sexta-feira, 12 de julho de 2019

OS NOVOS MORADORES DA RUA GUARUJÁ

A Rua Guarujá é uma rua pessoas médias, nem ricos, nem pobres, de situação estável. Há cachorros e gatos nas casas. Algumas residências fogem do padrão, mas a maioria são de três quartos, sala, cozinha e garagem. Todas apresentam boa pintura, calçadas arrumadas. Na Guarujá talvez pela boa índole de seus moradores não se ouve falar em brigas e discussões violentas. A calma é a rotina nesta rua. Crianças jogam bola e pedalam sem problemas enquanto seus pais e amigos observam. Todos respeitam a lei do silêncio, nas noites se ouve até mesmo o murmúrio do vento. Mas hoje a comunidade entrou em polvorosa por causa de uma nova família que chegou para morar na casa 51, do falecido Sr. Lopes. É conversa para lá e para cá, grupinho na esquina comentando, ninguém acredita que o contam seja possível. Percebe-se claramente uma pontinha de inveja em alguns. Dizem que os novos moradores, o casal Mendes, tem um filho de 12 anos, Alberto, e pasmem, e que ele sabe ler e escrever corretamente!

“Um povo que já tem Nicolás Maduro não precisa de nenhuma outra desgraça.”


“Não é o preço do caixão que faz o morto.”


NÃO HÁ FUGA

Caio
E quando me levanto
Sinto que cresci
Pois não há crescimento
Sem dificuldade e dor
E muito se engana quem pensa em fazer voltas
Pois é sabido que podemos fugir de todos
Menos de nós mesmos.

O COMEÇO

Imagem relacionada

Fonte: http://www.julianofabricio.com/2015_05_17_archive.html

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quinta-feira, julho 29, 2004 PORQUE CÁ ESTOU

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quinta-feira, julho 29, 2004 PORQUE CÁ ESTOU

Leitor me pergunta porque, tendo corrido tanto mundo, sempre acabei voltando para cá e aqui estou. A resposta é simples. Voltei para a mulher que adorava. Ela era funcionária pública. Se saísse, teria de largar uma carreira na qual já estava inserida. Eu não queria viver longe dela, de forma alguma. Não há país que valha uma mulher que adoramos. Havia a chance malandra, da qual muito estrangeiro se aproveita, a de casar com - ou simplesmente engravidar - uma cidadã do país. Essa chance eu a tive. Mas desonestidade não rima comigo. Além disso, não trocaria minha Baixinha nem por dez Gretas Garbos em plena adolescência. Foi feliz o dia em que aterrissei pela primeira vez em Arlanda, sob um céu plúmbeo de dezembro. Às três ou quatro da tarde já era noite cerrada e um lençol imenso de neve a iluminava. Me parecia ter descido em Plutão e isto me fazia bem. Mas feliz mesmo foi o dia em desembarquei do Eugenio C, sob o sol escaldante do Rio. Lá estava ela, chorando grudada às grades do portão do cais. Mal o portão se abriu, nos jogamos nos braços um do outro e o Brasil - de onde partira com asco - se tornou subitamente cheio de significado. 

A resposta seria simples demais se se resumisse a isso. Lá pelas tantas, na primeira viagem, chegou o momento de lavar pratos. Ora, se eu não lavava pratos nem em casa, não seria para suecos que eu iria lavá-los. Nunca tive vocação para imigrante de segunda categoria. Em Estocolmo, sempre me perguntavam em que diska eu trabalhava. (Att diska é lavar pratos). Ora, eu não lavava prato nenhum. Estava lá para conhecer o país e a língua. Buscava cultura, paisagens novas, sexo, queria conhecer o que era então tido como uma utopia realizável. Não buscava as coroas que eram pagas à mão-de-obra imigrante. 

No Exterior, por melhor que você esteja situado, mesmo tendo adquirido passaporte do país, sempre será um cidadão de segunda categoria. Se você critica o país em que vive, lá vem a pergunta: e por que não voltas para o teu? Viesse eu do Congo ou de Burkina-Fasso, a resposta seria simples: porque meu país é um fim de mundo. Não é o caso do Brasil. Até os exilados pós-69 sentiram isto. Juravam que só voltariam de metralhadora em punho e para tomar o poder. Mal Figueiredo decretou a anistia, desembarcaram chorando no Galeão ou Cumbica. 

Ultimamente, quando minha mulher estava prestes a se aposentar, voltamos a pensar na idéia de morar por lá. Chegamos a ver apartamentos em Paris e Madri. Mas o preço do metro quadrado terminou com qualquer veleidade. Em Paris, por exemplo, o espaço que tenho aqui seria reduzido a um terço, talvez um quarto. Não daria nem pra instalar a biblioteca. Mesmo a Espanha está muito cara para residir. Portugal, depois que virou Europa, também. Nórdicos e alemães, fascinados com as pechinchas imobiliárias de Portugal (pechincha para quem recebe em moeda forte), elevaram excessivamente o preço do metro quadrado. Recebesse eu em moeda forte, tudo bem. Mas não é o caso. Melhor então ficar por aqui. Volto lá como turista e não tenho os dissabores do cidadão que lá habita. Os dilemas do turista consistem em escolher o bar ou restaurante em que jantar, o filme ou espetáculo que vai curtir, a cidade onde vai flanar. Já quem lá vive tem preocupações mais chãs, tipo renovação de visto, impostos, taxas, enfim, essas coisas que nos chateiam em qualquer lugar do mundo. 

Mudar-se para o Exterior dependendo de moeda instável de Terceiro Mundo é um risco muito grande. Pode ocorrer que, do dia para a noite, você se veja sem um vintém. Em meus dias de correspondente em Paris, o cruzeiro teve duas desvalorizações de 30%. Em poucos meses, meu salário se reduziu em 60 %. Não fosse a bolsa do Ministério da Cultura francês, estaria de novo ameaçado de lavar pratos. O apedeuta que nos governa tem falado muito em auto-estima nos últimos dias. Auto-estima seria ter uma moeda nacional sólida e aceita em qualquer quadrante. O dia em que o Brasil chegar lá, até pensaria em residir naquelas cidades que adoro. Mas isto não será para meus dias. Suponho que nem mesmo para os de meus netos, se netos houver. Os patrioteiros que me desculpem, mas não pertenço à estirpe dos que imaginam que o Brasil um dia será melhor. 

Fosse milionário, há muito estaria lá. Não entendo estes senhores que compram apartamentos aqui em São Paulo por cinco milhões de dólares. Com esse patrimônio, eu estaria em Paris ou Madri e ainda comprava um chalezinho nas Ilhas Canárias e outro nas gregas para receber os amigos. Para os curtos de grana, enviaria passagens para visitar-me. Com direito a todos os vinhos, queijos e patês. Uma das vantagens de ser rico é a possibilidade de ser generoso. Infelizmente, para meus amigos, não sou rico. 

VERSOS



Versos antigos adormecidos em velhos baús
São regulamente recolhidos por fantasmas
E murmurados nos ouvidos de jovens poetas.


AI QUE CAI


Dirigir exige sobriedade e cuidados
Porque toda vida
É um tesouro para alguém.

VOLTAIRE- A divergência entre seitas religiosas, dentro do mesmo catolicismo, não ficou incólume


A divergência entre seitas religiosas, dentro do mesmo catolicismo, não ficou incólume: 

 Disse-me o capitão que esse esmoler é franciscano e que, sendo o outro dominicano, vêem-se obrigados em consciência a nunca estar de acordo. As suas seitas são inimigas declaradas uma da outra; assim, vestem-se eles diversamente, para marcar a sua diversidade de opiniões.

VOLTAIRE FALA DA BÍBLIA


O nosso esmoler Fa Molto leu-nos coisas ainda mais maravilhosas. Ora é um burro que fala, ora um dos seus santos que passa três dias e três noites no ventre de uma baleia e que dali sai de muito mau-humor. Aqui é um pregador que foi pregar no céu, sobre um carro de fogo puxado por quatro cavalos de fogo. Acolá é um doutor que atravessa o mar a seco, seguido de dois ou três milhões de homens que fogem a seco. Outro doutor faz parar o sol e a lua; mas isto não me surpreende: tu mo ensinaste. O que mais me penaliza, a mim que faço questão de asseio e de pudor, é que o Deus dessa gente ordena a um de seus pregadores que coma certa matéria com o seu pão, e a um outro que durma por dinheiro com mulheres alegres e lhes faça filhos. Ainda há pior. O erudito homem nos deu a conhecer as duas irmãs Oola e Ooliba. Tu bem as conheces, pois tudo leste. Esse trecho muito escandalizou a minha mulher, que enrubesceu até o branco dos olhos. Notei que a boa Dera ficava toda vermelha. Esse franciscano deve ser um pândego.

E como diz a minha avó noveleira: “A pressa é inimiga da reeleição.”


“Nem só de pão vive o homem. Na falta dele se come banana e ovo também. ”


AI QUE CAI


A lua cheia é um encanto para os olhos
Vejo nela poesia
E não o cavalo de São Jorge.


AI QUE CAI


Caso todas as mulheres do planeta fossem lindas de morrer
A inveja andaria por aí de mãos com a vaidade
Usando estilete e cortando cabeças.

“Parece que ninguém mais quer ser infeliz sozinho, sempre arranja um jeito para infelicitar outros.”


LOSNA

Losna é Dilma
Dilma é losna
Mas Dilma nada cura
É losna só na amargura.

“Os religiosos criaram o inferno. Trata-se sem nenhuma dúvida de uma obra dos diabos.”


“Inspiração?Estou mais inspirado do que um repolho com asma.”


O que mais faz mal para alguns e querer tanto o mal de outros.


A CBF e o PT possuem a mesma moral.Nus na praça gritando : "Olha a decência!"


Vida eterna penso que não. Morte eterna sim, é uma deitada para sempre.


Desconfie de homens que possuem carimbos e rotulam, esses são os piores.


“ Sou apaixonado por sorvete. Com pote de um quilo eu me calo. “


MUDANÇA


“Queria eu salvar o mundo. Agora já me basta salvar alguns cérebros atrofiados e todos os cães possíveis. “