domingo, 12 de julho de 2020

Melhoremos nosso voto, pois já existem imbecis demais fazendo leis neste país.

"Político quando vai pra TV não precisa de maquiagem. Precisa é de vergonha na cara. Que é uma coisa rara."

Chapecó e eu, minhas memórias

AVENIDA GENERAL OSÓRIO

Avenida General Osório...
Quem vem do Rio Grande o Sul observa um pedaço do centro de Chapecó do alto dela. De intenso movimento de automóveis, caminhões e motos; variado comércio e indústrias. Oficinas, garagens de automóveis, escritórios, lojas e marcenarias compõem o universo estático da avenida. Paro na esquina para ouvir o burburinho que dela emana: roncos, buzinas e freadas. Grandes filas nos semáforos se formam; carretas pesadas afundam o asfalto. Fecho os olhos em busca do passado, dessa mesma avenida nos anos de 1960.

Um imenso banhado interrompia ela onde é hoje o Celeiro Itália. Do alto do barranco observava as saracuras que ali viviam, vivendo no banhado com seus filhotes. Chão batido, pó e silêncio. A gurizada unida nas estrepolias. Casas de madeira de lei na sua grande maioria. De alvenaria me lembro do Armazém Palmeiras, da família Nicknich. Mas na avenida tinha futebol.

Na metade da descida, entre a Mal. Floriano com a Barão do Rio Branco, logo depois de onde funcionava o Posto de Saúde, jogávamos futebol no meio da rua, sem perigo algum, tendo os barrancos para proteger os costados e evitar a fuga da bola. Depois mudamos nosso campo para os fundos da casa do Bernardino da Luz. Tivemos também um campo de futebol em meio às samambaias, ao lado casa do querido Welcy Canals, em frente onde se encontra hoje a Loja Quero-Quero.

Depois fomos para a esquina da Marechal Bormann, onde é hoje o Posto do Negretto. Os amigos da vizinhança todos se reuniam para pelejar. A bola que naquele tempo era de couro mesmo, rolava e fazia nossa alegria diária. Às vezes, alguns socos e tabefes rolavam também. Disputávamos jogos valendo flâmulas ou pequenas taças.

Os objetos da vitória iam para guarda na casa do capitão do time. De tempos em tempos ouvíamos o berrante tocar, o tropel do gado, poeira no ar. Vindos do RS, os tropeiros vinham tocando os bovinos rumo ao Paraná. Para ver melhor o gado passar subíamos num pequeno barranco. E a boiada cansada seguia o seu caminho respirando a poeira vermelha.

Mas o bom mesmo era quando chovia; grandes valetas se formavam e a água barrenta corria rápida. Então na baixada da hoje avenida, juntávamos os sujos, todos de calções de pano e fazíamos açude com o barro que era abundante, observados quase sempre pelos olhares atentos da família Barella, que morava na esquina numa casa no alto.

Alegria pura de quem não tinha preocupações, mas muitos sonhos.