sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Alexandre Garcia-Menos no Brasil

Um xeque árabe perguntou se a idade da pedra havia acabado por falta de pedra. Não foi. Foi porque chegaram outras tecnologias, como a de fazer o bronze e poder moldá-lo com mais facilidade. Ele quis alertar que pode estar acontecendo isso agora com a era do petróleo. Com preços altos impostos pela OPEP, os americanos buscaram retirar óleo e gás do xisto e agora estão em condições de começar a impor preços, o que antes era monopólio da OPEP. O barril de petróleo despencou de 120 dólares para 50. Os entendidos prevêem que dificilmente voltarão os tempos de barril de petróleo acima de 100 dólares. Com isso, os preços dos derivados, como a gasolina e o diesel também despencaram. Menos no Brasil. Aqui no Brasil, temos enchido o tanque com mais imposto que combustível. E quem prefere gasolina, como eu, paga por 40 litros mas só recebe 30, porque o resto é álcool. E, desde domingo, ainda pagamos mais imposto. No mínimo 60% do combustível é imposto. E, como somos ricos, pagamos por um litro de combustível o que um americano paga por quase três. A outra energia, a elétrica, também está mais cara. O país deve estar louco: quer crescer, estimular a economia para criar emprego, mas cobra cada vez mais caro a energia. Alguém que vem administrando energia há anos deve ter enlouquecido. Em qualquer parte, um país com o potencial do nosso, teria energia abundante. Menos aqui. Criamos o pro-álcool e agora matamos a indústria do etanol à míngua; fizemos o mesmo com o sistema elétrico, na produção e distribuição. Descobrimos o pré-sal mas, pelo jeito, chegamos tarde. Ao esmaecer a era do petróleo, o preço caiu em vez de subir e o pré-sal foi todo montado com base em 105 dólares o barril. Inventamos quatro refinarias que ficaram caríssimas e acabamos de suspendê-las, depois de torrados 2,7 bilhões de reais em projetos. Renderam bem, como o pré-sal, como campanha eleitoral. E no ano que vem teremos aumentado em 43% a importação de combustíveis. Ainda bem que lá fora se compra barato. Menos aqui. Se isso nos consola, a Venezuela está pior do que nós. Pela mesma causa: má administração. O país está falido e sem petróleo a mais de 100 dólares, com os canadenses vendendo aos Estados Unidos. Maduro, um bolivariano-socialista que só acreditava no passarinho que incorporou Chavez, agora apelou: diz que Deus vai prover. Por aqui, o Ministro da Energia também apelou para a nacionalidade de Deus. Contraria o livro do gênesis e diz que Deus é brasileiro. Quando essa é a solução, é porque já se abandonou toda esperança às portas do inferno de Dante. Para o Japão, que não tem petróleo, bastou planejar, administrar e trabalhar. É a solução em toda parte. Menos aqui. 

LUCIDEZ

“Não me interessa uma vida sem lucidez. Não existe desgraça individual maior que perder a própria identidade. Se acontecer peço que me concedam o direito a ser jogado num abismo. ” (Mim)

“Não sou infantil, mas preciso saber quem escondeu a minha mamadeira. ” (Mim)

"Ser mãe às vezes é apodrecer no paraíso. Tem gente que complica." (Mim)

INSTITUTO LIBERAL- Vence quem fizer mais bandalha?

Hoje eu escreveria sobre um assunto mais filosófico, mas não dá para não comentar a bizarra escolha de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras. Em um momento extremamente delicado da empresa, a Presidência da República resolve nomear um indivíduo que é investigado por usar sua posição como Presidente do Banco do Brasil para conceder empréstimos com favorecimento pessoal, em taxas abaixo da inflação, além de recair suspeitas de evasão fiscal, o que chegou a fazer com que Bendine chegasse a por o cargo  à disposição.
Não havia realmente ninguém na alta cúpula do poder em Brasília que tivesse um currículo limpo para assumir cargo tão importante? Uma única pessoa que fosse? Ou será que na verdade é justamente quem faz bandalha, ou pelo menos é acusado de fazer, que acaba sendo premiado nessa estranha corrida candanga por mais e maiores escândalos?
Outra pergunta que se faz pertinente: se o PSDB tivesse privatizado a Petrobras no fim da década de 90, esses escândalos estariam acontecendo hoje? Porque, se olharmos empresas como a Vale do Rio Doce, a CSN e a Embraer, vemos que, por mais que tais companhias apresentem pontuais falhas de gestão (como toda empresa apresenta), ainda assim não se ouve ou lê nada nessas empresas acerca de corrupção, e se existisse, seria um problema dos donos, e não um problema público. E ainda na hipótese da privatização, será que a Petrobras estaria fazendo sucessivos endividamentos, que já ultrapassam 250 bilhões de reais, ou estaria dando apenas lucro via royalties e tributos, sem o custo do aparelhamento político e do rent seeking?
Essa escolha reforça a ideia de que empresas públicas simplesmente não são pautadas por governança corporativa, meritocracia e metas econômicas. E que todas deveriam ser privatizadas, com consequente abertura do mercado em questão.
No mais, desejamos boa sorte à nova autoridade da Petrobras, mas provavelmente tudo continuará como está.

“A política é a arte da ladroagem.” (Hans F. Sennholz)

IMB-Uma teoria simples sobre a corrupção

Por que há essa percepção generalizada de que políticos são corruptos? Qual exatamente é o arranjo que gera incentivos para que eles sejam corruptos? Existe realmente uma maneira de ser diferente?

O intuito aqui é estabelecer uma teoria muito simples sobre a corrupção.

O poder do estado — e, por conseguinte, o poder daqueles que detêm cargos de poder dentro da máquina estatal — é o poder de pilhar, usurpar e dar ordens. Quem detém o poder estatal detém a capacidade de se locupletar. A capacidade de se locupletar estando dentro da máquina estatal é a definição precípua de corrupção. A corrupção sistemática necessariamente acompanha um governo. Ela está presente na história de absolutamente todos os governos. Varia apenas a intensidade e o grau de exposição e de denúncia pela mídia.

A teoria por trás destas conexões é simples.

Em primeiro lugar, o governo detém o monopólio da criação de leis. E o monopólio da criação de leis gera oportunidades para se roubar legalmente. Roubar legalmente significa aprovar uma lei ou regulamentação que favoreça um determinado grupo à custa de todo o resto da economia, principalmente os pagadores de impostos.

Em segundo lugar, o governo, munido do dinheiro que coleta de impostos, detém o monopólio da escolha das empresas que farão as obras públicas que o governo julga adequadas. Esse processo de escolha, que dá à empresa vencedor acesso livre ao dinheiro da população — algo que não ocorre no livre mercado — é outra forma de roubo legalizado.

Grupos de interesse — por exemplo, grandes empresas, empreiteiras ou empresários com boas ligações políticas — ansiosos por adquirir vantagens que não conseguem obter no livre mercado irão procurar determinados políticos e fazer lobby para "convencê-los" a aprovar uma determinada legislação que lhes seja benéfica, ou para pressionar que sua empresa (ou empreiteira) seja a escolhida para uma obra pública.

A legislação pode ser desde a imposição de tarifas de importação até a criação de agências reguladoras que irão cartelizar o mercado e impedir a entrada de novos concorrentes. Pode também ser uma mera emenda orçamentária que irá beneficiar alguma empreiteira que será agraciada com a concessão de alguma obra pública. Mas há um problema: se esses legisladores não cobrarem um preço pelo seu voto favorável — isto é, se o custo para se fazer lobby for zero —, então a demanda por legislações específicas será infinita. Igualmente, se os políticos no comando de estatais não cobrarem um preço das empreiteiras escolhidas para fazer as obras públicas, a demanda por obras públicas da parte das empreiteiras também será infinita.

Sendo assim, os legisladores terão de cobrar caro pelo seu voto com o intuito de estabelecer parâmetros para os espertalhões que estão brigando pelo seu voto favorável; e os políticos no comando de estatais terão de cobrar um preço alto para fraudar o processo de licitação em prol de uma determinada empreiteira.

Para ambos os casos, o preço inclui contribuições de campanha, dinheiro em contas no exterior, favores corporativos, publicidade favorável, e vários outros. Suborno e propina são apenas as formas mais cruas desse leilão.

[Nota do IMB: no atual escândalo da Petrobras, o dinheiro saía do caixa da estatal, pagava obras superfaturadas e, o que restava, voltava para o bolso dos políticos que estavam no comando da empresa na forma de propina paga por empreiteiros. O esquema foi detalhado neste artigo].

Em todos esses casos, o dinheiro público estará sendo desviado e desperdiçado, seja em obras superfaturadas, seja na criação de burocracias desnecessárias e que irão apenas encarecer os preços dos bens e serviços e reduzir sua qualidade. E quanto maior o volume de dinheiro público desviado, maior é a fatia que acaba indo parar no bolso desses próprios políticos.

O fato é que o voto destes políticos em prol da criação destas legislações anti-mercado ou destas emendas orçamentárias, bem como o fato de políticos comandarem estatais e escolherem as empreiteiras que farão suas obras, são um bem econômico para essas empresas.


O resultado final é uma corrupção endêmica que não pode ser eliminada. E ela será tanto maior quanto maior for o tamanho e o escopo do estado. Não existe algo como um governo limpo e transparente.

Senadores, deputados e burocratas reguladores — todos estão, de uma forma ou de outra, propensos a esta atitude. Mesmo um político ou burocrata que seja genuinamente honesto pode ser acusado de conivência, pois não irá denunciar seus colegas.

Roubo e corrupção perpassam o governo em todas as suas atitudes e medidas. Todas as atitudes e medidas do governo sempre envolvem mentiras, injustiças, malversações, delitos, propinas, subornos, favorecimentos, fraudes, deturpações, negociatas, emendas favoráveis e exploração. E essas são apenas as coisas publicáveis.

A corrupção, aliás, já começa pela linguagem. "Contribuições de campanha" ou "doações" são apenas um eufemismo para 'propina'. Quem dá dinheiro a políticos o faz ou porque acredita no que eles dizem defender ou porque espera influenciar seus votos legislativos. Tais pessoas sempre esperam ganhar algo que necessariamente virá à custa de outros. Políticos que recebem contribuições de campanha se tornam meros porta-vozes dos interesses de seus financiadores. O dinheiro irá ajudar o candidato a criar uma coalizão que poderá usar o poder do estado em benefício de um determinado grupo de interesse sem sofrer nenhuma resistência excessiva. Afinal, trata-se de um roubo legalizado.

A grande arte da política está em conseguir, simultaneamente, aplausos dos favorecidos e apoio dos que estão sendo roubados.

O político gerencia um esquema de extorsão semelhante ao da máfia. Seu salário é pago pelas vítimas, ou seja, pelos pagadores de impostos que não têm voz ativa. Seus "complementos salariais" — o chamado "por fora" — são pagos por grupos de interesse, o que fará com que ele espolie ainda mais os pagadores de impostos. Tudo é feito com grande astúcia, sendo a função do político convencer as vítimas de que elas não estão sendo espoliadas. Isso ele sempre consegue. O político é, acima de tudo, um falso.

Corrupção sistemática — não apenas a corrupção que envolve meios financeiros, mas também a corrupção da linguagem e das atitudes — necessariamente acompanha um governo. Qualquer governo. E a corrupção é endêmica porque a política é a arte da ladroagem.

Quando eleito, um político irá se esforçar para garantir seus interesses e os interesses de seus financiadores da melhor forma possível. Para que mais serve um governo? Governo é roubo. Governo é corrupção.



Nota do IMB: O artigo acima foi ligeiramente modificado para se adaptar à realidade brasileira, que é mais criativa que a do resto do mundo.

Hans F. Sennholz (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.

Tradução de Leandro Roque

“Foram anos de convento. Hoje carrego comigo todo o assanhamento do mundo.” (Josefina Prestes)

“Minha vida daria um livro e uns dez anos de cadeia.” (Climério, o impossível)

NÓS SOMOS UM PAÍS SÉRIO. Ai se não fosse!- Testemunha-chave relata propinas de até 10% na BR Distribuidora

Uma ex-funcionária da área financeira da Arxo Industrial do Brasil – novo alvo da Lava Jato no esquema de corrupção na Petrobras – afirmou ao Ministério Público Federal que constatou saques em espécie de até 7 milhões de reais para pagamentos suspeitos que perduraram na BR Distribuidora mesmo depois da descoberta da existência de cartel de empreiteiras e pagamentos de propinas a políticos na estatal petrolífera. A BR Distribuidora é subsidiária da Petrobras, responsável pela rede de postos de vendas de derivados.

DIÁRIO DE UM TRASTE- Ações da Petrobras despencam 6,94% e fazem Ibovespa fechar no vermelho

Escolha de Aldemir Bendine, chefe do BB, para presidir petroleira decepciona. Para mercado, é 'mais do mesmo'. Para oposição, é 'improviso'.

NÃO SE CRESCE SEM DOR

NÃO SE CRESCE SEM DOR

O tempo nos marca a ferro
E descobrimos que convicções são inegociáveis
Renego toda tutela
Antes morrer que ficar dependente
Do estado ou ser físico
Sei que nada consistente é feito sem sacrifício
A experiência ensina
Que não se faz omelete sem quebrar ovos.

“Digo aos amigos que venham me visitar. Sempre arrumo um tempo para falar mal dos outros.” (Climério)

Petrobras: escolha de Bendini foi ‘desrespeito’, diz Cunha

Mauro Cunha, um dos dois conselheiros independentes da Petrobras, acaba de dizer em nota que a escolha de Aldemir Bendini para a presidência da Petrobras foi um ‘desrespeito’ ao conselho da empresa por não ter sido discutida naquele colegiado.
Na nota, Cunha disse que não vai falar publicamente sobre o assunto porque poderia “sofrer retaliações.”
O outro conselheiro independente da Petrobras é José Monforte, que ainda não se manifestou.
Segue a íntegra da nota de Cunha:
“Assistimos hoje a mais um episódio de desrespeito ao Conselho de Administração da Petrobras.
Os conselheiros tomaram conhecimento do nome do novo Presidente da Companhia pela imprensa, antes do assunto ser discutido.
Eu gostaria de dizer em público as verdades que pus em ata, mas correria o risco de sofrer retaliações, como já sofri no passado.
O acionista controlador mais uma vez impõe sua vontade sobre os interesses da Petrobras, ignorando os apelos de investidores de longo prazo.
Como diz o Fato Relevante, a decisão foi por maioria, e não por unanimidade – de onde se pode concluir a posição desde conselheiro.
MAURO RODRIGUES DA CUNHA
Conselheiro da Petrobras
Por Geraldo Samor

O JABUTI COMEU LASANHA DE BOLINHA DE CINAMOMO- 'Mais do mesmo': indicação de Bendine para presidir Petrobras frustra mercado

Ações da estatal despencam nesta sexta-feira e analistas ouvidos pelo site de VEJA explicam o sentimento de decepção com a escolha de Dilma.

ADESIVO DO MOMENTO: "Não tenho culpa. Eu votei no Aécio."

“Os únicos sujeitos seguros no Brasil são os bandidos em prisões de segurança máxima.” (Mim)

A justiça do mercado e a ética da tribo- by andreafaggion

Já parou para pensar no quão sem sentido é a lenda-lenga de que um governo está se curvando ao "mercado"? O que se entende, afinal, por "mercado" nessa queixa? É fácil de perceber que se tem em vista umas seis corporações ou meia dúzia de especuladores bem relacionados no governo. Mas tem cabimento chamar de "mercado" um grupo de empreiteiras ou de banqueiros com amigos em cargos públicos de alto escalão, talvez, com um presidente no bolso?
Mercado é um tipo de relação. Não é uma substância ou um grupo definido de pessoas. Em épocas nem tão distantes, as sociedades eram fechadas em pequenos conjuntos de clãs ou tribos, em que os indivíduos possuíam papéis econômicos rigidamente definidos. Para os membros dessas sociedades, os estrangeiros eram verdadeiramente estranhos. Como eles se relacionavam com estranhos?
Naturalmente, os estranhos detém bens que são do meu interesse, do interesse dos meus. A forma mais natural de se entrar na posse desses bens, na sociedade tribal, era a guerra. Eu quero. Você também quer. Eu tomo à força de você. Eu tomo você mesmo à força como meu escravo, porque, afinal, mão-de-obra também é um bem. Mais do que um estranho, para a tribo, o outro é um inimigo (ao menos, em potencial).
O que muda esse cenário? A guerra, como modo de relação, foi amplamente superada pelo mercado. Com o tempo, prevaleceram os grupos humanos que descobriram que seria mais vantajoso oferecer algo em troca do bem cobiçado, em vez de pegá-lo à força. A guerra, afinal, consome recursos materiais e humanos. Por que não trocar em vez de guerrear, se eu preciso do que o membro de outra tribo tem e ele precisa do que eu tenho? Pois isso mudou tudo!
Mercado é a relação pacífica com o outro como tal, e o outro é aquele que não partilha dos meus propósitos. Esse ponto nunca poderia ser exageradamente enfatizado. O que tanto horroriza a tantos é justamente a maior virtude do mercado: o fato dele possibilitar o convívio pacífico de pessoas que não fazem causa comum. O mercado é, por natureza, o espaço de convívio da diferença, uma diferença que não precisa, em absoluto, ser suprimida. Negócios fazem a paz sem consenso.
A paz do mercado está ancorada em regras de justiça que estão para além da ética privada de qualquer tribo. Há regras que possibilitam que dois estranhos façam negócio. O mercado só pode surgir em uma sociedade aberta, onde estranhos têm meios para diferenciar o meu e o teu, onde estranhos têm expectativas bem sucedidas de comportamento uns com relação aos outros. É nesse sentido que regras de justiça que definem o meu e o teu, que determinam as trocas voluntárias não podem ser posteriores a nenhuma sociedade aberta. Sem tais regras, não haveria nada além de diversas tribos em guerra (declarada ou potencial).
As regras de justiça nasceram junto com a primeira troca voluntária, junto com o mercado. Assim como o imperativo categórico de Kant foi descoberto nos juízos morais, não foi ensinado pelo sábio filósofo à humanidade, também as regras da propriedade e do contrato, que são independentes da ética e de propósitos particulares, têm de ser descobertas, e não inventadas ou ensinadas. Nenhum filósofo, do alto de seu gabinete público, vai ensinar aos homens como fazer mercado. O filósofo deve ter a humildade de descobrir como o mercado é possível, quais são suas regras.
Aqueles que não se conformam com o fato do convívio humano ser possível sem propósitos ou projetos comuns, naturalmente, também não se conformam com a limitação da coerção às regras de justiça do mercado. No fim das contas, quando liberais defendem um Estado mínimo, o que todos devem querer dizer é que, para haver mercado, isto é, sociedade entre estranhos, é preciso que o uso da força seja limitado à aplicação das regras da propriedade privada e do contrato voluntário. Não há mais mercado, isto é, nenhum convívio de diferentes, quando eu sou forçada a servir os seus propósitos, perseguir os seus fins. O que há, nesse caso, é apenas a antiga submissão de uma tribo à outra. Eu sou sua escrava!
A beleza não-apreciada do mercado é o fato dele deixar você ser quem é, ter sua própria tribo, seus próprios propósitos, e ainda conviver pacificamente comigo. Quando a ética da minha tribo, meus propósitos são alçados à condição de lei, ou você está comigo ou contra mim. Se você não buscar o mesmo que eu busco - não me der parte do seu dinheiro para construirmos este hospital - eu te coloco na cadeia. Você se torna um inimigo público, quer dizer, você é um párea na minha tribo, porque não aceitou a imposição de se juntar a ela. Pois o mercado não tem páreas. Ele funciona com cada um mantendo seus próprios propósitos, que bem podem ser altruístas.
Eu quero construir um hospital de caridade. Para isso, eu preciso levantar recursos. Se João não quer contribuir com o meu hospital, eu posso vender meus serviços para João e usar o pagamento para realizar meu fim, que continua não sendo o de João. Se não é o bastante, eu me uno a um José, que vendeu serviços para Carlos (outro que não dá a mínima para o meu hospital), e quer dar o mesmo destino ao seu pagamento. Agora, não é mais o meu hospital. É o nosso hospital: do José, meu e de quem mais queira fazer causa comum conosco. No mercado, nós podemos conseguir dinheiro de gente que não persegue o propósito do hospital, sem que tenhamos que guerrear com eles.
Assim, antes algum governante estivesse mesmo interessado em servir ao mercado. Antes todo governo se ajoelhasse aos pés do mercado, essa instituição promotora de civilização, de paz. Mas não, nossos governantes se ajoelham aos pés de meia dúzia de empresários, que odeiam o mercado e, por isso mesmo, dão esse nome ao seu conluio, para que você o odeie também. Tem dado certo!

"São tantos bandidos neste amado Brasil que já tem gente pegando senha e ficando na fila para ser assaltado." (Mim)

Bolsa Família, Pão & Circo

Por Ivan Dauchas, publicado no Instituto Liberal
Segundo o economista inglês Thomas Malthus (1766-1834), a pobreza e o sofrimento humano eram o destino inevitável da maioria das pessoas e qualquer tentativa de reduzir esses males tornaria a situação ainda pior. Por isso, Malthus reprovava qualquer política redistributiva que tivesse por objetivo melhorar as condições de vida dos mais pobres.
No começo do século XIX, vários economistas (inclusive Malthus) tinham uma visão sombria concernente ao futuro do capitalismo. Para nossa sorte, esses economistas estavam errados. Com o passar do tempo, essa nuvem negra foi se dissipando e o capitalismo mostrou-se um sistema altamente eficiente no sentido de gerar riqueza para todos, inclusive para os mais pobres.
Acho que todos concordamos que a pobreza excessiva é um problema social. Vejam bem, eu não estou me referindo aqui à justiça distributiva, que é um assunto bem mais complexo. A pobreza excessiva está altamente correlacionada a uma série de mazelas sociais, tais como: violência, uso de drogas, criminalidade, gravidez na adolescência, crianças abandonadas etc. Se tudo isso não bastasse, pessoas pobres, com baixa instrução, são mais facilmente manipuláveis e tendem a escolher mal seus representantes políticos.
Por conta disso, a parcela esclarecida da população normalmente apóia políticas que tenham por objetivo reduzir a pobreza. A questão fundamental aqui é: qual o instrumento mais eficiente para atingir esse objetivo? Muitos vão responder que é o acesso universal à educação de boa qualidade. Concordo plenamente. Porém, há um detalhe importante. A educação consiste em uma estratégia de longo prazo. E no curto prazo, o que pode ser feito? O que fazer com os que passam fome? Livros saciam apenas nosso apetite intelectual.
Dentro desse contexto, surgiram as chamadas políticas de complementação de renda. Convém ressaltar que a matriz teórica dessas políticas está assentada nas idéias de Milton Friedman (1912-2006), um dos maiores defensores do liberalismo no século XX. Em seu famoso livro Capitalismo e Liberdade, ele sugere a criação de um imposto de renda negativo. A ideia é muito simples. Quanto mais rico for um indivíduo, maior a alíquota do imposto de renda. Já os pobres, em vez de pagarem, recebem uma ajuda em dinheiro. Quanto mais pobre, maior a ajuda.
Como liberal, Friedman nunca foi um ardoroso defensor de políticas de redistribuição de renda. Seu argumento, porém, é de fácil compreensão. Caso o governo resolva implementar uma política de combate à pobreza, que essa política seja na forma de uma ajuda em espécie e não em qualquer outro tipo de bem. Por uma razão muito simples: o indivíduo beneficiado sabe melhor que o governo quais são as suas principais necessidades. Somente a ajuda em dinheiro respeita o direito de escolha do consumidor. Por exemplo, para uma pessoa faminta e sem dentes, uma dentadura, em determinadas situações, pode ser mais necessária até mesmo que o próprio alimento.
Na década de 1990, quando as primeiras políticas de complementação de renda começaram a ser implementadas no Brasil, vários segmentos da sociedade, inclusive muitos economistas liberais, aprovaram a iniciativa com exaltação. Além de respeitar a soberania do consumidor (ajuda em espécie), essa política era considerada mais eficiente que as tradicionais porque estava focada nos mais pobres. Um programa universal – como subsídio à produção de alimentos, por exemplo – favorece tanto os ricos como os pobres. Como não é focado, há um desperdício de recursos públicos e uma perda de eficiência.
Programas sociais de caráter universal podem se transformar em mecanismos brutais de concentração de renda. O melhor exemplo desse caso no Brasil são as universidades públicas. Todos sabemos que os alunos dos cursos mais concorridos dessas universidades são oriundos de famílias de classe alta ou média-alta. Ou seja, estudantes de famílias de alto poder aquisitivo têm seus estudos integralmente bancados pelos contribuintes. Por outro lado, estudantes universitários de famílias pobres têm de ralar duro para pagar seus estudos com o dinheiro do próprio bolso. Muito justo isso, concordam?
Durante o governo Lula, os vários programas federais existentes destinados a complementar renda (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás etc.) foram unificados em um só programa, batizado de Bolsa Família. Com o passar do tempo, o Bolsa Família foi mostrando certas fragilidades, que mais para frente se transformaram em verdadeiras aberrações. Nem em seus piores pesadelos Friedman poderia imaginar no que se transformaria sua criatura. Os beneficiários, em vez de ver o programa como um mecanismo de curto prazo que resgataria pessoas da miséria, passaram a entender que aquele dinheirinho mensal se tratava de um acréscimo definitivo em suas respectivas rendas. Em outras palavras, o programa tinha uma porta de entrada, mas não tinha (e continua não tendo) uma porta de saída.
Pior que isso foi uso eleitoral do programa. Durante a campanha para Presidência da República, a candidata Dilma Rousseff deitou e rolou ao falar sobre as grandes conquistas sociais de seu governo e de seu reverenciado grão-mestre. Disse que mais de 50 milhões de brasileiros são beneficiados com o Bolsa Família. Ou seja, aproximadamente um quarto de toda a população brasileira. Disse também que pretende ampliar o programa ainda mais e deixou a entender que os outros candidatos acabariam com o programa. Os beneficiários, logicamente, entraram em polvorosa e votaram massivamente na candidata do governo. Nesse circo de horrores, é evidente que o Bolsa Família foi um fator determinante para a vitória de Dilma.
Não é preciso ser doutor em economia para perceber que há algo de errado em um programa social que atende um quarto da população do país e continua sendo ampliado. Dilma e o PT não têm porque se orgulhar desses números. O ideal seria se o nosso país estivesse crescendo, gerando empregos e cada vez menos pessoas dependessem de políticas assistencialistas. Mas, em vez de crescimento, o PT, com sua “nova matriz econômica”, nos presenteou com estagnação da economia, crescimento da dívida pública e inflação. Além disso, o PT conseguiu criar um imbróglio demagógico de difícil solução. Ou melhor, dificílima solução. Aos pessimistas, porém, uma mensagem. Relaxem, não se desesperem, já temos pão, já temos circo. O melhor é curtir a festa.

“Bons são os outros. Eu sou apenas mais ou menos.” (Mim)

Tese do “clube do cartel” perde força


Tese do “clube do cartel” perde força

O PT tentou se defender do “petrolão” fazendo o que sempre fez: bancando a vítima. Os diretores da Petrobras, indicados pelo partido, seriam pobres coitados corrompidos por um “clube do cartel”, formado por empreiteiras malvadas e gananciosas que apareciam com malas irresistíveis de dinheiro.
No Brasil, país cuja mentalidade predominante costuma associar automaticamente lucro ao crime, a tese quase pegou. Até porque, convenhamos, as empreiteiras não são santas. O desejo de condenar ricos empresários e aliviar políticos é forte, e os executivos das empreiteiras que foram parar atrás das grades.
Ocorre que os empreiteiros ficaram com medo de pagarem o pato sozinhos, pois tinham fresco na memória o resultado do mensalão, com publicitário e banqueira ainda presos, e políticos do PT em casa. Começaram, então, a fazer denúncias que apontavam para algo bem diferente, e muito mais provável: era o PT que havia montado uma quadrilha na estatal e o esquema de propina era a única forma de fazer negócios com a empresa gigante.
A tese, bem mais factível, ganhou bastante força agora, na nova fase da Operação Lava-Jato, que mostra que o propinoduto tinha alcance internacional, que os tentáculos corruptos do PT atravessavam fronteiras e chegavam até a Ásia:
A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro, que leva o nome de My Way, revela um detalhado esquema de pagamento de propina de duas multinacionais da indústria naval, Keppel Fels e Jurong, para diretores da Petrobras e para o PT, por intermédio de seu tesoureiro João Vaccari Neto.
As duas multinacionais também pagaram propina a diretores da Sete Brasil, a empresa de afretamento de sondas do pré-sal, as chamadas plataformas FPSO (sigla para o termo em inglês floating production storage and offloading), nome técnico das sondas flutuantes que perfuram, armazenam e descarregam o petróleo retirado em alto mar. Segundo o documento de delação premiada do ex-diretor da Sete Brasil Pedro Barusco, Vaccari abocanhava em nome do PT dois terços da dinheiro pago por cada um dos estaleiros para levar o contrato de construção das sondas. A “comissão” equivalia a 1% sobre cada contrato firmado com a Petrobras e a Sete — porcentual que, por vezes, recuava para 0,9%, para que o montante total do contrato, inflado pelo dinheiro sujo, não “destoasse” dos preços internacionais.
A cada dia que passa a situação do PT fica mais complicada. A de seu tesoureiro, então, já está completamente insustentável. O ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, afirmou à Justiça, em acordo de delação premiada, que João Vaccari Neto recebeu de 150 milhões a 200 milhões de dólares em propina de 2003 a 2013, por meio de desvios e fraudes em contratos com a Petrobras. 
O PT é guloso. Muito guloso. Faz o “diabo” pelo poder. Mas só mesmo acreditando numa infindável estupidez do povo brasileiro o partido poderia tentar vender uma versão de que os diretores da estatal foram corrompidos por empresas malvadas. Pelo visto, esse “clube do cartel” é mesmo enorme e poderoso, e controla empresas até em Cingapura…
Rodrigo Constantino

“Sempre amei minhas sogras. A gente nunca sabe como será o amanhã.” (Mim)

LEANDRO NARLOCH- Em busca do novo presidente da Petrobras

– Landim, ô Landim, tudo bem? Aqui é Dilma.
– Dilma?
– Landim, estamos com uma situação no que se refere à formação de equipe para aquela questão da Petrobras. A gente pensou, ou seja, especificamente eu, que sou a presidenta, pensei, a nível de que agora a Graça Foster vai embora, que você poderia assumir… Landim? Landim? Poxa, desligou.

– Companheiro Meirelles, como está você, meu caro?
– Esquece, Lula. Se recusei o Ministério da Fazenda é evidente que vou recusar a Petrobras.

– Valdinete, largue essas panelas e venha cá, por favor.
– Diga, doutor Lula.
– Valdinete, os companheiros se reuniram e tomaram uma decisão sobre a sua atuação no partido. Nunca antes na história desse país uma empregada doméstica assumirá um cargo tão importante – a presidência da Petrobras! Você vai ganhar um pouco mais – e vai sair do ABC pra morar lá no Rio de Janeiro. Num apartamento com mais de 100 metros quadrados, Valdinete! Fica tranquila que os companheiros escolhem os diretores e cuidam de tudo. Você só vai precisar assinar uns papéis, tá certo? Companheira? Tá chorando por quê, companheira? Não sobe aí na varanda que é perigoso. Não se joga, Valdinete! Calma, a gente não fala mais disso, venha cá. Marisa! Marisa, traz aquela cachacinha de maracujá pra Valdinete. Marisa, falando nisso, os companheiros se reuniram e tomaram uma decisão sobre a sua atuação no partido…

– Alô, dona presidenta? Quem fala aqui é o Palhaço Bozo. O colega Mercadante mandou eu falar com a senhora sobre aquela vaga na Petrobras.
– Opa! Está interessado?
– Olha, até que estou, dona presidenta. Faz tempo que quero me recolocar profissionalmente. Hoje em dia só se fala em Patati Patatá. As crianças me veem na rua e gritam “olha o Patati Patatá”! Porra, não aguento mais.
– Entendo…
– E quero muito voltar pra TV, dona Dilma. Nessa vaga eu vou aparecer na TV?
– Ô se vai!
– Vou poder contar piada?
– Claro, Bozo! Se o objetivo é contar piada, não tem melhor lugar no mundo pra você trabalhar. 
@lnarloch

“Jesus irá voltar ao planeta, mas não ao Brasil. Tem medo de assalto e bala perdida.” (Deus)

Reynaldo-BH: Graça Foster transformou a obediência cega em dever

REYNALDO ROCHA
Não é somente um modo de ser. A covarde instrumentalização de alguém que lhe sirva de anteparo para os tomates podres que merece receber quando em público faz parte das lições de Lula e do manual do PT. Graça, a Graciosa das estrelas tatuadas no braço, a que tem a pele marcada pela fidelidade, foi usada até virar bagaço e jogada no lixo, Como o Dirceu de Lula, a Graça de Dilma fez por merecer. Cada ser pensante sabe a quem deve fidelidade.
De nada adianta o currículo da estagiária que chegou à presidência da maior empresa do Brasil. O que restou foi a defesa cínica, ousada, cega e obtusa da dona da coleira. A mentira reiterada no Congresso. O roubo permitido, a cumplicidade. A incompetência demonstrada no navio que comandou sem saber direito o que é um timão. A humilhação consentida, homenagem às estrelas tatuadas.
Graça morreu para o mercado e para a história. No Brasil, é comum perdoar os mortos. Graça não será perdoada. Presidiu a destruição de uma empresa sólida, errou além da conta, foi conivente com a ladroagem, mentiu para proteger-se e proteger quem a tinha como animal de estimação e nunca teve noção do ridículo que acrescentava à própria biografia. Foi escolhida por ser amiga da feitora cujos berros e ofensas sempre aceitou.
Não vejo em Graça Foster nenhum valor que possa ser ressaltado. Eu a enxergo como é: uma “graça” de pessoa que soube fazer da obediência cega um dever. Ou um ganho. A história dirá. Que venha qualquer um para substituí-la. Ainda que seja outro ladrão, não tatuará no corpo o simbolo do PT. Não exibirá na pele a marca do dono.

“Quem ensinou para este Edir mentir tão descaradamente? Foste tu Pedro? Talvez Paulo?” (Deus)

“Pedro, perto deste tal de Edir eu sou um mendigo. Sinto inveja.” (Deus)

“A meta dos comunistas é deixar o povo todo na merda. E os seus dirigentes bem longe dela.” (Eriatlov)

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