terça-feira, 23 de maio de 2017

MORTOS SEM SEPULTURA- JANER CRISTALDO

MORTOS SEM SEPULTURA  

Três suecos viajam na mesma cabine de um trem. Dois se conhecem há muito e contam piadas. O terceiro ouve em silêncio. Após algum tempo, não podendo mais conter-se, apresenta-se: — Desculpem, chamo-me Perr, os senhores permitem que eu também ria? Os suecos, ao ouvir esta anedota, não a captam em seu significado, como a um brasileiro, por exemplo, não surpreende ou revolta o fato de receber troco em balas ou goma de mascar, como se estas tivessem curso forçado. O meridional que pretenda satirizar os hábitos nórdicos com a anedota ficará decepcionado. Medelsvensson, além de não possuir o mínimo senso de humor, conceberá o episódio como perfeitamente ocorrível. Jamais pensaria em rir de piadas contadas por desconhecidos. 

Não manifestar externamente o que lhe vai por dentro, eis umas das mais rígidas normas de seu comportamento. Se vai ao teatro e gosta da peça, aplaudirá com a ponta dos dedos. Um cantor popular estrangeiro queixou-se certa vez de que os suecos aplaudem por filas. Sem que a primeira fila tenha aplaudido, a segunda não se decidirá a fazê-lo. Se o vizinho deixa as luzes do carro acesas, não o avisará, isso não lhe diz respeito. Não mostra a um colega as fotos de sua família, jamais lhe passaria pela cabeça que o outro pudesse apreciar o gesto. Não pede cigarros a um amigo, mas ao perguntar se ele não tem um para vender-lhe, já leva na mão uma moeda de 25 öre. 

Há poucos anos foi promovida uma campanha nacional para introduzir o uso do tu nas relações diárias. Até então, nem uma dona de casa tutearia uma doméstica. E para não chamá-la com excessiva reverência, tratando-a de senhora, dizia: Pode Anna me alcançar aquele par de sapatos? Mesmo universitários tratavam-se entre si por senhor. A iniciativa do tuteamento cabia ao mais velho. Hoje, um estudante tuteia sem maiores hesitações um catedrático. Este fechamento em si mesmo, respeito e medo ao outro, foram herdados de seus antepassados e da própria terra, e hoje torna-se mais radical ainda em razão das atuais estruturas sociais do país.

 O observador não-nórdico carece de condições para entender qualquer hábito ou manifestação cultural sueca, se não conhece a história e geografia escandinavas. (Os equívocos mais freqüentes ocorrem com Ingmar Bergman. Muitos críticos afirmam ser o verão para Bergman símbolo de vida, fuga da morte, despertar dos instintos. Um outro: na concepção bergmaniana, o sacerdote nada mais é senão um assistente social. Ora, Bergman não está sendo em nada original ao associar o verão à vida, este é um dos sentimentos mais intensos de seu povo. Durante os oito meses do inverno escandinavo, sol é propaganda da agência de turismo. No dia 30 de abril. Valborgsmässoafton, os estocolmenses, muitas vezes sob a neve, comemoram em Skansen, em torno a uma fogueira, o retorno da luz e do verão. 

A 13 de dezembro, quando em Estocolmo o dia clareia às 9 horas e escurece às 16, homenageia-se a luz, é o dia de Santa Lúcia. Mais ao norte, na Lapônia, durante quase um mês, a noite é contínua. Ao meio-dia, uma vaga luminosidade no horizonte insinua a existência do sol. Os primeiros povos que habitaram a região enviavam sentinelas ao mais alto monte, em busca de notícias da Grande Luz. Mal a sentinela vislumbrava os primeiros raios do sol, voava da montanha ao vale transmitindo a boa nova ao povo. O retorno da luz era comemorado como o grande acontecimento do ano. E quando Bergman apresenta um sacerdote como assistente social, está apenas fotografando um padre sueco, Desde os tempos em que Gustav Vasa encampou os bens da Igreja Católica e fundou uma igreja nacional, as funções sacerdotais pouco têm de místicas.) 


O auto-isolamento do sueco, segundo Vilhelm Moberg, tem suas primeiras causas na própria geografia da região: “A Suécia era e continua sendo um grande reino de florestas, onde desde o princípio existia urna grande distancia entre os homens. O sueco está impregnado de sua qualidade de habitante da floresta. Tomou muitos sobrenomes da floresta: Björk, Gran, Ek, Kvist, Gren, Rot, Hägg, Bok, Rönn, Alm, Lind, Stam, Ask, Asp (10).” As distâncias entre cada um teriam seu aspecto positivo: o sueco era obrigado a ajudar-se a si mesmo, nenhum vizinho poderia assisti-lo. Por outro lado, este isolamento originou senso de limites, auto-suficiência, desconfiança e preconceitos contra estranhos. “Vivia sua vida enclausurado; o que acontecia do outro lado de sua cerca não lhe dizia respeito.


 Eis uma verdade banal mas inegável: na solidão o sueco nutria suas repressões, e conseqüentemente, a dificuldade para conviver aberta e naturalmente com outros homens. Em um ponto são todos os estrangeiros unânimes ao caracterizar-nos: temos dificuldade de relacionamento.” A endoutrinação intensa do governo social-democrata no sentido de extirpar este sentimento atávico de conduzir o povo a hábitos e práticas coletivos, através de escolas, círculos de estudo e mesmo da arquitetura, fracassou. Cadáveres encontrados semanas ou meses após a data da morte em apartamentos na região de Estocolmo são notícias rotineiras na imprensa, nem merecendo mais grandes manchetes. Um dos últimos casos, talvez pela falta de acontecimentos mais importantes, ocupou as primeiras páginas.

 Em maio 72, descobriu-se o cadáver de um velho aposentado, cuja morte ocorrera seis meses atrás. Estava caído na cozinha. Foi visto por operários de uma construção ao lado do edifício, no centro de Estocolmo. Ninguém o conhecia, parente algum o visitava. Sua presença não fazia falta a ninguém. Os vizinhos, interrogados pela imprensa, declararam tê-lo visto pela última vez antes do Natal. Como não o conheciam pessoalmente, jamais se inquietaram por sua ausência. Não é difícil imaginar-se a morte despercebida de um aposentado isolado do mundo e dos homens. Mas casos menos concebíveis já ocorreram. O cadáver de um estudante foi encontrado em uma residência estudantil quatro semanas após sua morte.


 A bem da verdade, tais fatos não ocorrem apenas entre os suecos. Em fevereiro 72, em Sidney, Austrália, um passante pede fogo a um homem sentado em um banco. O interpelado não responde. No dia seguinte, o passante o encontra no mesmo lugar, na mesma posição. Toca-o com a mão, o homem não move um músculo. Morrera há nove dias atrás. Em fevereiro 70, em Lyon, França, foi forçada a porta do apartamento onde residia Aristide Cails, por falta de pagamento de aluguel. Lá dentro, seu esqueleto. Morrera em 64. Como os aluguéis eram descontados diretamente em sua conta bancária, sua existência só foi notada quando seu saldo chegou a zero. 

Reflexo deste drama universal, os jornais suecos mantêm nos classificados uma rubrica — Personligt (pessoal) — onde diariamente centenas de pessoas isoladas e machucadas pela vida buscam outras, tanto para relacionamento sexual ou afetivo como também simplesmente para um passeio ou para tomar juntos um copo de vinho. A proteção total concedida pelo Estado ao cidadão é, uma das causas deste abandono. A pensão paga a todos aos 67 anos fundamenta-se na consideração de que o auxílio aos pais na velhice não constitui dever dos filhos, mas do Estado. O afastamento físico entre pais e filhos ocorre quanto estes atingem a idade universitária, passando então a morar em residências estudantis ou pequenos apartamentos. As visitas espaçam-se. Após um certo tempo passa a ser inclusive descortês visitar os pais sem um prévio contato telefônico. A segregação etária aumenta à medida que os anos passam. 

Hoje, muitas crianças encaram um ancião como um exemplar de zoológico, pelo fato de jamais terem convivido com um. Uma aposentada de 72 anos optou pela fuga desta solidão: embarcou para o Brasil e hoje mora em Recife, onde já construiu três escolas com material de prédios demolidos na Suécia. “Minha vida começou agora”, afirmou. Tal ostracismo tem origem numa velha instituição viking, o ättestupa, palavra que hoje significa precipício. Nos tempos vikings, era o penhasco do qual os anciões se jogavam — voluntariamente ou empurrados em caso de hesitação — diante da assistência da família. Segundo a crença religiosa vigente, quem morresse na cama não teria acesso ao Valhala, destinado apenas aos guerreiros mortos em batalha — ou no ättestupa.

Sob a ficção religiosa, a realidade de um solo e clima hostis ao homem: quem não trabalha não come. Da mesma época data o ölgrav (literalmente, cerveja da tumba). Uma morte era sempre celebrada pelos familiares e vizinhos com uma cervejada em torno ao caixão do defunto. Uma boca a menos é sempre motivo de alegria. A alimentação, desde a era glacial até os tempos social-democratas, constituiu problema e pomo de discórdia para os escandinavos. Antes do evento dó cristianismo na Suécia, no caso do nascimento de uma filha, não era raro abandoná-la na floresta. Uma mulher seria sempre uma carga para a família, um varão nova força de trabalho. Na mitologia nórdica vemos o reflexo destes tempos de fome.


 Enquanto o catolicismo — religião intensamente marcada pela sexualidade — acena a seus crentes com as 44 mil virgens no paraíso, no Valhala abate-se todos os dias o porco gordo Särimener, que ressuscita na manhã seguinte, para ser carneado novamente pela tarde. E na história escandinava, encontramos talvez a única rainha que experimentou fome, Margareta Valdemarsdotter — Rei sem Calças para seus desafetos — promotora da União de Kalmar que originou a comunidade nórdica (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia) escreve em 1369 a seu esposo, rei Hakan, da Noruega, que ela e seus servidores se ressentem da falta de alimentos e bebida. Não têm provisões para as necessidades do dia, e teme que seus servos a abandonem por razões de fome. Antes, era a luta do homem contra uma natureza avara de seus recursos, que só se renderia a técnicas agrícolas posteriores, e olhe lá!

 Hoje, o problema é antes de tudo de orientação política e segurança nacional. Para garantir sua “neutralidade” no caso de um bloqueio econômico, a legislação do país dispõe que 80% da produção de alimentos deverá ser feita em seu solo, apesar do clima desfavorável à agricultura. Mais que uma continuidade da Europa, a Suécia é um prolongamento da Sibéria. Não fossem as correntes do Gulf Stream, aquecidas pelos trópicos, o país estaria constantemente coberto pela neve. Em tais condições, a agricultura e pecuária exigem uma série de cuidados que encarecem o produto final, o que se reflete não apenas nos hábitos alimentares como também no modus vivendi. Fossem os alimentos importados, seriam mais baratos. Christina Kellberg, em reportagem em DAGENS NYHETER, propunha algumas questões embaraçosas: Temos condições de ser hospitaleiros? Hoje, nossa economia não permite a hospitalidade dos velhos tempos, mas sempre desejamos conviver com nossos amigos. Precisaremos chegar ao ponto de pedir-lhes que paguem suas despesas? 

Os suecos concluíram pela resposta afirmativa. Ou cada um paga as despesas da visita, ou não se confraterniza. Em muitos lares, na cozinha há um aviso: Adoramos ver nossos amigos tanto quanto possível, mas isso torna-se muito caro. Deixe portanto algum dinheiro nesta caixinha para cobrir os custos da comida. 

LISTA DE PREÇOS
 Almoço 5 coroas 
 Diária com pernoite 10 coroas 
Cerveja 3 coroas 
Garrafa de vinho 5 coroas
 Crianças abaixo de 10 anos metade do preço 

Uma dona de casa relata à repórter sua experiência de uma visita de parentes à stuga: — Eu e meu marido fomos para o campo numa tarde de segunda- feira. A stuga estava ocupada por nossa filha e genro. Concordamos em dividir os gastos em comida. O varubuss (11) passou, ela comprou mantimentos, pagou e entrou com caixas e notas. O custo total era de 40 coroas, 20 para cada casal. Mas meu marido não quis pagar as maçãs (4 coroas), pois o pátio estava cheio delas. — Ah é? — disse a filha com azedume. E pagou 22 coroas. Na terça-feira, o pai apanhou uma das maçãs compradas. A filha arrancou-a das mãos, pois ele não havia pago maçã alguma. Na quarta-feira, pai e mãe voltavam para a cidade. Muitos casais das gerações mais velhas, por uma questão de dignidade, recusam-se a cobrar — ou pagar — despesas de festas. Condenam-se então a um isolamento ainda maior, pois não têm realmente condições de receber em casa. Mas por outro lado, muitas vezes Medelsvensson não pode receber gratuitamente suas visitas por estar pagando as prestações de seu veleiro, lancha ou stuga. Os bravos suecos construíram uma bela nação, cujo nível de vida é o mais alto de toda a Europa. Mas standard se paga caro, e o preço traduz-se não apenas monetariamente, como também no deterioramento das relações humanas.

Do livro o PARAÍSO SOCIAL DEMOCRATA-©2012 — Janer Cristaldo

H.L. MENCKEN- A MULHER FRIA



A MULHER FRIA




O talento feminino para esconder a emoção é provavelmente o maior responsável pela convicção de tantos americanos do sexo masculino de que as mulheres são vazias de paixão, e é por isto que eles contemplam suas manifestações do mesmo tipo no macho quase que com horror. Este talento feminino fica ainda mais à vista quando se sabe que poucos observadores, nas raras ocasiões em que pensam no assunto, são propícios a uma observação científica. A verdade é que não há razão alguma para se acreditar que a mulher normal é frígida, ou que a minoria de mulheres inquestionavelmente o são tenham algum peso na balança. É a vaidade dos homens que dá tanto valor às mulheres do tipo virginal, o que faz com que este tipo tenda a crescer pela seleção sexual – mas, apesar disto, está longe de superar a mulher normal, tão realistamente descrita pelos teólogos e publicistas da Idade Média. Seria apressado, no entanto, concluir que esta seleção longa e contínua não se faz sentir, mesmo no tipo normal. 

Seu principal efeito talvez tenha sido o de tornar mais fácil para a mulher conquistar e ocultas suas emoções do que para um homem. Mas este é um mero reforço de uma qualidade inata ou que, pelo menos, antecipou de muito a ascensão daquela curiosa preferência já mencionada. Esta preferência obviamente deve a sua origem ao conceito da propriedade privada e é mais evidente nos países em que a maior concentração de propriedades está nas mãos dos homens – i. e., em que a casta dos proprietários conseguiu descer ao mais baixo estrato dos néscios e dos tapados. O homem de baixo nível nunca tem total confiança em sua mulher, a menos que seja convencido de que ela é totalmente desprovida de suscetibilidade amorosa. Ele fica inquieto quando ela dá algum sinal de responde à alturas às suas maneiras elefantinas, e fica mais desconfiado ainda quando ela reage com chama ao que deveria ser um casto beijo conjugal. Se ele conseguisse se livrar de tais suspeitas, haveria menos tagarelice pública a respeito de mulheres assexuadas, menos livros seriam escritos por charlatões propondo esta ou aquela “cura”, e muito menos formalismo e monotonia no recesso do lar. 

Tenho a impressão de que esta espécie de marido está prestando a si mesmo um péssimo favor, e que ele não gosta de ficar consciente disto. Tendo capturado uma mulher segundo as conveniências do seu gosto austero, ele logo descobre que ela o deprime – que sua vaidade foi quase tão penosamente atingida pela inércia emocional dela como o teria sido por um espírito mais provocante e hedonista. Pois o que mais delicia um homem é ver uma mulher atravessar a barreira da solene submissão, em direito à potência afrodisíaca do seu grande amor – ou seja, o contraste agudo e envaidecedor entre a reserva que ela mentem na presença de outros homens e sua absoluta entrega a ele na intimidade. Isto faz cócegas em sua vaidade. Ao resto do mundo, ela parece remota e inabordável; para ele, ela é dócil, palpitante, efervescente, e até mesmo abandonada. Quanto maior o contraste entre os dois fronts da moça, maior a satisfação dele – até o ponto em que isto levanta as suspeitas do paspalhão. No momento em que ela diminui um pouquinho este contraste em público – ao sorrir para um ator atraente, ao dizer uma palavra a mais a um maître que lhe deu atenção, ao segurar a mão do padre nas despedidas ou ao piscar de brincadeira para o marido de sua irmã --, imediatamente o matuto começa a procurar por bilhetes clandestinos, contrata detetives particulares ou passa a examinar atentamente os olhos, orelhas, narizes e o cabelo de seus filhos com dúvidas vergonhosas. Isto explica muitas catástrofes domésticas.




1921

MÉNAGE A TROIS

Erick entrou na  casa da namorada e levou um susto ao encontrar um homem sentado no sofá da sala. O sujeito se apresentou como Ernesto Henrique, noivo de  Júlia . A chave da casa ele havia pegado dela e feito cópia.  Como pessoas civilizadas conversaram sobre Júlia, que na verdade tinha um noivo na base e um namorado na capital. Ambos apaixonados por ela decidiram não falar nada e deixar que o tempo concedesse a melhor decisão. Aí aconteceu que a porta se abriu e Júlia entrou por ela ficando pasma ao encontrar o noivo ali junto ao namorado. Alguns olhares e dito tudo bem sabemos de tudo.  Não houve escândalo, nem gritos, nem desculpas esfarrapadas, nada disso.  Como pessoas extremamente civilizadas foram os três dormir juntos numa boa.

GRAÇA ALCANÇADA

O pobre homem atravessou florestas, enfrentou desertos, venceu rios e subiu montanhas para encontrar no cume de uma delas o símbolo das madeiras cruzadas, tido como milagroso. Foi até lá para pedir graças e curar-se de doença terrível. Ajoelhou-se diante daquela cruz enquanto o vento zunia. Pois aconteceu que o pau podre sucumbiu ao vento e quebrando caiu sobre o homem tirando sua vida. Graça alcançada.

O PEDIDO


O sujeito entrou no bar, sentou-se num canto e chegando o garçom fez o pedido: dois pasteis de graxa de motor elétrico, um litro de ácido de bateria e uma salada mista de arruelas temperada com pólvora e gasolina azul. Diante do olhar atônito do atendente disse: sou o Super-Homem, portanto não esquente, hoje resolvi radicalizar na dieta.



Eu corri atrás de uma garota por dois anos apenas para descobrir que os seus gostos eram exatamente como os meus: Nós dois éramos loucos por garotas.
Groucho Marx
  1. Si se necesita un sacrificio, renuncio a mi parte y agarro la suya.
  2. Cantinflas
El mundo debería reírse más, pero después de haber comido.

Cantinflas
O matrimônio é uma grande instituição. Naturalmente, se você gostar de viver em uma instituição.
Groucho Marx
“Quem defende Nicolás Maduro não irá mudar nunca. Morrerá mesmo como um merda.” (Mim)
“Gosto de caminhar só. Assim só encho o meu próprio saco.” (Mim)


Atrás de todo homem bem-sucedido, existe uma mulher. E, atrás desta, existe a mulher dele.
Groucho Marx
As noivas modernas preferem conservar os buquês e jogar seus maridos fora.
Groucho Marx
“O Halloween se comemora em 31 de outubro. Posso dizer que todos os anos é o meu dia mais feliz.” (Assombração)
“Sempre cheiroso e de unhas limpas. Assombração sim, porco não.” (Assombração)
“Sou muito feio e não escolho par. Já namorei até a mãe do Conde Drácula.” (Assombração)

“A hipocrisia é essencial ao convívio social. Você não diz para uma mãe que o bebê dela é feio. Pois à minha mãezinha disseram!” (Assombração)

“Antes ser conhecido pela feiura que pela burrice.” (Assombração)
“Antes um feio livre que um bonito encarcerado. Corrupção, estou fora!” (Assombração)

ANTES OU DEPOIS DO ALMOÇO?



Dzerzhinsky telefona para o Lenin:

-- Vladimir Ilitch, quando devemos fuzilar - antes ou depois do almoço?

-- Impreterivelmente antes do almoço! E os almoços devem ser entregues às crianças -- as crianças dos trabalhadores estão passando fome!


SELIN

KARL MARX



Karl Marx chega na URSS e quer falar num programa de rádio.

-- Mesmo o Sr. sendo um fundador do comunismo, -- diz o Brezhnev, -- não posso decidir esta importante questão sozinho. Aqui nós temos uma administração coletiva.

-- Mas só quero falar uma frase!

Dizer uma única frase Brezhev permite. Então, Marx se aproxima do microfone e berra:

-- Proletários de todas nações, me desculpem!

SELIN

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- JORNALISTA QUER RASGAR CONSTITUIÇÃO SÓ PORQUE FOI BURRA NO PASSADO

terça-feira, junho 30, 2009


Tenho em Porto Alegre um grande amigo, hoje já entrado em anos, que tem dificuldade para caminhar cem metros. Precisa parar para respirar. Um enfisema deixou-lhe apenas 22% da capacidade pulmonar. Deixou de fumar talvez há uns trinta anos, mas já tarde demais. Tomou consciência dos estragos do fumo em um curso de prevenção ao tabagismo, quando teve ante os olhos os pulmões de um fumante de um não-fumante. Me procurou angustiado:

- Janer, tens de parar com o cigarro.

Ora, eu nunca havia fumado. Lá pelos dez anos, pus um cigarro na boca, não gostei e joguei fora na primeira tragada. Nunca mais pensei no assunto. Assim, quando vejo fumantes se queixando da propaganda, da influência do meio familiar, do convívio com fumantes, acho muita graça. Em meu clã, todos os homens fumavam e inclusive algumas tias. Cresci vendo filmes de bang-bang, onde não se sabia quem fumava mais, se o mocinho ou o bandido. Me criei entre adolescentes que julgavam ser o cigarro atestado de virilidade. Ninguém me convenceu. Não gostava e fim de papo.

Dito isto, nunca me ocorreu dizer a um adulto para não fumar. Se vejo uma menina de quinze anos fumando, alguma coisa me dói na alma. Ela talvez esteja buscando ser adulta, moderninha, ou algo do gênero, e não tem uma idéia precisa do preço a pagar. Adulto sabe o que faz. Se nada tenho contra fumantes, há algo no ex-fumante que me desagrada. É sua mania de cristão novo. Quer converter os gentios à sua nova crença.

“É inacreditável que a medida do governo de São Paulo proibindo o fumo em lugares fechados tenha sido contestada pela Justiça – escreve Danuza Leão na Folha de São Paulo –. Isso na contramão do mundo inteiro, que vem fazendo tudo que é possível para coibir o vício do fumo.

“O fumo é um veneno, e quem fuma vai um dia pagar caro por ter achado alguma graça em acender um canudinho de papel cheio de porcarias, inalar a fumaça direto para os pulmões e depois soprar de novo a fumacinha; no mínimo, ridículo. Nos anos 40, todos os filmes mostravam os atores e atrizes fumando, e isso fazia parte do glamour da época. Lembro da cena de um filme em que o ator punha dois cigarros na boca, acendia os dois e passava um deles para a atriz com quem contracenava. Quanta burrice; quanta ignorância. Eu também fui burra e ignorante durante anos, e apesar de ter sido alertada por tanta gente, só parei de fumar no tranco, isto é, quando meus pulmões pediram socorro”. 

Se a moça foi burra e ignorante durante anos, como ela mesmo confessa, não pode negar a ninguém o direito de incorrer na mesma burrice. Jornalista, Danuza parece ainda não ter descoberto, mesmo depois de velha, que existe algo em um Estado constituído que se chama lei. E que, entre estas leis, existem leis maiores e leis menores. Lei menor não revoga lei maior. Que ela considere o cigarro um veneno, tudo bem. Nem fumante discorda. Que pretenda passar por cima do Estado de direito para que as pessoas não fumem, vai uma longa distância. 

José Serra não nasceu ontem. Ao propor a lei antifumo, sabia muito bem que ela teria pernas curtas. O que o candidato tucano quer é promover sua candidatura. Uma liminar já derrubou parcialmente sua estúpida proposição e pelo menos outras quatro estão a caminho. Enquanto isso, seu nome tem exposição na mídia e o insosso candidato poderá alegar mais tarde: eu tentei, os juízes é que me impediram.

Escrevia ontem o Estadão em editorial: “Ao impor medidas excessivamente severas, que entrariam em vigor no início de agosto, prevendo multas de até R$ 3 mil, fechamento de estabelecimentos comerciais por 30 dias e proibição de cigarros até em prédios residenciais, sob a justificativa de preservar a saúde da população, o governador feriu direitos individuais assegurados pela Constituição e foi muito além da esfera de competência dos governos estaduais”.

Pior ainda, a legislação proposta por Serra punia quem nada tinha a ver com o peixe. O fumante não é multado, mas o estabelecimento onde alguém fuma. Ou seja, se alguém quiser afundar um bar ou restaurante, basta ir até lá e puxar um cigarro. Serra anunciou que irá recorrer. Se recorrer, irá perder. Ou pretende um governador revogar leis federais? Se alguém quiser acabar com o fumo em lugares públicos, que busque o caminho adequado, o Congresso Nacional.

A quem aproveita a medida estúpida? Ao medíocre e inescrupuloso tucano, que divulga seu nome às custas de incomodações inúteis para milhares de pessoas. E à guilda dos advogados, que sempre aplaude a produção em série de leis anticonstitucionais. 

“Está aí uma coisa de que me arrependo muito: ter sido fumante – escreve Danuza –. Quando vou subir uma escada ou mesmo uma pequena ladeira, e tenho que parar para respirar, sinto muita vergonha. Como eu gostaria de ser lépida e ligeira como já fui; e sei que a culpa disso não tem outra origem a não ser o cigarro”.

Que se arrependa à vontade. Que sinta vergonha até o imo. Que se fustigue com correntes, que dilacere suas carnes com chicotes. Ninguém a obrigou a fumar. Mas que não pretenda rasgar a Constituição só porque foi burra no passado.

O TÚNEL

Penitenciária Estadual. Dez companheiros de cela comandados por Arrudão começaram a escavar o túnel da libertação. Um mundo livre para bebidas, mulheres e novos golpes. Cavouca e cavouca. A terra seca era levada para fora por carcereiros amigos e comprados. Quanto mais o túnel seguia mais quente o buraco ficava. E foi ficando tão quente quase impossível de suportar. Em dez dias após imenso esforço eles terminaram o dito túnel, mas deu zebra. No lugar de um campo aberto fora do presídio eles saíram dentro da cozinha do estabelecimento. O comandante fez a leitura errada do mapa. Os companheiros enraivecidos jogaram Arrudão dentro da panela do sopão. Como era um sujeito enorme queimou apenas parte da bunda. Os fujões foram todos para a solitária e naquele dia nenhum dos presos demonstrou interesse pela sopa.


O CÃO E O HOMEM MAU

Janaína era uma boa mulher. Muito bela, honesta, cuidava com zelo da pequena casa. Só tinha olhos para o marido, Rufino, o marido, um bruto. Tinha um pequeno caminhão e fazia fretes pela cidade. Ciumento demais seguidamente dava pancadas na boa mulher sem motivo. Ela pobre coitada ignorava a Maria da Penha. Apanhava mais que bumbo no carnaval. Certo dia o maldito exagerou no espancamento e a pobre mulher morreu. O bandido enterrou o corpo no mato e espalhou que ela tinha ido embora com um rapagão do circo. Dias depois um caçador encontrou o corpo e Rufino foi preso. Na cadeia, curtindo um chá de grades, foi chamado a razão pelo cãozinho do carcereiro.


- Então matou a tua mulher covardemente, não é bandido? Pessoa boa que não merecia. Tu és mesmo um merda!


-Sai pra lá, animais não falam!-disse Rufino. 


-E tu que és uma víbora, como é que tu falas?-retrucou o cão enquanto mordia seus calcanhares.


SOLIDÁRIOS

Começo do século dezenove. Uma grande epidemia de gripe dizimou metade do povo brasileiro. Nas pequenas vilas do nordeste em que a ajuda não chegou a tempo os mortos estavam nas ruas. Sem comida e sem remédios o povo fugia desesperado levando apenas algumas roupas.

Saídos da pequena Maracéu no interior do Ceará vinte casais e seus filhos em fuga caminharam por meses em busca de um lugar seguro para ficar. Unidos, todos se ajudaram nos momentos difíceis de enfermidades e fome. Repartiam bolachas e grãos de feijão. Nas horas de desespero e abandono um casal apoiava o outro, solidários e cheios de afeto. Enfrentaram juntos temporais e o pranto de saudade dos queridos mortos. Diante da desgraça pareciam irmãos de sangue. Aconteceu então o dia em que a vintena de desterrados e seus rebentos entraram numa fazenda abandonada e encontrou além de cadáveres por todos os lados  uma maleta com diamantes abandonada num canto. Felizes pelo achado enterraram os mortos e descansaram.

Planejaram que quando estivessem em um lugar definitivo dividiriam o montante em partes iguais. Foram dormir com a esperança de um amanhã melhor e que sem dúvida seria um bom recomeço. Porém durante a noite dois lobos se apresentaram. Enquanto todos os demais dormiam o casal Noronha partiu levando o pequeno tesouro da comunidade. Nunca mais foram vistos.

MORAL- Feijão e pão seco são fáceis de repartir, o duro de repartir é a picanha.


BUNDA VERMELHA

Anacleto pintou a bunda com tinta vermelha e saiu nu a caminhar pelas ruas centrais da cidade causando alvoroço. O delegado Firmino muito gente boa mandou pegar o homem e levá-lo à delegacia. E o sermão.
-Onde já se viu Anacleto, andar com essa bunda vermelha pelas ruas da cidade? Denegrindo o nosso lugar?  Onde já viu? Pouca vergonha! E o respeito, onde fica?
Chamou o Cabo Bruno.
-Cabo Bruno, dê duas demãos de tinta ouro na bunda desse homem e depois pode soltá-lo. Ficará um luxo! E tire uma foto pra gente colocar aqui na minha mesa.  
“Acho que está na hora de mudar. Que tal cédulas de papel e candidatos eletrônicos programáveis?” (Limão)


Risos... “Pedro, como o povo é tolo, acredita em tudo, até na história da Arca. Ora, nós dois sabemos que Noé não seria capaz de construir uma gamela, imagine então um barco daqueles.” (Deus)


“Quem ensinou esse Edir mentir tão descaradamente? Pedro? Talvez Paulo?” (Deus)
“Jesus não irá mais voltar ao planeta, não sou louco para expor meu filho ao perigo. É só ele falar em acabar com a exploração dos fiéis pelas igrejas que o metem na cadeia ou coisa pior.” (Deus)
“Pedro, quem é essa moça chamada Eva que há séculos nos pede calcinhas?” (Deus)