quinta-feira, 28 de maio de 2020

A cada dia que passa o Alexandre Moraes mais se parece com o Fester.

O NOME QUE SALVA

Era madrugada, estava eu parado numa esquina central esperando por um táxi. O céu todo forrado de estrelas, noite fria e bela. Nisso dois sujeitos se aproximaram e anunciaram: É um assalto! Não reagi, entreguei a carteira com documentos e dinheiro. Eles conferiram por cima o montante e pernas em ação. Logo depois eles regressaram, devolveram tudo e ainda por cima pediram desculpas. Um deles disse: “Desculpe o malfeito seu Evandro, pois para nós o senhor é uma autoridade. Uma boa noite!”
Sem demora surgiu um táxi e fui para casa aliviado.
Em tempo, meu nome é Evandro Capeta.

SOBRE O DESENCARNE DO PERFEITO AVARENTO


Há muitos anos uma carta anônima recebida pelo Promotor Público Roberval Sintra levantou suspeita de envenenamento na morte do senhor Demóstenes Sotero, fazendeiro mais conhecido na sua cidade como o “perfeito avarento”. Homem de muitas posses, sua viagem sem retorno seria interessante para muitos parentes, mas não foi. Esperavam pela herança que não veio. Fez doação de todos os seus bens para suas amantes. Aos parentes, nada. O juiz Carlos Raul então determinou que o corpo fosse desenterrado para nova perícia. Cidade pequena, grande assunto. O povo, sempre curioso, invadiu o cemitério. Até parecia quermesse paroquial.  Não faltaram vendedores de garapa, picolé e milho verde; moças de vestidos novos e lábios vermelhos. Quando foi aberto o caixão, surpresa para todos: O corpo estava deitado de lado, a língua de fora, como se estivesse assim para molhar os dedos e contar dinheiro. Em suas mãos havia milhares de reais em notas mofadas e puídas. Moedas de ouro pularam dos bolsos quando mexeram com ele. Alguns parentes, espichando os olhos, contavam com tristeza a pequena fortuna que poderia ser deles. Alguns até choraram. Porém nada foi constatado e o assunto foi encerrado. Passado alguns anos, os parentes em suas conversas reservadas lembram ainda com saudade doída daquelas notas, daquelas moedas...

FIM


Apaga-se a vela
Não há mais volta
E no lugar do ente que exalava calor e brilho
Existe agora uma estátua de carne
Que o tempo tratará de dissipar.

URUBUS NA ÁRVORE


Há urubus na árvore seca
Mirando o meu corpo moribundo durante dias
Peço calma aos amigos
Que não tenham pressa
Pois sozinho neste sertão
Não terei coveiro
E sobrará para eles
O grande prazer
De dar fim às minhas carnes.

PRIMO DISTANTE


Ernesto homem de boa fé
Abiu o armário e nele encontrou um esqueleto
Sem roupas e com a óssea mão direita sobre a boca
E na óssea mão esquerda um preservativo
Por ser um homem bom
Não fez nenhuma objeção
Quando a mulher contou-lhe a história
De um primo dela distante
Que entrou no armário para pregar-lhe um susto quando chegasse
E que acabou esquecido.

“Não existem "armas boas" ou "armas más". Qualquer arma nas mãos de um homem mau é uma coisa ruim. Qualquer arma nas mãos de uma pessoa decente não é uma ameaça para ninguém - a não ser para as pessoas más.“
 (Charlton-Heston)

“Quando a estultice está dormindo surge do nada um petista para acordá-la com sua verborragia alucinada.” (Limão)

STF “No Brasil é assim: quando esperamos por uma revoada de andorinhas o STF nos joga em cima um monte de urubus.” (Climério)

PELA LUZ


A humanidade só saiu da barbárie mental primitiva quando se evadiu do caos das suas velhas lendas e não temeu mais o poder dos taumaturgos, dos oráculos e dos feiticeiros. Os ocultistas de todos os séculos não descobriram nenhuma verdade ignorada, ao passo que os métodos científicos fizeram surgir do nada um mundo de maravilhas. Abandonemos às imaginações mórbidas essa legião de larvas, de espíritos, de fantasmas e de filhos da noite — e que, no futuro, uma luz suficiente os dissipe para sempre.

 Gustave Le Bon