“Espero que comecem a nascer gênios no Brasil, pois de canalhas e idiotas estamos superlotados.” (Mim)
terça-feira, 1 de maio de 2018
HERBERT E A MORTE
Herbert era um grande mágico. Tão bom que por mais
de uma centena de oportunidades enganou a morte quando ela veio para buscá-lo.
Foram tantas vezes que a morte desistiu de levá-lo, cansou-se. Desde então
Herbert vaga pelo mundo sem descanso. Aquilo que poderia ao olhar superficial ser uma dádiva,
tornou-se um fardo duro de carregar. Herbert ainda vaga por aí, saturado da
vida, esperando que a morte reconsidere.
SEMILDA BEATA
Semilda, sempre vestida de preto, um urubu de
saias. O sangue irriga seu cérebro não sei por que, pois vive prostrada
maltratando os joelhos. Do alto espera
castigo e prêmios, o resultado não aparece, mas junta as mãos muito mais que
toma banho. É uma juíza, julga todos, porém se perguntada sobre algo coerente e
real é uma toupeira que não sabe nem quando é dia ou noite. Uma beata, inerte
no pensar como uma batata dentro de um saco na carroceria de um caminhão.
SEU NICÁSIO
Ainda caminhava para lá e para cá, conhecia todos
na vila, apesar da idade avançada. Ninguém na verdade sabia sua verdadeira
idade, o que todos tinham certeza é de
que seu Nicásio era muito, mas muito velho, pois tinha até um retrato ao lado
de D. Pedro II. Pois Seu Nicásio morreu na tarde de ontem e nem foi preciso
realizar a cremação: quando deixou este mundo já era pó.
LEOCÁDIO
Salta! Pula! A multidão reunida no centro da cidade
ansiosa aguardava lá embaixo pelo último ato do suicida. Finalmente ele se
jogou do telhado. Os mais sensíveis fecharam os olhos antes do choque fatal.
Então antes de espatifar-se no chão Leocádio abriu suas belas asas e alçou voo
para navegar sob o resplandecente azul do céu. Antes contornou e fez um rasante
mostrando a língua para os abutres que pediam por sangue.
DONA MEIGA
Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.
Assinar:
Postagens (Atom)
-
“Eu também só uso os famosos produtos de beleza da Helena Frankenstein. ” (Assombração)
-
“Vó, a senhora já ouviu falar em algoritmo?” “Aldo Ritmo? Tive um vizinho que se chamado Aldo, mas o sobrenome era outro.”
-
BABY LAMPADA Coisa própria da juventude; o afobamento, o medo do futuro, não ter o apoio da família; tudo isso faz do ser inexperiente ...