliz, o essencial seria fazer com que ele seja o que não é, isto é, transformá-lo completamente. A morte realiza a principal condição; deixar de ser o que é; tendo isto em conta, concebe-se-lhe a necessidade moral. Ser colocado noutro mundo, e mudar inteiramente de ser, é no fundo uma só e mesma coisa. Seria conveniente que a morte, que destruiu uma consciência individual, a reanimasse de novo dando-lhe uma vida eterna? Qual o conteúdo, quase invariável desta consciência? Uma torrente de ideias e preocupações mesquinhas, acanhadas, terrenas. Melhor seria deixá-la repousar eternamente.

O PORCO DO MATO



O porco do mato conseguiu fugir dos caçadores, não sem antes levar um tiro. Em disparada fuga foi perdendo sangue até cair enfraquecido numa clareira. Os urubus começaram o reconhecimento de preparação para o almoço. O porquinho olhava para o céu e na mente antecipava seu final melancólico. Mas prometera para seu pai que lutaria até o fim, em qualquer circunstância, e foi o que fez. Na porta do último suspiro engoliu uma boa dose de estricnina e partiu da vida, não sem antes dar um pequeno sorriso carregado de sarcasmo.

E NÃO É?


Juiz Federal proíbe religiosos e políticos de participarem de concursos de mentirosos. É covardia para com os demais.

“ É fato que os canalhas possuem uma grande torcida. “

"Comecei a contar os meus piores defeitos e me faltaram dedos." (Mim)

" Com certeza no inferno o Brasil está bem representado. O que não falta é senador, deputado e advogado. " (Satanás Ferreira)

ESPERANÇA

ESPERANÇA

Formigas caminham despreocupadas pela varanda  enquanto o cão preguiçoso boceja deitado satisfeito na cerâmica fria. Nuvens passeiam pelo céu, sem pressa. O sol vespertino é forte; o verde das árvores se destaca; o cantar dos pássaros presos é triste. Alados libertos cruzam os ares fazendo alarido e lamentando a má-sorte dos irmãos engaiolados. Não tem jeito, quem está na gaiola canta de tristeza, mas os obtusos pensam que é de alegria. Quem canta seus males espanta; eles sabem disso mais do que ninguém. Uns poucos ainda olham para cima com esperança de um dia poder novamente voar. A esperança, sempre ela, junto do ser até o derradeiro suspiro.