sábado, 15 de outubro de 2016

O triunfo do showbiz sobre o argumento Por Rodrigo Constantino

Não é fácil resistir à tentação dos aplausos. Mais difícil ainda é resistir ao som do tilintar das moedas caindo em sua conta bancária. E por conta dessa fraqueza humana, demasiada humana, a era das redes sociais e da democracia de massas fez com que muitos sacrificassem a qualidade no altar da quantidade. A mídia, os políticos, os blogueiros: estão todos em busca de audiência, de votos, de recursos, e isso tem transformado cada vez mais a política em um showbiz, em puro entretenimento.
Isso tem ocorrido especialmente nos Estados Unidos, onde uma figura do mundo do entretenimento desbancou inúmeros outros candidatos de ótimo nível no Partido Republicano e tem chances, ainda que reduzidas, de ser o próximo presidente. Não quer dizer que Donald Trump seria pior do que Hillary Clinton, e sim que sua chegada comprova a tese de que a política não é mais feita na base dos argumentos, e sim do espetáculo.
É o que sustenta Douglas Murray em artigo publicado na The Spectator, em que tenta fazer um alerta aos seus concidadãos britânicos para que consigam impedir o mesmo destino. Não quer dizer que antes havia ótimo nível nos debates, e sim que há uma clara deterioração, que pode ser percebida nos “debates” das redes sociais também. O mundo da política tem flertado mais com o mundo do showbiz, e era inevitável que isso degradasse a qualidade dos debates. Há um claro trade-off entre qualidade e quantidade, e a busca do aplauso ou do voto do menor denominador comum será sinônimo de mediocridade, na melhor das hipóteses. Esse baixo nível é inegável, e Murray arrisca o motivo:
“Se há uma causa central, é o triunfo do entretenimento sobre a política. Uma antiga tentação americana, nesta temporada ela finalmente ganhou por completo. Em parte porque cada um estava se divertido tanto que não conseguiu perceber que a nação estava perdendo.”
Como negar que seja divertido atacar os adversários políticos nas redes sociais? Como negar que seja hilário ver Trump detonando Hillary com tiradas ácidas? E se acadêmicos respeitados como Dinesh D’Souza não conseguem evitar as baixarias em seus debates, como cobrar isso das pessoas comuns, dos leigos, daqueles que simplesmente trocaram o futebol pela política como foco de diversão?
Luz, câmera e ação! O show começa, e o show sempre precisa continuar. Mas tratar a política como se fosse um espetáculo da Brodway é perigoso, e pode representar a morte definitiva da política como uma atividade nobre. Sei que ela não é tão nobre assim como gostaríamos. Sei que há jogo sujo, demagogia, populismo, desde tempos imemoriais. Mas isso não quer dizer que o que já era ruim não possa piorar. Murray diz:
“Embora os meios de comunicação americanos finjam que abominam a política agora em exposição, eles são sua progenitora. Em uma competição por telespectadores e leitores, eles passaram anos transformando o debate político em disputas acirradas por audiência. Fortunas foram feitas ao longo do caminho. Mas eles transformaram os Estados Unidos em um país onde a política se tornou showbusiness para pessoas desagradáveis.”
A esquerda, naturalmente, vai culpar a direita, mas ambos teriam parcela de culpa, segundo o autor. Até porque a esquerda sempre demonizou os adversários republicanos com rótulos exagerados, retratando-os como monstros, como vilões de filmes. E quando efetivamente surge um candidato inapto, detestável, indecente, as acusações não surtem tanto efeito, são diluídas pelos ataques exagerados de antes.
Se todo republicano não presta, é essencialmente ruim, depravado, maligno, então qual a diferença entre Reagan e Trump? O que dizem deste agora não é o que diziam do outro no passado? Como na história de Joãozinho, se você mente repetidas vezes que há um leão em seu quintal, no dia em que aparecer mesmo o bicho ninguém vai acreditar.
É possível reverter o quadro, resgatar alguma nobreza nos debates políticos, focar mais nos argumentos do que nos rótulos? Difícil dizer. Num mundo dominado pelas Kardashians e demais “celebridades”, onde tudo parece entretenimento, não parece trivial manter a política fora dessa tendência. Murray conclui:
“Onde antes um prêmio era colocado sobre a qualidade de um argumento, hoje as coisas estão cada vez mais reduzidas apenas a uma questão de quem está dizendo isso. Não há hábito mais claramente derivado da época em que vivemos do que a presunção de que sustentar sua narrativa, em vez de suas ideias, é da maior importância. Esse também é um hábito derivado do showbiz, onde infinitas quantidades de tempo são gastas se analisando acidentes de nascimento e sentimentos sem importância, enquanto que na vida real ninguém tem tempo para tal absurdo.”
Nós, do Instituto Liberal, faremos de tudo para remar contra essa maré. Sim, claro que nos importamos com nossa audiência, se a mensagem liberal que defendemos e na qual acreditamos está chegando em mais gente ou não, se estamos tendo sucesso na disseminação de nossos valores e ideais. Mas não pretendemos fazer isso ao sacrifício da qualidade, sem o esforço de elevar o nível do debate, buscando sempre focar nos argumentos.
Adaptar-se às mudanças estruturais é preciso. Mas resistir a certos modismos também. As redes sociais representam um instrumento fenomenal para os liberais, que não possuem muito espaço na grande imprensa. Mas saibamos utilizá-lo com cautela, e acima de tudo respeitando os leitores, os melhoresleitores. Não vamos nivelar por baixo.
É natural que nos excedamos eventualmente, e estaremos atentos a esse risco para mitigá-lo. Mas a mensagem precisa ficar clara: não estamos aqui para oferecer ao grande público entretenimento, diversão, e sim para divulgar os princípios que julgamos cruciais para um mundo mais próspero, mais justo e, last but not least, mais livre!

O socialismo e o amor ao pobre Por João Cesar de Melo

A burguesia socialista não ama o pobre. A burguesia socialista ama a pobreza do indivíduo. Deseja e cobra que o Estado e que a sociedade ofereçam dignidade ao pobre, porém, não aceita que o indivíduo se liberte da pobreza e se torne independente; repudia a possibilidade do pobre se tornar um agente capitalista e acabar se tornando seu vizinho. Em sua perversão ideológica, ignora que o desejo do pobre é fazer parte do sistema capitalista, ser patrão, ficar rico para poder comprar o que quiser e na quantidade que desejar, viver num bairro nobre e fazer compras em Miami.
O burguês socialista adora viajar para as praias nordestinas onde a cerveja, a comida, a maconha e a pousadinha na praia são quase de graça. Ele pode pagar muito mais por tudo o que consome no paraíso, mas faz questão de pagar pouco. De vez em quando até dá uma gorjeta, mas sempre em tom de esmola.
O burguês socialista ama o povão, mas fica feliz mesmo é com uma praia deserta, só para ele.
O burguês socialista passa uma ou duas semanas em alguma vila miseravelmente paradisíaca tecendo longas poesias sobre a pobreza ao redor. “Quanta dignidade!”, não cansam de exclamar. Sim… todos eles querem que aquele bichinho (o pobre) tenha um pouco mais de conforto – um banheiro melhor, um posto de saúde melhor, uma escola melhor… – mas nada além disso. Asfaltamento da estrada que leva ao paraíso? Nunca! A construção de uma fábrica? Jamaix! O burguês socialista não admite que nada ameace acabar com pobreza daqueles que lhe servem tão bem, por tão pouco. Não quer saber das dificuldades dos dias de chuva, quando estradas de terra são interditadas. Não quer saber da falta de opções de trabalho. Não quer saber da baixa renda da população. O burguês socialista quer ter a certeza de que todos os anos encontrará aquela vila de pescadores do mesmo jeito, com sua economia resumida à meia dúzia de quitandas, pousadas e botecos, com a metade da população sobrevivendo à custa do governo e com a outra metade trabalhando duro para oferecer peixe fresco e barato para os turistas.
O burguês socialista se posiciona contra a construção de resorts simplesmente porque cada resort remete à sua própria vida burguesa, burguesíssima! O quarto do hotel é igual ao seu quarto!
Auge de uma aventura entre os pobres: ser convidado por uma Dona Maria qualquer a tomar um cafezinho em seu barraco, comendo aquela broa de milho que ele nunca compraria se fosse vendida na padaria da rua onde mora.
Apesar de gostarem mesmo é de gastar dinheiro na Europa esnobe e liberal, o burguês socialista também vai, de vez em quando, a paraísos de pobreza mais distantes como Bolívia e Índia, onde repetem os mesmos suspiros de prazer diante da pobreza dos outros. Assim como muitos muçulmanos sentem-se obrigados a ir a Meca pelo menos uma vez na vida, alguns representantes da esquerda caviar vão à Cuba sentir os ares socialistas, mas sempre voltam rapidinho para o conforto capitalista.
De volta a sua cidade, o burguês socialista junta os amigos num bar bacana para esnobar o quanto “se deu bem” nas férias. Saboreando maravilhosas cervejas importadas, relembra das cervejas vagabundas que tomou junto com pobres num boteco. Para comprovar, tira seu Iphone do bolso e mostra as fotos: o lugar lindo, as coisas baratas e as pessoas… Pessoas humildes! O burguês socialista ama a humildade alheia.
O burguês socialista também ama a cultura popular, desde que seus artistas não se libertem da pobreza. Sua perversão ideológica cobra que o artista popular passe a vida na favela, morando no mesmo barraco, vestindo as mesmas roupas, pegando os mesmos ônibus lotados. O burguês socialista ama o samba e odeia pagode. O burguês socialista respeita o gosto do povo, menos seu interesse por novela, por programa de auditório, por programa de fofoca e de comédia da… Rede Globo, claro. “Artista vendido”, é como se refere a todos os artistas que permitem a divulgação de seus trabalhos em programas de televisão. As exceções: artistas que, mesmo sob os confortos e sob as mídias capitalistas, adotam discursos socialistas e que manifestam apoio a partidos de esquerda.
O burguês socialista também apoia os movimentos de afirmação afrodescendente. Ele até transa com uma ou outra neguinha de vez em quando, mas por puro fetiche. Sua masturbação cotidiana é pelas eslavas dos sites pornôs americanos; e só se junta com branquinhas, tão burguesas quanto, claro – ou alguém já viu algum burguês socialista se casando com favelada e indo morar na favela?
A burguesia socialista carioca é a que, de longe, melhor representa esse “amor” ao pobre. Nascidos e criados ao nível do mar da zona sul do Rio de Janeiro, enxergam as favelas penduradas nos morros ao redor como zoológicos. Cobram respeito ao favelado assim como cobramos respeito aos animais. Cobram melhoria de vida para os favelados, assim como cobramos melhores condições de cativeiro para os macacos. Agora, que algumas comunidades têm seus imóveis valorizados por causa da implantação das UPPs, a burguesia socialista carioca está preocupadíssima diante da possibilidade da… “burguesiação” do morro! Vejam que absurdo: Empresários capitalistas estão seduzindo os humildes moradores das favelas a venderem seus imóveis para transformá-los em pousadas para os gringos! “Não pode!”. Gritam. Aquela favela tem que ser preservada em toda sua pobreza. Seus moradores não podem vender seus imóveis para tentarem a vida noutro lugar. A cerveja, a maconha e a cocaína vão disparar de preço! A roda de samba, antes apreciada apenas por moradores e pela burguesia socialista, passará a contar com a presença de alemães, suecos, franceses e até de americanos! As pousadas e os bares que os gringos pretendem montar acabarão se parecendo, vejam só… com qualquer apartamento ou bar da zona sul do Rio! Que absurdo!
A cretinice ganha novos desenhos quando alguns urbanistas cobram políticas públicas que preservem as favelas como favelas, a despeito do que viram na faculdade: que as cidades são organismos mutáveis, que se constroem e se reconstroem sobre suas próprias histórias – ou alguém acha que Paris surgiu linda e chique do dia para a noite, após um estalar de dedos de um Deus bom vivant?
A verdade: Enquanto a burguesia capitalista deseja que o indivíduo saia da pobreza para poder consumir seus produtos e serviços, a burguesia socialista deseja que o indivíduo permaneça pobre por toda a vida, assim lhe servindo como a principal inspiração para suas masturbações filosóficas.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- FINALMENTE UM JUIZ COM BOM SENSO

Conversando há pouco com amigos franceses, eles ficaram chocados com uma instituição nossa, o voto obrigatório. Não conseguiam entender como, em uma democracia, alguém pode ser obrigado a votar. O olhar do estrangeiro sempre nos esclarece sobre as mazelas nacionais.

Leio no Estadão que o juiz Wagner Guerreiro, da 276ª Zona Eleitoral, em Uberaba, decidiu isentar de multa os eleitores faltosos nas eleições deste ano. Em sua decisão, o juiz citou os escândalos do mensalão e dos sanguessugas, além do dossiê Vedoin, alegando que os episódios ajudaram a aumentar a abstenção. Segundo ele, a regra constitucional que obriga o voto confronta os ideais de liberdade, de manifestação de pensamento e de crença, entre outros. O magistrado alega que não está convencido da necessidade de punir os faltosos.

Mas lucidez e bom senso têm vida curta no Brasil. O Ministério Público Eleitoral já entrou com recurso. E certamente os tribunais superiores anularão a decisão de Wagner Guerreiro.

quarta-feira, novembro 29, 2006

THE URTICÁRIA POST- Papa canonizará neste domingo o primeiro santo argentino

Ainda bem que não é o Maradona. Imagine se fosse!

“A história do mundo está repleta de cavalgaduras que foram populares. O Brasil contemporâneo está a contribuir com mais algumas.” (Limão)

“Pelo que vejo o meu lugar no mundo é na privada.” (Limão)

“Alguns dizem que não tenho humor. Errado. Eu não tenho é o bom, já o mau-humor me sobra.” (Limão)

“Não tenho mais vitalidade, mas continuo o mesmo sem-vergonha de sempre.” (Nono Ambrósio)

“Minha cabeça até que está bem boazinha. Mas o corpo já era.” (Nono Ambrósio)

"Tomar pílulas para eu é como respirar. Se parar, Jesus me chama." (Nono Ambrósio)

“Quando o sexo era pecado a tentação era maior. Rezei e penitenciei mais que qualquer freira enclausurada.” (Pócrates)

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- PARA ONDE?

Uma obscura aposentada do Rio de Janeiro, Maria Dora dos Santos Arbex, de 67 anos, tomou as manchetes dos jornais nas últimas semanas. Ela baleou com uma arma sem registro um mendigo que tentou assaltá-la. A história se repete. Nos anos 80, uma velhinha teve sua casa invadida por um assaltante, em alguma cidade do oeste paulista. Tinha um revólver e defendeu-se. Já não lembro se matou ou apenas feriu o bandido. Na época, portar arma era crime apenas contravenção penal. Mesmo assim, aguerridos militantes dos tais de Direitos Humanos protestaram contra a senhora e conseguiram desarmá-la.

Já não lembro o que foi feito da vovó paulista. Tenho acompanhado a saga da vovó carioca, que agora arrisca a ir para a cadeia, pelo crime inominável de ter-se defendido. Ou seja, nos dias que correm, aquela bela doutrina da legítima defesa passa a ser letra morta. O bandido sempre andará armado, isto faz parte de seu ofício. Quanto à vítima, se estiver armada, incorre em pena de um a três anos de prisão, mais multa.

Talvez a vovó hedionda só esteja em liberdade em virtude do absurdo flagrante que constituiria sua prisão. Para homenageá-la, a Câmara Municipal carioca concedeu-lhe a medalha Pedro Ernesto, a mais alta condecoração do Rio. Na ocasião, a senhora Arbex pediu leis que proíbam moradores de rua de terem filhos e até que fossem jogados em alto-mar. Conclamou ainda as mulheres cariocas a um mutirão para tirar mendigos das ruas. "Não quer ficar em albergue, fica no meio do mar. Bota num navio e descarrega longe". 

A senhora Arbex é uma pessoa rara em nossos dias. Não tem papas na língua e ainda não se deixou contaminar por esse pensamento muito católico que concede a mendigos o direito de morar nas ruas. Só não estou de acordo com sua proposta de jogá-los no mar. Me parece ser mais factível nos jogarmos no mar e deixar os mendigos em terra. Pegar um transatlântico e fugir deste insensato mundo, onde uma pessoa arrisca ir para a cadeia por ter exercido o direito de legítima defesa.

Há um projeto japonês de uma ilha flutuante, com capacidade para 40 mil habitantes. É o número de cidadãos que Platão considerava ideal para sua República. Por enquanto é sonho, ma chi lo sa? Não sei se terei a aventura de nela habitar, mas bem que me agradaria ficar navegando por mares desconhecidos o resto de meus dias. Uma vez por mês, teríamos reunião de condomínio e decidiríamos, em assembléia, para que nortes rumar. A idéia da vovó revelou falta de visão.

Se bem que em nossos dias até os mares estão poluídos por mendigos. No Mediterrâneo, por exemplo, minha nau e refúgio arriscaria abalroar uma precária patera abarrotada de famintos africanos. No Adriático, poderia ter de resgatar famintos romenos ou albaneses. Isto me lembra um antigo filme, cujo título já não recordo. Alienígenas invadem a terra e começam a tomar o corpo dos terráqueos. O herói se insurge contra a invasão mas não consegue contê-la. Quando o planeta está totalmente dominado, ele diz à sua companheira: "Vamos fugir para algum lugar onde eles não tenham chegado".

Ela, já com a voz rouca dos contaminados, pergunta: "Para onde?"

sexta-feira, outubro 27, 2006

“Sou muito distraído. Certa dia andei manco o dia todo. Pensei que era gota, mas na verdade tinha perdido o salto de um dos sapatos.” (Climério)

Deus e os bolivarianos

“Pedro, vamos morar na Noruega. Aqui na América com esses bolivarianos no poder aumentaram demais os pedidos de ajuda. Nem o meu saco aguenta!” (Deus)

“Já houve o tempo das diligências. Agora vivemos o tempo das indigências.” (Filosofeno)

Impostos

“Cobram impostos sobre eletricidade como se fosse um supérfluo. Que o rabo dos burocratas queime como velas!” (Mim)

“Quem usa energia tem medo da conta.” (Mim)

“Fantasmas não me assustam. Meu bicho-papão é a conta de energia elétrica.” (Mim)

BEN E O CAVALO DE SÃO JORGE

Ben era um produtor rural que plantava tomates. Não contente em plantar tomates desmontou uma velha bicicleta, comprou fios e pilhas novas, construiu um nave espacial e foi à Lua para entrevistar o cavalo de São Jorge que segundo diziam falava doze idiomas e rezava o pai nosso em oitenta e duas línguas. Na lua não encontrou o cavalo e nem sinal de São Jorge, na verdade não viu e nem conversou com ninguém, uma solidão que só. Decepcionado voltou à terra, voltou a plantar tomates e se tornou um cético até o fim dos seus dias.

“Sempre fui pobre e sempre detestei o PT. Tenho ojeriza de enganadores.” (Pócrates)

“Quando menino li muitos livros do comunista Frei Betto, com loas à Fidel. Perda de tempo. Deveria ter lido Bocage.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

“A inveja aos vencedores e a frustração dos derrotados na vida é o combustível da esquerda.” (Eriatlov)

“Sou bronco. Tenho mais medo de vasectomia que de viajar de avião.” (Climério)

“Sou uma mulher muito ligada à religião. Tanto sou que já trancei pernas com padres, pastores e freiras.” (Josefina Prestes)

“Se perder uns quilos fosse tão prazeroso quanto ganhá-los com certeza eu seria um esqueleto.” (Fofucho)

“Se eu fosse um bebê queria ser embalado pela Margareth Thatcher e não pelo Che Guevara.” (Mim)

Imagine

“Deus é brasileiro e estamos nessa merda? Imagine então se o diabo fosse brasileiro também!” (Mim)

E realmente aconteceu

De um chupim petista para outro: “Este povo todo nas ruas ainda vai fazer a gente ter de trabalhar.”

“A vida é um constante aprendizado. Foi no convento que conheci o esfrega-coxa.” (Josefina Prestes, ex-freira)

“Se o dinheiro não traz felicidade à falta dele traz?” (Climério)

UM PAÍS AFUNDADO EM DÍVIDAS

Editorial Estadão

Com o governo atolado em dívidas e sem perspectiva de arrumar suas finanças a curto prazo, as empresas brasileiras mais endividadas terão de buscar no mercado a solução para seus problemas. As condições internacionais ainda são benignas, mas poderão piorar quando os juros subirem de novo nos Estados Unidos. Quando isso ocorrer, muito dinheiro hoje disponível para os emergentes será provavelmente desviado para aplicação em ativos americanos. Riscos financeiros são hoje elevados em todo o mundo e a situação de alguns grandes bancos europeus preocupa os mercados. Mas governos do mundo rico e de alguns países emergentes têm algum espaço para socorrer companhias endividadas e facilitar o ajuste do sistema bancário. 

No Brasil, o setor público terá de se empenhar prioritariamente, por muitos anos, em melhorar o próprio balanço. Este quadro resume informações importantes – e pouco animadoras – de dois documentos liberados na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e comentados por diretores da instituição. Um relatório sobre finanças globais mostrou um cenário de curto prazo melhor que o esperado e uma coleção de riscos significativos a médio prazo. Outro relatório mostrou como o enorme endividamento público e privado impôs desafios à política fiscal. 

Nos dois estudos, mas especialmente no segundo, o Brasil aparece em situação especialmente vulnerável. A dívida bruta do setor empresarial, das famílias e dos governos atingiu US$ 152 trilhões no ano passado, valor correspondente a 225% do produto bruto mundial. Oito anos depois do estouro da última grande crise financeira, em 2008, o risco financeiro permanece elevado. A recessão foi superada na maior parte do mundo, mas o crescimento continua insatisfatório, desajustes importantes subsistem e o endividamento excessivo ameaça de novo a estabilidade mundial. 

Vários fatores negativos diferenciam a posição brasileira nesse quadro. Depois de dois anos de recessão, a economia continua em marcha lenta, a inflação ainda é elevada, as contas públicas estão arrasadas e o setor não financeiro – público e privado – enfrenta os efeitos do endividamento acumulado nos últimos anos. Com a contração dos negócios e o aperto do crédito, a situação financeira das empresas, principalmente das grandes, ficou muito complicada. 

Segundo o FMI, as firmas “fracas”, isto é, com dificuldade para cobrir os juros, devem cerca de US$ 51 bilhões, aproximadamente 11% de todo o débito corporativo. Num cenário adverso, a dívida em risco poderá subir para US$ 88 bilhões. A recomendação é aproveitar as condições internacionais por enquanto favoráveis. Em países com menor aperto fiscal os governos poderão socorrer as firmas endividadas. O caso do Brasil é muito diferente. A dívida bruta do setor público bateu em 73% do Produto Interno Bruto (PIB), 30 pontos acima da média de outros emergentes. 

Se o governo conseguir arrumar as próprias contas nos próximos anos, já fará um serviço muito importante. Se mostrar forte compromisso com a pauta de ajustes e de reformas, empresários e investidores privados se animarão a intensificar os negócios e isso facilitará a recuperação geral da economia. Pelas projeções do FMI, o saldo primário das contas públicas – sem os juros, portanto – continuará deficitário até 2019. Para 2020 está estimado um saldo positivo equivalente a 0,3% do PIB. O resultado deverá chegar a 0,7% no ano seguinte. 

Mas isso ainda será insuficiente para impedir a deterioração geral das contas. O saldo nominal – com o custo dos juros – continuará no vermelho, com valores negativos de 7% em 2020 e 6,4% em 2021. Como o dinheiro, até lá, será insuficiente para o pagamento integral dos juros, a dívida bruta chegará a 90,8% do PIB em 2020 e a 93,6% no ano seguinte. Em 2021, a dívida pública dos emergentes e dos países de renda média corresponderá a 52,6% do PIB, de acordo com o FMI. Para a América Latina, a média projetada é 63,6%. Também a deterioração da situação financeira do setor público brasileiro expressa nesses números é parte da herança deixada pelo PT.

ÉRAMOS SEIS

Éramos seis. Depois cinco. Demorou um pouco para quatro. Em poucos anos já éramos dois. Agora estou só, e quem me espera ansiosamente é o dono da funerária.