sábado, 31 de março de 2018

AREIA MOVEDIÇA


Um sofrido brasileiro andava perdido num pântano quando caiu numa areia movediça. Do nada apareceu uma mulher para ajudá-lo. Quando viu que a dita cuja era Dilma ele disse:
 -Obrigado! Prefiro ficar aqui, posso me safar. Já contigo existe o risco de eu me enterrar de vez.

PLUTÃO


Há milhões de anos havia vida em Plutão. Não era o paraíso, mas melhorava a cada dia. Isso até chegar por lá um tal de Zé Dirceu. ..

MAQUININHA

O FIM ESTÁ PRÓXIMO

NEWTON SILVA


APRESENTAÇÃO


O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música.  O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.

GOSTO É GOSTO


Foi um dia muito especial para o planeta. Naquele dia choveram rosas multicores de muito perfume em todos os lugares da terra, inclusive sobre os mares e desertos. Porém, e sempre existe um porém, não foram poucos os bípedes não plumados que taparam suas narinas para o doce odor e preferiram abri-las para cheirar cu e bosta de galinha.

SÍLVIO


O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.

ANA ANDROPOVA E ALEXEI ROMANOV


Moscou, Rússia. Ana Andropova, 40 anos, dona de casa, cinco casamentos, sem filhos, cinco vezes viúva, todos de morte natural. Alexei Romanov, agricultor, um homem bom, 42 anos, se achava também um homem de muita sorte e propôs casamento a Ana Andropova; não temia morrer cedo. Acontecido o entendimento sentimental e financeiro entres as partes, casamento realizado. Foram morar no campo e viveram felizes por mais de quarenta anos. Não tiveram rebentos.  Morreram de infarto no mesmo dia e hora, sem sofrimento. Ao limparem os corpos descobriram que os dois tinham um trevo de quatro folhas vivo e crescido no ouvido esquerdo.

DONA MEIGA


Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga.  Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.


SUICIDA


Estava ele sentado na mureta da ponte
O olhar fixo no vazio
A dor agarrada ao seu eu
Sem dar trégua alguma
O rio que representava o fim das dores
O chamava para um abraço
Seu foco era um só
O ápice da desistência
Soltou então seu corpo
E voou para as águas
Sentindo quem sabe arrependimento
Ou alívio por finalmente conseguir matar o desespero que o consumia.


“Pedras são necessárias em nosso caminho.
Quem andou pela vida somente por jardins salpicado de flores,
corre o risco de fenecer ao pisar num espinho.” 


“As forças nascem dos sonhos.
Tirem dos homens os sonhos, as esperanças e
embalem então um monstro.” (Filosofeno)


“Haverá amanhã? Haverá paz? Todos são espertos, não?
As pedras jogadas para o alto um dia cairão,
na cabeça de quem não se sabe.” (Filosofeno)

DELÍRIO


Homens nos chiqueiros lambuzados de esterco
Mulheres de quatro no pasto e abocanhando grama
Vacas  nos telhados tendo gatos sobre suas costas catando carrapatos
No boteco cachorros bebem pinga e jogam baralho fazendo algazarra
Andorinhas tomam banho de piscina usando biquínis coloridos
Papai Noel tem as orelhas de um coelho
O pobre diabo sente a falta da malvada e alucina
É o começo do fim
Delirium tremens.

NADAS


Somos insignificantes para o universo
Um nada no todo 
Mas diante de alguns valores da sociedade humana
Alguns seres se embriagam na fonte da vaidade
E vão construindo pela vida castelos de areia
Que se desmancham com o sopro da morte.

NO CHÃO


Estando parado eu não me encontro
Andando menos ainda
Então eu caio e fico inerte como um defunto
Esperando talvez pelo pranto de uns poucos
Falso morto
Às vezes pisco os olhos
Para espantar os urubus.