quarta-feira, 5 de julho de 2017

“Pedro, o povo pratica swing aqui no paraíso? Não? Então convoque as velhas e vamos nos divertir no inferno.” (Deus)
“Pedro, o povinho ainda não entendeu que sou impotente e não onipotente. Que parem de rezar, ergam suas bundas e batalhem por dias melhores.” (Deus)
“Todos os homens têm defeitos. Porém alguns só têm isso.” (Climério)
“Não consegui fazer a Primeira Comunhão. Tirei zero na aula de catecismo.” (Climério)
“As religiões se sustentam na mentira. Se pararem de mentir elas desaparecerão.” (Climério)
“Você era belo quando criança? Sorte sua, pois eu já era feio. “ (Assombração)
“As beldades só fogem de feio pobre.” (Assombração)

A GAZETA DO AVESSO- Nicolás Maduro publica seu primeiro livro de poemas: “ALGEMADOS COM FOME.”

A GAZETA DO AVESSO- Em 2018 Dilma quer disputar o Senado e o diabo o Vaticano

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO-terça-feira, janeiro 29, 2008 ARCEBISPO QUER SHARIA

Diz o artigo 2º da Constituição da República Islâmica do Irã:

1. Há um só Deus que por direito é soberano e legislador, e o homem deve submeter-se a seu mando.

2. A revelação divina tem um papel a desempenhar na promulgação das leis.

3. A ressurreição desempenha um papel essencial no processo de desenvolvimento do homem em relação a Deus.

4. A justiça de Deus é inerente à sua criação e sua lei.

5. O imamato proverá a liderança e desempenhará um papel fundamental no progresso da revolução islâmica.

6. O homem é dotado de nobreza e elevada dignidade; sua liberdade acarreta responsabilidade perante Deus.

Leio nos jornais que o arcebispo de Recife e Olinda, dom José Cardoso Sobrinho, anunciou ontem que a Igreja vai entrar com uma ação para tentar evitar que a Prefeitura de Recife distribua a pílula do dia seguinte na cidade durante o Carnaval deste ano.

Para Dom José – continua a notícia - nem mesmo a violência sexual justifica o uso da pílula do dia seguinte. "A mulher que sofreu abuso sexual e engravidou é vítima de uma grande injustiça, mas não pode abortar. A Igreja condena o abuso sexual, mas não pode um crime justificar outro crime. É imoral. A Igreja não aceita isso. Nenhum ser humano tem o direito de suprimir a vida de um inocente. É pecado grave", disse o arcebispo, para quem o medicamento tem efeitos abortivos.

Bom, se é pecado, isto é problema dos crentes. Pecado só existe para quem crê em pecado. Mas o melhor vem agora. Segundo o purpurado, os padres das cem paróquias ligadas à arquidiocese em 19 municípios estão sendo orientados a defender essa posição em seus sermões. "Não temos força para impor alguma coisa ao governo. A gente pode pregar, tentar persuadir, dizer as nossas convicções e, sobretudo, que trata-se de uma lei de Deus".

Não estou vendo muita diferença entre a postura de Dom José e a do aiatolá Khomeini, que em 1979 impôs ao Irã uma constituição baseada na sharia, segundo a concepção dos xiitas imamitas. Ora, que tem a lei de Deus a ver com um Estado laico? Pretenderá Sua Eminência impor ao Brasil a sharia? Instaurar no país uma república teocrática? Essa história de Deus é para quem nele crê.

Quando reclamo desta mania dos católicos de pretender legislar para o universo todo, não falta quem me chame de intolerante. Se os católicos acham que aborto é crime, que não abortem, ora bolas. Os defensores do aborto falam em descriminalizar o aborto no país. Santa ingenuidade! O aborto está há muito descriminalizado.

O Ministério da Saúde considera que um milhão de abortos ilegais sejam feitos anualmente no Brasil, apesar da proibição no Código Penal e da forte oposição da Igreja. Ora, se um milhão de abortos são feitos anualmente em um país, é porque a prática já faz parte dos usos e costumes nacionais.

Os Testemunhas de Jeová, por exemplo, são contra as transfusões sanguíneas. É uma atitude insana que pode levá-los à morte. Mas pelo menos nunca pretenderam impor esta proibição à sociedade. Se preferem morrer por falta de transfusão, que tenham boa viagem.

Já propus, em crônicas passadas, que os católicos – e só os católicos – fossem punidos com todo o rigor da lei quando praticassem aborto. Não faltou quem se escandalizasse: “horror, leis especiais para determinados grupos”. Ora, o Brasil desde há muito tem leis especiais para determinados cidadãos. Índio pode matar, estuprar, fazer reféns... e tudo bem. Os sem-terra podem invadir fazendas, próprios da União, destruir laboratórios científicos e ainda têm a perspectiva de contar com aposentadoria por tais serviços. Negro vale por dois brancos nos vestibulares.

Por que não uma legislação especial para católicos? Se acham que aborto é crime, prisão firme para o católico que aborte. Que estes misóginos vulturinos deixem em paz as pessoas que querem apenas ter os mesmos direitos dos cidadãos dos países civilizados do Ocidente.

FHC, o perdulário da palavra


FHC, o perdulário da palavra
Ipojuca Pontes
30 de junho de 2017 - 4:52:50




Assinalei antes que FHC era o office-boy do globalismo patrocinado pela Open Society Foundations, de George Soros, o mega especulador que, segundo denúncia da revista Executive Intelligence Review (EIR), lidera o ranking dos pesos pesados do narcotráfico internacional. A denúncia merece aprofundamento, mas antes – por oportuno – tomo a liberdade de assinalar alguns aspectos do processo de senilidade que se abate sobre a figura do ex-presidente, já agora caminhando para os seus 87 anos de idade. Ou será que o processo de decrepitude tem algo a ver com sua intrigante defesa da liberação da maconha?

Com efeito, na ânsia de se enroscar no encarniçado vale-tudo da política tupiniquim, FHC, conchavado ou não pela mídia amestrada, vem cacarejando trololós diários, sem pé nem cabeça, contestando hoje o que disse ontem, justificando o injustificável, desdizendo o que não disse, sempre se colocando, no seu ócio de socialista abastado, no pedestal de Salvador da Pátria. (Passou-me agora pela cabeça a pergunta irrecorrível: seria o nosso perdulário da palavra a fantasmagoria do 19 do Forte?)

Basta olhar: para encher linguiça nas páginas de jornais (que se tornaram aparelhos políticos das esquerdas, tal como, por exemplo, O Globo), a empavonada figura, “sem sair de casa” (garante o falso direitista João Doria), opina sobre tudo. De fato, no seu delírio compulsivo, de natureza caduca, ora aconselha o fraco Temer “resistir” ao adverso, ora defende o “ato de renúncia” do presidente que seu partido – o corrupto PSDB – ajuda a manter no poder em troca de apoio ao inviável Aécio Neves (até bem pouco, o candidato presidencial de FHC).

Mas a coisa não fica por aí: toda semana circula a notícia de que FHC e Lula da Selva, seu falso rival (“os objetivos do PSDB e PT são idênticos, a diferença é de estilo” – disse ele), vão se encontrar para tratar do que deve ser feito pela “governabilidade do país”. Outro dia, a mídia deu conta de que o sociólogo ligou para Nelson Jobim, o “servidor de dois amos”, pedindo que o ex-ministro articulasse encontro entre ele (FHC), Lula e alguns adversários do governo. Objetivo: arranjar uma “saída controlada” para a situação nacional – embora, nos bastidores, FHC considere que “Jobim ganha hoje milhões de reais em cargo de alto escalão no BTG, banco alvo das investigações da Lava-jato”.

A carreira política de FHC se amparou no acaso. Lembro que ele se fez senador nas costas de Franco Montoro, que renunciou o mandato. Na quizília de sua sucessão presidencial, Itamar Franco, que se apossou do poder após a queda de Collor, escolheu Zé Aparecido, feito embaixador em Portugal, para sucedê-lo. Aparecido, cupincha velho, adoeceu. Então, Itamar convocou Antonio Britto, o ministro da Previdência Social que liderava as pesquisas de opinião. Brito, no entanto, preferiu ser governador do Rio Grande do Sul. Só então Itamar inventou FHC como candidato à Presidência. Em data recente, Pedro Simon, ex-líder do governo Itamar no Senado, disse que a toda hora FHC ia ao Palácio do Planalto bajular o político mineiro – que, por sinal, não confiava no candidato a candidato.

(A propósito, em declaração pública, contrapondo a afirmação de FHC de que Itamar foi “contra” o ilusório Plano Real, Pedro Simon, indignado, considerou o notável da USP um sujeito ingrato e, devido às suas rancorosas mentiras, um caso clínico a ser examinado).

Os dois governos de FHC se constituíram numa larga soma de erros, equívocos e fraudes, a começar pelo decantado Plano Real (“Unidade Real de Valor”) que, logo de tacada, valorizou (artificialmente) a nova moeda em 20% acima do dólar. Nos anos seguintes, o real, vendido como “estável”, foi desvalorizado dezenas de vezes, permitindo a volta da inflação e o consequente desassossego financeiro. E suas falidas “Agências Reguladoras” (extensão do “Estado regulado”, de Gramsci), burocracia criada para controlar e fiscalizar serviços e setores da economia, tornaram-se desde logo ineficientes cabides de emprego, voltadas para infernizar a vida de quem produz.

Por sua vez, para enfrentar a “crise do apagão”, que gerou racionamentos e prejuízos de bilhões de reais, FHC, na sua imprevidência, apelou para produção das sinistras termoelétricas (movidas a gás natural), que até hoje faz o nativo pagar a energia elétrica mais cara do mundo.

Basta pesquisar: com FHC intensificaram-se as crises da educação, da segurança e da saúde. O desemprego atingiu 12 milhões de trabalhadores (o segundo em escala global).Aumentou a desigualdade de renda, A fome campeou, as taxas da criminalidade e do consumo da maconha foram aos cornos da lua.

Acham pouco? Bem, o governo FHC aumentou a carga tributária, criou a aterrorizante CPMF, expandiram-se de montão os lesivos incentivos fiscais. Nele, retraíram-se os investimentos externos, enquanto se doavam, arbitrariamente, bilhões de reais a sindicatos comunistas e “movimentos sociais”, entre eles o MST, composição de bandos terroristas que acabaram por invadir na “marra” uma fazenda do próprio sociólogo presidente. Com a crise financeira, FHC apelou três vezes ao amparo do FMI, tido pelas esquerdas como um “braço do imperialismo ianque”.

Pior: no plano político, FHC , na base da compra do voto parlamentar, inventou o “segundo mandato”, raiz da corrupção e da miséria política que encharca a nação, ambas institucionalizadas por Lula (o “Abutre”) e sua gang ilimitada.

Retornando ao mega especulador George Soros, famoso por financiar ONGs empenhadas na liberação da maconha: com a privatização da Vale do Rio Doce, ordenada por FHC, Soros ganhou bilhões. Como comprovado, a Vale, considerada a maior mineradora do mundo, avaliada à época em R$ 92 bilhões, foi vendida por R$ 3,3 bilhões. Com a venda de 33% das suas ações, o controle acionário da empresa foi assumido pela iniciativa privada. O Nations Bank, Opportunity e Soros entraram com alguns milhões para a compra da Vale, considerada um escândalo sem precedentes.

A Valepar, holding controladora da empresa, tornou público que Soros adquiriu ações da Vale por R$ 100 milhões e, passado algum tempo, vendeu-as por US$ 323 milhões. Um negócio de doido!

Quanto a FHC (cujo ministro da Fazenda, Armínio Fraga, foi diretor executivo da Soros Found), até hoje responde a inúmeros inquéritos judiciais por venda fraudulenta e dilapidação do patrimônio público.


Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como ‘A Era Lula‘, ‘Cultura e Desenvolvimento‘ e ‘Politicamente Corretíssimos’, é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi secretário Nacional da Cultura.

Venezuela: Por força de leis internacionais, ditadura pode estar com os dias contados



Os funcionários do ministério começaram a ser perseguidos, agredidos e roubados pelas hordas de “coletivos”, motivo pelo qual Luisa Ortega (foto à dir.) entrou com uma medida cautelar pedindo proteção na Comissão Nacional de Direitos Humanos. Ao mesmo tempo, ela também ingressou no TSJ a dois processos por violação dos direitos humanos, invasão de domicílio, privações ilegítimas de liberdade e encarceramento de pessoas cuja justiça já havia decretado a soltura. Os imputados são o diretor do SEBIN (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, a polícia política da ditadura madurista), Gustavo González López, e o comandante-geral da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), Antonio Benavides, que deverão prestar depoimento amanhã, dia 4 de julho.

Já são 94 dias de manifestações e protestos nas ruas de toda a Venezuela e o saldo é aterrador: 89 mortos, mais de 1.400 feridos, 3.529 pessoas detidas das quais 1.118 continuam presas e 415 civis foram julgados em tribunais militares, segundo o Foro Penal Venezuelano, uma organização civil e sem vínculos com o governo.

Ocorre que, após essas sanções à procuradora Ortega Díaz, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que perdeu há muito sua independência e não opera mais com base nas leis mas nas ordens do ditador Nicolás Maduro, abriu um processo contra ela acusando-a de orquestrar um golpe de Estado, cujo julgamento será no mesmo dia 4 de julho quando serão julgados Benavides e González López.

Em entrevista ao programa Conclusiones, conduzido por Fernando del Rincón no canal CNN en Español, o advogado constitucionalista e presidente da Associação Nacional do Direito Constitucional da Venezuela, José Vicente Haro, explicou alguns procedimentos e lançou uma luz no fim desse túnel. Rincón perguntou o que aconteceria nesses dois julgamentos, uma vez que quem apresentou as denúncias contra os agentes do governo seria julgada no mesmo dia, caso ela fosse condenada e destituída do cargo. Segundo Haro, quando o Ministério Público apresenta a imputação a funcionários públicos e as citações se referem a imputações concretas, já havia adiantado investigações preliminares conforme o Código Orgânico Processual Penal, e chegado à conclusão de que há elementos suficientes para imputar e iniciar o procedimento correspondente, de modo que essa imputação depois dê cabimento correspondente a um processo penal.

Mesmo que se violando a Constituição se destituir a Procuradora, pois só quem pode destituí-la é a Assembléia Nacional e não o TSJ, esses procedimentos devem continuar. E se não continuarem têm uma alta relevância e importância do ponto de vista nacional e internacional, porque a procuradora deve ter esgotado todos os passos prévios dos recursos internos que se tem que realizar em matéria de Direitos Humanos quando se vai denunciar estes assuntos em instâncias internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a Corte Penal Internacional (CPI) ou outros organismos internacionais de Direitos Humanos como é o caso da ONU. Esse é o momento certo para que a procuradora apresente um ante-juízo contra Nicolás Maduro, considerando que há uma cadeia de comando tendo já dois altos funcionários processados.

O mundo inteiro já viu muitas atuações de Maduro nas quais se evidencia que ele, como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, ordenou com base em um decreto de Estado – que está irregularmente vigente na Venezuela – que é o Plano Gran Zamora 800, ordenou a todas as cadeias de comando das Forças Armadas e de Inteligência (como é o caso do SEBIN), a aumentar a repressão, e isto o torna co-partícipe e cúmplice, o torna autor intelectual dessas violações dos Direitos Humanos que agora estão sendo imputados, tanto a Benavides como a González López. E pior que isso foram as palavras ditas por Maduro em 27 de junho passado: “Se a revolução bolivariana fosse destruída, nós iríamos ao combate porque o que não se pôde com os votos, faríamos com as armas” [1]. Segundo o advogado Haro, essa declaração, feita publicamente, já constitui um delito conforme o Art. 1122, parágrafo 5º do Código Penal, que é “instigação para delinqüir, apologia ao delito, instigação à desobediência e às leis” e, além disso, constitui também uma das modalidades de conspiração, constante do Art. 143, parágrafo 2º do próprio Código Penal, supostos que permitiriam à procuradora apresentar uma solicitação de ante-juízo contra Maduro no TSJ.

Segue o comentário do Dr. Haro:
“Supondo que se apresente esse ante-juízo de mérito e no julgamento da procuradora ela seja destituída, ressaltando que o poder para esse ato é da Assembléia Nacional conforme a Resolução 19 da Constituição, especialmente se trata-se de delitos contra os Direitos Humanos, crimes de Direitos Humanos ou crimes de lesa-humanidade, independentemente de qual seja o destino futuro da procuradora o processo contra os agentes do governo deve ser tramitado pelo TSJ que tem a obrigação de decidir, mesmo quando o TSJ pretender – pela falta de autonomia ou independência – desmerecer, declarar inadmissível ou fazer caso omisso a esse ante-juízo, se o assunto se refere a violações dos Direitos Humanos e de lesa-humanidade, isto serviria como antecedente importantíssimo para demonstrar que se esgotou a via interna e acudiu-se a diversos organismos internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Comissão de Direitos Humanos da ONU, Comissão de Direitos Humanos do MERCOSUL e finalmente ao Tribunal Penal Internacional, com maior sustentação e relevância, pois quem faz a solicitação não é qualquer pessoa mas a Procuradora Geral da República”.

A importância de se recorrer a esses organismos é, dentre outras coisas, por causa dos tratados internacionais que a Venezuela subscreveu em matéria de Direitos Humanos, um dos quais, que tem grau constitucional, o Estatuto de Roma que criou a CPI, e cujo Art. 7 refere-se precisamente aos crimes de lesa-humanidade, assassinatos, torturas e perseguições à população civil, por razões políticas que são cometidos de forma sistemática por parte do regime venezuelano.

Quer dizer, está nas mãos da procuradora Luisa Ortega Díaz pôr um ponto final nessa ditadura genocida, e levar às barras dos tribunais todos os envolvidos nessas ações criminosas que o mundo assiste perplexo há já 4 anos.

Todos sabem que essa procuradora é e sempre foi chavista, que foi conivente com muitos dos crimes praticados pelo ditador defunto Hugo Chávez Frías mas para tudo há um limite e parece que ela acordou e está tentado fazer a coisa certa. Está na hora de sua redenção se, mesmo com medo do que pode ocorrer a ela e sua família, der o passo certo na direção certa, pois o momento é agora. Deus permita que ela tenha dado entrada nesse ante-juízo contra Nicolás Maduro, pois do resto as organizações internacionais se encarregarão, com as bênçãos da Virgem de Coromoto.



Graça Salgueiro, escritora e jornalista, é autora do livro ‘O Foro de São Paulo – A Mais Perigosa Organização Revolucionária da América Latina‘, e apresenta o programa Observatório Latino, na Rádio Vox.

SEM SOMBRA

Ele tinha certa dificuldade em fazer amigos. Para dizer a verdade não tinha nenhuma facilidade em se aproximar de alguém. Para uns era um grande chato, para outros apenas um jovem profundamente melancólico. Algo que Joel não sabia era sorrir, sempre taciturno, vivia para si. Naquela cidade não havia por certo pessoa mais solitária e triste, sua única amiga era uma televisão de 20 polegadas que dele não podia fugir. Do trabalho no banco para casa e nada mais. Não tinha empregada em casa nem bichos para cuidar. Pensou num cachorro, mas logo desistiu, não queria ter o trabalho de limpar sua sujeira. Teve sua tragédia pessoal quando sua noiva o trocou por outra. Não reagiu, não lutou nem um pouquinho para sair da tristeza, apenas entrou no baú dos solitários. E foi assim que um dia sua própria sombra resolveu deixá-lo, abandonando um corpo quase já sem vida. E quando o sol mostrava seu brilho e calor Joel caminhava pelas ruas sem ter sequer a própria sombra por companhia.





POMBINHA NICE

Esta é a curta história de Nice, uma doce bombinha, faceira e formosa que apressadamente marcou um encontro com um pombo galã após conhecê-lo pelo facebook. Embora avisada pelos familiares dos perigos de encontros assim, não deu bola e foi. Usou seu melhor perfume e carregou na maquiagem. O local combinado para o encontro foi um casarão abandonado na Vila Dores. Chegaram ao local e foram para o sobrado. Já nas primeiras carícias o tal pombo mostrou a sua verdadeira face. Ela ficou apavorada quando o dito mostrou suas garras. Na verdade não era um pombo, mas sim um gavião disfarçado. Azar da pobre pombinha que foi literalmente comida no primeiro encontro. Restaram da Nice somente penas e sua nécessaire.


ESQUELETOS

Meia-noite. Uma lua de prata brilhava no céu estrelado. Pisava eu com meus sapatos quarenta e dois por uma estradinha deserta, rumando para casa. O vento soprava manso, mas mesmo assim mexia com pequenos arbustos. Tudo calmo na noite, nem um pio da coruja se ouvia. Nisso pensava quando percebi passos atrás de mim, só ouvidos por causa do silêncio absoluto, tão leves eram. Parei para ver quem caminhava junto comigo naquele lugar ermo, ainda mais por aquelas altas horas. E vi: cinco esqueletos completos estavam lá e caminhavam em fila indiana na minha direção. Usavam chapéus, riam e batiam seus dentinhos. Como nunca acreditei em fantasmas, segui o meu caminho sem pressa. Não parei mais, mas podia ouvi-los dizendo: espera, espera aí! Chegando em casa soltei da coleira os meus quatro cachorros. Saíram como loucos. Olhei pra estradinha e ainda consegui ver no clarão da lua um dos esqueletos correndo com uma perna só.

O NOME QUE SALVA

Era madrugada, estava eu parado numa esquina central esperando por um táxi. O céu todo forrado de estrelas, noite fria e bela. Nisso dois sujeitos se aproximaram e anunciaram: É um assalto! Não reagi, entreguei a carteira com documentos e dinheiro. Eles conferiram por cima o montante e pernas em ação. Logo depois eles regressaram, devolveram tudo e ainda por cima pediram desculpas. Um deles disse: “Desculpe o malfeito seu Evandro, pois para nós o senhor é uma autoridade. Uma boa noite!”
Sem demora surgiu um táxi e fui para casa aliviado.

Em tempo, meu nome é Evandro Capeta.

MARATONA ANUAL DOS BICHOS

O alvoroço era enorme no reino animal. Pois foi que Carla Lesma e Nina Tartaruga resolverem de última hora também participar da grande Maratona Anual dos Bichos. Nos arquibancadas a bicharada caçoava das duas; “ora, lesma e tartaruga correndo, só mesmo por aqui, que fiquem em casa!” Já o locutor do evento inflamava os participantes com falsas declarações dos oponentes, criando clima: Carla Lesma tirando sarro de Paulo Lebre; Nina Tartaruga falando mal das finas pernas do Saulo Guepardo; até mesmo seu Ernesto Elefante, tão sério, falando do pelo sujo de Marcelo Leão. Essas pequenas maledicências injetavam adrenalina dos competidores, um motivo a mais para vencer. O percurso seria de 10 quilômetros, sem parada para descanso. Pois lá estavam na pista os competidores: Lesma Veloz; Nina Tartaruga; Simão, bicho-preguiça manco; Saulo Guepardo; Paulo Lebre; Samira Coelho; Mônica Onça; Gazela de Thomson e Ernesto Elefante. Dada a largada, Saulo Guepardo saiu na frente como um raio, ladeada por Samira Coelho. Logo atrás vinham Mônica Onça e Gazela de Thompson. Ernesto Elefante pisou num espinho logo no primeiro quilômetro e saiu fora. O velho Simão desistiu nos primeiros metros; preferiu ficar na sombra que correr ao sol. Marcelo Leão manteve o ritmo e na metade do percurso já encostava nos primeiros colocados, mas ficou para trás, pois sua paixão, Nara Leão, estava por ali dando sopa. Parou para uns amassos, pois há tempos sonhava com isso. No oitavo quilômetro o namorador Paulo Lebre encostou em Samira Coelho, louco pra tirar uma casquinha, quando levantou poeira na pista e um bólido turbinado passou por todos: era Nina Tartaruga levando nas costas Carla Lesma e gritando: Só Red Bull te dá asas! Para espanto de todos, chegaram em primeiro.

MOSCA NA SOPA

Um homem taciturno entrou no restaurante e pediu uma sopa de cebolas. Logo que a sopa foi servida uma mosca pousou na sopa ainda quente. O taciturno então chamou o atendente e mandou levar a sopa embora. Disse que iria comer apenas a mosca, mas que pagaria pelo prato todo. E passou a voltar todos os dias para pedir o mesmo. E nada falava além do essencial. O que se sabe é que em poucos dias todas as moscas que moravam no estabelecimento trataram de dar no pé, ou melhor, bater asas para bem longe. O cliente na ausência delas deixou de frequentar o estabelecimento.

A FILA

A fila ultrapassava cinco quarteirões. O passante curioso perguntou para o último dos esperançosos:
-Fila para emprego?
-Não. Estamos pegando senha para no futuro entrarmos no paraíso.
O passante ficou atônito:
- É grátis?
-Não! Duzentos reais.
-Bem caro- falou o passante. - Acho que irei aguardar pela fila do purgatório.

ENGAIOLADO

O domingo era de sol. Poucas pessoas estavam na praça naquela hora. Enquanto o pipoqueiro gritava, o guarda municipal dormia num banco sombreado. Um pombo manso catava milho pela calçada. Crianças brincavam na areia com seus baldes e pás. Era um domingo normal como outro qualquer já passado. Foi quando passou por mim um pássaro enorme com um homem engaiolado. O homem preso não gritava, não cantava. Através das grades de sua prisão vi apenas duas lágrimas caindo dos seus olhos. O pássaro proprietário parecia feliz.

O MAIOR MENTIROSO DO MUNDO

O alemão Walter Von Muller considerado o maior mentiroso do mundo de todos os tempos resolveu vir morar no Brasil. Desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília, fez um tour de 1h pelo salão, ouviu algumas conversas, comprou passagem de volta e nunca mais foi visto.

O HOMEM DE SETE DEDOS

Hugo é um paraibano de trinta e seis anos, natural de João Pessoa e que nasceu com sete dedos na mão direita. Tem dois filhos pequenos e trabalha na construção civil como pedreiro. No momento está construindo sua própria casa nas horas de folga. Hugo é um exemplo de boa gente e trabalhador. Não vive de favores de compadres e escumalha, é honesto com seus sete dedos e, ao contrário de certos tipos que mesmo tendo apenas quatro dedos se locupletam com dinheiro público sem ficar rubros.

IRADO

O escritor, a cadeira dura, o computador, a tela branca e a inspiração que falha. Ele precisa escrever um conto para pagar suas contas (maldito trocadilho) e não há uma só ideia batendo à porta. Caminha, fuma, bebe e fuma, força o pensamento e nada de interessante se apresenta à mente. Sai da casa (que fica no interior, lugar sossegado) e olha para o grande verde em volta cheio de cantares, admira a limpidez d’água do riacho pedregoso que corre ali pertinho onde sempre que pode pesca jundiás. O nada criar acirra a ansiedade, os cigarros entram e saem dos lábios com maior rapidez. Há pequenos mosquitos incomodativos que ele espanta com fumaça solta em espiral. Sentado num tronco observa a chegada da noite e fica pensando como será o seu amanhã. A lua no céu olha para ele e ri com brilho. Na mente enumera assuntos para ver se algum deles responde ao chamado. Nada, nada, nada... Entra na casa novamente, vai até quarto e abre a última gaveta da cômoda. De lá retira um estojo de madeira e o coloca sobre a cama. Retira a arma do estojo, carrega cinco projéteis e então alisa o revólver. Fica absorto por alguns minutos com os olhos no Taurus. Então vai a busca de sua potente lanterna, apanha umas iscas no latão e sai para pescar.
Na trilha olha para trás e grita: foda-se a inspiração!


BUNDA DE BÊBADO

Um copo vazio sobre a mesa. A mão firme ergue o copo e pede mais uma. O cérebro aos poucos vai ganhando leveza, logo se esquecendo dos problemas e ficando cheio de euforia. Mais uns goles da malvada e as palavras saem da estrada. Agora os amigos são mais amigos e os inimigos mais inimigos. O pobre diabo se acha o maioral e está pronto para enfrentar a vida. Mais uns tragos e nada parece impossível. Cambaleando sai do boteco para ir para casa. Anda uma centena de metros e caia na sarjeta. De arrasto vai em frente assustado, não desiste de maneira alguma, pois sempre ouviu dizer que bunda de bêbado não tem dono.

ACABOU-SE O QUE ERA DOCE… por Graça Salgueiro. Artigo publicado em 03.07.2017



(Publicado originalmente em midiasemmascara.org)

Desde que tornou-se presidente dos Estados Unidos em janeiro deste ano, Donald Trump dizia que iria desfazer os acordos que seu antecessor, Barack Obama, havia feito com os ditadores da ilha de Cuba. Fiquei ansiosa por ver se, finalmente, alguém teria a coragem de chamar as coisas por seus nomes reais e fazer algo por aqueles 11 milhões de escravos de uma ditadura sexagenária, sanguinária e que sempre foi protegida por países que gozam de liberdade e têm seus direitos respeitados.

Então vieram as ameaças do delinqüente da Coréia do Norte, as crises na Síria e Líbano e nada do magnata-presidente olhar para o outro lado. Em 16 de junho, entretanto, em um evento no teatro Manuel Artime em Miami, ladeado por ilustres cubanos e cubano-americanos, Trump falou para uma platéia repleta que iria cancelar todos os acordos feito por Obama. É necessário deixar claro que não houve um “rompimento”, uma vez que as relações diplomáticas e comerciais permanecem intactas.

Quando Obama anunciou em 14 de outubro de 2016 que Cuba e Estados Unidos refizeram suas relações diplomáticas e comerciais, lembro de ter escrito um artigo denunciando as manobras protecionistas que o muçulmano fazia à ditadura mais antiga do continente em detrimento do povo sofrido, espoliado, massacrado, pois os Estados Unidos cederam a todas as exigência feitas por Raúl Castro sem nenhuma contrapartida. Numa relação entre dois países é de se supor que qualquer acordo seja feito bilateralmente. Mas com Cuba não foi assim. Raúl Castro fez todas as exigências que quis e Obama apenas disse sim.

Para que se tenha idéia da nocividade que foi esse malfadado acordo, a repressão se intensificou de tal maneira que só em março deste ano foram presas mais de 3.000 dissidentes que tudo o que desejam – e cobravam – era liberdade, em todos os níveis.

Mas Trump não agiu sozinho porque, provavelmente, não tinha conhecimento da realidade daquela ditadura. Ele contou com o apoio do senador Marco Rubio e dos deputados Mario Diaz-Balart e Ileana Ros Lehtinen, além de vários respeitados membros da comunidade cubano-americana. Segundo Diaz-Balart, Trump vinha tendo essas conversas desde o período de campanha, de modo que quando resolveu fazer o anúncio estava bem preparado.

Em seu discurso a primeira coisa que Trump disse foi que estava “cancelando” todos os acordos feitos por Obama e que negociaria um acordo “muito melhor”, para o povo cubano, não para a ditadura. Algumas de suas frases foram de grande impacto, tanto para a platéia que o aplaudia a cada anúncio, quanto para os ditadores e aqueles que apóiam a desgraça alheia.

Disse Trump: “Não levantaremos as sanções a Cuba até que todos os prisioneiros políticos sejam livres, todos os partidos políticos sejam legalizados, se programem eleições livres e supervisionadas internacionalmente e a entrega à Justiça americana de criminosos e fugitivos que encontraram refúgio na ilha”. Ele ainda desafiou Cuba a se sentar na mesa para negociar um novo acordo que seja do melhor interesse dos cubanos como dos americanos.

Trump foi enfático quando disse que qualquer mudança de sua postura em relação a Cuba dependerá dos avanços concretos que o ditador faça em direção aos objetivos propostos por ele. “Quando os cubanos derem passos concretos estaremos prontos, preparados e capazes de voltar à mesa para negociar esse acordo, que será muito melhor. Nossa embaixada permanece aberta com a esperança de que nossos países possam forjar um caminho muito melhor”. Disse ainda que restringirá muito robustamente o fluxo de dólares norte-americanos aos serviços militares, de segurança e inteligência da ilha e dará “passos concretos para se assegurar de que os investimentos de empresas americanas fluem diretamente para o povo. Implementaremos a proibição do turismo e implementaremos o embargo”.

Mas a pergunta que se impõe, é: esse acordo é melhor para quem? No mesmo dia o “Governo Revolucionário” emitiu uma nota [1] onde se coloca como uma super potência de quem os Estados Unidos dependem e cujo prejuízo com as novas exigências será dos americanos. Diz parte desse comunicado: “O Governo de Cuba reitera sua vontade de continuar o diálogo respeitoso e a cooperação em temas de interesse mútuo, assim como a negociação dos assuntos bilaterais pendentes com o Governos dos Estados Unidos. Nos dois últimos anos demonstrou-se que os dois países, como expressou reiteradamente o Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, General de Exército Raúl Castro Ruz, podem cooperar e conviver civilizadamente, respeitando as diferenças e promovendo tudo aquilo que beneficie ambas as nações e povos, porém não se deve esperar que para isso Cuba realize concessões inerentes à sua soberania e independência, nem aceite condicionamentos de nenhuma índole.

Qualquer estratégia dirigida a mudar o sistema político, econômico e social em Cuba, quer seja a que pretenda consegui-lo através de pressões e imposições, ou empregando métodos mais sutis, estará condenada ao fracasso”.

Quer dizer, Castro II reitera que, ou é do jeito deles, ou não tem acordo. Porque a ditador nenhum interessa que seu povo viva bem e feliz, que tenha os mesmos direitos e liberdades que eles da Nomenklatura se outorgaram. Para disfarçar, a Assembléia Nacional do Poder Popular está anunciando eleições para 14 de julho próximo, mas isso não é novidade. Sempre houve eleições. O “inusitado” disso é que os candidatos não são escolhidos pelo povo, mas pelos “conselhos”. O povo é obrigado a ir ratificar a escolha – que ele não fez – para os candidatos do partido único, o Partido Comunista Cubano, cujo mandatário sempre teve 100% dos votos. Dessa vez Raúl Castro não vai concorrer pois há tempo anuncia sua resignação em fevereiro de 2018 quando termina seu mandato. Mas isso é assunto para outro artigo.

Trump disse que esse decreto entraria em vigor dentro de 30 dias mas que já seria posto em prática a partir de seu anúncio. Resta saber se ele vai se manter firme em sua palavra de não fazer concessões enquanto suas exigências não forem plenamente acatadas, ou se pelo caminho – ou por pressão de algum lado – mudará de idéia e afrouxará o torniquete. Deus permita que ele se mantenha firme e tenha êxito!

Nota

[1] Ver documento completo aqui: http://www.granma.cu/cuba/2017-06-16/declaracion-del-gobierno-revolucionario-16-06-2017-19-06-41
Graça Salgueiro, escritora e jornalista, é autora do livro ‘O Foro de São Paulo – A Mais Perigosa Organização Revolucionária da América Latina‘, e apresenta o programa Observatório Latino, na Rádio Vox.

(Foto: Lynne Sladky, AP.) O presidente Donald Trump exibe a ordem executiva assinada em 16 de junho de 2017 que modifica a política dos Estados Unidos à Cuba, ladeado por cubano-americanos e cubanos da “velha guarda” exilados há décadas em seu país.

VAGABUNDA

Todo dia acontece
É como rotina funesta
Alguns de toga não a respeitam
E da lei fazem festa
Protegem os seus padrinhos
Da letra que seria para todos
Tornando aos olhos do povo
A justiça uma grande vagabunda.

MEDIEVAIS

Muitos são os estúpidos
Inocentes quase sempre os escolhidos
O trânsito está repleto de medievais
Urrando e prontos para machucar.

DESESPERANÇA

O pote da desesperança está aberto
O chapéu do desalento cai sobre os que pensam com clareza
Que país
Que país de sanguessugas!

ATOLEIRO

Vejo
Penso
Ouço e concluo:
Quanta safadeza e mediocridade!
O país do futuro é um atoleiro só!
Precisamos de galochas na mente para que possamos transitar pelo barro.