quarta-feira, 29 de novembro de 2017

PROBLEMAS NATURAIS

Tempo virá em que uma pesquisa diligente e contínua esclarecerá aspectos que agora permanecem escondidos. O espaço de tempo de uma vida, mesmo se inteiramente devotada ao estudo do céu, não seria suficiente para investigar um objetivo tão vasto... Este conhecimento será conseguido somente através de gerações sucessivas. Tempo virá em que os nossos descendentes ficarão admirados de que não soubéssemos particularidades tão óbvias a eles... Muitas descobertas estão reservadas para os que virão, quando a lembrança de nós estará apagada. O nosso universo será um assunto sem importância, a menos que haja alguma coisa nele a ser investigada a cada geração... A natureza não revela seus mistérios de uma só vez.


Sêneca, Problemas Naturais Livro 7, século I

O PAÍS QUE FAZEMOS por Alexandre Garcia. Artigo publicado em 29.11.2017



Leio, aqui em Portugal, que estão presos todos os governadores do Rio de Janeiro, assim como todos os presidentes da Assembléia fluminense, eleitos desde 1995. Nesses 22 anos que se passaram, a maioria do eleitorado do Rio de Janeiro optou por eles, assim como a maioria dos deputados estaduais escolhidos pelo eleitor fluminense. Vamos culpar Garotinho e Rosinha, Cabral e Picciani ou responsabilizar o eleitor? Meus amigos cariocas afirmam que o último governador do Rio bem escolhido foi Carlos Lacerda. E faz 57 anos que Lacerda foi eleito - pelo diminuto Estado da Guanabara. Desde então, lamentam meus amigos cariocas, “coitado do Rio de Janeiro”.

Ora, não é preciso demonstrar que se alguém é mal escolhido, a responsabilidade é de quem o escolheu. Se temos maus políticos, corruptos, incompetentes, mentirosos, ignorantes - a responsabilidade é dos mandantes que os fizeram seus mandatários, seus representantes. Tampouco é necessário demonstrar que os escolhidos não são diferentes dos que escolhem. Há uma certa projeção do eleitor no seu eleito. E também existe a ingenuidade e a desinformação que fazem o eleitor ser amestrado pelo candidato que mais e melhor mentir.

Aliás, a ignorância abundante neste país também é causa de termos tantos políticos deploráveis. Tem gente que acha que o bolsa-família vem da bondade do governante, o mesmo acontecendo com a aposentadoria. Não sabem que governos não geram riqueza. Governos arrecadam riqueza e a distribuem, na forma de serviços públicos. No Brasil a distribuição é feita a pretexto de fazer justiça social. E a maioria aplaude governo doador. Não sabe que está sendo enganada pela demagogia do espertalhão populista, que deixa de prestar os serviços públicos que deve - segurança, saúde, educação, justiça - para dar esmola com o trabalho alheio. Só quem gera riqueza é a atividade econômica das pessoas e empresas - que separam quase 40% de tudo o que produzem e ganham para pagar a governo se sustentar mordomias dos três poderes e fingir-se de caridoso.

Aqui em Portugal vejo claramente como a atividade econômica gera bem-estar, depois de anos da quebradeira causada pelo governo socialista, tal como aconteceu com a Grécia e acontece com a Venezuela. E os espertalhões no Brasil continuam a se aproveitar da ignorância do povo que sai despreparado da escola. São aproveitadores fisiológicos associados nessa dilapidação material e moral com fanáticos ideológicos que fizeram da política uma seita. O país está pagando por isso. É hora de examinar bem o que aconteceu com o Rio de Janeiro. Foram décadas de permissividade por parte dos cidadãos fluminenses. Ou de cumplicidade, escolhendo representantes que mereceram cadeia. Já está na hora de pensar, porque vêm aí as urnas de 2018.

"PROGRESSISTAS" SE REVIGORAM NA TRAGÉDIA MORAL DO PAÍS por Percival Puggina. Artigo publicado em 28.11.2017



No dia 27 de novembro, zapeando na TV a cabo, passei pela Globo News exatamente quando a apresentadora do Estúdio I, Maria Beltrão, perguntou aos universitários que completam a mesa do programa: "Qual o estreito limite entre o conservadorismo e a extrema-direita?". De saída, Maria já entendia tratar-se de um limite "estreito". E não o conseguia definir. Foi o mais parecido que ela encontrou para evitar o vocábulo "inexistente", que era, este sim, seu estreito entendimento.

Maria está satisfeita com o Brasil que vê. Está convencida de que pessoas conservadoras, com princípios e valores, cumpridoras de suas obrigações, respeitadoras dos demais e da lei, são a parte pior da tragédia nacional. Ela acha que nosso país precisa derrubar mais e mais valores morais, tornar-se mais e mais permissivo, debilitar mais e mais os laços familiares, extinguir mais e mais interditos e proibições. Maria está convencida da relatividade do bem e do verdadeiro. Maria não conhece o "estreito limite" entre liberdade e libertinagem. Maria queria o Queermuseu cheio de crianças. Maria sorria deslumbrada para aquele casal que dava nome neutro ao bebê que iria nascer para não intervir na escolha de sua identidade sexual. Maria acha aquilo lindo. Maria incorporou a intelligentzia de algum Centro Acadêmico e ficou assim, "progressista" para o resto da vida.

No dia 28, o time de "progressistas" do programa Timeline da Rádio Gaúcha ensaiou o linchamento público de um vereador de Bento Gonçalves que foi salvo pela firmeza de sua posição em defesa do projeto que cria lugar especial na biblioteca pública municipal para obras impróprias a menores. A impropriedade ou não do catálogo do Queermuseu foi mote da entrevista. A fumaça de uma censura (ainda que meramente etária e legal, em conformidade com o ECA) pairava sobre os microfones. Os "progressistas" pareciam querer um catálogo daqueles na mão de cada criança do Brasil. Davi Coimbra chegou ao cúmulo de indagar se as conhecidas referências bíblicas a relações incestuosas dariam causa a interdição do Livro Sagrado de judeus e cristãos.

Na percepção dos "progressistas", à medida em que avança sua luta "politicamente correta", libertadora dos instintos, e à medida em que tombam os limites, em que são obtidas vitórias no combate à autoridade, à repressão policial, à posse de armas, à religiosidade, à moral cristã (mas nem uma tênue palavra sobre a sharia), o país vai tomando o jeito que eles gostariam que tivesse. Só pode ser isso. Talvez digam que a insegurança, a violência, a criminalidade, a degradação cultural, professor apanhando de aluno, sejam consequência do "fenômeno das drogas". E novamente se enganam porque transformam em causa aquilo que é consequência.

As drogas, senhores e senhoras "progressistas", são efeito da sistemática desconstrução dos valores morais; da libertinagem e da procriação irresponsável, com a decorrente ruptura dos laços familiares e sumiço da missão educadora dos pais. As drogas são consequência de se estar mais preocupado com quem põe um livro aqui ou ali do que com a necessidade de proteger a inocência infantil. As drogas são decorrência da repulsa a toda autoridade, do império dos sentidos, da perda da noção de limites e da omissão de quem os deve estabelecer. Tanto assim é que os dependentes químicos, quando se percebem no ápice de seu holocausto pessoal, procuram uma dessas benditas fazenda de recuperação onde vão encontrar o que perderam: valores, autoridade, disciplina, trabalho, ordem e espiritualidade com os que redescobrem o bem e fortalecem sua vontade para enfrentar as tentações do vício. E só assim dele se libertam.

Mas de que adianta falar dessas coisas a "progressistas" comprometidos com tudo que leve à gandaia geral?


________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

BABY LAMPADA


Coisa própria da juventude; o afobamento, o medo do futuro, não ter o apoio da família; tudo isso faz do ser inexperiente uma vítima. Pois foi o que aconteceu com Baby Lâmpada, que preferiu espatifar-se no chão ao saber que estava grávida. Tudo por medo, pelo verdadeiro pavor de dar a luz pela primeira vez.

FUMANTE


Breno tinha ojeriza de cigarro. Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo se estivesse na rua. Na sua empresa não contratava fumantes, não os queria por perto. Caso visse um fumante na mesma calçada, atravessava. Mas o destino às vezes é cruel; pois o mimo de Breno, Sandra, filha única amada adorada da qual fazia toda e qualquer coisa para agradar, apaixonou-se por um fumante inveterado. Então agora vemos Breno, o detestador de fumantes no meio da fumaça da sala deixando limpo o cinzeiro do futuro genro e pitando seu cigarrinho também, afinal nada melhor que um cigarrinho para acalmar os nervos.

O VELHO EREMITA


O velho eremita tentou mudar os homens de sua comunidade por anos seguidos. Foi infeliz no seu projeto. Desiludido subiu numa grande árvore e disse que somente desceria de lá quando os homens da sua vila fossem menos astutos e canalhas. Pois a grande árvore morreu e virou petróleo; o velho eremita também. Caso contrário ele ainda estaria lá, esperando pela mudança.

PÉS SUJOS


Fazia tempo que Noar não esfregava os pés. Preparou uma enorme bacia, sabão, água quentinha e uma boa esponja vegetal. Então Noar foi esfregando, esfregando e a sujeira saindo, saindo. Mais água quentinha, mais sabão, e esfrega, esfrega, e a sujeira saindo, saindo. Sem exagero, com o barro que saiu dos pés desse vivente, a Olaria do Zé Arnaldo fez dois mil tijolos, e o homem ficou tão leve que parecia um astronauta pulando na lua.

MEMÓRIA FALHA


“Terceira idade é o cão. Escondi uns trocados e agora não consigo lembrar onde.” (Nono Ambrósio)

NONO AMBRÓSIO


“Meus filhos pensam que a casa dos nonos é supermercado. Nos visitam só para fazer o rancho.” (Nono Ambrósio)

SOVINÍCIUS PESSOA


“Não tenho medo da morte. Tenho pavor é de ficar miserável.” (Sovinícius Pessoa)

NADAS

Somos insignificantes para o universo
Um nadas diante do todo
Mas diante de alguns valores da sociedade humana
Alguns serem se embriagam na fonte da vaidade
E vão construindo pela vida castelos de areia
Que se desmancham com o sopro da morte.


TRISTEZA NO CIRCO

Era um circo pobrezinho
De parcos recursos e lonas rasgadas
Não tinha animais em jaulas
Nem mesmo um velho leão desdentado
Sobrevivia de espetáculos de lutas e palhaçadas
Mas era um circo alegre
Porém um dia o circo pobre
Além de pobre ficou triste
Seu artista principal foi morto num bordel
Numa incrível covardia
Meus olhinhos de criança
Viram quando saiu o cortejo
Acompanhado por dois palhaços
E nenhuma multidão.

RESISTENTE


“Rio e tento fazer rir para resistir a tanto atraso em nosso país. Não sou um comediante, sou um resistente.” (Climério)

FILHOS


“A minha mãe teve dois filhos e eu.” (Climério)

ASPAS


“Dos amores passados é sempre mais saudável se lembrar dos beijos que das guampas.” (Climério)

CLIMÉRIO


“Com o bolso recheado de verdinhas eu sou irresistível”. (Climério)

TUDO CERTO!

PÓCRATES


“Não se deve dar um harém para um garanhão que definha.” (Pócrates)

NONO AMBRÓSIO


“Pórco can! Engoli um Ciali e a Nona saiu de casa para ir à missa. Fiquei no prejuízo.” (Nono Ambrósio)

LIMÃO


“Pergunto para digníssimos cornos e outras excelências: por que não temos prisão perpétua para latrocidas?” (Limão)

BILU CÃO


“A menina da casa irá participar do baile de debutantes. Vai ser apresentada à sociedade. Deve ser a apresentação do umbigo pra cima, pois a região do parque já foi apresentada e precisou até de manutenção.” (Bilu Cão)

AVÓ NOVELEIRA


 “Eu gosto de frases com defeito”.

ASSOMBRAÇÃO


“Estou uma mulher mais feia do que eu. Ao acordarmos não sei quem se assusta mais.” (Assombração)