sexta-feira, 19 de junho de 2015

“Normalmente ingerimos nossos alimentos in natura. Mas bolivarianos e petistas antes damos um banho de ácido peracético.” (Leão Bob)

“Somos irracionais. Racionais são os comunistas?” (Leão Bob)

“Turismo na África é assim: Turista tirando selfie e o Bob enchendo a pança.” (Leão Bob)

”Algo que eles defendem (esquerdistas) e que eu não entendo: Se Cuba é um paraíso, por que as pessoas não são livres para sair de lá quando bem desejarem?” (Eriatlov)

Postalis e Petros: 30 milhões desviados para Renan



Leiam o que a Istoé publicou:

"Um golpe perpetrado recentemente contra os fundos de pensão Postalis e Petros começa a ser desvendado pela Polícia Federal. Inquérito sigiloso obtido com exclusividade por ISTOÉ traz os detalhes de um esquema que desviou R$ 100 milhões dos cofres da previdência dos funcionários dos Correios e da Petrobras... Parte do dinheiro, segundo a PF, pode ter irrigado as contas bancárias do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do deputado federal e ex-ministro de Dilma, Luiz Sérgio (PT-RJ), atualmente relator da CPI do Petrolão. Prestes a ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, devido à citação de autoridades com foro especial, o inquérito traz depoimento de um funcionário do grupo Galileo Educacional, empresa criada pelo grupo criminoso para escoar os recursos dos fundos. Segundo o delator identificado como Reinaldo Souza da Silva, o senador Renan Calheiros teria embolsado R$ 30 milhões da quantia paga, Lindbergh R$ 10 milhões e o deputado Luiz Sérgio, o mesmo valor."

O PT abriu totalmente a porteira para a corrupção.

O Antagonista

Calote no Minha Casa Minha Vida

O calote do governo nos pagamentos das obras da faixa 1 – que atende pessoas com renda de até 1 600 reais – já chega a 1,2 bilhão de reais, segundo o Estadão. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo alega que desde o dia 8 de maio as empresas que prestam os serviços não recebem.

O Antagonista

INSTITUTO LIBERAL- FRASE DO DIA

“Quando eu porto uma arma, eu não o faço porque estou procurando encrenca, mas porque espero ser deixado em paz. A arma … significa que eu não posso ser forçado, somente persuadido. Eu não a porto porque tenho medo, mas porque ela me permite não ter medo. Ela não limita as ações daqueles que iriam interagir comigo pela razão, somente daqueles que pretenderiam fazê-lo pela força. Ela remove a força da equação… E é por isso que portar uma arma é um ato civilizado”. Major L. Caudill, do Corpo de Fuzileiros dos EUA

Instituto Liberal- Imperialismo capitalista: mito e realidade

Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.

leninÉ muito recorrente entre os teóricos socialistas a crença na ideia de que a riqueza dos países capitalistas desenvolvidos provém da exploração de nações pobres. Isso logicamente não é verdade. Mas pior que uma mentira é uma meia mentira. Portanto, convém entender o que é mito e o que é realidade nessa história toda.
O capitalismo, desde os seus primórdios, no século XVI, – período conhecido também como mercantilismo – sempre operou em escala global: conquista da América, entrada de metais preciosos na Europa etc. No final do século XVIII e início do século XIX, com a Revolução Industrial, esse ímpeto expansionista se abrandou. Porém, no final do século XIX, há um novo período de expansão colonial. O que explica essa mudança?
A Revolução Industrial proporcionou uma grande concentração de riqueza nas potências econômicas da época. Por vezes, as poucas alternativas de investimento dentro do próprio país levavam os capitalistas a buscarem investimento mais lucrativo em outras nações.
Aqui mesmo no Brasil, temos um caso que elucida bem essa questão. Nesse período, o Brasil sofria um dilema. O café era uma atividade econômica altamente rentável. Porém, apesar da grande disponibilidade de terras férteis para plantio, não havia como aumentar a produção devido à ausência de uma infra-estrutura de transportes. Solução: o Brasil fez acordos com capitalistas ingleses para a construção de ferrovias no estado de São Paulo. O transporte sobre trilhos deu grande impulso à economia cafeeira e, posteriormente, contribuiu para a industrialização do país.
Temos nesse exemplo uma situação clara de trocas voluntárias e ganhos mútuos. Mas nem sempre as coisas funcionavam assim. Por vezes, as potências econômicas subjugavam pela força diferentes partes do mundo em busca de lucro. Os teóricos do imperialismo, sobretudo o líder bolchevique Vladimir Ilitch Lenin (1870-1924), acreditavam que essa era uma característica inerente ao capitalismo que não tinha como ser sanada e que a única solução seria uma revolução comunista. Lenin estudou esse assunto profundamente, mas cometeu alguns erros toscos que os próprios marxistas posteriormente vieram a admitir. Num momento em que o capitalismo estava se fortalecendo, Lenin disse que o imperialismo representava o último estágio do capitalismo. Acreditava que o fim do capitalismo estava muito próximo. Chegou inclusive a usar a expressão “capitalismo moribundo”.
Como podemos ver, o capitalismo continua bem vivo até hoje. Essa tese de Lenin, portanto, estava errada. Mas o que dizer dessa ânsia capitalista de dominar as nações mais pobres? No meu entendimento, esse neocolonialismo foi um processo complexo que não tem como ser compreendido meramente pela ótica econômica. Ele tem a ver com a política, com o nacionalismo, com o fervor religioso (levar o cristianismo a “povos selvagens”), com uma percepção errada de como a economia funciona e até mesmo com a loucura cega de alguns indivíduos. É bastante possível que o imperialismo não tenha favorecido as potências econômicas da época, pois manter nações inteiras sob o jugo militar envolvia elevadíssimos custos financeiros. As nações colonizadas podem ter sido exploradas, mas também foram favorecidas em alguns aspectos. As potências imperialistas construíram hospitais, escolas, ferrovias entre outras coisas. Povos colonizados tiveram acesso a vacinas, antibióticos e outros tratamentos médicos.  E, definitivamente, o imperialismo não explica por que existem nações ricas e pobres. Muitos países desenvolvidos da atualidade nunca foram imperialistas. Alguns exemplos: Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Noruega. Outros países desenvolvidos são ex-colônias de países imperialistas, tais como: Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Cingapura.
Submeter coercivamente nações estrangeiras é algo moralmente errado. O imperialismo assemelha-se ao escravismo, é uma mancha no passado da humanidade, porém não é fruto do capitalismo, conforme argumentava Lenin. E, finalmente, o imperialismo não tem absolutamente nenhuma relação com os fundamentos da doutrina liberal.
Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.

Instituto Liberal- Chavistas afrontam o Brasil e a civilidade democrática: responderemos?

Chavistas afrontam o Brasil e a civilidade democrática: responderemos?

brasil venezuela
Em outros tempos e conjunturas, seria lido, com boa dose de razão, como um ato de guerra. Os infames chavistas, amantes da ditadura e da tirania, coletivistas bolivarianos com sua paixão fingida pelo pobre e pelo desvalido, e seu amor pela bonança particular dos “companheiros”, uma vez mais demonstraram ao mundo sua face covarde e imoral. Desta vez, em afronta direta e inolvidável ao Brasil, na figura de um de seus Poderes republicanos – em missão oficial, previamente acordada, representando a nossa pátria. E boa parte da nossa imprensa, em descumprimento total de seu dever, reduz as dimensões do fato e ainda usa a expressão “manifestantes” para se referir aos trogloditas que o provocaram.
Uma comitiva de senadores oposicionistas, incluindo Aécio Neves, Cássio Cunha Lima, Aloysio Nunes e Ronaldo Caiado, esteve no país vizinho com o intento de visitar os presos políticos e verificar o estado da democracia por aquelas bandas. Chegaram ao país e estavam junto à parlamentar cassada María Corina e Lilian Tintori, esposa do líder venezuelano detido Leopoldo Lopez, que encontrariam primeiro. Encontrariam. Abandonados prontamente pelo embaixador brasileiro na Venezuela, sem qualquer tipo de proteção oficial, eles tiveram seu ônibus cercado e esmurrado, numa clara intimidação. Segundo Caiado, também lançaram pedras contra o veículo. Uma violência inadmissível no país vizinho contra uma delegação nacional. É uma ofensa não apenas à pessoa dos senadores, mas ao Senado Federal, ao Brasil e, somando-se a todas as atitudes repressivas – até muito mais violentas – já cometidas sob a tutela do tacanho regime em vigência na Venezuela, uma ofensa aos valores mais nobres da democracia e da humanidade. Os senadores acabaram com o trânsito travado, alegadamente por “obras de manutenção”, e o terminal com o avião da FAB que os aguardava estava fechado. Permaneceram “ilhados” por um tempo, até finalmente decidirem pegar o voo de volta ao Brasil, vendo frustradas as intenções originais da viagem. denuncia
Foram bem-sucedidos, porém, em alguma coisa, à revelia de suas vontades: demonstrar a todos, sentindo na própria pele, até que ponto a casta bolivariana latino-americana pode chegar. E pode chegar muito longe. Sua sanha em calar o contraditório é patente – além de acobertada e tolerada pelo governo brasileiro, em sua despudorada cumplicidade, já exaustivamente demonstrada, entre outros sintomas, pela sua inoperância, como liderança regional, diante do absurdo. Um agente não-identificado da Polícia Nacional Venezuelana, segundo reportagem de Sami Adghirni na Folha de São Paulo, afirmou que “é evidente” que o bloqueio da passagem dos senadores é uma “sabotagem” do regime local, pois se houvesse intenção, haveria naturalmente alternativas possíveis para o deslocamento, com escolta. Não há dúvida; a América Latina vive uma guerra. Uma guerra desigual, entre parcelas despertas do povo, conscientes da opressão exercida pelo esquema vigente de poder, e os tiranos que, em uma mescla de socialismo e populismo, tecem teias criminosas sobre as entranhas das nações em que se encastelam.
nojeiraPara mostrar seu apreço pela liberdade, as esquerdas mais radicais do Brasil, em clara “demonstração do seu patriotismo e seu sentimento humanitário”, relativizaram o ato, ou mesmo ironizaram os senadores agredidos. A nossa querida velha conhecida Cynara Menezes, a Socialista Morena, foi uma a comparar essa agressão aviltante às manifestações populares brasileiras contra a presidente Dilma Rousseff. Gostaria de saber em que lata de lixo esses hipócritas enfiaram o seu bom senso. Em momento algum aplaudimos ou incentivamos, nós que combatemos o (des)governo de nossa infeliz mandatária, manifestações violentas contra sua figura. E isso apenas não aconteceu! Seguramente não acreditam que a intimidação direta e violenta aos senadores, no veículo em que faziam uma visita oficial representando outro país – frise-se isso – se comparam às vaias sonoras com que, em legítimo direito, os brasileiros, eleitores e pagadores de impostos, recepcionam a representante pública da infame casta que os constrange internacionalmente e esmaga seus sonhos e aspirações. Não; os que fazem troça e os que celebram a agressão sabem muito bem o que estão dizendo. São, ao aprovarem tamanha ofensa, ao celebrarem-na com gracejos e aplausos, verdadeiros traidores da pátria – que, tal como o PT, não amam e não respeitam a bandeira brasileira.
Não somente o PT (cujo líder na Câmara, Sibá Machado, debochou, dizendo que a queixa dos senadores era não terem sido convidados para um almoço com o tiranete Maduro); também o PCdoB e o PSB hesitaram diante da moção de repúdio ao gesto, felizmente aprovada, ao considerarem essa atitude, segundo o site Antagonista de Diogo Mainardi e Mario Sabino, “precipitada”.  Ofendem nossos melhores princípios, e ofendem, sobretudo, nossa inteligência! A moção de repúdio é importante e necessária, mas é pouco. O que aconteceu neste dia 18 de junho de 2015 foi muito grave. É motivo para profundas retaliações e para uma reação à altura do Brasil. Provavelmente teremos de esperar que ela venha das próprias oposições agredidas; o governo, presumo, pouco ou nada desejará fazer, a julgar pela pompa com que recebe enviados do patético filhote de Hugo Chávez que hoje mantém a Venezuela sob suas rédeas. Aliás, segundo o Estado de São Paulo, Dilma já sinalizou para isso, considerando que as oposições criaram um “constrangimento” ao seu governo com essa visita, que seria uma intromissão nos assuntos venezuelanos.
Que reajam elas então! Que atuem, que reajam os verdadeiros amantes da liberdade, os que respeitam as estruturas fundamentais sem as quais não subsiste a ordem civilizada! Que reajam aqueles que ainda têm respeito pela bandeira brasileira e pelos valores de liberdade de homens como Joaquim Nabuco e José Bonifácio! Que reajam os que não hão de se acovardar perante a tirania que se entoca no país vizinho, fazendo derramarem o sangue e as lágrimas dos nossos irmãos venezuelanos – e que, agora, cospem em nosso próprio pavilhão. Se ainda queremos conservar alguma dignidade, precisamos responder, com força e convicção, como suspeitamos que nosso Itamaraty, nossa diplomacia de tanta tradição aos tempos de Rio Branco e Osvaldo Aranha, não fará, entregue que está aos mesmos vermes que corroem estas terras tropicais. Pelos brasileiros e pelos venezuelanos, precisamos unir forças e chamar a atenção do mundo; somente assim caminharemos para a vitória da liberdade!

Sobre o autor

Lucas Berlanza
Acadêmico de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na UFRJ, e colunista do Instituto Liberal. Estagiou por dois anos na assessoria de imprensa da AGETRANSP-RJ. Sambista, escreveu sobre o Carnaval carioca para uma revista de cultura e entretenimento. Participante convidado ocasional de programas na Rádio Rio de Janeiro.

Fora, Neymar

Fora, Neymar

por MARIANO ANDRADE
neymarColômbia 1, Brasil 0. Resultado normal, e até modesto considerando a péssima atuação da seleção brasileira. Apesar da derrota, Neymar foi o nome do jogo – dessa vez, pelos motivos errados.
Neymar portou-se como um moleque mimado, reclamando sem parar, dando empurrões, procurando confusão. Faltou jogar bola. É natural que um atleta de alto nível tenha rendimento baixo esporadicamente, mas o verdadeiro craque e ídolo deve saber conviver com essas situações e aceitá-las. Neymar joga muita bola, mas tem muito que aprender até que possa defender o Brasil com dignidade e respeito; na vitória ou na derrota.
gran finale ocorreu após o apito final, quando Neymar chutou a bola com força sobre um jogador colombiano, instalando a confusão no gramado e depois dando uma cabeçada acintosa em outro adversário. Conseguiu ser expulso depois do fim do jogo.
Comportamento ridículo seguido por atitude patética dos demais atletas brasileiros nas entrevistas pós-jogo. Daniel Alves e Willian culparam “os árbitros” pela atitude de Neymar, pois “apanha muito” e os árbitros são supostamente lenientes. Trata-se de uma desculpa infame que corrobora o insidioso culto à personalidade que impera no Brasil.
Neymar e seus companheiros acharem que ele está acima da regra – por qualquer motivo esdrúxulo que seja – é análogo a Lula comparar sua popularidade à de Jesus Cristo. É o PT de Dilma, Dirceu e demais mensaleiros e petroleiros julgar-se onipotente e saquear a Petrobrás e tudo o mais que aparece pela frente no erário público. É o mesmo culto à personalidade que elevou Eike Batista à condição de celebridade e custou muito dinheiro ao pequeno investidor. É a prática pervasiva da idolatria do medíocre que catapulta à fama Kim Kardashian, Paris Hilton e outras invenções vazias. Temos as nossas Anittas e tantos MCs para contribuir à lista também.
Na Copa do Mundo de 2014, Neymar causou comoção no país ao se contundir na partida contra a mesma Colômbia. Seu “drama” mobilizou a mídia e as redes sociais. Na partida seguinte, os jogadores brasileiros entraram em campo fazendo um ridículo gesto que, diz-se, representa uma gíria comumente usada por nosso “ídolo”. Não houve luto, minuto de silêncio ou qualquer declaração da delegação brasileira sobre a professora que havia poucos dias tinha morrido no desabamento de um viaduto em Belo Horizonte, uma das obras do “legado” da Copa do Mundo. Dá-lhe culto à personalidade, olé!
A risível justificativa dos demais atletas brasileiros endossa o comportamento condenável de Neymar. A atitude é análoga à letargia de aceitar que Lula e Dilma “roubam igual aos outros”. É o mesmo que Dilma e  lideranças do PT tentarem eufemizar os crimes de seus correligionários como “malfeitos”. É a tentativa de justificar o insofismável. É deboche. É querer ganhar no grito. Quem perde é a sociedade – o trabalhador, o empresário, o contribuinte, estes não ganham no grito, e estes são o tecido social.
Nesta semana, o Golden State Warriors venceu a NBA, liga de basquete profissional dos Estados Unidos. Venceu pelo conjunto, pelo trabalho de equipe. Andre Iguodala, originalmente um reserva, obteve o título de MVP (most valuable player) da série decisiva. Os Warriors venceram o time de LeBron James, considerado o melhor jogador de basquete em atividade. LeBron não deu cabeçada, não reclamou e não esperneou – ao contrário, pouco antes de a partida terminar, cumprimentou Stephen Curry do time adversário congratulando-o pelo título já sacramentado no placar.
O culto à personalidade flexibiliza o conceito de que as regras valem para todos. Lula declarou há alguns anos que José Sarney não se tratava de “uma pessoa comum”, preconizando um tratamento diferenciado ao ex-senador nas investigações em andamento à época. O mau exemplo vem de cima, e culmina no “você sabe com quem está falando?” na fila do restaurante ou do aeroporto.
No mundo do futebol, isso não é de hoje. Quem não se lembra da muamba trazida pela delegação brasileira campeã da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos? À época, os jogadores ameaçaram não desfilar em carro aberto se fossem taxados como cidadãos “comuns”. O governo cedeu.
O efeito mais nocivo desta relativização é criar espaço para o surgimento de regimes totalitários e lideranças messiânicas. Hitler, Mussolini, Papa Doc, Fidel, Chávez, e tantos outros ditadores ilustram o ponto.
É hora de dizer não ao relativo: todos são iguais perante a lei. Viva o cidadão comum, viva a sociedade.
Fora, culto à personalidade. Fora, Neymar.
(P.S. Por algum motivo estranho, Neymar apareceu no segundo tempo sem a faixa preta na manga da camisa, usada pelo escrete brasileiro em luto à morte de Zito, jogador campeão do mundo em 1962. Deve explicação.)

O perigo da ideologia de gênero nas escolas

Por Jefferson Viana, publicado no Instituto Liberal
Nesta semana, começa a votação, nas câmaras municipais de todo o Brasil, dos Planos Municipais de Educação, desenvolvidos para o planejamento educacional das cidades durante os próximos dez anos. Porém, uma das proposições feitas para esses planos vem gerando polêmica: a ideologia de gênero.
A ideologia de gênero não é nada mais que a negação de que existem sexos ao nascimento, com a afirmação que a sexualidade é uma construção social, onde a pessoa escolheria o que deseja ser. É também implantada na linguagem, com a negação de gênero nas palavras, com a substituição das letras a pela letra x; para dar um exemplo, a palavra menino, ou a sua variação no feminino, que seria a palavra menina, transformam-se em meninx, visando a neutralidade.
A ideologia de gênero, na verdade, tem suas origens nas ideias dos pais do comunismo, Karl Marx e Friedrich Engels.
Na submissão da mulher ao homem através da família, e na própria instituição familiar, Marx e Engels entenderam estar a origem de todos os sistemas de opressão que se desenvolveriam em seguida. Se essa submissão fosse consequência da biologia humana, não haveria nada que fosse possível fazer. Mas no livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, o último livro escrito por Marx e terminado por Engels, esses autores afirmam que a família não é consequência da biologia humana, mas do resultado de uma opressão social produzida pela acumulação da riqueza entre os primeiros povos agricultores. Eles não utilizaram o termo gênero, que ainda não havia sido inventado, mas chegaram bastante perto.
Tal ideologia é um crime em vários aspectos: primeiramente, se considerarmos a ideia de a administração central decidir o que o aluno deve ou não aprender, ignorando totalmente o direito de escolha dos pais em relação à metodologia de ensino desejada por eles. Segundamente, pela atribuição dos municípios perante o Plano Nacional de Educação, que é a de fornecer a chamada educação básica, que vai do chamado maternal até o quinto ano do ensino fundamental; ou seja, esse tipo de ideologia seria ensinado para crianças de 0 a 10 anos, o que seria uma afronta dos atuais administradores governamentais, “especialistas” em educação, e de suas agendas panfletárias à educação formativa fornecida pelos pais de acordo com os seus preceitos, opiniões, crenças e tradições, numa clara forma de doutrinação ideológica. Terceiro, que o gênero é um conceito ideológico que tenta anular as diferenças e aptidões naturais de cada sexo; e há ainda o quarto aspecto, que consiste em ignorar o indivíduo em prol da formação de militância e blocos coletivos.
Não podemos deixar que o Estado tente definir o que é melhor para os nossos filhos em matéria de educação. É tarefa e direito dos próprios pais definir como esse tema será abordado e tratado nas famílias. Se os Planos Municipais de Educação forem aprovados tal como estão sendo propostos, os pais e mães brasileiros se tornarão reféns das agendas defendidas pelo governo, que, como já vimos anteriormente e como já ocorre em diversos lugares do país, distribui materiais “didáticos” que visam corromper precocemente as crianças brasileiras. Ou que se proponham novas soluções, como o voucher educacional, onde os pais escolheriam qual tipo de educação seu filho teria, com o governo apenas pagando a escola.

A politização de uma tragédia é indecente e imoral



Um monstro assassino, que serve para lembrar que o mal existe.
Começo esse texto com uma constatação: que falta faz aos brasileiros uma Fox News! Após a execução de nove pessoas inocentes numa igreja de uma comunidade negra na Carolina do Sul, já sabia que não haveria outro assunto aqui nos Estados Unidos. Resolvi ver o relato pela ótica da Fox News, mais precisamente de Bill O’Reilly, do popular O’Reilly Factor. Simplesmente não há nada parecido em termos de “talk show” no Brasil.
Com uma postura séria, Bill O’Reilly começou, óbvio, lamentando profundamente as mortes e lembrando que era um momento de sofrimento de todos, especialmente dos familiares e amigos das vítimas. Frisou que não é exatamente uma tragédia, pois tragédia lembra furacão, terremoto, enfim, coisas da natureza. Ali fora uma ação humana, de pura maldade, uma verdadeira execução cometida por um sociopata.
Em seguida, condenou todo tipo de uso político da coisa, tanto pela esquerda como pela direita. A esquerda logo aproveita o episódio para condenar a venda de armas, a direita repete que é necessário para defender os inocentes de tais malucos, e logo se cai num debate político em um momento que pede outra coisa.
A reação do próprio Obama foi mostrada pelo apresentador, que disse, porém, não ser a hora de refutar o presidente americano, que usou o delicado momento para atacar os Estados Unidos, para repetir que esse tipo de coisa só acontece aqui entre os países desenvolvidos (mentira, como O’Reilly ficou de provar em seu programa de hoje).
E eis o primeiro ponto importante: há gente maluca em todo lugar! Não é uma exclusividade americana, tampouco da direita ou da esquerda. Foi um ato covarde, terrorista, de um garoto perturbado, cruel, que foi expulso do ciclo nazista por excesso de violência! Precisamos constatar com realismo que esse tipo de coisa nunca vai desaparecer completamente, pois seria como sonhar com o fim da maluquice ou violência em si, algo utópico e ingênuo.
O segundo ponto importante é que a desgraça serviu para unir todas as pessoas normais, em torno do sofrimento dos amigos das vítimas. isso inclui, naturalmente, brancos e negros. Mas, enquanto as pessoas de todas as cores se juntavam para lamentar o atentado, os políticos o utilizavam para vender suas bandeiras ideológicas e políticas, demonstrando insensibilidade profunda.
O que O’Reilly frisou é que os Estados Unidos precisam, acima de tudo, superar as barreiras raciais, e isso só será possível no dia em que a “raça” não for mais uma divisória que segrega o povo. Ele entrevistou vários negros no programa, alguns seus amigos de longa data, e colocou de forma clara: a “raça” jamais foi um aspecto levado em conta entre eles. Por que, então, não pode ser assim para todos? Por que alguns insistem em focar tanto na raça e deixar de lado o ensinamento do próprio Martin Luther King, de julgar o caráter em vez da cor da pele?
Um dos entrevistados, ao vivo, resolveu atacar a Fox News. Disse que era pela existência de canais de direita como a Fox que aquilo tinha acontecido. A reação de O’Reilly me surpreendeu: com firmeza, mas muita educação e tato, ele cobrou do entrevistado uma explicação, um só episódio em que o canal tivesse incentivado de alguma forma a barbárie, a agressão, o terrorismo contra quem quer que fosse. Nitidamente aturdido, o entrevistado só conseguia repetir que a direita, representada pela Fox, tinha a ver com aquilo, no que o apresentador cortou a entrevista alegando que ia dar um desconto ao entrevistado, que estava visivelmente abalado pela perda de amigos, mas que não poderia aceitar acusações tão absurdas.
Por fim, a questão das armas. Claro que a esquerda não perderia essa “oportunidade” para tentar avançar com sua agenda desarmamentista, que não encontra muito eco por aqui. Todos são a favor de um rigor grande que tente dificultar o acesso de malucos às armas, mas isso não quer dizer desarmar todos, inclusive os inocentes. No caso, vale lembrar que o rapaz assassino ganhou sua arma do próprio pai de presente de aniversário. Será que o pai não via nada de errado com ele? O pai deve ser responsabilizado também, por negligência. Mas ninguém precisa achar que Michael Moore está certo e que esse tipo de incidente terrível iria sumir se o governo proibisse a venda de armas para todos, o que é uma crença um tanto ridícula.
Enfim, a politização de qualquer tragédia já é algo indecente e imoral, oportunista demais, insensível. Quando é uma tragédia fabricada pelo homem, por um maluco que deseja o mal, apenas o mal, isso é ainda pior. Devemos respeitar as vítimas e seus parentes, e devemos buscar união, de todos contra o mal, contra os terroristas, os assassinos. Dylann Roof, o monstro assassino, sonhava em segregar o povo entre brancos e negros. Aqueles que insistem em enxergar tudo com base apenas na raça, na cor da pele, acabam fomentando exatamente a mesma coisa.
PS: Malucos, como O’Reilly ficou de mostrar em seu programa de hoje, existem em todos os países. Já tivemos ataques desse tipo até na pacata Finlândia, mais de uma vez. O que os Estados Unidos têm de pior, portanto, é a segregação racial fomentada pelos movimentos raciais e pelos racistas. E o que os Estados Unidos têm de bom, que o presidente Obama não menciona, é a rápida punição aos assassinos malucos. O rapaz foi preso poucas horas depois do ataque, e agora será punido com severidade, sem dúvida. Ao menos isso preserva algum senso de justiça em meio a um horror sem explicação…
Rodrigo Constantino

Sindicatos são antros de bandidos bancados com nossos impostos!



Paulo Vermelho: o perfil de um sindicalista. Fonte: GLOBO
Já escrevi aqui sobre as máfias sindicais e o vergonhoso imposto arrecadado à força dos trabalhadores brasileiros para sustentar essa cambada de parasitas. Em  reportagem hoje no GLOBO, conhecemos melhor o perfil do provável líder das depredações no Sindicato dos Comerciários. O homem é da Força Sindical, e seu apelido é Paulo Vermelho. Nada mais adequado, já que esses sindicatos não passam de antros de bandidos ligados à esquerda e sustentados com nossos impostos. Diz o jornal:
Entre os 202 presos na madrugada de quarta-feira por atos de vandalismo na sede do Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio, há um homem que vem sendo investigado de forma especial pela Polícia Civil. Trata-se de Paulo Rogério Rodrigues, mais conhecido como Paulo Vermelho, acusado de envolvimento em crimes relacionados a disputas eleitorais dentro de entidades de classe de São Paulo. Assessor da Força Sindical, ele trabalha na organização de pleitos, segundo a central. No entanto, líderes e advogados trabalhistas ouvidos pelo GLOBO dizem que Vermelho é conhecido por recrutar os chamados “bate-paus” — vândalos que usam de violência para garantir a vitória das chapas que os contratam. O grupo responsável pelo quebra-quebra de quarta-feira veio do bairro paulistano de Itaquera em seis ônibus alugados.
Em um processo que corre na Justiça paulista, Vermelho é acusado de comandar cem homens numa invasão à sede do Sindicato dos Gráficos, em 29 de agosto de 2011. Na época, a direção da entidade pretendia se desfiliar da Força Sindical, central ligada ao deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho de Força, que era filiado ao PDT, e se associar à Central Única dos Trabalhadores (CUT), vinculada ao PT. Depois da confusão, a mudança nunca aconteceu.
[...]
No Rio, Vermelho foi autuado por roubo, dano, resistência, desacato, desobediência e organização criminosa por conta do ataque ao Sindicato dos Empregados no Comércio. Segundo a 5ª DP (Mem de Sá), o objetivo dos vândalos era destruir as urnas e as cédulas de votação — eles não conseguiram alcançá-lo porque foram impedidos por vigilantes armados. Porém, fizeram um quebra-quebra nos oito andares da sede da entidade, no Centro.
O editorial do jornal comenta brevemente os esquemas que dominam os sindicatos no país:
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Sem dúvida, uma mina de ouro para bandidos, e uma avenida política para demagogos de esquerda, que tentam monopolizar nos discursos as boas intenções para com os trabalhadores, enquanto, na prática, prejudicam justamente os mais pobres. Outra evidência de que só dá bandido nesses sindicados está na declaração de um taxista sobre regulamentação do aplicativo Uber:
“Não temos como conter a categoria”, “vai ter morte”. As declarações são do presidente do Simtetaxis (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de SP) em audiência na Câmara dos Deputados para discutir a regulamentação no Brasil do aplicativo Uber, que disponibiliza corridas pagas com motoristas particulares.
Antônio Raimundo Matias dos Santos, conhecido como Ceará, esteve em Brasília nesta quinta-feira (18) para pressionar os deputados federais contra a liberação desse serviço –visto como concorrência desleal pelos taxistas.
O “recado” dele, mais tarde, foi reforçado por outro representante da categoria, que voltou a falar na possibilidade de essa disputa por passageiros resultar em violência.
“Eu quero dizer aos nobres deputados para que tomem providências porque, se não tomarem, não temos como conter a categoria”, disse Ceará, presidente do Simtetaxis.
“Pode ocorrer sim uma desgraça porque os motoristas estão revoltados. Um grupo veio falar comigo para dizer que, se a lei não fiscalizar esses clandestinos, eles vão tomar uma atitude. Hoje ele [Santos] deu o recado”, disse Natalício Bezerra, presidente do Sinditaxi (Sindicato dos Taxistas Autônomos de SP), também presente na audiência.
Eis a linguagem dessa gente: a ameaça, a intimidação, a violência. E nós ainda somos obrigados a sustentar essa turma! Até quando o brasileiro trabalhador vai aceitar passivamente esse nefasto imposto sindical? Adesão a sindicatos deve ser algo totalmente voluntário, assim como seu financiamento. Chega! Sindicatos são antros de bandidos. É indecente e imoral jogar a fatura para os pobres trabalhadores!
Rodrigo Constantino

Leonardo X: O PT roubou o futuro

LEONARDO X
Faz muito tempo que o tempo levou minha juventude. Uma eternidade. Aos sessenta e seis anos de idade, e fração, até eu mesmo às vezes duvido que um dia já fui jovem. Mas fui, não me deixam esquecer as frestas que se abrem na memória, escondendo nas brumas da vida o que não merece o registro da nostalgia. Como naquele filme do genial Fellini, Amarcord (“Ainda me lembro”, no dialeto de sua cidade natal, Rimini), por onde nos conduziu à sua infância na Itália fascista.
Pode ser, eu não duvido que, por esse truque da memória, a ditadura militar de minha juventude tenha se apagado. Só deixou o registro histórico do Pasquim, do velho e bom de guerra JB do Castelinho, da deliciosa irreverência do Febeapá de Stanislaw Ponte Preta, das crônicas mordazes de Nestor de Holanda, do Millôr e de tantos críticos daqueles dirigentes que pontificavam no cenário nacional, surgidos da caserna para atuarem no picadeiro.
Faz muito tempo, mas ainda me lembro. O samba, a bossa nova, o futebol, a mulata, o charme da mulher brasileira e humor para driblar as armadilhas da vida, cair e dar a volta por cima, em cada um de nós coloria a aquarela de nossa cultura nacional. Não todos, na verdade. Havia exceções. Para alguns, nada disso era uma virtude.
Faltava uma revolução em nossa História. Como fizeram os russos. Como fizeram em Cuba. Para acabar com a miséria e tirar do céu o privilégio de ser o reino da justiça. Pretensão que sempre animou, e anima, os devotos de Karl Marx: “Os filósofos tentaram explicar o mundo; nós vamos modificá-lo”, assim falou o guru materialista.
Não caberia neste espaço tão estreito criticar essa aberração que remete à alegoria bíblica da torre de Babel. Nem seria necessário fazê-lo. Basta lembrar o que é a Coreia do Norte, por exemplo, que soleniza em nossos dias a insanidade de um ditador refém do mesmo mal que vitimou Herodes, Stalin, Mao, Fidel, os césares romanos, porque inevitável a todo ser humano que pretenda usurpar o trono da divindade sob o signo de um poder incontrastável, imposto pelo terror.
Mas, retomando o fio da meada, faz muito tempo que eu perdi minha pátria. Tenho saudade dela, mas perdi a ilusão de resgatá-la das mãos daqueles poucos que a sequestraram — e fizeram de mim um exilado no meu próprio país.
Talvez os meninos de hoje, assim espero, amanhã sejam adultos de uma ditadura que as brumas do tempo dissipem de suas memórias. E só lhes restem na memória as travessuras que Fellini reproduziu em Amarcord. A fantasia inocente do nosso mundo real. Que os adultos desbotam, rasgam e delas fazem a mortalha do seu mundo irreal.
Nossa vida é eterna quando temos vinte e cinco anos, mas não aponta para esse infinito quando atingimos o dobro dessa idade. A partir de então, cada hora passa num minuto. O que nos salva dessa angústia é a perspectiva de futuro para os nossos descendentes.
Mas o PT – para os simplórios, Partido dos Trabalhadores, e para os que não são tolos, Partido Comunista – roubou esse futuro.

Fernando Gabeira: Transparência, abra as asas sobre nós

Publicado no Estadão
FERNANDO GABEIRA
Num dos fronts mais intensos no Brasil de hoje se trava uma luta entre a transparência e o segredo. No petrolão, na CBF e, sobretudo, no BNDES e algumas outras escaramuças.
Lula é um general do segredo e o PT, seu exército fiel. Só assim se pode interpretar a alegria coletiva que ele e o partido demonstraram, em Salvador, com a demissão de 400 jornalistas.
Na história da esquerda no Brasil, mesmo antes do PT, os jornalistas sempre foram considerados trabalhadores intelectuais. Não estavam no mesmo patamar mítico do trabalhador de macacão, e eram respeitados. Um Partido dos Trabalhadores celebrando a demissão de trabalhadores é algo que jamais imaginei na trajetória da esquerda.
Lula afirma que os jornais mentem, e parecia feliz com o impacto da crise, criada pelo governo petista, num momento da história da imprensa em que a revolução digital leva à necessidade de múltiplas plataformas. O argumento de que os jornais mentem não justifica, num universo de esquerda, festejar demissões de jornalistas. Por acaso Prestes achava que a imprensa dizia a verdade? Não creio que Prestes e o Partido Comunista fossem capazes de festejar demissões de jornalistas. O mais provável é que se solidarizassem com eles, independentemente de seu perfil político.
Gastando fortunas em hotéis de luxo, viajando em jatinhos de empreiteiras e ganhando fábulas por uma simples palestra, Lula perdeu o contato com a realidade. E a platéia do PT tende a concordar e rir com suas tiradas. Deixaram o mundo onde somos trabalhadores e mergulharam do mundo do nós contra eles, um espaço onde é preciso mentir e guardar segredos diante que algo arrasador: a transparência.
A batalha teve outro front surpreendente, desta vez no Itamaraty. O ministro diretor do Departamento de Comunicações e Documentação (DCD), João Pedro Corrêa Costa, tentou dar um drible na Lei de Acesso à Informação e proteger por mais alguns anos os documentos sobre BNDES, Lula e Odebrecht. Felizmente, o ministro fracassou. Mas no seu gesto revelou um viés partidário, até uma contradição com a lei.
Nos 16 anos de Parlamento, passei 15 e meio na oposição. O Itamaraty sempre me tratou de forma imparcial e gentil, independentemente da intensidade momentânea dos embates políticos. Agia como um órgão de Estado, e não de governo. Como as Forças Armadas, a julgar pela experiência que tive com elas.
O Itamaraty é produto de uma longa história se olharmos bem para trás, como fez Richard Sennett. Observando um quadro pintado em 1553, Sennett descreve como o surgimento da profissão de diplomata foi um avanço na História. Ele observa que com o surgimento da diplomacia se impõem novas formas de sociabilidade, fundadas não mais em código de honra ou vingança. No seu lugar entra uma espécie de sabedoria relacionai baseada nos códigos de cortesia política.
No Congresso do PT em Salvador e no Itamaraty as forças do segredo travavam batalhas distantes no espaço, mas próximas no objetivo: esconder as relações de Lula com as empreiteiras e o BNDES. Não estão unidos apenas no objetivo, mas na negação dos seus princípios. Um diplomata tentando contornar a lei para proteger
Hoje eles festejam nossas demissões e nós vamos celebrar no dia em que forem varridos do poder um grupo político, um Partido dos Trabalhadores festejando demissões em massa, tudo isso é sinal de uma época chocante, mas também reveladora.
A batalha da transparência contra o segredo estendeu-se à cultura. Venceu a transparência com a decisão do Supremo de liberar as biografias. E venceu num placar de fazer inveja à seleção alemã: 9 a 0.
Não canso de dizer como admiro alguns artistas que defenderam o segredo. Mas embarcaram numa canoa furada. E não foi somente a transparência que ganhou. A cultura ganhou novas possibilidades. Com a liberação de livros e documentários sobre brasileiros, uma nova onda produtiva pode enriquecer o debate.
Se examinamos o comportamento do BNDES e da própria Odebrecht, constatamos que têm argumentos para defender suas operações. Por que resistir tanto à transparência, como o governo resistiu até agora? E, sobretudo, por que ainda manter alguns documentos em sigilo?
Há muita coisa estranha acontecendo no Brasil. Todos se chocaram quando se constatou o tamanho do assalto à Petrobrás. Os corruptos da Venezuela, roubando dinheiro da PDVSA, a empresa de petróleo de lá, estavam lavando dinheiro no Brasil. A julgar pelo volume de dinheiro, o assalto por lá foi tão grande quanto o daqui.
O ministro do Itamaraty que quis ocultar documentos será esquecido logo. Lula, no entanto, já passa algumas dificuldades para explicar sua relação com as empreiteiras. E quanto mais se complica, mais estimula as centenas de pesquisadores, acadêmicos, escritores e cineastas que querem mostrar a História recente do País.
A batalha pela transparência nunca será ganha de uma só vez. De qualquer forma, a lei de acesso e a liberdade para as biografias são dois instrumentos.
Mesmo as pessoas mais indiferentes à roubalheira gostam de saber o que se está passando no País. Existe nelas, como em quase todos, aquela necessidade de mostrar que, apesar de sua calma, não são ingênuas.
Lula e o PT comemoram demissões nos jornais como se fossem as únicas plataformas críticas. A internet dá aos petistas, por meio dos robôs e compartilhamento entre militantes, uma falsa sensação de alívio. Na verdade, o avanço tecnológico apenas ampliou o alcance dos jornais. E encurtou o espaço da mentira. Como dizia um personagem de Beckctt, não se passa um dia sem que algo seja acrescido ao nosso saber. E acrescenta: desde que suportemos as dores.
As dores da transparência são mais suportáveis que os males do segredo, tramas de gabinete, truques contábeis, roubalheira no escuro, conchavos nos corredores. Com a mesma alegria com que hoje festejam nossas demissões, celebraremos o dia em que forem varridos do poder.

Valentina de Botas: O narcoditador Maduro se vale da calhorda vizinhança ideológica

A liberdade irrestrita é utópica, além de nociva, e toda utopia é totalitária. Talvez por isso as guerras não se deem entre estados democráticos. A liberdade possível entre os homens é mediada pela democracia, à procura do equilíbrio entre direitos, obrigações e as consequências do descumprimento de ambos, tudo negociado pelo estado de direito democrático.
Steven Pinker, no seu livro “The Better Angels of Our Nature – Why Violence Has Declined”, demonstra, com a objetividade dos números, estatísticas de toda sorte e mil análises limpas, que a humanidade e o mundo melhoraram. O título belíssimo é o chamamento de Lincoln no discurso de posse como presidente, em 1861, num apelo para evitar a Guerra Civil. Vão, sabemos, mas lírico.
Pinker fala essencialmente da violência entre nós, diz que nunca fomos tão pacíficos desde o Neolítico. E confirma: o bom selvagem não era bom, mas selvagem; o passado não é idílico. O livro publicado em 2012 desdobra a lição de Hobbes: “sem o estado, a vida é desagradável, brutal e curta”. Portanto, a criação do estado moderno, e democrático, encabeça a lista das razões da melhora do mundo e dos homens.
No seu “The Blanke State”, de 2002, Pinker fez um balanço diferente da nossa “natureza”, demonstrando que a maldade triunfa quando os seres humanos adotam utopias, seculares ou religiosas. Nascida imperfeita, amadurecida como regime de leis e não de homens, a democracia melhora a vida onde for cultivada. Não é utópica, mas pode ser uma utopia nas ditaduras, trevas em que a vida se deteriora pela liberdade irrestrita com que se brindam os ditadores e os súditos deles que nela se blindam.
Constituídos numa espécie sórdida, gozam direitos sem limites e obrigações inexistentes, fazendo triunfar o mal na ausência do dique moral das instituições democráticas, pois, abolindo o estado de direito, dissolvem o Estado descrito por Hobbes e submetem os governados à pré-civilização. Um ditador no poder nega-se ditador; farsante e paranoico, vocifera que defende, justamente, a democracia sob ameaça imaginária de golpistas internos e externos.
O tosco narcoditador Nicolas Maduro, em pleno gozo de uma demência caricata, é um desses canalhas que se valem não somente do arsenal interno torpe de qualquer ditador, mas também da calhorda vizinhança ideológica. Evo, Kirchner, Castro, Maduro, Lula e Dilma, farsantes e ridículos no apoio mútuo, enchem a boca mentirosa para falar de democracia. Ricos ou nem tanto quando alcançam o poder, muito mais ricos na fruição dele, descartam a democracia que lhes melhorou a vida.
Na farsa; no autoritarismo de todos os matizes ideológicos; na justificação do extermínio dos antagonistas de suas respectivas utopias obscenas; na sabotagem à beleza, à alegria, ao indivíduo, não o ente idealizado tornado coletivo/causa, mas aquele constituído de alma, carne e consciência; na monopolização da narrativa dos fatos transformada em doutrina vigarista; vendo um bem no mal imposto ao outro, os liberticidas se fundem na mesma treva. O lulopetismo, cujos olhos brilham rútilos quando contemplam a escuridão do bolivarianismo, rebaixa o país à cumplice dessa escória no exercício mais vil de política externa.
Assim, a nota acanalhada do Itamaraty e o tripúdio dos parlamentares adoradores da escória sobre o assalto à delegação brasileira na Venezuela é extensão dessa truculência. A solidariedade à população e aos oposicionistas venezuelanos – presos pelo crime de se oporem – e a decência foram para o lixo com a democracia, essa coisa tornada inútil depois que ela melhora a vida dos liberticidas cuja soberba os faz esquecer que ela, a democracia imperfeita, sobrevive há mais de dois mil anos e que toda ditadura, perfeita ou bisonha e sempre asquerosa, é sempre transitória.