segunda-feira, 17 de novembro de 2014

“Yes, nós temos bananas e ladrões de dinheiro público em imensas levas. Putz!” (Mim)

“Não sei onde iremos parar. A coisa está ficando danada. Acabei de arrebentar o meu porquinho-cofre.” (Mim)

O CALA BOCA BILIONÁRIO

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Portal Libertarianismo-Quando Boris Yeltsin foi fazer compras nos Estados Unidos

O texto abaixo, escrito por Craig Hlavaty, conta a anedota de quando Boris Yeltsin visitou um supermercado nos Estados Unidos.

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Entre amostras grátis de queijos e outros produtos, Yeltsin vagava pelos corredores da Randall’s balançando a cabeça em perplexidade.
Um post no começo deste ano no Reddit, que mencionava o ex-presidente russo Boris Yeltsin com os olhos arregalados durante uma visita a uma mercearia de Clear Lake, Estados Unidos, me levou a uma visita aos arquivos do jornal Houston Chronicle, onde várias fotos do líder foram encontradas.
Era dia 16 de Setembro de 1989 e Yeltsin, então recém-eleito ao novo parlamento soviético e ao Soviete Supremo, tinha acabado de visitar o Centro Espacial Johnson (JSC, sigla em inglês).
No JSC, Yeltsin visitou o controle da missão e uma maquete de uma estação espacial. De acordo com a repórter do Houston Chronicle, Stefanie Asin, não foram todas as telas, medidores e maravilhas da NASA que o deixaram impressionado, mas sim uma visita não marcada a uma loja da rede Randall’s.
Yeltsin, então com 58 anos, “percorreu os corredores da Randall’s balançando a cabeça em admiração”, escreveu Asin. Ele falou para seus camaradas russos em sua comitiva que caso seu povo, que geralmente precisava esperar em filas para a maioria dos bens, visse as condições dos supermercados dos EUA, “haveria uma revolução”.
Consumidores e empregados o pararam para apertar sua mão e dizer um olá. Em 1989, nem todos carregavam um celular com câmera no bolso, então não tinham como tirar “selfies” com o camarada Yeltsin.
Yeltsin perguntou aos consumidores sobre o que eles estavam comprando e quanto iria custar, logo após perguntou ao gerente da loja se precisava de educação superior para gerenciar uma loja. Nas fotos do jornal, você pode vê-lo se maravilhando na seção de produtos, na prateleira de peixes frescos e no balcão de pagamento. Ele parecia especialmente interessado nos iogurtes congelados.
 “Nem mesmo o Politburo tem essas opções. Nem mesmo o Sr. Gorbachev”, ele disse.
O fato que havia lojas como essas em praticamente todas as ruas dos EUA o deixaram maravilhado. Até ofereceram a ele amostras grátis de queijo. De acordo com Asin, Yeltsin não saiu de mãos abanando, já que foi dada uma pequena sacola com produtos para ele apreciar na viagem de volta.
Cerca de um ano depois do líder russo deixar o cargo, um biógrafo de Yeltsin depois escreveu que na viagem de avião para o próximo destino de Yeltsin, Miami, ele estava abatido. Ele não conseguia parar de pensar sobre a abundância de comida na mercearia e que seus concidadãos tinham que subsistir na Rússia.
Na própria autobiografia de Yeltsin, ele escreveu sobre a experiência na Randall’s, que destruiu sua visão sobre o comunismo, de acordo com especialistas. Dois anos depois, ele deixou o Partido Comunista e começou a fazer reformas para mudar a maré econômica na Rússia. Você pode culpar aqueles deliciosos iogurtes congelados por isso.
Yelsin escreveu:
“Quando eu vi aquelas prateleiras abarrotadas com centenas, milhares de latinhas, embalagens e produtos de todos os tipos possíveis, pela primeira vez eu me senti, francamente, bastante mal com o desespero do povo soviético. (…) [Q]ue um país potencialmente tão rico como o nosso foi levado a tal estado de pobreza! É terrível só de pensar”.
Yeltsin morreu em 2007 aos 76 anos. A loja Randall’s que ele visitou, na El Dorado Boulevard com a Rodovia 3, agora é uma Food Town.
Seguem mais imagens da visita de Yelstin ao Randall’s.
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No caixa, um funcionário explica ao líder soviético como o computador identificava automaticamente os produtos e simultaneamente registrava na conta final.

Yeltsin ficou claramente chocado com a riqueza usufruída pelos cidadãos norte-americanos. Esse espanto não é reconhecível até que se vê como funcionava o esquema soviético. O vídeo abaixo mostra o estado de um supermercado soviético em Moscou no ano de 1986.
Cuidado para não vomitar ao ver a seção de congelados.


Instituto Ordem Livre- O que é o liberalismo?


O liberalismo é um modo de entender a natureza humana e uma proposta destinada a possibilitar que todos alcancem o mais alto nível de prosperidade de acordo com seu potencial (em razão de seus valores, atividades e conhecimentos), com o maior grau de liberdade possível, em uma sociedade que reduza ao mínimo os inevitáveis conflitos sociais. Ao mesmo tempo, o liberalismo se apóia em dois aspectos vitais que dão forma a seu perfil: a tolerância e a confiança na força da razão.
Em quais ideias se baseia o liberalismo?
O liberalismo se baseia em quatro simples premissas básicas:
– Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e não o contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo intrinsecamente bom, como uma condição insubstituível para alcançar níveis ótimos de progresso. Dentre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada) parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à mercê do Estado.
– Portanto, os liberais também acreditam na responsabilidade individual. Não pode haver liberdade sem responsabilidade. Os indivíduos são (ou deveriam ser) responsáveis por seus atos, tendo o dever de considerar as conseqüências de suas decisões e os direitos dos demais indivíduos.
– Justamente para regular os direitos e deveres do indivíduo em relação a terceiros, os liberais acreditam no Estado de direito. Isto é, crêem em uma sociedade governada por leis neutras, que não favoreçam pessoas, partido ou grupo algum, e que evitem de modo enérgico os privilégios.
– Os liberais também acreditam que a sociedade deve controlar rigorosamente as atividades dos governos e o funcionamento das instituições do Estado.
O liberalismo é uma ideologia?
Não. Os liberais têm certas idéias – ratificadas pela experiência – sobre como e por que alguns povos alcançam maior grau de eficiência e desenvolvimento, ou a melhor harmonia social, mas a essência desse modo de encarar a política e a economia repousa no fato de não planejar de antemão a trajetória da sociedade, mas em liberar as forças criativas dos grupos e dos indivíduos para que estes decidam espontaneamente o curso da história. Os liberais não têm um plano que determine o destino da sociedade, e até lhes parece perigoso que outros tenham tais planos e se arroguem o direito de decidir o caminho que todos devemos seguir.
Quais são as idéias econômicas em que se baseiam os liberais?
A idéia mais marcante é a que defende o livre mercado, em lugar da planificação estatal. Já na década de 20 o filósofo liberal austríaco Ludwig von Mises demonstrou que, nas sociedades complexas, não seria possível planejar de modo centralizado o desenvolvimento, já que o cálculo econômico seria impossível. Mises afirmou com muita precisão (contrariando as correntes socialistas e populistas da época) que qualquer tentativa de fixar artificialmente a quantidade de bens e serviços a serem produzidos, assim como os preços correspondentes, conduziria ao desabastecimento e à pobreza.
Von Mises demonstrou que o mercado (a livre concorrência nas atividades econômicas por parte de milhões de pessoas que tomam constantemente milhões de decisões voltadas à satisfação de suas necessidades da melhor maneira possível) gerava uma ordem natural espontânea infinitamente mais harmoniosa e criadora de riquezas que a ordem artificial daqueles que pretendiam planificar e dirigir a atividades econômica. Obviamente, daí se depreende que os liberais, em linhas gerais, não acreditam em controle de preços e salários, nem em subsídios que privilegiam uma atividade em detrimento das demais.
O mercado, em sua livre concorrência, não conduziria à pobreza de uns em benefício de outros?
Absolutamente não. Quando as pessoas, atuando dentro das regras do jogo, buscam seu próprio bem-estar costumam beneficiar a coletividade. Outro grande filósofo liberal, Joseph Schumpeter, também austríaco, estabeleceu que não há estímulo mais positivo para a economia do que a atividade incessante dos empresários e industriais que seguem o impulso de suas próprias urgência psicológicas e emocionais. Os benefícios coletivos que derivam da ambição pessoal superam em muito o fato, também indubitável, de que surgem diferenças no grau de acúmulo de riquezas entre os diferentes membros de uma comunidade. Porém, quem melhor resumiu tal situação foi um dos líderes chineses da era pós-maoísta ao reconhecer, melancolicamente, que “ao impedir que uns poucos chineses andassem de Rolls Royce, condenamos centenas de milhões de pessoas a utilizar bicicletas para sempre”.
Se o papel do Estado não é planejar a economia nem construir uma sociedade igualitária, qual seria sua principal função de acordo com os liberais?
Essencialmente, a principal função do Estado deve ser a de manter a ordem e garantir que as leis sejam cumpridas. A igualdade que os liberais almejam não é a utopia de que todos obtenham os mesmos resultados, e sim a de que todos tenham as mesmas possibilidades de lutar para conseguir os melhores resultados. Nesse sentido, uma boa educação e uma boa saúde devem ser os pontos de partida para uma vida melhor.
Como deve ser o Estado idealizado pelos liberais?
Assim como os liberais têm suas próprias idéias sobre a economia, também possuem sua visão particular do Estado: os liberais são inequivocamente democratas, acreditando no governo eleito pela maioria dentro de parâmetros jurídicos que respeitem os direitos inalienáveis das minorias. Tal democracia, para que faça jus ao nome, deve ser multipartidária e organizar-se de acordo com o princípio da divisão de poderes.
Embora esta não seja uma condição indispensável, os liberais preferem o sistema parlamentar de governo porque este reflete melhor a diversidade da sociedade e é mais flexível no que se refere à possibilidade de mudanças de governo quando a opinião publica assim o exigir.
Por outro lado, o liberalismo contemporâneo tem gerado fecundas reflexões sobre como devem ser as constituições. Friedrich von Hayek, Prêmio Nobel de economia, produziu obras muito esclarecedoras a esse respeito. Mais recentemente, Ronald Coase, também agraciado com o Prêmio Nobel (1991), tratou em seus trabalhos da relação entre a lei, a propriedade intelectual e o desenvolvimento econômico.
Essa é a idéia sucinta de Estado liberal; mas como os liberais vêem o governo, ou seja, aquele grupo de pessoas selecionadas para administrar o Estado?
Os liberais acreditam que o governo deve ser reduzido, porque a experiência lhes ensinou que as burocracias estatais tendem a crescer parasitariamente, ou passam a abusar dos poderes que lhes são conferidos e empregam mal os recursos da sociedade.
Porém, o fato de que o governo tenha tamanho reduzido não quer dizer que ele deva ser débil. Pelo contrário, deve ser forte para fazer cumprir a lei, manter a paz e a concórdia entre os cidadãos e proteger a nação de ameaças externas.
Um governo com essas características não estaria abdicando da função que lhe foi atribuída, de redistribuir as riquezas, eliminar as injustiças e de ser o motor da economia?
Os liberais consideram que, na prática, infelizmente os governos não costumam representar os interesses de toda a sociedade, e sim que se habituam a privilegiar seus eleitores ou determinados grupos de pressão. Os liberais, de certa forma, suspeitam das intenções da classe política e não têm muitas ilusões a respeito da eficiência dos governos. Por isso o liberalismo sempre se coloca na posição de crítico permanente das funções dos servidores públicos, razão pela qual vê com grande ceticismo essa função do governo de redistribuidor da renda, eliminador de injustiças ou “motor da economia”.
Outro grande pensador liberal, James Buchanan, Prêmio Nobel de economia e membro da escola daPublic Choice (Escolha Pública), originária de sua cátedra na Universidade de Virgínia, EUA, desenvolveu esse tema mais profundamente. Resumindo suas idéias sobre o assunto, qualquer decisão do governo acarreta um custo perfeitamente quantificável, e os cidadãos têm o dever e o direito de exigir que os gastos públicos revertam em benefício da sociedade como um todo, e não dos interesses dos políticos.
Isso quer dizer que os liberais não atribuem ao governo a responsabilidade de lutar pela justiça social?
Os liberais preferem que essa responsabilidade repouse nos ombros da sociedade civil e se canalize por intermédio da iniciativa privada, e não por meio de governos perdulários e incompetentes, que não sofrem as conseqüências da freqüente irresponsabilidade dos burocratas ou de políticos eleitos menos cuidadosos.
Finalmente, não há nenhuma razão especial que justifique que os governos se dediquem obrigatoriamente a tarefas como transportar pessoas pelas estradas, limpar as ruas ou vacinar contra o tifo. Tais atividades devem ser bem executadas e ao menor custo possível, mas seguramente esse tipo de trabalho é feito com muito mais eficiência pelo setor privado. Quando os liberais defendem a primazia da propriedade não o fazem por ambição, mas pela convicção de que é infinitamente melhor para os indivíduos e para o conjunto da sociedade.
Em inglês a palavra liberal tem aparentemente um significado diverso do que aqui se descreve. Em que se diferencia o liberalismo norte-americano daquilo que na Europa ou na América Latina se chama de liberalismo?
O idioma inglês se apropriou da palavra liberal do espanhol e lhe deu um significado diferente. Em l inhas gerais, pode-se dizer que em matéria de economia o liberalismo europeu ou latino-americano é muito diferente do liberalismo norte-americano. Isto é, o liberal norte-americano costuma tirar a responsabilidade dos indivíduos e passá-la ao Estado. Daí o conceito de estado de bem-estar social ou “welfare state”, que redistribui por meio de pressões fiscais as riquezas geradas pela sociedade. Para os liberais latino-americanos e europeus, como se viu antes, esta não é uma função primordial do Estado, pois o que se consegue por essa via não é um maior grau de justiça social, mas apenas níveis geralmente insuportáveis de corrupção, ineficiência e mau uso de verbas públicas, o que acaba por empobrecer o conjunto da população.
De qualquer forma, o pensamento dos liberais europeus e latino-americanos coincide com o dos liberais norte-americanos em matéria jurídica e em certos temas sociais. Para os liberais norte-americanos, europeus e latino-americanos o respeito das garantias individuais e a defesa do constitucionalismo são conquistas irrenunciáveis da humanidade.
Qual a diferença entre o liberalismo e a social-democracia?
A social-democracia realça a busca de uma sociedade igualitária, e costuma identificar os interesses do Estado com os dos setores proletários ou assalariados. O liberalismo, por seu turno, não é classista e sobrepõe a seus objetivos e valores a busca da liberdade individual.
Em que se diferenciam os liberais dos conservadores?
Embora haja uma certa coincidência entre liberais e conservadores no que se refere à análise econômica, as duas correntes se separam no campo das liberdades individuais. Para os conservadores o mais importante é a ordem; já os liberais estão dispostos a conviver com aquilo de que não gostam e são sempre capazes de tolerar respeitosamente os comportamentos sociais que se afastam dos padrões das maiorias. Para os liberais, a tolerância é a chave da convivência, e a persuasão é o elemento básico para o estabelecimento das hierarquias. Essa visão nem sempre prevalece entre os conservadores.
Em que se diferenciam os liberais dos democrata-cristãos?
Mesmo quando a democracia cristã moderna não é confessional, uma certa concepção transcendental dos seres humanos aparece entre suas premissas básicas. Os liberais, por sua vez, são totalmente laicos e não julgam as crenças religiosas das pessoas. Pode-se perfeitamente ser liberal e crente, liberal e agnóstico ou liberal e ateu. A religião simplesmente não pertence ao mundo das preocupações liberais (ao menos em nossos dias), embora seja essencial para o liberal respeitar profundamente esse aspecto da natureza humana. Por outro lado, os liberais não compartilham com a democracia cristã (ou, pelo menos, com algumas das tendências que se abrigam sob esse nome) um certo dirigismo econômico que normalmente é chamado de social-cristianismo.

Este texto, publicado em português pelo ¿Que és el liberalismo?, originalmente publicado em Centro de Estudios Economicos-Sociales.Autor

A mentira e a cara de pau crônica foram institucionalizadas no Brasil. Toma vergonha Dilma!

Uma política em decomposição

ROLF KUNTZ* - O ESTADO DE S.PAULO
15 Novembro 2014 | 02h 02

Flores, muitas flores bonitas e perfumadas por toda parte, para disfarçar e tornar o ambiente mais tolerável? Nesta altura, seria inútil. A sexta-feira começou com novas prisões da Operação Lava Jato, a investigação policial sobre as bandalheiras na Petrobrás. Bem cedo a imprensa havia noticiado: a maior estatal e maior empresa brasileira, com ações no País e no exterior, precisou adiar a publicação do balanço. Falta o aval da firma de auditoria, a PricewaterhouseCoopers (PwC). Os auditores poderão encrencar-se nos Estados Unidos se assinarem as demonstrações de um cliente envolvido em histórias de corrupção. Para eles, o mais seguro é esperar. Mas o caso da Petrobrás é só um dos problemas de um governo em péssimo estado de conservação. Enquanto prosseguia a Operação Lava Jato, o Executivo tentava conseguir do Congresso uma alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para acomodar qualquer mau resultado das contas públicas. Essas contas, hoje, estão em condições piores que as de muitos países fortemente afetados pela crise iniciada em 2008.
Quando os diretores da Petrobrás decidiram adiar a divulgação das contas do terceiro trimestre, a presidente Dilma Rousseff já estava chegando a Brisbane, na Austrália, para uma reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20).
Haviam ficado em Brasília, para falar em nome do governo e negociar a mudança da LDO, o vice-presidente, Michel Temer, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. No começo da semana a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, já havia ido ao Congresso para defender a alteração da regra orçamentária - essencialmente, a extinção do limite para descontos da meta de superávit primário. Com isso, qualquer número vexatório será considerado aceitável.
A ministra realizou com zelo sua tarefa e chegou a descrever a situação fiscal brasileira como "bastante confortável". Pão ou pães, é questão de opiniães, segundo a filosofia do Grande Sertão. Ainda assim, parece estranho falar de situação confortável quando se trata do rombo fiscal brasileiro, maior que o de muitos países desenvolvidos.
O déficit do governo central, incluído o gasto com juros, alcançou de janeiro a setembro 4,97% do produto interno bruto (PIB). Em 12 meses chegou a 3,75%. Se continuar por aí no fim do ano, será muito pior que a média estimada para a zona do euro, 2,9%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O déficit nominal de todo o setor público atingiu 5,94% do produto em nove meses e 4,92% em 12. A média projetada para os países avançados do G-20 é de 4,5%. Ninguém deve ter falado sobre esses números à presidente Dilma Rousseff nem à ministra Miriam Belchior ou a outros auxiliares da Presidência.
O desastre das contas públicas é um dos efeitos mais vistosos da política em vigor desde o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa política foi ampliada nos primeiros quatro anos de sua sucessora, com o prolongamento da relação promíscua entre o Tesouro e os bancos federais, a multiplicação dos benefícios seletivos, o avanço do protecionismo, a tolerância à inflação, o intervencionismo crescente e a maquiagem ostensiva do balanço fiscal. A crise industrial e a destruição de postos de trabalho formal em outubro são algumas das consequências mais importantes.
No mês passado os empregadores fecharam 30.283 postos de trabalho com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o primeiro resultado negativo em um mês de outubro desde o começo da série, em 1999. Mas os dados mais feios são os acumulados no ano.
De janeiro a outubro foram criados 912.287 empregos formais em todo o País, segundo o cadastro, mas 582.425, ou 63,84% do total, foram abertos em serviços, em segmentos de baixa produtividade e salários correspondentes a esse padrão. A criação de empregos é um dos feitos alardeados pela presidente Dilma Rousseff e sua trupe, mas as vagas oferecidas são compatíveis com a estagnação da indústria, com o baixo investimento e com a perda de vigor produtivo da economia. Que outro tipo de ocupação poderia aumentar quando a política é incapaz de estimular o investimento, a produtividade e a produção?
O governo conduziu a política econômica nos últimos seis anos como se houvesse no Brasil muita mão de obra desocupada e muita capacidade ociosa na indústria. Uma estratégia desse tipo foi justificável no começo da crise internacional, mas logo deixou de ter sentido. O passo seguinte deveria ter sido a busca de uma nova etapa de desenvolvimento. Mas o "modelo" adotado pela presidente Dilma Rousseff e, portanto, pelo ministro da Fazenda simplesmente deixou em plano inferior metas de produtividade e modernização.
Foi o aspecto mais inovador do tal modelo: adotou-se pela primeira vez na História uma teoria do desenvolvimento sem referência à produtividade. Os efeitos dessa inovação teórica são visíveis na estagnação da indústria, na queda do investimento e na sucessão de pibinhos, com média anual de crescimento provavelmente inferior a 2% entre 2011 e 2014.
Com as contas públicas em pandarecos, o investimento muito abaixo do necessário, a inflação na vizinhança de 6% e contas externas em deterioração (déficit de US$ 2,62 bilhões de janeiro até a primeira semana de novembro), a primeira grande tarefa da presidente Dilma Rousseff, antes de começar o segundo mandato, será reconhecer a realidade. Se for, finalmente, capaz desse esforço, ficará assustada.
A maioria dos eleitores concedeu mais quatro anos a um governo em péssimo estado de conservação. Cada novo detalhe do escândalo da Petrobrás torna mais difícil disfarçar esse fato. Escrever sobre a política econômica brasileira assemelha-se cada vez mais a um trabalho de médico legista.
*JORNALISTA

Invisíveis

Invisíveis 
Sem paciência para discutir com vermelhos. 
Quem não aprende com os erros passados é o que mesmo? 
Burro seria o adjetivo correto? 
Ou talvez frustradinho ressentido com os que lutam e se dão bem?

A Petrobras é de quem mesmo? Lalaus, lalaus! Lalaus vermelhos!

Os companheiros privatizaram a verdade - GUILHERME FIUZA

Teste de história para o 3" ano do ensino médio, numa escola particular do Rio de Janeiro bem colocada no ranking acadêmico:

"O presidente eleito (FHC) governou o Brasil por dois mandatos, iniciando a consolidação da política neoliberal no país, principiada pelos presidentes Collor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos (1995-2002), pode-se afirmar que se caracterizam:

e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das empresas estatais; diminuição do tamanho do Estado; e apagão energético, que levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.

A alternativa "e", acima, é a resposta correta, segundo o professor que aplicou o teste. As quatro alternativas erradas são recheadas de bondades sociais, naturalmente identificadas pelos isentos elaboradores do teste com os governos do PT - muito distantes das maldades neoliberais de FHC. É muito grave o que acontece no Brasil. Um arrastão que mistura má-fé e credulidade empreende uma lavagem cerebral no país.

Vamos repetir o termo, para destacá-lo da frase anterior, que ficou um pouco longa: lavagem cerebral.

O exemplo acima é um retrato triste, vergonhoso, do que se passa nas bases da civilização brasileira. A transmissão do conhecimento no Brasil está empesteada pelo vírus ideológico - aquele que sabota a cultura e prostitui a verdade. Nada, absolutamente nada, pode ser mais grave para uma civilização. A quebra da confiança no saber destrói uma sociedade. Quando os monstros nazistas e comunistas foram pegos na mentira, o flagelo social já estava consumado - com a complacência da coletividade.

O PT caminha para 16 anos no poder. Engana-se quem vê inflação e recessão como os piores produtos de uma gestão desonesta. O pior produto é o envenenamento das instituições - gradual, sorrateiro, letal. O brasileiro, esse ser dócil, acha que o julgamento do mensalão foi um filme de época. Recusa-se a perceber que aquele golpe (submeter o patrimônio público a interesses partidários) se aprofunda há 12 anos. O PT montou uma diretoria na Petrobras para a sucção bilionária do dinheiro do contribuinte. Qual é o grande escudo para mais esse assalto?

É a lavagem cerebral. O Brasil engole o assalto petista porque está embriagado dos clichês de bondade, associados aos heróis da vagabundagem. Eles são administrativamente desastrosos e contam com grande elenco de pilantras condenados, mas pelo menos não são "neoliberais de direita". É esse o truque tosco do teste escolar aqui citado.

O que é uma "política neoliberal", prezados mestres da panfletagem? Por acaso vocês se referem à abertura econômica do país, com o avanço de prosperidade dela advindo? Claro que não. Vocês citaram "neoliberal" como um palavrão, cuspido pelo filho do Brasil num desses palanques em que ele mora. Vocês não têm nem uma pontinha de vergonha de resumir os anos FHC a um "limitado crescimento econômico" - tendo sido esse o governo que deu ao Brasil uma moeda de verdade?

Não, Ok. Vocês não têm vergonha de nada. Nem de escrever que, nesse período, se deu "a privatização das empresas estatais". Como assim? Todas? Acrescentem ao menos: com exceção de empresas como Petrobras, Correios e Banco do Brasil, que permaneceram públicas para que os companheiros pudessem fazer nelas seus negócios privados. Vocês também poderiam, prezados mestres da educação brasileira, escrever que FHC privatizou a telefonia agonizante e, assim, melhorou a vida dos pobres. Não, desculpem: os pobres pertencem a vocês, e a seus patrões petistas. "Privatização das empresas estatais" - mais um palavrão ideológico, cuspido nos ouvidos de estudantes adolescentes. Prezados professores: vocês são uns covardes.

Nem merece retificação a referência ao "apagão" - que só aconteceu nas suas mentes obscuras. O que vocês devem admirar é a mentira progressista das tarifas de energia e gasolina, que finge dar ao consumidor o que rouba do contribuinte. Ou os truques da contabilidade criativa e do adestramento de dados no Ipea e no IBGE.

O país é hoje comido por dentro. Só passará no vestibular se responder a uma questão, antes de qualquer outra: Dilma sabia ou não sabia do petrolão? Tapem os ouvidos, prezados lavadores de cérebros.
http://horaciocb.blogspot.com.br/

Yoani Sánchez- Bullying em Cuba ?

Damaris tem quase quarenta anos e várias cicatrizes no rosto. Feitas por uma colega do quinto grau com um pregador de cabelo. Estavam em meio a uma aula e a disputa pela propriedade de um estojo de lápis levou a inimiga a gritar: “Te espero às quatro e meia!”. Essa é a pior ameaça que um estudante das escolas cubanas pode receber. A frase é suficiente para saber que na hora da saída terá que mostrar força e supremacia com punhos ou arranhões.
Com Yosniel foi pior. Jogou-se da caixa d’água do curso pré-universitário República Popular da Romênia depois de sofrer por meses com os deboches dos seus colegas de albergue pelo tamanho da sua cabeça. Caiu sobre o concreto da tampa da cisterna e nenhuma manobra de reanimação pôde salvá-lo. No outro dia, durante o funeral, os próprios alunos que o ridicularizavam davam pêsames a família do falecido no paupérrimo bairro de Romerillo.
Contudo, o problema toca tanto os pobres como os mais acomodados. O metal frio de uma navalha atravessou o coração de Adrián, também num pré-universitário, porque outro mais forte gostou dos seus sapatos e quis tomá-los. Os pais do falecido eram militares, porém mesmo assim não conseguiram entender por que as escolas onde deveria ser formado “o homem novo” acabaram funcionando com o mesmo banditismo das prisões.
Cecília, por seu lado, sempre foi das que bateu… Não das que se deixaram bater. Escolhia a saia do uniforme que vestiria examinando a situação das estudantes mais frágeis ou menores. Um dia encontrou o modelo do seu sapato numa menininha magrinha de dentes separados que – com uma lâmina improvisada a partir de uma serrinha – cortou-lhe o rosto de lado a lado.
O abuso escolar, o bullying, é um tema pouco falado nos meios nacionais, mas que afeta centenas, milhares de estudantes em todo o país. Entre as características mais alarmantes deste problema está a cumplicidade de parte dos professores. Muitas vezes os professores se valem destes “tipos de gente dura” para controlar o resto dos alunos. O resultado é a validação institucional de uma estrutura de arrogância e abuso.
Como denunciá-lo? Ninguém sabe. Não há um número telefônico que um aluno vítima de bullying possa usar. Nenhuma circular do Ministério da Educação ampara os prejudicados nestes casos. Os pais, normalmente, respondem as denúncias de abusos contadas por seus filhos com um: “dá-lhe mais duro” ou “mostre-lhes quem és tu”. Os professores não querem se imiscuir na bronca e muitos diretores de centros escolares respondem na defensiva: “Imagina, já não sabemos o que fazer com este garoto”.
O certo é que o drama do abuso escolar não é falado, não é debatido e não é questionado… Enquanto as tantas Cecílias que existem por aí continuam tomando o uniforme das menores, cortando o rosto de uma colega de sala com um grampo ou zombando – até ao suicídio – do tamanho da cabeça de outro.
Tradução por Humberto Sisley

O muro na cabeça

Fernando Gabeira

O Muro de Berlim caiu há 25 anos. Foi um marco simbólico da entrada no século XXI. Durante as comemorações de agora, ouvi, de novo, a expressão “muro na cabeça”. No caso da Alemanha, a expressão era uma forma de nomear resistência à integração do país e preconceitos que sobreviveram à queda material do muro. Aqui no Brasil, uso em outro sentido: o muro ainda está na cabeça nostálgica dos líderes do PT que lançaram uma nota, afirmando seu desejo de conquistar a hegemonia na sociedade brasileira.

O conceito de hegemonia é atribuído ao filósofo italiano Antônio Gramsci. Ele defendia que o comunismo deveria se impor através de uma grande mudança cultural, mais poderosa que a simples tomada do poder. Por mais inadequadas que sejam para nossa época, as ideias de Gramsci foram uma saída para o Partido Comunista italiano. Um dos seus frutos é o conceito de compromisso histórico entre o PCI e a democracia cristã.

As ideias de Gramsci tiveram uma influência na formulação do eurocomunismo, que precisava de uma teoria para negar uma revolução de vanguarda que assume o poder pela força. Até certo ponto, o Partido Comunista italiano levou a sério as ideias de Gramsci, investindo, entre outros, na cultura, livraria, jornal, revista teórica, editora. Mas hoje, 25 anos depois da queda do muro de Berlim, o eurocomunismo foi soterrado com a derrocada do império soviético, a fragmentação da Iugoslávia.

E 25 depois, o PT ressuscita o conceito de hegemonia. Hegemonia para que visão mundo, cara- pálida? O conceito pode levar a inúmeros equívocos. Ele é vizinho da onipotência. Contém o desejo do PT de ter a narrativa dominante para a nossa História. Como interpretar uma hegemonia que mascara os números e inaugura a contabilidade criativa? Esse dissolver dos dados reais na ilusão ideológica é um sinal vermelho que se acende na fantasia hegemônica. O verso de Cazuza é o melhor antídoto: sua piscina está cheia de ratos, e suas ideias não correspondem aos fatos.

Só um muro na cabeça nos fará esquecer os anos 1930 na Rússia, quando a fome rondava no horizonte, e Lysenko fez suas experiências revolucionárias na agricultura. Falseou os resultados e decretou que a genética era uma ciência burguesa decadente. Muitos cientistas foram executados pelo stalinismo porque serem contrários à manipulação ideológica de Lysenko. Nesse caso dramático, a ideologia não se contentou em driblar a aritmética, como o PT, mas invadiu o campo da ciência e condenou à morte quem a contestava com base teórica e prática.

Depois dos exercícios desvairados da hegemonia política e da versão mais branda do comunismo europeu, que valor pode ter esse conceito numa sociedade plural, em que a liberdade e espaço individual cresceram de forma acentuada?

Há razões políticas e históricas para se desconfiar do conceito de hegemonia. No Brasil de hoje, ele é adotado pelo partido no poder há 12 anos. Se estivesse no Congresso e o PT me propusesse uma tarefa comum e necessária, responderia: a única condição é de que vocês deixem o chapéu hegemônico lá na chapelaria da entrada. Ninguém é dono da verdade.

Vamos dar uma volta pelo conceito. O PT fez campanha eleitoral com uma política econômica. O partido atribuía ao adversário uma série de medidas de contenção de despesas que terá de adotar. O candidato derrotado poderia reclamar para si a hegemonia real: não importa que candidato vença, minha visão terá de ser adotada, logo é hegemônica. Mas seria pretensioso. O caminho não é esse. O fracasso da política econômica é reconhecido por teóricos de vários horizontes e, aos poucos, forma-se um consenso sobre o que fazer para sair da crise.

O PT está numa encruzilhada. Ou avança num caminho que não dá mais pé e afunda a economia, ou aproveita o consenso que se forma e muda o rumo. Se o objetivo é apenas se manter no poder, é possível, historicamente, alongar o erro. Os bolivarianos seguem no poder na Venezuela, apesar da catastrófica performance econômica. Os irmãos Castro ainda dominam uma Cuba empobrecida.

De Gramsci a Bolívar, a visão de hegemonia ganha uma nova forma na América Latina: dobrar o Congresso, ter a Justiça nas mãos, e torturar opositores na Venezuela, como denunciou o relatório da ONU. Essa hegemonia, irmão, só na porrada: é uma simples tática de se perpetuar no poder.

Quando descobriu sua decadência nas metrópoles, o PT inventa a palavra-chave para dar a volta por cima. A saída é buscar a hegemonia, para que todos passem a ver o mundo como nós desejamos que vejam. Onde estão essas ideias maravilhosas que vão nos arrebatar, revelando o verdadeiro sentido da História? Como elas não existem, hegemonia na verdade é apenas uma palavra na nota do PT. Se fosse o redator, escolheria Shazam ou Abracadabra. Depois de tantos anos da queda do Muro real, o melhor é tentar a magia.



Fumacê

“Meu coração é de Jesus, meu pulmão da Souza Cruz e a fumaça do povo em geral.” (Mim)

Cachorro de apartamento

“Antigamente cachorro bom era o que mais latia. Hoje cachorro de apartamento considerado bom, é mudo.” (Bilu Cão)

Pulga Lurdes

“Peço não me confundam com chatos. Eles são meus primos.” (Pulga Lurdes)

Comunismo bonzinho, oh!

Ainda não encontrei um comunista que queira doar seus bens para os menos favorecidos. Estou na fila. Quem sabe Tarso Genro e Zé Dirceu serão os primeiros?

Feiura

“Falando sério. Não sou tão feio assim. Um pouco disso é marketing. Tem gente bem mais feia no Planalto, na Petrobrás...” (Assombração)

Caos

Mais quatro anos com Dilma. Tem um preço, não queira nem saber.

Eu detesto, mas...

Gostas de viver num cercado? Sim? Então continues a votar em comunistas. É o que te espera mais adiante.

Há bestas para todos os gostos

Abóboras gigantes falam e conduzem abobrinhas. Há espaço na mídia para todos os tipos de quadrúpedes. Como esperar que o povo em geral aumente sua caixa cerebral com isso?

“A vida é uma série de atos voluntários, e cada escolha é ao mesmo tempo uma renúncia.” (Alexander Gray)