sábado, 25 de novembro de 2017

A DIFERENÇA BÁSICA ENTRE GLOBALISMO E GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA: UM É O OPOSTO DO OUTRO por Thorsten Polleit. Artigo publicado em 24.11.2017



(Publicado originalmente em www.mises.org.br)

Com a ascensão do populismo nos países desenvolvidos, a globalização econômica caiu em descrédito. Cada vez mais pessoas estão rejeitando a globalização com o argumento de que ela não apenas é injusta como também representa a fonte de todos os males — sendo inclusive a fonte de crises econômicas e imigrações em massa.

Esse tipo de condenação generalizada e abrangente da globalização, porém, apresenta dois erros graves: ela não só é factualmente errada — a globalização econômica comprovadamente aumentou o padrão de vida da população mundial — como também é conceitualmente errada.

Existe o globalismo e existe a globalização. O globalismo é um conceito político. Já a globalização é um conceito econômico.

Globalização econômica
A globalização econômica significa "divisão do trabalho em nível mundial".

A população de cada país se especializa naquilo em que é boa, adquirindo assim uma vantagem comparativa em relação às outras: faço aquilo em que sou melhor que os outros e vendo para eles; e compro dos outros aquilo que eles fazem melhor do que eu. Todas essas transações econômicas devem ser feitas o mais livremente possível, sem a intervenção de governos na forma de tarifas protecionistas e de outras barreiras alfandegárias. (Veja aqui um exemplo prático).

A consequência deste arranjo foi, é e sempre será um aumento no padrão de vida de todos os envolvidos.

Hoje, nenhum país é capaz de viver em autarquia, produzindo absolutamente tudo de que sua população necessita para viver decentemente. Caso um país realmente tentasse produzir tudo o que consome, isso não apenas seria um monumental desperdício de recursos escassos, como também levaria a custos de produção e, consequentemente, preços exorbitantes, afetando drasticamente o padrão de vida da população.

Pense em uma simples camisa. Fabricada na Malásia utilizando máquinas feitas na Alemanha, algodão proveniente da Índia, forros de colarinho do Brasil, e tecido de Portugal, em seguida sendo vendida no varejo em Sidney, em Montreal e em várias cidades dos países em desenvolvimento (ao menos naqueles que são mais abertos ao comércio exterior), a camisa típica da atualidade é o produto dos esforços de diversas pessoas ao redor do mundo. E, notavelmente, o custo de uma camisa típica é equivalente aos rendimentos de apenas umas poucas horas de trabalho de um cidadão comum do mundo industrializado.

Obviamente, o que é verdadeiro para uma camisa vale também para incontáveis produtos disponíveis à venda nos países capitalistas modernos.

Como é possível que, atualmente, um trabalhador comum seja capaz de adquirir facilmente uma ampla variedade de bens e serviços, cuja produção requer os esforços coordenados de milhões de trabalhadores? A resposta é que cada um desses trabalhadores faz parte de um mercado tão vasto e abrangente, que faz com que seja vantajoso para muitos empreendedores e investidores ao redor do mundo organizarem operações de produção altamente especializadas, as quais são lucrativas somente porque o mercado para seus produtos é de escala global.

Esta especialização tanto do trabalho quanto da produção, ao longo de diferentes setores industriais ao redor do mundo, é exatamente o fenômeno da globalização econômica.

(Recentemente, um homem resolveu fabricar, do zero, um simples sanduíche. Ele plantou o trigo para fazer o pão, retirou o sal da água do mar, ordenhou uma vaca para fazer o queijo e a manteiga, matou uma galinha para retirar o filé de frango, fez o próprio picles e teve até de extrair o mel do favo. Seis meses e US$ 1.500 depois, o sanduíche ficou pronto. E, a julgar pela reação dele próprio, a qualidade do produto final foi medíocre).

O fato é que, hoje, nenhum país produz apenas para satisfazer suas próprias necessidades, mas também para atender a produtores e consumidores de outros países. E cada país se especializa naquilo que sabe fazer melhor.

A globalização econômica, com o livre comércio sendo seu componente natural, aumenta a produtividade de todos os envolvidos. E, consequentemente, aumenta também o padrão de vida de todos. Sem a globalização econômica, a pobreza neste planeta não teria sido reduzida com a intensidade em que foi nas últimas décadas.

Por fim, vale ressaltar que todo e qualquer indivíduo é, em si mesmo, um defensor árduo da globalização econômica, mesmo que ele não saiba disso. As pessoas acordam cedo e vão trabalhar exatamente para ganhar dinheiro e, com isso, poderem consumir o que quiserem. As pessoas trabalham e produzem para poder consumir produtos bons e baratos, independentemente de sua procedência. Eles podem ser oriundos de qualquer parte do mundo; o que interessa é que sejam bons e baratos. Isso é globalização econômica.

Impor obstáculos a esse consumo — isto é, restringir a globalização econômica — significa restringir a maneira como as pessoas trabalhadoras podem usufruir os frutos do seu trabalho. No mínimo, isso é imoral e anti-humano.

Globalismo
Logo de início, é fácil ver que o globalismo — que também pode ser chamado de globalização política— não tem absolutamente nada a ver com a globalização econômica.

Globalização econômica significa livre comércio e livre mercado. Trata-se de um arranjo que não apenas não necessita da intervenção de governos e burocratas, como funciona muito melhor sem eles. Indo mais além, trata-se de um arranjo que surge naturalmente quando não há políticos e burocratas impondo obstáculos às transações humanas.

Já o globalismo é o exato oposto: trata-se de um arranjo que só existe por causa de políticos e burocratas. Seria impossível haver globalismo se não houvesse políticos e burocratas.

O globalismo é uma política internacionalista, implantada por burocratas, que vê o mundo inteiro como uma esfera propícia para sua influência política. O objetivo do globalismo é determinar, dirigir e controlar todas as relações entre os cidadãos de vários continentes por meio de intervenções e decretos autoritários.

Eis o argumento central do globalismo: lidar com os problemas cada vez mais complexos deste mundo — que vão desde crises econômicas até a proteção do ambiente — requer um processo centralizado de tomada de decisões, em nível mundial. Consequentemente, leis sociais e regulamentações econômicas devem ser "harmonizadas" ao redor do mundo por um corpo burocrático supranacional, com a imposição de legislações sociais uniformes e políticas específicas para cada setor da economia de cada país.

O estado-nação — na condição de representante soberano do povo — se tornou obsoleto e deve ser substituído por um poder político transnacional, globalmente ativo e imune aos desejos do povo.

Obviamente, a filosofia por trás dessa mentalidade é puramente socialista-coletivista.

Representa também o pilar da União Europeia (UE). Em última instância, o objetivo da UE é criar um super-estado europeu, no qual as nações-estado da Europa irão se dissolver como cubos de açúcar em uma xícara quente de chá. Foi majoritariamente disso que os britânicos quiseram fugir.

Ao menos para o futuro próximo, este sonho burocrático chegou ao fim. O desejo de impor uma uniformidade afundou em meio a uma dura e difícil realidade política e econômica. A UE está passando por mudanças radicais — culminando com a decisão dos britânicos de sair dela — e pode até mesmo entrar em colapso dependendo dos resultados eleitorais em alguns importantes países europeus (França, Holanda, Alemanha e possivelmente Itália) neste ano de 2017.

Com Donald Trump na presidência americana não há mais qualquer apoio intelectual dos EUA ao projeto de unificação européia. A mudança de poder e de direção em Washington diminuiu o poder de influência dos globalistas — o que permite alguma esperança de que a futura política externa americana seja menos agressiva em termos militares. Trump — ao contrário de seus antecessores — ao menos não parece querer impingir uma nova ordem mundial.

Por outro lado, os defensores da globalização econômica têm motivos para estar preocupados. O governo Trump vem ameaçando utilizar medidas protecionistas — majoritariamente na forma de tarifas de importação — para supostamente estimular o emprego e a produção nos EUA, mesmo com toda a teoria e realidade econômicas demonstrando que o efeito será o oposto.

Tamanha interferência na globalização econômica, o que representaria um retrocesso no tempo, não apenas seria um ataque à prosperidade, como também pode se degenerar em conflitos políticos, reacendendo antigas rixas e contendas. Não precisaria ser assim.

Para atacar e até mesmo aniquilar o globalismo não é necessário atacar e fazer retroceder a globalização econômica.

A globalização é Steve Jobs, Jeff Bezos e Michael Dell; o globalismo é George Soros, o CFR, a Comissão Trilateral, os Rockefeller, os Rothschilds e a ONU.

Conclusão
Ao passo que o globalismo representa o autoritarismo e a centralização do poder político em escala mundial, a globalização econômica — que nada mais é do que a divisão do trabalho e o livre comércio — representa a descentralização e a liberdade, promovendo uma produtiva e, ainda mais importante, pacífica cooperação além fronteiras.

A restrição à globalização econômica — ou seja, o protecionismo — nada mais é do que o medo dos incapazes perante a inteligência e as habilidades alheias. Tal postura, além de moralmente condenável, por ser covarde, é também extremamente perigosa. Como já alertava Bastiat, se, em vez de nos permitirmos os benefícios da livre concorrência e do livre comércio, começarmos a atuar incisivamente para impedir o progresso de outras nações, não deveríamos nos surpreender caso boa parte daquela inteligência e habilidade que combatemos por meio de tarifas e restrições de importações acabe se voltando contra nós no futuro, produzindo armas para guerras em vez de mais e melhores bens de consumo que eles querem e podem produzir, e os quais nós queremos voluntariamente consumir.

Como também disse Bastiat, quando bens param de cruzar fronteiras, os exércitos o fazem.

Por isso é de extrema importância preservarmos a globalização econômica.


* Economista-chefe da empresa Degussa e co-fundador da firma de investimentos Polleit & Riechert Investment Management LLP. Professor honorário da Frankfurt School of Finance & Management.

UM ANO APÓS A MORTE DO CAVALO, AS OVELHAS AINDA SÃO PRESAS por Yusnaby Pérez. Artigo publicado em 25.11.2017



Cuba comemora o primeiro aniversário da morte de Fidel Castro, focada em um processo eleitoral que implicará mudança presidencial, em uma situação de regressão econômica, hostilidade dos Estados Unidos e estagnação em suas reformas.

A vontade do líder da revolução cubana foi cumprida: nenhuma rua, praça ou edifício, tem seu nome, nem há estátuas ou monumentos dele em Cuba, mas Fidel Castro (1926-2016) é constantemente lembrado.

"Sempre no presente", o jornal Granma, órgão do Partido Comunista Comunista de Cuba (PCC, único), destacou em sua capa na sexta-feira, sublinhando que "a Revolução Cubana, o trabalho perfeitamente construído entre todos, é o maior legado de Fidel. "

A Granma também dedicou um suplemento especial de 12 páginas à Fidel, reproduzindo na capa o "conceito da Revolução" que ele lançou em 2000 e uma foto da guerrilha em Sierra Maestra com mochila e rifle no ombro.

Em Havana e Santiago de Cuba, uma cidade no sudeste da ilha onde as cinzas do "Comandante-em-Chefe" são enterradas e onde Raúl Castro deve comparecer no aniversário, estão planejadas atividades culturais e políticas, sem alterações na vida diária.

Os jovens cubanos vão fazer uma vigília no sábado à noite na histórica escada da Universidade de Havana.

Os cartazes de "Fidel entre nosotros" e "Yo soy Fidel" abundam nas ruas da capital cubana e em anúncios de televisão.

No ano seguinte à sua morte, em 25 de novembro de 2016, os cubanos viram algumas expectativas legítimas: as reformas de Raúl Castro "acabaram sendo muito graduais e irregulares", de acordo com um relatório do economista cubano Pavel Vidal, do Universidad Javeriana de Colômbia, enviada à AFP.

Em agosto, a entrega de licenças para o trabalho privado foi congelada em uma série de atividades e outras foram eliminadas.
De acordo com o ex-diplomata e acadêmico Carlos Alzugaray, há "atrasos" em três objetivos: descentralização estatal, maior abertura ao setor privado e unificação monetária.

Politicamente, ele ressalta, ainda devemos superar "a velha mentalidade" e atualizar a ordem legal e institucional, "porque ninguém pode governar Cuba como Fidel e Raúl fizeram".

Esta desaceleração foi mais dramática devido à deterioração da economia: o objetivo anual de crescimento anual de 2% foi ajustado, em julho, para 1% em julho. A CEPAL estimou recentemente em 0,5% e alguns economistas até previram um valor negativo, como os -0,9% de 2016. Isso sem mencionar os danos causados pelo furacão Irma, ainda não quantificado, que afetou quase toda a ilha em setembro, especialmente os domicílios.

Paralelamente, o presidente Donald Trump endureceu o embargo contra Cuba, limitou mais visitas americanas e voltou ao idioma da Guerra Fria, "um revés" na política de seu antecessor, Barack Obama, segundo Raúl.

Um dia após o aniversário da morte de Fidel, os cubanos vão votar nas eleições municipais, um processo que terminará em fevereiro com a primeira mudança geracional em 60 anos: um novo presidente sem sobrenome Castro e que não será uma figura histórica da revolução.

Todas as previsões coincidem que o atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, engenheiro de 57 anos, ocupará a presidência de Cuba, depois de uma lenta carreira política, passo a passo, em todos os níveis de poder.

No entanto, não há nenhuma indicação de que Raúl Castro deixará a liderança do Partido, o principal escritório político do país, pelo menos até seu próximo Congresso, em 2021.

"Nesse cenário, nos próximos dois anos, a agenda e o estilo operacional do governo provavelmente não vão mudar muito", estima Michael Shifter, do Diálogo Interamericano, um centro de análise em Washington.

No entanto, o académico cubano Arturo López-Levy, da Universidade do Texas-Rio Grande Valley, acredita que esta mudança "oferece oportunidades para outras políticas, de acordo com a visão da nova geração que ocupará as melhores posições".

Trata-se do "fechamento de uma era política cubana", acrescenta, mesmo que ele tenha um roteiro até 2030 aprovado pelo Partido.
Raúl Castro deixará pendentes uma reforma constitucional e eleitoral essencial. Também novas leis de negócios, imprensa e cinema.

"É possível que essas medidas pendentes sejam um lastro, mas também podem fornecer uma nova agenda para o presidente", diz Shifter. "Pode se tornar a carta de apresentação", concorda López-Levy. Apesar de um "pouso suave" estar previsto para a nova equipe de Diaz-Canel, de acordo com López-Levy, a adoção dessas medidas pendentes pode causar um choque "mais ou menos agudo entre a mentalidade nova e antiga no poder", diz Alzugaray.

* Texto de Yusnaby.com
** Tradução de Percival Puggina

VEM AÍ O MINISTÉRIO DOS ESTADOS? por Percival Puggina. Artigo publicado em 24.11.2017



Em O Espírito das Leis (1746) Montesquieu recomendou que as repúblicas, para fins de segurança contra inimigo externo, adotassem o modelo da Federação, ou seja “uma convenção pela qual vários corpos políticos consentem em se tornarem cidadãos de um Estado maior que querem formar”.

Foi nesse ânimo que, 30 anos mais tarde, as 13 colônias inglesas na América se organizaram na Convenção de Filadélfia e constituíram os Estados Unidos. Entre as características da nova nação se incluía a preservação das autonomias dos estados, integrados a um corpo nacional para fins comuns. Um século e pouco depois, na primeira constituinte republicana, o Brasil adotaria o mesmo modelo, em tom mais moderado. Abandonou, então, o regime monárquico e a forma unitária de Estado.

De lá para cá, se existe uma vocação percebida na história da nossa república, é a vocação para federalismo na teoria e para centralismo na prática. Nossa Federação não esconde suas tendências suicidas. "Todo poder à União!", parecem bradar quantos chegam à presidência da República. E a corte da burocracia federal aplaude em pé. Poder centralizado, político e financeiro, sistemas únicos, programas nacionais, serviços federais, bases nacionais comuns, parecem ser melhor do que mulher, do que doces portugueses e do que uísque aged 30 years.

A relação entre democracia e descentralização é autoevidente. Pelo viés oposto, quanto mais centralizado o poder, mais ele avança na direção do autoritarismo ou, mesmo, do totalitarismo.

A Constituição de 1988 reafirmou o compromisso com a intenção federativa a ponto de incluir os municípios como entes federados, concedendo-lhes autonomia política, administrativa e financeira. Até parece. O que se viu a partir daí foi uma re-centralização, acompanhando a deterioração fiscal dos entes federados.

Melhor e mais destapado exemplo disso aconteceu no dia 1º de janeiro de 2003 quando Lula, num de seus primeiros atos como presidente da República, criou um Ministério das Cidades, que logo se tornaria a cereja do bolo na mesa central do poder. É o ministério pelo qual todos brigam e o que maior poder de barganha tem no jogo do poder, pois dele sai o dinheiro para obras e programas municipais. Acaba de se tornar posto de provimento por indicação do presidente da Câmara dos Deputados.

A centralização estimula a corrupção e as más práticas políticas. Ademais, a dependência induz o dependente à irresponsabilidade. A falência dos entes federados brasileiros e o suicídio da Federação pode acabar gerando um Ministério dos Estados, onde se entregarão os dedos porque os anéis já foram. É preciso deixar de lado a desídia segundo a qual, como tenho tantas vezes afirmado, "está tudo errado, mas não mexe", e repactuar o Brasil. A situação está para lá de ridícula.

HERBERT E A MORTE


Herbert era um grande mágico. Tão bom que por mais de uma centena de oportunidades enganou a morte quando ela veio para buscá-lo. Foram tantas vezes que a morte desistiu de levá-lo, cansou-se. Desde então Herbert vaga pelo mundo sem descanso. Aquilo que poderia ao olhar superficial ser uma dádiva, tornou-se um fardo duro de carregar. Herbert ainda vaga por aí, saturado da vida, esperando que a morte reconsidere.

MANUEL


Manuel artesão sempre adorou fabricar brinquedos de madeira, era sua vida e alegria. Não se casou, não tinha filhos ou parentes vivos. Homem magro e pequeno, quando morreu aos oitenta anos foi enterrado dentro de um bilboquê.

GARGANTA PROFUNDA


Ano de1973, Cine Boss em Belém do Pará, filme Garganta Profunda. Raul e João Paulo entraram escondidos no cinema subornando o lanterninha. Mal tinham eles quatorze anos, loucos por sacanagem. Quietos e com os olhos arregalados sentiam uma intensa vibração que percorria seus corpos. Porém antes mesmo de Linda Lovelace engolir a primeira cobra foram eles atacados e devorados pelo esfomeado leão da Metro, que ali estava porque adorava carne humana e sabia que em exibição de filme pornô encontraria um manancial. Consegui fugir andando de arrasto por entre as cadeiras.

ESQUECIDO


Guilherme é um sujeito muito esquecido. Esquece coisas nos lugares mais impróprios e jamais se lembra de ir buscá-los. Ontem fez doze anos que deixou a mulher na casa da sogra.

DONA MEIGA


Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.

PUTA QUE PARIU


Ontem à tarde estava eu numa estrada poeirenta no interior de Arapiraca, sujo e irritado com o calor, encostado num poste aguardando pelo ônibus quando pousou na estrada um objeto voador e dele saiu um ser estranho que perguntou se eu queria ir para algum lugar específico que eles me dariam carona. Respondi que desejava ir para a casa do diabo lá na puta que pariu. Então ele me respondeu que a Venezuela estava fora do itinerário. Foi embora e sumiu entre as nuvens.

SOVINÍCIUS PESSOA


“Para mim o dinheiro não traz felicidade quando o vejo em mãos alheias.” (Sovinícius Pessoa)

PULGA LURDES


“Peço não me confundam com chatos. Eles são meus primos.” (Pulga Lurdes)

SATANÁS FERREIRA


“Só fala mal do inferno quem não conhece a Venezuela de Maduro.” (Satanás Ferreira)

PÓCRATES


“Pós-morte existe o outro lado. O lado de dentro do caixão.” (Pócrates)

DUBLAGEM


“Sou das legendas. Normalmente a dublagem estraga a obra.” (Limão)

NONO AMBRÓSIO


“Campeão de reumatismo e impotente. Pórco can! E ainda dizem que é a melhor idade. Imagine se não fosse!” (Nono Ambrósio)

LEÃO BOB


“Meu pai já comeu muitos estrangeiros. Diz ele que os ingleses são apetitosos, porém um pouco duros. Já os franceses são macios, mas o odor da carne é forte.” (Leão Bob)