sexta-feira, 8 de julho de 2016

“Encruzilhada em noite de despacho é quase um minimercado”. (Climério)

“Mulher de amigo é homem só da boca pra fora.” (Climério)

“Quem nunca colocou chiclete no açucareiro que atire a primeira pedra.” (Climério)

“Os bons que não me sigam.” (Climério)

Charge do Millôr

FÁBULAS FABULOSAS- Millôr Fernandes



O Jacaré e o Sapo
À maneira dos... chineses


O Jacaré e o Sapo nadavam em paz no Grande Lago Tsé-Chuin, quando o sábio Oi-Ti-Sin gritou da margem:


- Ei, Jacaré, o Tai-Kum acaba de decretar que de hoje em diante é permitido de novo matar e comer qualquer animal com rabo. Olha, vem aí o barco de xogum!


O Jacaré imediatamente pôs em movimento suas poderosas patas, gritando:


- Trepa nas minhas costas, Sapo, que eu te salvo.


Mas o sapo continuou nadando tranqüilo, dizendo:


- Ué, e eu lá tenho rabo? – e foi se aproximando, destemeroso, do barco de pesca, facilitando ser apanhado pela rede que os pescadores atiravam. E, ao se sentir preso, pôs-se a gritar:


- Me soltem, me soltem! Eu não tenho rabo! Eu não tenho rabo!


Mas o Jacaré, protegido por trás de uma pedra, invectivou:


- Nossas leis têm efeito retroativo, idiota! Você não tem rabo, mas teve, quando era girino.


MORAL: Quem já teve rabo tem que se prevenir.

Millôr- Corruptos são encontrados em várias partes do mundo, quase todas no Brasil

O poder embriaga o ser pelas facilidades concedidas pelo inchaço. Num estado mínimo e austero qualquer roubo será percebido.

O mundo é dos ladrões que cobram impostos. Devidamente amparados pela lei.

“O que vem de cima é o que me preocupa.” (Condenado olhando pra guilhotina)

QUADRINHA TRIBUTÁRIA

Todos os dias brotam novos tributos
Das cacholas dos chupins
Tributos que esfolam

Tanto a você quanto a mim.

Assim falou Jesus para Judas:


“Meu bom Judas. Depois do galo cantar três vezes, vá e roube uma galinha. Faça uma boa sopa, pois preciso carregar uma cruz e já não suporto mais ficar comendo somente pão e azeitonas.”
“O paraíso está cheio de mulheres feias. Nada de tentação! Já o inferno está recheado de boazudas desfilando nuas em volta das labaredas.” (Mim)

Até quando, Lewandowsky, abusarás da nossa paciência ?

Vlady Oliver: O vice campeão



Sabemos que o Brasil é a terra dos vices. Dos escândalos também, o que leva aos vices, pela lógica dos fatos. O que deveria espantar o brasileiro médio e não espanta – aliás quase nada espanta alguém neste país – é a forma como se dá a composição de uma chapa e a consequente decomposição de um vice, certo? No país das eleições peculiares, fica claro que um vice não é escolhido pela afinidade partidária e ideológica, mas como uma forma de neutralizar ou reduzir os interesses da facção contrária da eventual quadrilha que quer ser eleita. Uma espécie de divisão antecipada do butim.

Que outro motivo colocaria um Maranhão bem no meio do caminho? E o que o atual presidente Temer, o “vice em exercício” – o que dá a ideia de um mero figurante fazendo musculação – tem a ver com a prizidenta pedaleira? Não vou me estender muito na metáfora, mas basta ver como é composta uma chapa para ter-se uma importante informação a respeito de seus cabeças e suas intenções. José Serra e Índio da Costa, Marina Selva e Beto Albuquerque são duplas pra lá de expressivas no cenário bambo nacional, não é mesmo? Ou será que ninguém da corriola da dupla Lula e Dilma se deu conta de quem seriam seus respectivos vices e o que estariam fazendo nos santinhos?

É óbvio que este é um país com uma política muito peculiar. Algo como Donald Trump como vice de Hillary Clinton ou vice-versa; dá no mesmo. Como se pode ver, o compadrio vagabundo que se cultiva por aqui é pródigo em aglutinar inimigos numa mesma chapa quente, desde que esta cumpra o dever de dividir a grana, os interesses escusos, a mordomia e o “pudê” em suaves prestações. Cunha e Dilma deveriam se achar “imorríveis”, ou invencíveis mesmo, visto que não previram sequer a possibilidade de serem sumariamente substituídos por seus respectivos vices e, com isto, mostrarem ao país do que são feitos seus espúrios compadrios.

É um caso para análises mais apuradas. O fato é que, puxada a descarga da história, Temos um acerto na presidência e tivemos um erro crasso no Congresso, já devidamente defenestrado de véspera pela renúncia do presidente da câmara, tudo em minúsculo mesmo. De onde surgiu essa “interinidade bizarra”? De que sarcófago exumam cadáveres como este que presidiu o legislativo por alguns sórdidos minutos? Fala sério. Aprende a votar, caro cidadão feito de idiota.

Quando você se deparar com um vice que é o contrário do que parece ser seu candidato, desconfie. Ou ele está pagando a conta, ou paga as camisetas, os santinhos, ou colocou uma garrucha no cangote da “otoridade” para dividir o produto do roubo depois do fato consumado. Se Hillary Clinton e Donald Trump acertassem os ponteiros, numa indigesta aglutinação de interesses, a eleição norte-americana não estaria liquidada? Os norte-americanos com certeza estariam. Acorda, brasileiro otário.

Do blog do Augusto Nunes

José Nêumanne: Covarde e mentirosa



Está preso em Curitiba o marqueteiro João Santana, na adolescência conhecido como Patinhas e nos autos da Operação Lava Jato como Feira, referência a Feira de Santana, cidade da Bahia próxima daquela onde nasceu, Tucano. Ele responde por ter auferido propinas milionárias de empresas que forneceram equipamentos ou executaram obras para a Petrobras. Não por ter definido como Coração Valente sua patroa, Dilma Rousseff, em cujas campanhas eleitorais -─ a eleição em 2010 e a reeleição em 2014 ─ ele produziu e executou o marketing. Essa marca foi uma obra-prima de sua imaginação fértil.

Nada há de valentia, mas somente covardia, na decisão que a personagem dele tomou de não comparecer à comissão do impeachment do Senado, pela qual está sendo julgada, com prazo de encerramento marcado para novembro, por crime de responsabilidade na administração resultante das vitórias nas urnas. A carta que mandou seu ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo

Cardozo ler, ao contrário, é patética, extremamente arrogante, covarde e mentirosa de cabo a rabo. O ato de não comparecer, não tendo nada mais importante a fazer, já é pusilânime em si, pois a única explicação para o que fez é o medo de se comprometer ainda mais diante do questionamento da advogada de acusação Janaína Paschoal e de senadoras e senadores que não simpatizam com sua causa: voltar ao poder.

Despertar piedade sem sequer pedir perdão, arvorar-se em injustiçada sem apresentar evidências e fingir-se de vítima sem definir a atrocidade assacada contra ela foram suas táticas explicitadas sem subterfúgios desde a abertura. “Já sofri a dor indizível da tortura”, começou. É uma óbvia apelação, que se tornou seu mantra desde que surgiu na vida pública pelas mãos do ex-chefe Lula. Foi torturada? E daí? Dilma repete exaustivamente que o foi mesmo. Em entrevista a Luiz Maklouf de Carvalho, à época na Folha, contou que, durante 22 dias no DOI-Codi de São Paulo, teve até dentes quebrados pelo “capitão Maurício”, o hoje tenente-coronel Maurício Lopes Lima. Outro repórter de responsa, Luiz Cláudio Cunha, atesta que ela disse a verdade, não o oficial, que, ao ser interrogado a respeito, disse que a interrogou, mas nunca a molestou.

Apesar de conhecer sua propensão à mentira, neste caso tudo indica que ela contou, sim, um fato. Sobra, contudo, uma cobrança que Cunha fez e eu repito: o milico, um cínico de marca, contou que lamenta não lhe ter pedido um cartão de visitas por não ter previsto que ela seria presidente, tão bem que a tratou. Na Presidência, Dilma não enquadrou o indivíduo nem os comandantes das Forças Armadas, inclusive o comandante do Exército, general Enzo Petri, que, em resposta a solicitação oficial da Comissão da Verdade, instituída por Dilma, garantiram não ter havido sevícias nas repartições militares durante a ditadura. Nem o tíbio ministro da Defesa de então, Celso Amorim. Com isso, a presidente inutilizou o trabalho da comissão.

A presidente afastada foi torturada, sim. E daí? Desde quando vítima de tortura tem direito a indulgência plena? Trata-se de uma tolice da doença infantil do esquerdismo, que o velho Lenin execrou. Por falar em doença, voltemos à carta. “Já passei pela dor aflitiva da doença”, alguém escreveu por ela e Cardozo leu aos senadores. Quem não terá passado, principalmente depois dos 60, casos dela e meu? E qual é a conclusão? Quem já adoeceu merece perdão prévio por pecados, erros ou delitos que cometer – como índices de inflação e desemprego de dois dígitos, quebradeira e roubalheira desenfreadas sob sua égide – só porque sobreviveu? Menas, querida, menas, diria seu chefinho.

“E hoje sofro a dor inominável da injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa política e jurídica”. Qual? Ela foi afastada da Presidência da República, para a qual foi eleita e reeleita, num processo de impeachment instaurado na Câmara a pedido de um ex-fundador de seu partido, o promotor Hélio Bicudo, um ex-ministro da Justiça, o adversário tucano Miguel Reale Júnior, e a professora de Direito da USP Janaína Paschoal. Todos investidos na condição legal de cidadãos brasileiros. E o crime de responsabilidade é grave, porque atinge toda a cidadania, e não apenas cidadãos isoladamente, esclarece o jurista Modesto Carvalhosa.

O Tribunal de Contas da União (TCU) indicou 50 peritos para saber se ela cometeu tal crime ao assinar decretos não autorizados pelo Legislativo e usar saldos de bancos públicos sem devolvê-los imediatamente, as tais “pedaladas fiscais”. Os peritos a incriminaram. O procurador do TCU Júlio Marcelo de Oliveira testemunhou contra ela no processo. Eduardo Cunha, seu antigo aliado e cúmplice, abriu o processo, usando prerrogativa legal de presidente da Câmara. Em plenário, 367 dos513 deputados federais autorizaram o Senado a julgá-la. Na comissão do impeachment do Senado, 16 senadores contra 5, dos 21, encaminharam a votação para o plenário, que a afastou do cargo por 54 votos dos 81 possíveis. Em todos os casos, há mais de dois terços de reprovação ou, no mínimo, dúvida sobre sua conduta. O que justificaria tanta injustiça, a ponto de ela classificar o processo de “farsa jurídica e política” e até de “golpe”, segundo sua carta, de um novo tipo, o desalmado desarmado?

Defendida da “farsa” pela simpatia solidária do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), por seus cinco aliados da “bancada do chororô”, simpatizantes e admiradores ela conseguiu a oitiva de 40 (não podia ser um total que não repetisse Ali Babá, céus?) testemunhas de defesa, que nunca viram nada e, por isso, de nada sabiam. E peritos do Senado reconheceram a prática de crime em três dos quatro decretos ilegais e nas “pedaladas fiscais”, nos quais não encontraram suas impressões digitais. “Crime de responsabilidade também é praticado por omissão”, esclareceram-me pessoalmente juristas ilustres, como Ives Gandra da Silva Martins, Carlos Ari Sunfeld e Régis de Oliveira, Se houve ou não, julgam os julgadores. Não é assunto para peritos. Parece óbvio até para analfabetos jurídicos, como o autor destas linhas.

Na carta, Dilma também insistiu na hipótese absurda de o principal beneficiário de seu afastamento, Michel Temer, não ser legítimo por, ao contrário dela, não ter votos. Acontece que se Temer a elegeu “presidenta”, em 2010 e 2014, ela também o elegeu eventual substituto. Os 54 milhões de votos que derrotaram Aécio em 2014 foram dados aos dois e em sua obtenção o PMDB liderado pelo vice teve participação decisiva. Ela não teria sequer chegado ao segundo turno se não se tivesse aliado a ele. Por isso mesmo, a dupla Dilma-Temer responde agora mesmo a processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual a chapa de ambos pode ser cassada por práticas ilegais, também na eleição. Parece pouco? Olhe que as mentiras que ela contou sobre a situação do País no mesmo pleito não são consideradas criminosas. Embora tenham ajudado a elegê-los.

Por falar nisso, ela escreveu e o garboso Cardozo leu que o governo Temer “É” a crise. Ora, a grave crise data de 2014, como qualquer criança de 2 anos sabe, e o vice assumiu em maio último. O argumento, então, é construído com o mesmo critério antigregoriano dos decretos assinados em julho e legalizados cinco meses depois, em dezembro. A lógica dessa patacoada só se imporá no dia em que efeito causar causa. Mas quem se arrisca a explicar isso pra madama?

Do Blog do Augusto Nunes

Exclusivo: Grampos de Lula não foram usados pela Lava Jato



Caso Ricardo Lewandowski resolva anular todas as interceptações telefônicas feitas na investigação contra Lula, isso não terá efeito na denúncia que o Ministério Público Federal prepara contra o ex-presidente.

O Antagonista apurou que os grampos não foram usados pela Lava Jato para instruir qualquer processo. Nenhum pedido cautelar, sejam buscas e apreensões, a quebra de sigilo bancário e a condução coercitiva dele, nada foi feito com base nas gravações.

Como os grampos subiram logo para o Supremo, após sua divulgação, não houve tempo para usá-los. A defesa de Lula pode até conseguir anular as interceptações, mas não poderá usar isso para invalidar a investigação.

O Antagonista

A metamorfose Por Mario Sabino

Quando acordei na primeira manhã em Praga, depois de sonhos intranquilos, eu havia me metamorfoseado num inseto.
Como poderia ser diferente? Eu estava num país que, independente do Império Austro-Húngaro somente em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, havia sido barbarizado pelos nazistas ao longo de sete anos, ocupado pela Rússia soviética durante mais de quarenta, se desmembrado da Eslováquia  em 1993 — e, no entanto, conquistado níveis de excelência por todas as métricas disponíveis.
Com pouco mais de 20 anos de liberdade política e econômica, os tchecos privatizaram estatais, puseram a sua juventude para estudar de verdade (nada de marxismo), reabilitaram a sua indústria, revitalizaram a sua linda capital, dinamizaram o turismo, entraram para a União Europeia e passaram a exibir um padrão de vida próximo ao das grandes nações ocidentais.
Enquanto isso, o que fizemos nas últimas duas décadas — ou melhor, nos quase duzentos anos de independência? Fizemos o que os insetos fazem: avançamos poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás, sujamos o percurso como baratas e, neste momento, lá estamos nós outra vez com as perninhas para o alto, tentando tirar a parte cascuda do chão. Tudo para voltar a avançar poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás.
Não é uma imagem entomológico-literária. No ranking mundial de competitividade, para ficar apenas num exemplo, recuamos pelo sexto ano consecutivo, agora para o 57º lugar, enquanto a República Tcheca ganhou posições (figura em 27º).
Os tchecos têm Praga; os brasileiros são uma praga.

Do Baú do Janer Cristaldo- quarta-feira, abril 28, 2004 MEMÓRIAS DE UM EX-ESCRITOR (XI)

Olhando de longe aquela polêmica, vejo que na época já intuíamos o que hoje é evidente. O marxismo é filho bastardo do cristianismo, reconhecido tardiamente pelo progenitor. Que o digam os sedizentes teólogos da libertação. Quando Dom Paulo Evaristo Arns ou Leonardo Boff ou frei Betto elogiam o ditador Fidel e seu regime, fica evidente que, na América Latina, em sua "opção preferencial pelos pobres", a igreja assumiu no Brasil o caminho do obscurantismo e da inquisição. 

Estas brigas foram o melhor legado de Dom Pedrito. Com elas inauguramos uma quebra de hierarquia. Não interessava a idade ou o suposto saber de nossos adversários. O que pesava era a lógica, os argumentos. Hoje, teria de rever aqueles artigos – meus recortes foram queimados por minha mãe, como também muitos livros, questão de manter o filho saudável e em liberdade – para saber se estávamos dizendo bobagens ou algo sensato. Provavelmente bobagens, mas isto é o de menos. Aqueles embates nos enrijeciam a pele para confrontos futuros. Sabíamos que verdade não era privilégio exclusivo de professor algum. Pena que muitas mães, com a melhor das intenções, queimaram muitos livros naqueles anos pós-64. 

Quando em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi com sangue doce que enfrentei o professor Guilhermino César, historiador mineiro, autor de Meia Pataca, que havia roubado do Aníbal Damasceno Ferreira a descoberta do Qorpo Santo. Ao mostrar os originais do artigo em que o defendia, Aníbal chegou a assustar-se com minha "coragem". Ponho a palavra entre aspas, foi usada por ele. Para mim se tratava apenas de uma rotineira defesa do que julgava correto. Influência talvez do campo, onde a solidão da pampa individualiza as pessoas, jamais me pareceu ser necessário coragem para dizer o que se pensa. 

As polêmicas pedritenses ultrapassavam as meras inquietações de adolescência. Através de nós, se manifestava naquela cidadezinha a dez mil quilômetros da Europa a velha disputa entre Roma e Moscou, entre Cristo e Marx, entre Dom Camilo e o camarada Pepone, na obra de Guareschi. Se hoje Marx morreu, não fique Cristo pensando que é eterno. Apesar de erros e desvios, guerras e massacres, a humanidade acaba encontrando as melhores soluções para seu avanço. A última década do milênio passado foi a melhor prova disto. 

Mais dia menos o poder do Vaticano desmorona, ou pelo menos reduz seus círculos. Assim como marxismo hoje não passa de um verbete de enciclopédias, mais século menos século alguém terá de consultar um dicionário para saber o que é cristianismo. Não é possível que numa era dos satélites e computadores, da aviação e do turismo, um ser pensante continue acreditando no cabaço de Maria. Tampouco há Maomé que sobreviva a uma antena parabólica. Os países árabes sabem disto e vêem a televisão ocidental como algo muito mais perigoso que o livro. 

A dinâmica destas polêmicas me levou a uma ambiência mais arejada, os cabarés da cidade. De nosso grupo eu era o carola por excelência, certamente o único a não conhecer mulher nem freqüentar a zona. Inexoravelmente, fui cair lá. Não por razões de ordem sexual. Ainda tinha medo do bicho-mulher, e sequer um centavo para fretá-las. Nossas mães detestavam ver-nos reunidos num quarto lendo e discutindo, dali nada poderia sair de edificante. Mais ou menos corridos de casa, tínhamos o footing na praça General Osório para trocar idéias. Mas o footing –saudades daquela época, quando as pessoas iam às ruas para ver o rosto dos semelhantes!– tinha hora para acabar, depois restava o bar do Santinho. Como também o Santinho tinha hora para dormir. Depois só restavam as putas. Com o escasso dinheiro para algumas cervejas, nos instalávamos naquelas casinhas de eterna luz vermelha na porta, para discutir filosofia, religião e reforma agrária. 

Com o tempo, em final de noite, as moças postaram uma atalaia na janela. Mal despontávamos na esquina, elas fechavam a casa: "lá vêm os filósofos, deles não sai um vintém". Sempre que vou a Dom Pedrito, procuro revisitar estas casas, certamente as tribunas mais abertas da cidade. Nada de original, velha tradição helênica. Na Grécia antiga, o debate intelectual ocorria não nos lares, mas nos lupanares. 

Mais contemporaneamente, o rei Ludwig I, nomeou Margaret Trautmann como ministra da Cultura e das Artes da Baviera. Esta senhora, longe de ser uma acadêmica, administrava um bordel em Munique. Quando o ministro da Justiça mandou fechar a casa, Trautmann pediu uma entrevista ao rei. Alegou que sua casa era um ponto de encontro de poetas e artistas, nobres e políticos, que lá se reuniam para cultivar o espírito, claro que sempre na boa companhia de suas pupilas. Ludwig não hesitou. Ordenou a reabertura da empresa e a nomeou ministra. Não pretendo comparar um prostíbulo da fronteira gaúcha com uma casa galante da Baviera, durante o reinado de Ludwig. Mas sempre encontrei mais inquietação de espírito e abertura mental nos bordéis do que em qualquer reunião familiar. Em família, normalmente as pessoas mentem. Aos prostíbulos, vamos para fugir da mentira. 

Falar nisso, revisitei há pouco Dom Pedrito. Amigos dos velhos tempos manifestaram o desejo de reler aquele meu primeiro conto, que me valeu a expulsão da cidade. Gente mais nova, que só ouviu falar do assunto, gostaria de conhecê-lo. Foi publicado em 1968, no Correio do Povo, de Porto Alegre, quando eu tinha 21 anos, mas escrito dois anos antes. No próximo post, o conto. Com todas as deficiências de quem mergulhava, pela primeira vez, nesse vício da escritura. 

Do Baú do Janer Cristaldo- sexta-feira, abril 30, 2004 INIMPUTÁVEIS

Espigão d'Oeste - Dois garimpeiros que trabalharam para os índios cintas-largas no garimpo de diamantes na reserva Roosevelt, em Roraima, confirmaram ontem o assassinato de uma menina de 12 anos por um cacique. Roberson Lugon de Souza, de 35 anos, conhecido como Pardal, disse que viu Ita Cinta-Larga estripar a garota ainda viva, porque pensou que ela havia engolido um diamante. 

"Chamávamos a menina de Garotinha. Ela estava sentindo cólicas, provavelmente por causa da água suja que bebíamos", contou. No dia em que seria levada à cidade, um dos índios se aproveitou de um descuido e escondeu uma pedra. Foi mais fácil acusar a menina. Ita Cinta-Larga foi até sua oca, pegou uma faca e abriu a menina. Não encontrou nada", disse Souza. 

“Sem lenço e sem documento”. Leia artigo de Roberto Luis Troster

Seria bom se fosse como na canção de Caetano, “nada nos bolsos ou nas mãos, eu quero seguir vivendo”. Mas não é. A cada ano, milhões de horas de cidadãos e funcionários públicos são gastas com a tarefa de manter a papelada pessoal em dia.
A caminhada contra o vento é numa estrada com várias cabinas de pedágio (repartições). Prevalece a lógica de um povo para servir o governo, em vez de um governo para o povo.
As raízes das dificuldades são históricas. O Brasil tem dimensões continentais e, ao longo do tempo, foram estabelecidos os controles considerados mais adequados para cada época e propósito. Adicionando-os aos já existentes, sempre aumentando a parafernália.
Não é um problema nacional, apenas. A burocracia no mundo inteiro é avessa a mudanças, inflexível, ineficiente, tem uma tendência a se autoperpetuar e a apresentar disfunções como falta de comunicação entre os diversos órgãos e obsolescência dos controles.
Aumentaria a produtividade da população e do governo se cada cidadão tivesse apenas um documento usado por todos os órgãos públicos
Estatísticas do Banco Mundial mostram que o Brasil é um dos países em que é mais complicado contratar empregados, produzir, vender e cobrar. Exigências burocráticas inadequadas aumentam custos e diminuem a competitividade das empresas sediadas aqui. A produtividade pessoal também é afetada.
Não há estudos sobre o impacto da papelada necessária para o dia a dia, mas é razoável afirmar que atrapalha e muito. A inclusão econômica básica de um cidadão demanda necessariamente a carteira de trabalho, o RG, o CIC, o PIS, o título de eleitor e, se for homem, o certificado de reservista. Algumas profissões demandam ainda o registro nos respectivos conselhos regionais.
Cada cidadão tem de cinco a sete números diferentes para ser identificado. Mesmo assim, a segurança desse sistema é frágil. Há poucas semanas, um jornalista da Folha conseguiu emitir nove RGs em diferentes unidades da Federação. Mostrou que o controle é fraco. Também é deficiente. Abundam relatos de pessoas pressas por engano e de prejuízos causados por homônimos.
Agravando o quadro, o processo é trabalhoso. Quando um cidadão muda seus dados cadastrais, como endereço ou estado civil, tem que informar a todos os órgãos (Receita, Justiça Eleitoral etc.). É uma peregrinação de repartição em repartição.
É um sistema antiquado, disperso em órgãos públicos diferentes, com registros de informação que não se comunicam entre si e que depende da datiloscopia (impressões digitais em papel) para identificação.
A recomendação é a construção de um cadastro nacional, usando biometria, que permita uma caracterização pessoal imediata.
Cada cidadão teria um único número para se identificar e este seria usado por todos os órgãos públicos para fins específicos (eleições, benefícios etc.). Isso geraria ganhos de produtividade para toda a população e para o governo.
O direito à identidade é, ou pelo menos deveria ser, um direito básico, um bem em si mesmo. Mas é custoso, demorado e inseguro. Há avanços tecnológicos que permitiriam corrigir as distorções rapidamente, com benefícios palpáveis para todos. Por que não, por que não…
Fonte: Folha de S.Paulo
Instituto Millenium

Leão Bob

“Não vou a festas aonde irão também hienas. A conversa, o andar, o riso, eu não suporto. Minha ira me faz ter vontade de comê-las.” (Leão Bob)



“Meu pai quando solteiro teve um caso com Elza, a leoa estrela de cinema. Na verdade ele foi trocado pelos holofotes.” (Leão Bob)

Gente podre

O errado é podre e mesmo assim forte de amiguinhos influentes. Amiguinhos sim, no diminutivo, para ficar no mesmo andar moral deles.

Maus -caráteres unidos demoram a ser vencidos. Executivo, Legislativo e Judiciário daquele país não tão distante lá no Planalto Central. Arg!

Lula é o sub do sub do sub



Cristovam Buarque faltou ao jantar que Roberto Requião ofereceu a Lula.

Ele disse à Folha de S. Paulo:

“Eu tinha um jantar do embaixador americano para a encarregada das Américas no Itamaraty deles em Paris”.

O Antagonista

PÓRCO CAN!- Caminhão de tour da tocha olímpica é furtado no RS

Veículo continha equipamentos da Rede Globo para a transmissão do revezamento e foi arrombado por ladrões na madrugada desta quinta-feira.

E por que tinha?- Justiça decide que R.R. Soares deve devolver passaporte diplomático

TRIBUNA DOS RATOS- Lewandowski pede explicações a Moro sobre grampos de Lula

SPONHOLZ

Fanatismo

É de arrepiar o pelo dos asnos. Nada como a Marilena Chauí para nos mostrar o fanatismo inglório por uma causa perdida.

E você?

Já não espero austeridade e boas novas vindas dos nossos governantes. E do povo em geral apenas a mediocridade galopante.

Abraçado ao ceticismo, agora.

Tive que apanhar muito para ser um cético. Um coração crédulo não se entrega fácil.