quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Brasas para o meu assado- Dilma e ministros já receberam metade do 13º; aposentados, não

No mês passado, o governo federal pagou metade do 13º salário dos servidores da União, mas adiou o adiantamento dos salários dos aposentados, previsto para agosto.

NA HORA- Redução da maioridade penal passa em segundo turno na Câmara e segue para o Senado

Por 320 votos a 152, deputados aprovam proposta de emenda à Constituição (PEC) que pune criminalmente adolescentes a partir de 16 anos em casos de crimes graves.

A hipocrisia do CAHIS-UERJ e o Escola Sem Partido

Mesmo diante de uma realidade evidente e que não mereceria maiores questionamentos, há quem prefira, de má intenção, se recusar a enxergar. Diante dos interesses ideológicos, acima da verdade – essa mesma que os relativistas contemporâneos preferem sentenciar, como verdade absoluta (por ironia), que não existe -, o preto vira branco, o branco vira preto, o quadrado vira redondo, e o culpado se torna vítima. Assim age o Centro Acadêmico de História (CAHIS), da UERJ, em sua página do Facebook, combatendo o projeto Escola Sem Partido.
Depois do senador pedetista Cristovam Buarque, com sua insistente ladainha em prol da educação como panaceia para resolver todos os problemas do país, mas rejeitando propositadamente essa que é uma das mais eficazes iniciativas no sentido de aprimorá-la, o CAHIS, nas poucas linhas da nota, forneceu uma das mais perfeitas demonstrações da própria necessidade do projeto do advogado Miguel Nagib.
Em post do último dia 12, disseram eles, em queixume, que, já “cotidianamente engessados com a falta de autonomia pedagógica nas escolas e cumprimento de metas” – pergunto-me qual o problema com o cumprimento de metas, aliás, mas certamente que concordo quanto aos prejuízos do sistema educacional do MEC, por motivos certamente diferentes dos do CAHIS -, os historiadores devem lamentar agora que “a Câmara Municipal, através do (não) ilustríssimo vereador Carlos Bolsonaro”, esteja tentando “empurrar o projeto Escola Sem Partido”.
O CAHIS define o projeto como defensor da terrível tese (sic) de que “as aulas deverão ser “neutras” de qualquer ideologia política, o que atinge principalmente às disciplinas de ciências humanas, como Sociologia e História, que buscam desnaturalizar e desconstruir paradigmas sociais”. Atenção, leitores; uma overdose do “marxismo paulofreirista” parece ter contaminado essa nota, a ponto de eles admitirem, sem qualquer pudor, que disciplinas como Sociologia e História não têm servido para dotar os alunos de instrumentos cognitivos, a fim de que eles tenham LIBERDADE para produzir seus próprios julgamentos. Não; o objetivo desse ensino é fazê-los “desconstruir paradigmas”. Em outras palavras, provocá-los a dirigir suas idéias em uma determinada direção, em disposição ativa, pregadora, tentando desviá-los de determinados valores e convicções – presumivelmente, aquelas que tenham sido passadas pelos pais e familiares das crianças e jovens, ou que aqueles lhes tenham tentado passar. Obrigar professores a se limitarem à sua função de ensinar e oferecer os instrumentos, em vez de dizer como os alunos devem pensar ou que opinião devem ter, que opinião é SOCIALMENTE ACEITÁVEL, sobre esse ou aquele assunto? Que absurdo! De onde tiraram uma ideia tão retrógrada? Correto mesmo é continuar lobotomizando os estudantes e formando amebas socialistas.
Isso tudo, para o CAHIS, é um exagero. Afinal, a “doutrinação política” de que Nagib e outros tanto falam não passa de “uma farsa”, já que, “mesmo que o/a educador/a tente passar suas ideologias”, o que o CAHIS havia acabado de dizer que é parte integrante de sua tarefa, “não compete em pé de igualdade com a mídia e a reprodução dos valores do senso comum, que garantem a hegemonia conservadora”. Uma vez mais nos perguntamos em que dimensão essas pessoas vivem. Hegemonia conservadora? Na mídia, na produção cultural? Que dizem eles dos inúmeros artistas que, em troca de financiamentos governamentais generosos, se vendem ao regime lulopetista? Que dizem eles dos inúmeros blogs e jornalistas que recebem polpudas quantias para multiplicar mentiras a favor do governo federal e impropérios contra todo tipo de oposição e divergência do mainstream esquerdista? Que dizem dos veículos de imprensa que hoje se abrem fortemente a todo tipo de agenda dita “progressista” – o que, por vezes, está longe de ser verdadeiro progresso – e que, desde os estertores do regime militar, abrigavam comunistas produzindo até mesmo telenovelas? Cadê a hegemonia conservadora? Como essa tal “mídia conservadora”, que não existe, pode competir, na formação dos jovens, com horas e horas em salas de aula ouvindo e absorvendo odes a Gramcis e Lenins, enquanto Hayeks e Burkes permanecem sumariamente ignorados?
“Um/uma professor/a de humanas incomoda muita gente. Vale lembrar que esse projeto tramita também em âmbito nacional, devemos nos alertar!”, exaspera-se o CAHIS. É compreensível. Realmente eles têm motivo para se preocuparem. Aprovado o projeto e efetivamente aplicado, a tendência é que percam a chance de fazer do sistema educacional um grande palanque para produzirem militontos servis e descerebrados, e cedam lugar a professores de verdade, recolhendo-se à mediocridade que lhes é de direito. O futuro do país agradecerá.

Lucas Berlanza

Acadêmico de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na UFRJ, e colunista do Instituto Liberal. Estagiou por dois anos na assessoria de imprensa da AGETRANSP-RJ. Sambista, escreveu sobre o Carnaval carioca para uma revista de cultura e entretenimento. Participante convidado ocasional de programas na Rádio Rio de Janeiro.

TCU: o forno da pizza esfria



A extensão do prazo para Dilma tentar explicar as pedaladas eleitoreiras e o sigilo de empréstimos suspeitos no BNDES foi festejada pelo governo, na semana passada, porque se acreditava que a temperatura política esfriaria, enquanto o forno da pizza esquentaria.

O que está ocorrendo é o contrário. Além da pressão para a rejeição das contas de Dilma Rousseff ter aumentado, com a entrada do PSDB na oposição, o Ministério Público de Contas junto ao tribunal agora investiga pedaladas ocorridas neste ano, em atrasos de repasses para o pagamento de seguro-desemprego.

O Antagonista

Alexandre Garcia- O dia seguinte

No domingo, encheu de gente o principal logradouro de centenas de cidades brasileiras. Desta vez, com o objetivo mais centralizado: a saída de Dilma da Presidência e a saída do poder por parte de Lula e seu PT. Um herói foi consagrado pelas multidões: o juiz federal Sérgio Moro. Nenhum político e nenhum partido foram apresentados como alternativa, embora tucanos tenham metido o bico nas manifestações de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Voz do povo, voz de Deus, a sabedoria popular antes mesmo de julgamentos em tribunais ou no Senado, já apresentou o veredicto de culpados contra aqueles que destruíram o país nos últimos anos e desprezaram as leis e os valores morais. Parece ter sido profético o título de meu artigo da semana passada, Panelas e Fuzis. Não é que no dia 13, em plena sede do governo e na cara da presidente, o senhor presidente da CUT ameaça com armas na mão e trincheiras para defender a presidente? 

Deve ter ouvido a Marselhesa sem ter entendido e nunca deve ter lido a Constituição Brasileira. E a presidente, omissa, não interrompeu o orador para afirmar, como Comandante Suprema, que as Forças armadas dispensam guerrilhas, rèsistences, partigiani, ou brigadas bolivarianas, porque estão atentas em seus deveres constitucionais de defesa da Pátria, da lei, da ordem e das instituições. Ou será que ela ficou perplexa como Bush, quando recebeu a notícia da derrubada das torres? Pelo menos não parafraseou João Goulart, em outro dia 13: “na lei ou na marra”. No domingo, a presidente apenas assistiu. Não acusou os manifestantes de golpistas. Uma estadista na presidência iria no dia seguinte ao rádio e à TV pedir desculpas pelos erros cometidos em quatro anos e pelas promessas vazias na campanha da reeleição. 

Pediria um voto de confiança até o fim do ano para corrigir os erros, enxugar o gigantesco governo, mostrar que gasta menos e aproveitaria para aplaudir de pé o que está sendo feito contra a corrupção pela Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça. Para isso, a humildade teria que vencer a arrogância. Pior é jogar-se nos braços de Renan Calheiros e sua agenda de 43 pontos, para defender-se da pauta-bomba de Eduardo Cunha. Dar as costas para o PT e entregar-se ao PMDB de Renan, Sarney, Jáder e Jucá vai significar para os manifestantes de domingo apenas a troca de seis por meia-dúzia. As ruas de domingo foram muito representativas de uma classe média que paga muito imposto, que acompanha o noticiário, que se preocupa mais com a política que com o futebol. Os que foram às ruas não tiveram condução gratuita, ajuda da Caixa Econômica, do BNDES ou da Itaipu Binacional, como foi a última marcha vinda a Brasilia de ônibus e avião para apoiar o governo. No último domingo, ninguém ganhou lanche nem camisa e chapéu. As ruas de domingo não se constituíram de claque subvencionada com dinheiro que veio do trabalho de todos. Mesmo assim, lotaram a Avenida Paulista tal como a Parada Gay ou a Evangélica. Basta comparar as fotos. E mobilizaram o país pela internet. Ainda existe aquela cidadania civilizada que tirou Collor sem quartelada nem quebra-quebra. Na lei e na ordem.

Portal Libertarianismo- O livre mercado é o melhor amigo da mulher



O capitalismo muitas vezes é culpado por muitas coisas que não é responsável. Essa é simplesmente uma realidade que nós, defensores do livre mercado, aprendemos a lidar.

Entre as acusações feitas contra o capitalismo é que ele é ruim para as mulheres. Umas semanas atrás eu discuti sobre a diferença de salários entre sexos, que geralmente é alegado como um exemplo de como o capitalismo causa discriminação contra as mulheres. Ouvimos outros argumentos como o capitalismo apóia “patriarquia” e de outro modo leva as mulheres a serem tratadas como cidadãs de segunda-classe. Na verdade o capitalismo tem feito muito mais bem para as mulheres do que mal.

Um dos melhores exemplos é a forma que o capitalismo tem tornado possível o avanço econômico feminino, principalmente sua presença crescente no mercado de trabalho. O aumento constante da participação das mulheres no mercado de trabalho talvez seja o fato demográfico mais importante dos últimos 100 anos. Dando as mulheres sua própria fonte de renda, o capitalismo deu-lhes poder de várias maneiras; por exemplo, a dinâmica de mudança do casamento permitiu as mulheres saírem de relacionamentos que anteriormente não poderiam sair. A independência econômica das mulheres transformou a família também de outras formas.

Podemos observar a participação crescente das mulheres no mercado de trabalho por dois lados, como geralmente fazemos na Economia. O capitalismo não só demandou mais trabalho feminino como também ofertou as condições que tornaram mais fácil para as mulheres fornecê-lo.
Demanda Crescente

O lado da demanda talvez seja mais óbvio. O crescimento econômico que o capitalismo gerou após a Revolução Industrial no começo do século vinte teve duas consequências. Primeiro, aumentou a demanda por trabalho em geral. À medida que os salários aumentaram e os trabalhadores (a maioria homens) tornaram-se mais ricos, eles começaram a comprar mais do que antes. A demanda crescente por produtos finais aumentou a demanda para todos os insumos que levam a eles. É claro que um desses insumos é o trabalho.

Essa demanda crescente por trabalho significou que as empresas tinham que achar mais trabalhadores em algum lugar. Uma opção era tentar desvincular os homens de outros empregos, mas a única forma de fazer isso era pagando salários maiores. A outra opção era contratar mais mulheres em empregos que anteriormente eram restritos aos homens. Na verdade isso é o que as firmas começaram a fazer no começo do último século. O resultado foi que as mulheres que antes não trabalhavam for a do lar começaram a conseguir empregos. O crescimento criado pelo capitalismo e a industrialização tornou isso possível.

O crescimento teve um segundo efeito na demanda por trabalho feminino. À medida que a industrialização progrediu e a escala de operações aumentou, o número de trabalhos auxiliares como secretárias e balconistas aumentou. Além disso, parte do aumento na demanda de consumo citada acima foi mais de serviços do que de bens. Ao invés de comprar uma galinha e abatê-la, as pessoas estavam dispostas a pagar mais pelas partes da galinha. Comer for a tornou-se mais comum, e a demanda por serviços pessoais como cabeleireiras aumentou. As mulheres podiam competir com os homens por muitos desses trabalhos de escritório e de serviço mais eficientemente que podiam por outros trabalhos físicos mais pesados. O resultado foi de mais oportunidades de trabalho para as mulheres. Por volta de 1940 a demanda por trabalho feminino era intensa o suficiente para as empresas começarem a oferecer a opção de trabalho por meio-período para satisfazer a necessidade das mulheres casadas por flexibilidade.
Trabalho Doméstico – Dispositivos para Poupar Tempo

O capitalismo também forneceu as condições que tornaram mais fácil para as mulheres satisfazerem essa demanda por trabalho. O maior problema que as mulheres casadas, especialmente com crianças, encontravam se quisessem trabalhar era cuidar da casa. Com a tecnologia disponível na virada do último século, manter a casa limpa era um trabalho integral. O período entre as guerras mundiais, entretanto, testemunhou-se o desenvolvimento de todos os tipos de novos aparelhos domésticos que reduziram significativamente o tempo necessário para limpar a casa e cozinhar. Lavar a roupa passou de um trabalho de várias pessoas por três dias para apenas uma questão de horas. Essas invenções liberaram as mulheres de muita da labuta do trabalho doméstico e tornou possível ao menos se pensar em trabalhar for a de casa (esse ponto é apresentado grandemente nesse vídeo de Hans Rosling).

As mulheres também tornaram-se crescentemente educadas, tanto no ensino médio e no ensino superior. Aqui também a riqueza criada pelo capitalismo tornou possível para as famílias bancarem a educação de suas crianças por mais tempo, incluindo suas filhas. Essa riqueza também foi suficiente para a renda das crianças se tornar desnecessária para a sobrevivência. O potencial feminino mais educado e mais produtivo significava que era mais provável das mulheres serem contratadas.

Embora dificilmente receba o crédito, o capitalismo liberou as mulheres de séculos do estigma de cidadãs de segunda-classe.

Tradução de Robson da Silva. Revisão de Juliano Torres.

Sobre o autor


Steven Horwitz

Steven Horwitz é professor de economia na St. Lawrence University e autor do livro Microfoundations and Macroeconomics: An Austrian Perspective.

"A verdadeira ignorância não reside na falta de conhecimentos, mas na falta de vontade de aceitá-los." (Karl Popper)

IL- A Armadilha do “Estado de Bem Estar”

Foi lançado esta semana o novo livro do economista Fábio Giambiagi, intitulado “Capitalismo: modo de usar”.  Ainda não li, mas pelos comentários parece ser leitura obrigatória.  A obra tem como objetivo fazer uma análise descomplicada de como o progresso futuro depende das virtudes e leis do capitalismo, notadamente da valorização da produtividade, da competitividade e do empreendedorismo.
O livro destaca, de forma corretíssima, que um dos grandes entraves ao desenvolvimento sustentado do nosso país está na desconfiança da maioria da população em relação ao capitalismo, bem como na ilusão do ideal socialista que freqüenta os corações e mentes dos brasileiros.  Segundo o “press release” do livro, o autor demonstra que,
Enquanto sociedades de países da Europa e dos EUA se destacam pela obsessão pela produtividade, o Brasil, em contraposição, está entre os 25% menos produtivos da América Latina: a produtividade do trabalho no Brasil é de US$17.295 por trabalhador, enquanto nos EUA é de US$ 93.260 e, na Coréia do Sul, US$ 59.560. Ainda assim, o aumento  real dos ganhos dos trabalhadores  brasileiros ficou acima dos ganhos de produtividade do país entre 2003 e 2010.
Giambiagi demonstra ainda como a cultura nacional mantém viva a noção de que a solução de todos os problemas virá dos favores estatais, ao defender uma  forte presença do Estado e bem estar social amplo.
A Previdência é o maior símbolo deste equívoco, traduzida na despesa do INSS: em 1988 foi de 2,5 % do PIB, em 2015, será de quase 7,5 % do PIB – e  continuará subindo, uma vez que  o número de idosos aumentará em torno de 4% a.a. nos próximos 15 anos. “É uma  tragédia anunciada. É como se o país tivesse feito uma escolha pelo passado em detrimento das gerações futuras”.
O diagnóstico da doença brasileira exposto acima está certíssimo.  Falta um choque de capitalismo por aqui.  O problema é que o remédio é amargo e a maioria da população não quer tomar.  Pindorama optou por colocar a carroça na frente dos burros, por dividir o bolo antes de fazê-lo crescer – e ninguém está disposto a abrir mão dos famigerados “direitos adquiridos”.  Estamos num beco sem saída.  A Grécia somos nós amanhã.
Para comprovar isso que estou dizendo, basta passar os olhos nos jornais.  A Folha de São Paulo, por exemplo, noticia hoje que o governo acaba de voltar atrás e resolveu manter a antecipação do pagamento do 13º aos aposentados, inicialmente adiado pelo ministro Levy, por “falta de caixa”.  E olha que estamos falando aqui de algo que nem previsão legal tem.  Trata-se apenas de uma mera liberalidade do governo que vinha sendo realizada há alguns anos pelos petistas.
Não existe país que tenha caído na armadilha da social democracia – com carga tributária equivalente ou maior que a nossa – que tenha conseguido manter uma taxa de crescimento vigoroso (digamos, acima de 4% em média) de forma prolongada, como ocorre hoje, por exemplo, com a China ou mesmo com alguns países sul-americanos, como Colômbia e Peru.  Se o leitor souber de algum, me avise.
É claro que, no curto prazo, a galinha tupiniquim vai alçar alguns voos esporádicos, principalmente depois de períodos recessivos, como aconteceu em 2010, por exemplo, mas serão sempre pontos fora da curva, pois como qualquer galinha, cuja fisiologia não sustenta voos altos e prolongados, sempre voltaremos ao chão.
Ainda que conseguíssemos melhorar muito a produtividade do trabalho por aqui, o que acho muito difícil num prazo curto, mesmo assim continuaríamos engessados pelo excesso de gastos públicos, escassez de poupança interna e regulamentações abusivas.
Enfim, somos prisioneiros de um círculo vicioso, no qual adentramos democraticamente, pela vontade da maioria, e do qual não será fácil sairmos. As reformas necessárias são estruturais e não acontecerão se esta mesma maioria não aceitar fazer alguns sacrifícios, entregando os anéis para salvar os dedos.

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Frase do dia

O mais triste epitáfio que pode ser esculpido em memória da liberdade perdida é que ela foi perdida porque seus possuidores não conseguiram estender a ela uma mão salvadora enquanto ainda havia tempo.  Justice George Sutherland

PARECE SER, GASTA COMO SE FOSSE, MAS NÃO É? por Percival Puggina. Artigo publicado em 19.08.2015

A jornalista Miriam Leitão, em sua coluna no jornal O Globo, há cerca de dois dias, levantou um tema instigante. Sob o título "Razão de existir", ela afirmou que "se o TCU nos servir uma pizza é o caso de se pensar sobre a razão de sua existência". E mais adiante, cobrando uma definição precisa do órgão de contas, escreveu: "O que Dilma fez não pode ser feito". Note-se: Miriam Leitão não guarda qualquer afinidade com a oposição ou com a direita ideológica.
 O fato é que há um grave problema envolvendo muitos Tribunais em nosso país. O que acontece no TCU não é diferente do que se verifica, frequentemente, nos níveis superiores do Poder Judiciário. O aparelhamento é a regra em curso. Todos os governantes e líderes políticos de expressão procuram ter magistrados, julgadores, ministros de contas que possam chamar de seus. E para isso usam a caneta, ou o poder de indicar, com olhos postos em si mesmos, no próprio partido e jamais no interesse público que estará pendente das decisões emitidas pelos seus apadrinhados. Nos legislativos federal e estaduais não é incomum funcionar um rodízio em que os maiores partidos alternam entre si o direito de apontar os novos membros dos tribunais de contas em casos de vacância. Tais postos são muito ambicionados pela estabilidade e outras prerrogativas que proporcionam. O mais comum é que os indicados sejam parlamentares ou ex-parlamentares com vários mandatos e relevantes serviços prestados às respectivas legendas. Existem valiosas e louvadas exceções, mas são exatamente isso.
 A ideia que patrocina a existência de um quadro julgador das contas públicas formado por ilustres personalidades, com prerrogativas vitalícias, é assegurar sua autonomia e liberdade de consciência. A sociedade paga por isso e paga caro. Tribunais custam muito e seus quadros são bem remunerados. Então, quando a gente olha para o TCU e começa a suspeitar de suas decisões; quando se pensa no STF sob comando de um fraterno amigo do casal Lula e Maria Letícia; quando uma eleição presidencial é dirigida por Dias Toffoli; quando Dilma se encontra secreta e "casualmente" com Lewandowsky na cidade do Porto; quando Dias Toffoli pede transferência para o grupo de ministros que vai julgar os réus da Operação Lava Jato; quando o TCU concede prazos e mais prazos para o governo "arreglar" e justificar suas lambuzadas contas, cabe, sim refletir sobre o que está posto no título acima: vale a pena pagar tão caro por algo que parece ser, gasta como se fosse, mas não é?
 O TCU, como bem salienta a jornalista mencionada no primeiro parágrafo deste texto, não estará deliberando sobre a continuidade do mandato de Dilma (essa é uma tarefa de outros poderes). Isso ele não faz nem pode fazer. Mas não se admite que feche os olhos para o que todo mundo vê: a presidente fez o diabo, também, nas contas pelas quais pessoalmente responde.
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 

”Não coloquem na minha boca palavras que eu não disse, porém aceito que coloquem chocolates que eu não pedi.” (Fofucho)

A GAZETA DO AVESSO- Lula acaba de traduzir para o Esperanto a “Divina Comédia”.

A GAZETA DO AVESSO- Kim Jong-un lançará amanhã em Nova Iorque o livro “LIBERDADE AO ALCANÇE DE TODOS”.

“Se a morte é o sono eterno espero continuar sofrendo de insônia por muito tempo.” (Limão)

“Além de Cristina Kirchner, Dilma é outra que não usa desconfiômetro. Precisam avisá-la que seu governo -papel está muito perto do fogo.” (Mim)

“Não há como não perceber um irresponsável quando ele está ao volante. Normalmente está falando ao celular.” (Limão)

"O inteligente busca saber. O sabido acha que sabe."(Fiosofeno)

“A preguiça não deixa de ser uma vontade. A vontade de não se fazer nada.” (Pócrates)

“A masturbação é acima de tudo um ato econômico.” (Pócrates)

Felipe Moura Brasil- Dilma engana empresários de um lado e militantes do outro. Pelegada se une mais contra Cunha que a favor dela

A coluna Painel, da Folha, exemplifica hoje o que escrevi em 9 de julho.
As informações são as seguintes:
“Apesar de já não alimentar expectativa de recompor boas relações com a Câmara, o governo acredita que uma pauta focada na melhoria do ambiente de investimento empresarial no país é a única que pode permitir ao Planalto sobreviver até o fim do ano legislativo sem derrotas mais significativas. A articulação política de Dilma Rousseff conta com a ascendência do setor privado sobre o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para estabelecer pontos mínimos de convergência.
Enquanto o governo assopra, o PT morde: Cunha será alvo dos atos de quinta, organizado por movimentos sociais e sindicatos, com o apoio do partido” (lê-se: pão com mortadela).
“Em contraponto às manifestações de domingo, que pediram a saída de Dilma, os militantes levarão cartazes de ‘fora Cunha’.”
O tom dos atos, no entanto, tem rendido discussões entre os organizadores.
“Enquanto parte dos movimentos defende que se saia às ruas em defesa de Dilma, o MTST quer se descolar do apoio ao governo, batendo no ajuste fiscal de Joaquim Levy (Fazenda) e na Agenda Brasil de Renan Calheiros.”
Guilherme Boulos, líder do movimento, continua afetando insatisfação com a política econômica, supostamente alinhada à direita.
Como tuitei em dezembro de 2014:
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Quando Boulos anunciou o protesto e a pauta 40 dias atrás, antecipei aqui:
“Por enquanto, Dilma fica com Levy em vez de Boulos. Ela só fará a guinada à extrema esquerda se sentir que não tem outra saída. Até lá, continuará tentando enganar os empresários de um lado e os militantes de outro, como manda a tradição do esquema petista de poder.”

Editorial do Estadão: Um mito que se esvai

Publicado no Estadão
A evidência do processo de desconstrução de um mito foi uma marca importante deixada pelos protestos de rua do dia 16: Lula nunca mais! O repúdio a Dilma e ao PT eram as outras palavras de ordem dominantes no evento, óbvias por mirarem as personagens que se destacam na cena política: a protagonista e seu coro. Mas, por detrás de Dilma e do PT, emergiu fortemente na percepção dos cidadãos a figura do arquiteto da grande mistificação populista que encantou a maioria dos brasileiros enquanto pôde se manter sobre seus pés de barro.
O sucesso popular de Luiz Inácio Lula da Silva foi o resultado da conjugação de virtudes pessoais, como a excepcional habilidade para aliar meios a fins – a essência da política –, com circunstâncias históricas, como a globalização da economia e das comunicações que fizeram amadurecer, na virada do século, momento propício a um forte influxo humanista na economia de mercado que vinha de impor sua hegemonia no planeta.
No auge de seu prestígio popular, quando comemorava, em 2010, com a eleição de Dilma, sua terceira vitória consecutiva em eleições presidenciais, Lula claramente se sentia detentor de um poder quase absoluto. Acabara de dar um passo decisivo para o projeto de perpetuar a hegemonia política de seu PT.
Esqueceu-se da célebre advertência de Lord Acton: o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. E não permitiu que restassem dúvidas quanto a quem era o verdadeiro dono desse poder quando, ainda antes da metade do primeiro mandato de Dilma, a convenceu a praticamente renegar a “faxina ética” que realizara em seu Ministério ainda em 2011.
É bem verdade que com o tempo, e principalmente a partir da posse no segundo mandato, Dilma afastou-se gradativamente da influência política direta de Lula. Mas faltou-lhe competência política para salvar a si, ao PT e ao Brasil do desastre político, econômico, social e moral cujas raízes estavam solidamente plantadas desde os primeiros meses do primeiro governo de seu criador e frustrado preceptor.
A avassaladora evolução das investigações da Operação Lava Jato começa a revelar os primeiros indícios de que Lula pode estar envolvido em episódios que já levaram à prisão donos das grandes empreiteiras de obras com os quais desenvolveu estreito relacionamento pessoal, tanto como presidente da República quanto, depois, como consultor, conferencista e lobista internacional.
Mas não é a Lava Jato – ou apenas ela – que aproxima Lula de Lord Acton. Por apego ao poder, o chefão do PT corrompeu, principalmente, um projeto político em que, durante muito tempo, uma maioria de brasileiros de boa-fé, completamente iludida, acreditou firmemente: a redução das desigualdades com o pleno acesso da população marginalizada da vida econômica aos bens sociais essenciais, como educação, saúde, saneamento, transporte, segurança.
O fastígio econômico dos seis primeiros anos de governo de Lula, apoiado nos princípios sólidos de estabilidade econômica herdados de governos anteriores e numa conjuntura internacional extremamente favorável, permitiu avanços sociais importantes no desfrute de uma política social focada no crédito fácil e na gastança voltada para bens de consumo. A ambição de transformar esses avanços em vantagens eleitorais a curto prazo e não em efetivas conquistas no prazo longo, aliada à miopia de viés ideológico, levou à implantação de uma “nova matriz econômica” intervencionista, estatista. Enfim, a corrupção de uma política que se anunciava voltada para os benefícios sociais resultou nas mazelas que hoje todo o País sofre.
Lula, portanto, corrompeu com sua ambição de poder um projeto político que fez as pessoas acreditarem ser socialmente desejável e exequível. E acabou por inviabilizá-lo – aí com a forte ajuda de Dilma – ao vinculá-lo à “ideologia do bem” segundo a qual não existe verdade fora do Estado. Razões suficientes para que o País queira vê-lo pelas costas.

Conta outra paspalho!- Levy: 'Ajuda ao setor automotivo não compromete ajuste'

Ora, isso precisa acabar. Para não demitir a cambada ligada a sindicatos e secar a fonte que os sustenta, dinheiro nosso, suado dinheiro nosso. Quem irá acreditar nessa corja?  Quem consciente irá investir com estes ratos todos no comando? O país paga o pato, o importante é salvar Dilma e o PT.
Qual é a moral da Dilma, a maior fabricante de factóides do planeta?

Ele está com o bicho carpinteiro- Cunha critica demora do PMDB em discutir desembarque

Círculo vicioso. E quem paga?- Setor automotivo contará com socorro de R$ 3,1 bilhões do Banco do Brasil

A gente luta pensando no melhor para os brasileiros, mas aí percebo que está tudo dominado Os arrogantes não admitem seus erros, e os manifestantes de sofá e computador no domingo ficaram em casa. Prevejo muitos anos de sofrimento e de mais atraso moral,político e cultural.

“A única coisa que me resta na vida é pensar... Pensar numa maneira de ficar rico sem ser preso.” (Chico Melancia)

A GAZETA DO AVESSO- Dilma vai à Venezuela participar de um curso ministrado por Nicolás Maburro: COMO CONTROLAR A INFLAÇÃO EM TREZE LIÇÕES

IL-Como o PT conseguiu estragar tudo?

cristoredentor


Em 2009, a revista britânica “The Economist” publicou em sua capa uma imagem do Cristo Redentor em forma de foguete prestes a levantar voo, com o título “Brazil takes off” (“Brasil decola”, em tradução livre). Em 2013, o sentimento era outro. A mesma revista publicou uma imagem do Cristo Redentor, agora em trajetória de queda, sob o título “Has Brazil blown it?” (“O Brasil estragou tudo?”). Se em 2013 havia dúvida para tanto pessimismo, agora não há mais. O Brasil estava numa trajetória de crescimento e conseguiu realmente estragar tudo. Como se explica tamanha proeza? Particularmente, penso que foi um misto de miopia ideológica, incompetência e oportunismo eleitoreiro.
Comecemos pela questão ideológica. A esquerda não suporta a ideia de que o liberalismo possa gerar crescimento econômico. Isso é para eles uma obscenidade. Se funcionar, eles vão torcer o nariz e inventar histórias mirabolantes. Vão criar um falso programa de estímulo ao crescimento, dar um nome impactante e convencer a população – e, em alguns casos, até a si próprios – de que esse programa é que de fato está levando o país à diante. Mas o pior acontece quando o crescimento desacelera. Nesse caso, a esquerda vai sacar do seu keynesianismo mal compreendido soluções desastrosas. Ao problema ideológico, soma-se agora uma questão de incompetência.


Desde os tempos de Adam Smith (1723-1790), sabe-se que a riqueza de uma nação depende de sua capacidade de produzir mercadorias. Seria muito bom que essa riqueza dependesse da capacidade de consumo. Todos hão de concordar que é mais fácil estimular o consumo que a produção.
Em decorrência da crise de 2008, o governo adotou corretamente algumas políticas fiscais e monetárias de estímulo à economia. O resultado foi positivo. Em 2010, o crescimento foi de 7%. O problema do governo foi achar que poderia manter essas políticas por prazo indeterminado. Seria muito bom se as coisas funcionassem de forma simples assim, mas infelizmente a realidade é mais complexa.

Crescimento econômico depende essencialmente da manutenção de investimentos e de ganhos de produtividade. Em uma economia capitalista, os investimentos são realizados sobretudo pelo setor privado, que irá realizá-los somente quando sentir confiança nas políticas de manutenção da estabilidade macroeconômica. Do ponto de vista micro, o crescimento depende da produtividade, que, por sua vez, depende de uma série de fatores: qualidade das instituições, qualificação da mão-de-obra, logística, ambiente de negócios, entre outros. Resumidamente, na maior parte das vezes, para se gerar crescimento, é necessário estimular a oferta e não a demanda.


Esse foi um erro mortal do PT. O governo não atuou do lado da oferta, não efetuou esforços para aumentar produtividade e competitividade. Por outro lado, o estímulo a demanda via aumento do endividamento público e a aceleração inflacionária decorrente da redução forçada dos juros assustaram investidores. O setor privado percebeu claramente que os fundamentos macroeconômicos estavam comprometidos. Confiança é a melhor política industrial conhecida. E a falta dela é o caminho certo para a estagnação.
Por fim, a questão política-eleitoreira. Em 2003, quando Lula assumiu a presidência, muitos ficaram assustados. Quando estava na oposição, o PT era o partido do contra. Foram contra tudo que fez o Brasil avançar – desde a Constituição de 1988, até o Plano Real. Como essa esquerda radical iria se comportar no poder? Quem seria o novo Ministro da Fazenda? Havia uma grande expectativa em relação ao nome que Lula iria escolher. Isso seria o sinal de que o PT havia ou não abandonado suas teorias esquerdistas radicais.
Pois bem, entre tantos economistas heterodoxos de esquerda, Lula nomeou para o Ministério da Fazenda o médico Antonio Palocci. A escolha agradou os mercados. Palocci parecia um político moderado. O pânico foi dando lugar à confiança. O Brasil parecia ter passado por uma prova de fogo: um governo de esquerda assumiu o poder e isso não produziu nenhum trauma. Tudo indicava que a democracia havia enfim se consolidado no Brasil.
Durante o governo Lula, o país cresceu em média 4% ao ano. Esse bom desempenho teve duas razões principais: as reformas implementadas durante a gestão FHC e o aumento no preço das commodities no mercado internacional. Algumas políticas econômicas têm benefícios de longo prazo – ou seja, alguém planta e outro colhe. E, às vezes, esse que colhe é de outro partido político. Como se comportar em uma situação desse tipo? Políticos não costumam ser muito generosos na hora de reconhecer o mérito de seus adversários. Mas Lula foi ao extremo. Nunca reconheceu os benefícios que recebeu de seu antecessor. Com relação ao crescimento econômico, era tudo mérito seu, de FHC recebeu tão somente uma herança maldita. E, por fim, passou a dizer que inclusive a estabilização macroeconômica ocorreu na sua gestão.
Ingratidões à parte, tudo correu bem até a deflagração da crise econômica mundial. A partir de 2008, o PT abandonou a ortodoxia e passou a perseguir objetivos eleitoreiros de curto prazo. O importante deixou de ser os fundamentos macroeconômicos. O foco era vencer as eleições de 2010 e 2014. O estrago produzido, conserta-se depois. O resultado dessa política está aí para quem quiser ver. Ninguém está contente com a crise, mas vejamos o lado positivo: a bomba estourou nas mãos do PT e não na de seus adversários. Nada mais justo – quem comeu a carne, que roa os ossos. O populismo petista foi desmascarado, chegamos ao fim de uma era. Esse é o lado bom da história.

Ivan Dauchas

Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.

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“Antes sofrer por compreender que ser um feliz enganado.” (Filosofeno)

Ratos

RATOS

Não há mar na capital
Não há navios com seus porões imundos
Mesmo assim é constrangedor observar
Como proliferam nesta capital certos tipos de ratos que
À luz do dia devoram instituições
E como se isso não bastasse
Também se alimentam com ansiedade do dinheiro dos impostos.


Plebiscito D- É realista esperar a renúncia de Dilma? O que devemos fazer

Há muita gente pregando que Dilma renuncie. Essa seria, sem dúvida, a saída mais simples, rápida e pacífica de todas. Teria a vantagem enorme de evitar traumas, confrontos, querelas. Também pacificaria o caminho para o futuro. Não há como não concordar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que a renúncia seria um ato de grandeza de Dilma. Mas cá para nós: dá para esperar, honesta e realisticamente, haver tal grandeza nessa pessoa?
Gostaria de estar enganado, mas o que vejo é que isso é uma grande quimera. Faz sentido esperar esse desapego, esse amor ao Brasil de quem disse que faria – e fez – “o diabo” para ganhar a reeleição?  Sejamos honestos conosco mesmos: Dilma não vai renunciar (a menos que seja forçada a isso – comento  abaixo). Há muito apego ao cargo e a tudo que ele representa, para ela e para seu partido, para sequer cogitar tal nível de grandeza. Esperar sua renúncia “por grandeza” é uma quimera, uma tola ilusão. Não se pode esperar decisão tão sábia e magnânima de quem fez e está fazendo o que já nos cansamos de assistir. Não adianta perder tempo sonhando com gestos altruístas em nome do Brasil; não adianta contar com bom senso, amor à pátria ou ao povo, gestos de tolerância, de união nacional, etc. Para quem está a serviço da “causa maior” do avanço da esquerda, nada disso importa. Quando é que nossa ingenuidade vai acabar em relação a essas boas intenções?
No entanto, ela pode sim vir a renunciar, mas nunca por grandeza. Vejo duas hipóteses para isso.  Uma delas é que seus “companheiros”  entendam – e consigam convencê-la de – que é melhor para a “causa” deixar o poder antecipadamente. Ou seja, seria um recuo, uma jogada estratégica para recuperar o poder no futuro e continuar o avanço da “causa”. Pessoalmente, acho essa hipótese muito remota: é mais ou menos claro que deixar o poder será para o PT antecipar seu declínio irreversível.

A segunda via é que as elites políticas e econômicas deste país se convençam que sua saída é melhor, e topem bancar o esforço e o custo de “convencê-la” a renunciar. Não posso precisar que métodos adotariam, mas a “elite” parece ser esperta o suficiente para achar tais meios. Além do mais, se a elite não for capaz de “convencê-la”, essa mesma elite teria outros meios de tirá-la do poder.
Assim, aqui vai uma sugestão para todos nós. O que temos  de fazer é simplesmente o seguinte: convencer as “elites” que é melhor que tomem o lado das ruas e promovam a destituição da presidente.
Este é o jogo. Não é um jogo para dizer qualquer coisa ao governo; isso não adianta mais. Abandonemos essa ilusão. O jogo é convencer a elite a cooperar com o povo.  E falando de jogos, especialmente de jogos repetidos, como é o caso aqui, há um ensinamento básico que aprendemos em Teoria de Jogos. O melhor jeito de conseguir a cooperação de outro jogador é puni-lo quando não coopera. No caso, basta ver quem está se colocando na frente do que o povo quer; e tratar de lhe “punir” como for possível (dentro da legalidade!). Será que preciso ser mais claro? Espero que não.

Do Baú do Janer Cristaldo- sábado, outubro 16, 2004 MEMÓRIAS DE UM EX-ESCRITOR (XXXIII)

Na Folha de São Paulo, o agravamento do conflito. Comecei a trabalhar como redator de Internacional. Foi meu primeiro contato com o jornalismo eletrônico. Para enfrentar relaxado o terminal, já que pouco ou nada entendia dos comandos, tomava duas cervejas antes de ir para a redação. O recurso funcionava na Era da Máquina de Escrever. Mas dada a velocidade exigida pelo jornalismo computadorizado, qualquer ingestão maior de álcool transparece na tela: letras engolidas, dobradas ou invertidas dentro da palavra. Na medida em que passei a dominar melhor a máquina, deixei de lado o recurso inútil. Esta, me parece, é uma das transformações que o computador impôs ao jornalista: álcool, só depois de fechada a edição. 

Antes de ser contratado, vivia em Curitiba. A cidade é linda. Mas parada como água de poço, como diria um gaúcho. Nas primeiras semanas de São Paulo, comecei a vomitar diariamente pela manhã, mesmo antes de ter comido qualquer coisa. Atribuí o fenômeno à poluição, procurei médicos e não encontrei solução alguma. "Você pode trocar de cidade?", perguntavam-me os médicos. Poder, poderia, mas o mercado de trabalho estava em São Paulo. 

Em abril de 92, após um ano de arcadas e convulsões diárias, fui passar férias em Paris. Parei de vomitar. A cura parecia elementar, só que um pouco cara: para parar de vomitar, bastava sair de São Paulo e ir para Paris. Ao voltar para São Paulo, já antevia as arcadas matutinas, que nos últimos meses começavam a ocorrer à noite, na saída do jornal. Ao chegar, soube que fora demitido. Santo remédio, os vômitos desapareceram. Trabalhei depois seis meses no Estadão, náusea nenhuma. Voltei à Folha, voltaram os vômitos. 

Não vai nisto nenhuma ojeriza ao jornal, tampouco a meus colegas. A Folha foi um upgrade em minha trajetória, me fez descobrir São Paulo e o universo da informática. Também me reconciliou com os jovens. Durante o magistério em Florianópolis, minha confiança nas "gerações vindouras" ficou seriamente abalada. Exigir de meus alunos um mínimo de cultura histórica seria utópico: se escrevessem corretamente o português já era muito. Na Folha, encontrei uma criançada de vinte e poucos anos, boa de texto e de terminal, e com sangue frio para enfrentar qualquer autoridade ou desafio, e mesmo um fechamento de jornal desesperado. 

Ocorre que somatizo minhas rejeições. Considero o trabalho de redator como um trabalho manual. Ofício rigoroso, exige especialização e alta competência, conhecimento de línguas, agilidade e sangue frio. Mas é trabalho manual. Redator não opina, não discute, não polemiza. Pode até opinar de vez em quando, mas está atrelado à confecção diária do jornal. Escravo do deadline, raramente dispõe da pausa necessária para elaborar um artigo de mais peso. Sem nada entender de medicina, suponho que vomitar era a forma como meu organismo rejeitava um trabalho que me desagrava executar. 

Sem falar em implicações ideológicas. O jornalismo atual está sendo tratado como ficção. O massacre dos ianomâmis, noticiado em 1993, é o exemplo mais gritante deste tipo de jornalismo. Foi anunciada a morte de 16 índios, depois 40, depois 73, a cifra foi a 120 e voltou a cair para 16. Ora, não houve indício algum de massacre, cadáver algum que pudesse justificar denúncia de genocídio. A aldeia onde "teria" ocorrido o suposto massacre, descobriu-se depois, ficava na Venezuela. A cobertura do caso rolou por mais de mês na imprensa nacional e internacional, e jornal algum voltou atrás de suas informações. Artigos isolados puseram em dúvidas a denúncia. No entanto, nas hemerotecas permanecerá registrado, para a pesquisa dos historiadores, a ocorrência do massacre. Faz bem às viúvas do socialismo a ocorrência de um massacre de indígenas, perpetrado por brancos em busca de ouro. Logo, cria-se ficcionalmente o massacre e depois se trata de acreditar nele. 

Nas editorias de Internacional, a ficção é cotidiana. África do Sul, por exemplo, é um prato feito para manipulação. Quem leu diariamente os jornais de 93, se for leitor arguto, terá notado que em boa parte do ano, todas as segundas-feiras, no máximo na terça, era noticiada a morte de 20, 40 ou 60 negros durante os fins-de-semana na África do Sul. Invariavelmente, os jornais afirmavam: "pistoleiros mataram", "atiradores dispararam contra", "grupo armado atacou". As manchetes geralmente falavam em "violência política". O que não era noticiado é que os pistoleiros, atiradores ou grupos armados eram sempre negros que matavam negros. Não me recordo de ter visto um só telegrama noticiando a morte de negros por brancos na África do Sul em 93. Se ocorreu alguma morte de negro por branco, constituí exceção diante dos massacres semanais de zulus por khossas e vice-versa. 

Os surtos de violência na África do Sul, nos últimos anos, têm sido fundamentalmente tribais, e não políticos. Os massacres, iniciados geralmente nas sextas-feiras e terminando no domingo, foram sempre de negros contra negros, de tribo contra tribo. Como não é politicamente correto negro matar negro, o jornalista substitui a palavra negro para pistoleiros ou atiradores, quando se trata de falar do agressor. Quanto às vítimas, ele as trata por negro mesmo. No pé da notícia, uma declaração qualquer do líder afrikânder Terreblanche e está feita a manipulação: milhões de leitores passam a acreditar que a minoria branca sul-africana está exterminando os negros do país. 

“Meu velho marido está caindo aos pedaços, mas as verdinhas dele continuam novinhas.” (Eulália, a madame puta que confessa que não se casou por amor)

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DANDO TRABALHO AOS AMIGOS DA RAINHA- Aposentados vão ao STF contra atraso em pagamento do 13º