Anastácio é muito forte, corajoso e adúltero. Na verdade
mais forte que adúltero. Certa noite ao se levantar para ir ao banheiro foi
interceptado no corredor pelo próprio Satanás, cuspindo fogo e dizendo com sua
voz quente e rouca que veio buscá-lo. Anastácio deu-lhe um tranco e levou o
dito até a cozinha. Lá tapou a boca do maldito com fita adesiva, colocou rolhas
nas narinas e ouvidos. E para completar o serviço enfiou na bunda do safado uma
espiga de milho. E perguntou para ele rindo: “E agora, cabron vermelho, vais
soltar labaredas por onde?
quarta-feira, 11 de julho de 2018
ABLUTOFOBIA
Rinaldo não tinha medo de uma arma apontada para
si. Mas caso lhe apresentassem um chuveiro, sabonete e toalha de banho ele caía
em prantos. Lavava-se com paninhos molhados, isso quando a catinga já estava
afetando os vizinhos. Sofria o pobre de ablutofobia, doença que o isolava das
pessoas. Porém mesmo com toda carniça uma boa alma descobriu serventia para
Rinaldo. Foi contratado por Adamastor como segurança na sua boate. Deu certo,
nem arma usava. Quando acontecia uma confusão bastava Rinaldo erguer os braços
que todos caiam ao chão ou fugiam porta afora. Um gambá perto dele era café
pequeno. Mas perdeu o emprego quando se tratou e passou a andar limpo.
A CANETA
Havia
uma bela caneta mágica que tinha vida e que só gostava de escrever coisas
relacionadas ao amor. Porém por essas coisas da vida foi parar nas mãos de um
bruto cheio de ódio na Síria. Então certo dia já cansada de ver cabeças
cortadas, bombas dilacerando inocentes e de escrever discursos abomináveis
contra a vida, transformou-se num pequeno lagarto e enterrou-se na areia do deserto
para sempre
GINA
Gina, dezoito anos, bela e frágil, meiga e
prestativa. O pai Ernesto era um cavalheiro. A mãe Andradina uma caninana.
Certa amanhã Gina acordou tossindo e vomitando pétalas de rosas. A mãe não se
aguentou- “Ainda vomitasse dólares ou euros.” Gina morreu no outro dia, seu
corpo exalava um maravilhoso perfume. Foi o velório mais cheiroso do mundo. Até
hoje a ciência ainda não conseguiu uma explicação. Os pais de Gina ainda vivem.
Ele, culto e aberto ao mundo; ela; caminhando pra lá e pra cá matando grama com
cuspe.
PAUSA
O céu está muito azul. O vento frio que bate no meu
rosto considero uma carícia. O alto lugar onde me encontro, entre pedras e
grama verde, é um paraíso de paz. Nas árvores abaixo os pássaros iluminam ainda
mais o dia com seus trinados. Fico de pé para melhor observar ao redor a beleza
que me cerca. Mais à direita um menino cheio de energia pesca num pequeno
açude. Pequenos pontos que vislumbro distantes são ovelhas no pasto. É muito
bom ter esses momentos, pausa para os ouvidos, livres do estridente
politicamente correto e da mesmice dos broncos.
BOAVENTURA E O PORCO STRADIVÁRIUS
Boaventura mora no sítio Aruana que fica cem
quilômetros da cidade mais próxima e tinha como amigo o porco Stradivárius. O
porco era especial, pois inflava como se fosse um balão e levava Boaventura
montado a passear pelos verdes vales da região. Fizeram belas viagens os dois,
muita beleza observaram dos ares, inclusive interagiam com bandos de
pássaros. Sem dúvida Stradivárius era
especial, era. No último passeio voaram muito baixo e foram vistos por um caçador
que pensou tratar-se de um disco voador e meteu bala no porquinho. Boaventura
anda inconsolável pela perda do amigo, mas não desiste, agora está tentando
inflar o bode Nicolau.
NÃO SE META
A ponte, o rio veloz lá embaixo, a névoa e o desejo
de saltar. O homem salta, bate n’água, um barco que passava salva o suicida. O
homem balança a cabeça, abastece de impropérios o pescador que o salvara, fica
fora de si; queria mesmo morrer. O pescador não se faz de rogado: sacou do
revólver e o matou com dois tiros. Pegou quinze anos por matar um suicida.
LUTERO
Lutero era um homem muito mau. Morreu de um AVC. Na comunidade onde morava ninguém gostava da
sua pessoa, nem mesmo cães e gatos. A família idem. Era pura bandidagem e
maldade. Quando morreu somente o caixão
foi ao velório. O funcionário da funerária simulou cólica renal para ficar em
casa. Um mendigo que passava viu o corpo jogado na porta da capela mortuária e
pôs o corpo num caixão e colocou a tampa. Até a mãe dele que estava manca e sofrendo com
um bico de papagaio passou à tarde num bailão da terceira idade. Pela manhã
Lutero foi ao forno empurrado pelo proprietário da funerária. A prefeitura
pagou pelo enterro do traste já que a família não deu um nível.
ASSOCIAÇÃO DOS MALUCOS REUNIDOS DO BRASIL- CONVITE
A Associação de Malucos Reunidos do Brasil convida
seus membros para o primeiro encontro nacional da entidade que reunirá todas as
categorias de malucos. Informamos de antemão que não será permitido no evento
que doidos se façam de normais, com isso constrangendo os demais membros.
Informamos também que baba ovos de trigais e milharais desenhados como se
fossem por ETs serão corridos, pois é um evento de malucos e não para pessoas
com dificuldade de raciocínio. O encontro será em local incerto e não sabido em
data que não será divulgada, pois tememos a infiltração de normais e de loucos
não assumidos.
Assinado: O presidente anônimo
ACONTECEU EM CUBA
No silêncio do cemitério ouviram-se gritos: tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui!- O vigia passou a procurar de onde vinham e demorou um bocado para localizar. Descobriu que era do túmulo de um feroz dirigente comunista cubano que os gritos provinham. Rapidamente tirou a tampa do caixão e para sua surpresa uma enormidade de vermes pularam fora do esquife pedindo educadamente um lugar para vomitar.
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