sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

CLIMERIANAS

"Já tive um patrão tão bom que pagava para que eu não fosse trabalhar." (Climério)

 “Menino pobre se encanta com toda novidade. Lembro-me da primeira geladeira lá de casa, das tardes de sol passadas chupando gelo e picolé de Q-Suco.” (Climério)

"Trabalho num chiqueirão. Meu perfume  é o Porco Rabane." (Climério)

"Somos fedidos. Um dia sem banho e os urubus já nos procuram." (Climério)

"Já fui fulano, sicrano e beltrano. Hoje sou um rato." (Climério)

“Pensei em abandonar a minha mulher. Ela se foi antes.” (Climério)

“São novos tempos, novas tecnologias, mas continuo recebendo cartas. Cartas de cobrança, mas cartas.” (Climério)

“A última tentação de Cristo foi o baralho.” (Climério)

PÓCRATES

“Não que seja impossível. Mas é muito difícil ser feliz só comendo pão seco.” (Pócrates)

“Casei-me com uma mulher feia para não ter incômodos. Pois não adiantou, tornei-me um alce.” (Pócrates)

“O tédio é um articulador de bobagens.” (Pócrates)

LEÃO BOB

“Fui atacar um cavalo branco e saí com a boca cheia de tinta. Putz! Era uma zebra disfarçada.” (Leão Bob)

 “Quando jovenzinho quis eu beijar uma girafa. Pois caí daquele pescoção e por muito pouco não me quebrei todo.” (Leão Bob)

CASAMENTO É LOTERIA?

Pois joguei triplo, e aí acertei. São vinte e seis anos e ela ainda não me dispensou.

LEITORES

O Brasil excede em leitores. Leitores de rótulos de cerveja.

CHURRASQUEIRAS SEM USO

Eu não acreditei quando me contaram que churrasqueiras sem uso criam morcegos. Pois dentro da minha encontrei o Batman.

O TRABALHO DA MORTE

A morte saiu a trabalhar naquela tarde para escolher suas vítimas como sempre fez. Brancos ou negros, mulheres ou homens, crianças ou velhos. A morte escolhe, a morte executa. Não existe alerta à vítima, não diretamente. Numa esquina movimentada parou e ficou observando com atenção um homem de meia-idade que comia  churros. Apontou para o seu coração e o homem sofreu um infarto fulminante. Apanhou um ônibus e foi para o outro lado da cidade. Desceu e entrou num velório. “É daqui que levarei o próximo, disse para si.” Mirou num jovem franzino amigo do defunto que ora se velava. Observou que o fígado do rapaz já estava em estado lastimável. Mexeu seus pauzinhos e o pobre caiu sobre o caixão; o quase morto e o defunto foram ao piso. Saiu da funerária e foi ao cinema. Sentou-se ao lado de um velhinho, soprou seu hálito funesto e o octogenário caiu sem dizer ai. A morte olhou para o relógio que marcava 18 horas. Não estava a fim de fazer horas extras. Ajeitou-se na poltrona e ficou no aguardo da próxima sessão.

CHUCKY E BOB

Chucky, o brinquedo assassino depois de cometer mais alguns crimes estava sendo procurado pela polícia. Para safar-se, fez-se de morto e foi misturar-se entre bagulhos que estavam no lixo. O Bob passou e levou o boneco para casa. É evidente que Chucky encheu-se de alegria; ficaria adormecido por algum tempo e depois que tudo se acalmasse voltaria aos ataques sangrentos. O que ele não sabia é que Bob era na verdade um destruidor. Em oito anos de vida já havia matado três bicicletas, vinte e dois carrinhos de lata e oitenta bonecos da Marvel, salvo outros trucidados que eram de seus amigos. Chucky teve vida curta nas mãos de Bob, muito curta. Antes da primeira hora no quarto de Bob já havia perdido os pés e teve arrancados os olhos, pois o garotinho desejava saber se eram de vidro ou não. Após cortar braços e também a cabeça levou tudo ao quintal, jogou gasolina sobre e colocou fogo. Tencionava derreter tudo e confeccionar uma espada de plástico. Na verdade, Chucky nas mãos de Bob não passava de um principiante.

TEXTO EM FOLHA CORRIDA- FAMÍLIA

Tive pai e mãe até o dia em que minha mãe fugiu com o vizinho quando eu tinha doze anos o meu pai ficou com a vizinha por raiva e por que já não tinha mais nada para fazer além de juntar os seus quatro filhos com os sete filhos dela o que acabou fazendo da nossa casa um albergue dos diabos com colchonetes até no banheiro e uma falta de tudo até mesmo do sempre abundante pão com bananas que verdade seja dita era o cardápio dos dias de semana e também aos domingos mas nada disso é tão importante como o fato da mulher gritar mais que pastor em culto de arrecadação e não dar sossego e nomes aos filhos dela pois meu pai que sabia dar nome aos filhos pois João Paulo André Rodrigo são nomes comuns já os irmãos ganhos na roleta russa da vida se chamavam Werlilaine Wermenton Wirton Wurtenson Wesllei Wasvanesca Wislon que é diabo a carregue com tanto W o caso que ninguém mais conseguia ler ouvir rádio ou assistir tv gato tamanho era o amontoado de gente naquele casebre de quatro por nada pois até o gato e os cachorros fugiram para o bairro vizinho nem eles suportaram o inferno em que estávamos todos metidos brigas para poder comer tomar banho no tanque pois não havia chuveiro lavar o rabo e tudo mais era difícil foi o que me fez fugir de casa com treze anos para nunca mais voltar que foi a minha sorte pois soube que meu pai teve mais três filhos com a louca adoradora de w embora o Wirton tenha morrido pobre diabo de pneumonia dupla sei lá o que seja isso o caso é que nem posso aqui do norte imaginar a dificuldade de convivência naquele pequeno universo de barrigudos verminados e mais feios que temporal em alto mar.

BELEZA

Bagunçada inspiração que em meu cérebro vagueia
Divagações sobre a beleza
É claro
Não minha
Alheia
De tal concluo que é fundamental amar as belas
Porém sem esquecer-se das feias.

NENHUM BUTIRÁCEO

Mesa posta
No meio da tarde
Pão seco
E café preto doce
Nenhum butiráceo
Cobrindo o pão seco
Mas quando a fome é grande
Pouco importa o engasgo.

POEMA MORTO

Repleto de plágios centenários
O longo poema estava pronto
E o poeta copião
Festejado pelos bajuladores
Porém surtou o revisor
Não conformado com tamanha afronta à arte
E deu fim à festança da mentira
Matando o falso poema com cinco tiros certeiros.

QUANDO MORTO O ATEU

Quando vier me buscar a dona certa
Não poderei mais emitir pedidos
Então deixo dito aos meus amados
Que façam minhas exéquias num galpão de tábuas velhas
Ou num jardim qualquer
Mas peço com carinho
Que não levem meu corpo para nenhum templo
Igreja ou similar
Pois nem morto eu mereço essa afronta.

O ANÃO DE JARDIM

Tudo via e ouvia o anão de jardim Pablo, assim transformado pelo feiticeiro Dilmon por ciúmes de sua beleza e inteligência. Não sofria sede ou fome, mas penava horrivelmente por não poder fugir daquele corpo de pedra. O feitiço duraria dez anos e ele apenas começava o quinto ano. Sob sol ou chuva ficava ele inerte observando a vida que corria ao seu redor com minúsculas e grandes criaturas. Formigas e homens, grilos e lagartixas, cães e gatos, automóveis e bicicletas. Um dia um cão muito feio apareceu e fez xixi nele. Conheceu que era Dilmon pelos olhos medonhos, agora transformado num cão por um adversário mais poderoso. Pablo riu tanto que sua alegria quebrou o feitiço infame e pode sair correndo atrás do cão feioso para lhe oferecer um belo osso.
“Já engoli fogo, comi gilete e tomei veneno de cobra cascavel, tudo na mesma refeição. Não morri. Mas temo que conviver com gente besta é o que irá acabar comigo.” (Mim)
“O aprendizado vem pela dor. Pois conto que de tanto querer escolher o que comer, acabei por um tempo sem ter o que comer.” (Mim)
“A felicidade é um troféu que troca de mãos.” (Filosofeno)
“Os homens querem matar o silêncio. Deve ser por este motivo que está tão difícil encontrá-lo.” (Filosofeno)
“Podes crer no que quiseres e que sejas imensamente feliz. Só não te julgues melhor por isso.” (Filosofeno)
“O pior de uma doença é afetar a capacidade de comunicação do individuo com o mundo que o cerca. Ninguém merece sentir dor ou alegria e não poder dizer o que sente.” (Filosofeno)
“Já houve o tempo das diligências. Agora vivemos o tempo das indigências.” (Filosofeno)
“Às vezes a solidão nos obriga a uma convivência difícil.” (Filosofeno)
“Comi muita hóstia. Com o tempo fui ficando enjoado dela e do sermão do padre.” (Filosofeno)
“As armadilhas da vida são colocadas nas trilhas sem espinhos.” (Filosofeno)
“O melhor paladar é a fome.” (Filosofeno)

MARCIO CARACOL

No último dia do ano Márcio Caracol resolveu ver os festejos humanos tão aguardados de perto. Viu tantas coisas absurdas que entrou em depressão, voltou para dentro de sua casinha e não saiu mais nem para comer.

SOBERBA

A soberba correu mundo com seu dono
Nunca valorizando ninguém ao seu redor
Desfilando sempre de nariz empinado e achando-se uma imortal senhora
Talvez por isso ficou tão surpresa
Ao ser colocada com seu dono no forno crematório
Para torrar também seus ossinhos.

EU SABIA

Nada disse me espanta
Tudo o que está acontecendo eu já esperava
Pois disso tudo eu falava há alguns anos
Mas ninguém me ouvia
O errado agora é o certo
O vácuo é o preenchido
O covarde é o destemido
Quando essa pulha encampou o estado
Temi pelos nossos filhos
Vivendo num país de valores trocados
Onde o pífio é homenageado
E o homem de bem  desprezado.

A GAZETA DO AVESSO- Depois de oitenta tentativas Nicolás Maburro conseguiu a proeza de somar dois mais dois corretamente.

A GAZETA DO AVESSO- Venezuela é líder mundial na produção de papel-higiênico.

A GAZETA DO AVESSO- Lula publica ensaio sobre obra de Kafka em chinês.

A GAZETA DO AVESSO- Congresso finalmente aprova lei que manda para o cárcere as vítimas de assalto.

“Às vezes os pais querem tornar o fardo da vida sem peso algum para os filhos. Então acontece que quando precisam carregar algum, eles caem.” (Filosofeno)
“Pais vagarosos, filhos preguiçosos.” (Filosofeno)
“O melhor amigo do homem é a ocupação.” (Filosofeno)

ABUNDA

Reunidos os estúpidos
Na beira-mar
Urge dobrar os recolhedores
Pois o lixo que o bela imunda
Abunda.

“Dentro de alguns frutos maduros há bichos e dentro de alguns homens se escondem monstros.” (Filosofeno)