quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

“Eu já fui muito tímido. Tanto que na casa de estranhos só comia de olhos fechados.” (Climério)

UM RATO

Sergio após a separação da mulher tomou uma atitude drástica: foi morar dentro do sofá. Fez sua cama no forro do mesmo e lá fazia também suas refeições. Na nova morada não havia lugar para visitas. Foi instado pelos familiares a deixar disso, voltar à vida normal. Resposta dele: “Vida normal? Estou na minha normal. Vida daquilo que sou: um rato!”

“Respeito os vegetarianos desde que eles não metem o bedelho no meu assado.” (Pócrates)

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO-quarta-feira, dezembro 24, 2008 O BOM DEUS DOS ATEUS NÃO ESQUECE DOS SEUS

Ainda a propósito da crônica “Bíblia vê mulher como imundície e submissão”, onde me restrinjo a citar trechos do Livro – e nada mais que isso – acabo de receber mail de um leitor, que se assina como Gabriel:

Eu era assim, radicalmente contra a religião, na pré-adolescência. Depois cresci. Não adianta empurrar garganta abaixo dos outros as nossas idéias. Tem menos sentido ainda fazê-lo no Brasil, onde as pessoas têm leituras bastante razoáveis sobre a religião. Eu queria saber se o autor segue sua própria linha tão puramente a ponto de ignorar o Natal, por exemplo. Nem um presentinho para os netos ou ceia com a família?

Itinerários opostos, meu caro Gabriel. Eu era radicalmente a favor da religião, na adolescência. A religião me foi enfiada a machado na cabeça. Não fui apenas congregado mariano, como também presidente da Congregação Mariana de Dom Pedrito. Foi quando então fiz meu primeiro trabalho em prol da humanidade. Enterrei a congregação em suas contradições e acabei por dissolvê-la. Depois cresci. Se quando congregado pretendia empurrar garganta abaixo minhas idéias, depois disso nunca mais pretendi que quem quer que fosse seguisse alguma idéia minha. Idéias, adoro discuti-las. Apenas isso. Quem quiser que siga as suas. Ou até mesmo as minhas.

Li Nietzsche muito cedo. Considero que Nietzsche tem de ser lido quando se é jovem, de preferência antes dos vinte. Depois, não adianta muito. Ou somos rebeldes quando jovens, ou nunca mais. Ninguém se torna rebelde aos trinta. Já está bem empregado, família constituída, salário e status a defender. Desde meus verdes anos me imbuí da doutrina do sublime alemão. Zaratustra não queria discípulos. Eu também não. Se por ventura os tenho, paciência. Não posso proibir ninguém de concordar comigo. Muito menos de discordar. Faz parte da vida. E também do escrever.

Mas o leitor faz uma pergunta oportuna, particularmente no dia de hoje. Quer saber se ignoro o Natal. Sempre o ignorei. Nasci em um universo pagão, onde religião não tinha vez. Meu clã cultivava as festas juninas, reminiscências ainda vivas do solstício de verão na Europa, quando a peste cristã ainda não infestava o velho continente. Fazíamos as fogueiras de São Pedro, São João e Santo Antonio. Que nunca foram as fogueiras destes senhores, mas cultos pagãos ao fogo, ao sol e à alegria. 

Lá nos meus pagos, logo depois do entardecer, ficávamos olhando rumo ao horizonte, esperando que alguém acendesse a primeira fogueira. Acendida a primeira, pontos luminosos iam surgindo de longe em longe, a léguas de distância uns dos outros. A léguas, mas todos unidos na celebração de algo que ninguém sabia muito bem o que era. Confraternização muda e luminosa, unia as gentes dos mais diferentes rincões. Foi o que sobrou do paganismo naquela pampa.

Quanto ao Natal, é redundante dizer, tornou-se uma festa de consumo. A cada dezembro, jornais recomendam dietas e ao mesmo tempo perus e panetones. Jamais comi um peru num Natal e jamais me preocupei com dietas. Como o que costumo comer todos os dias. Os shoppings e mercados populares estão regurgitando de pessoas angustiadas, preocupadas em dar presentes a outros ou a si mesmas. No que a mim diz respeito, nem penso no assunto. Só há duas datas em me recuso a dar presentes a uma pessoa. É no Natal e no dia de seu aniversário. Fora isto, adoro dar presentes. Sempre de surpresa, sem data alguma. Presente com data não tem graça.

Não haverá ceia com família. Dado meu espírito gaudério, desde há muito vivo longe dos meus. Tenho uma filha, é verdade. Ela está aproveitando sua folga no trabalho para visitar a mãe, que vive longe daqui. Quanto à família, tenho um conceito um pouco distinto dos demais.

Família, para mim, não é aquela oriunda de laços de sangue. Até pode ser, mas não necessariamente. Família é aquela que elegi no decorrer de minha vida. Ao longo dos anos, constitui minha pequena família, juntando amigos e amigas em diversas cidades e países. Esses são os realmente meus. As pessoas que elegemos por amizade, afinidades espirituais, carinho. Minha família, de modo geral, é composta de pessoas solitárias. O que é ótimo. Nos Natais, não temos compromisso algum com aquela outra família, a biológica. Sempre que estamos perto uns dos outros, nos reunimos para celebrar nossa solidão solidária.

Minha filha pertence a esta minha família. Não porque seja sangue de meu sangue, mas porque a adoro. É inteligente, culta, ambiciosa e cheia de vida. Então é da família. Coincidiu que hoje está todo mundo longe. Alguns foram para Paris e Itália, outros estão na Suécia ou Finlândia, os mais próximos estão em Salvador, Rio, Florianópolis ou Porto Alegre. É família naturalmente dispersa. Tanto faz! Qualquer dia nos encontramos. Não está escrito em livro algum do mundo que há data para festar. Festa é o dia em que decido que é festa.

Mas o bom Deus dos ateus nunca esquece dos seus. Ontem, quando comprava meus jornais, tropecei com a mais linda de minhas vizinhas. Estás só? – me perguntou. Estou – respondi feliz. Hoje vamos festar com gosto. 

Tim-tim, leitor! Bom solstício!

“Tenho ojeriza à companhia de fúteis. Não nos divertem tampouco nos ensinam algo.” (Filosofeno)

PROGRESSO

PROGRESSO

Não é nostalgia
É constatação
Que não se fazem mais infâncias na minha cidade como antigamente
A massa cresceu
O espaço sumiu
Os meninos de hoje não tem mais seus campinhos de terra
Seus pés encardidos
A bola esfarrapada
As goleiras de pau de construção
O progresso chegou e levou embora o passado
Deixando menos liberdade para correr e brincar
Porém mais conforto e bem-estar.

“Adoro política. O problema é suportar o cheiro.” (Mim)

INFÂNCIA

“Passei a minha infância com medo de bicho papão, o capeta, padre, polícia e sofrendo dor de dente.” (Mim)

MEUS OLHOS

“Meus olhos sempre foram pra minha mulher. O resto do corpo eu dividi.” (Climério)

CARAS

“Não sou homem de duas caras. Tenho oito ou mais, depende da ocasião.” (Climério)

VELHICE

“Mulheres, não se iludam; um dia a velhice chega e as rugas são para todas.” (Climério)

LEÃO BOB RECLAMANDO DA CARNE DURA

“Já comi carne de muitos tipos, porém nunca vi mais dura que carne de burro e de comunista, que na verdade vem ser a mesma coisa.” (Leão Bob)

HUMOR ATEU

Jesus devidamente disfarçado encontra também um capeta em uma missa no Vaticano.
-Ué! Você por aqui?
- É aula obrigatória anual de reciclagem de como enganar pessoas e ainda receber por isso.

JESUS E O SUS

“Jesus só morreu na cruz porque naquele tempo não havia o SUS; caso contrário iria morrer na fila.” (Climério)

OS DOIS LADOS

“É bom sempre ouvir os dois lados de uma história. Se você ouvir só um poderá ouvir justamente o lado mentiroso.” (Mim)

“O ar de Brasília não é bom. Não pode. Há demasiada carniça moral por lá.” (Mim)

BEM MADURO

-E aí Maria? Solteira ainda?
-Solteira.
-Não deu certo com o Hugo?
-Pois é, não deu. Busco agora um homem maduro.
-Bem, seu Nicanor do açougue é viúvo. Está dando sopa. Que tal?
-É maduro?
-Tão maduro que tem até bicho.

“Impotente que não tem Viagra caça com a língua.” (Mim)

“Já convivemos com falsos médicos. Não parou por aí. Hoje já temos falsos pacientes.” (Mim)

“Ser corno de mulher feia; não tem preço.” (Mim)

“Cada cabeça uma sentença e caspas.” (Mim)

NOS FRASCOS

“A se levar pela propaganda os melhores homens estão embalados em frascos de madeira.” (Climério)

PERGUNTA O VELHO EREMITA

“A massa de todos os nossos políticos daria um lorde?’ (Mim)

“A inveja aos vitoriosos é o que motiva um comunista. Todos devem ser iguais para que a sua pequenez não seja reconhecida.” (Eriatlov)

COMUNAS

“Alguns cobiçam a mulher do próximo. Outros, a propriedade.” (Eriatlov)

O BIGODE DO DIABO

“Quando Stálin chegou ao inferno a primeira coisa que o diabo fez foi cortar o próprio bigode. Procurou com isso evitar qualquer semelhança.” (Eriatlov)

O TAMANHO DO BICHO

“O Estado deve ser do tamanho mínimo possível para que qualquer roubo seja imediatamente detectado.” (Eriatlov)

E AÍ COMUNA?

E aí comuna? Quando caiu o muro de Berlim quais foram os alemães que ficaram mais felizes?

DILMA E O DIABO

“Dilma fez o diabo para se reeleger. Pois é, o diabo que ela fez agora dorme com ela.” (Eriatlov)

A GAZETA DO AVESSO- Mesmo preso Eike pede dinheiro ao BNDES para montar banco de sangue com pernilongos paranaenses

A MALEDICENTE

Ela sofria de inveja crônica. Joana, a maledicente, morava na vila Telmo e assim como o apelido já indicava falava mal de todos. Perfeita mesmo somente ela, a rainha da vila. Não poupava ninguém; isso quando não criava fatos ou procurava aumentá-los para prejudicar seus semelhantes. Os filhos dos outros não prestavam; vagabundos e putas. Ótimos eram apenas os seus. Porém a roda da vida gira. Certa manhã acordou com uma pequena ferida na língua, acreditou ser uma afta. Tratou com remédio caseiro e mandou ver. Porém em poucas horas a ferida tomou conta da língua e foi corroendo rapidamente o resto do corpo. No outro dia pela manhã antes do sol nascer Joana se foi. Os moradores da vila foram todos ao velório para rezar por ela.