terça-feira, 13 de setembro de 2016

Solidários

Começo do século dezenove. Uma grande epidemia de gripe dizimou metade do povo brasileiro. Nas pequenas vilas do nordeste em que a ajuda não chegou a tempo, os mortos estavam nas ruas. Sem comida e sem remédios o povo fugia desesperado levando apenas algumas roupas... 

Saídos da pequena Maracéu no interior do Ceará vinte casais e seus filhos em fuga caminharam por meses em busca de um lugar seguro para ficar. Unidos, todos se ajudaram nos momentos difíceis de enfermidades e fome. Repartiam bolachas e grãos de feijão. Nas horas de desespero e abandono um casal apoiava o outro, solidários e cheios de afeto. Enfrentaram juntos temporais e o pranto de saudade dos queridos mortos. Diante da desgraça pareciam irmãos de sangue. Aconteceu então o dia em que a vintena de desterrados e seus rebentos entraram numa fazenda abandonada e encontrou além de cadáveres por todos os lados  uma maleta com diamantes abandonada num canto. Felizes pelo achado enterraram os mortos e descansaram.

Planejaram que quando estivessem em um lugar definitivo dividiriam o montante em partes iguais. Foram dormir com a esperança de um amanhã melhor, e sem dúvida seria um bom começo. Porém durante a noite dois lobos se apresentaram; enquanto todos os demais dormiam o casal Noronha partiu levando o pequeno tesouro da comunidade. Nunca mais foram vistos.

MORAL- Feijão e pão seco são fáceis de repartir, o duro de repartir é a picanha.

O buraco

O BURACO

Havia um buraco. No local não havia nenhuma placa. Um enorme perigo para os transeuntes que não tinham o hábito de olhar para o chão. Um cidadão distraído com seus pensamentos caiu então no buraco. Gritou ele por socorro durante muitas horas. Finalmente foi ouvido: vieram os funcionários da prefeitura e encheram o buraco de pedras e terra. O cidadão distraído então não gritou mais.

Julgamentos

JULGAMENTOS

Via eu o mundo com os olhos da experiência daquilo que vivera
Tirando conclusões da percepção da minha janela
Então às vezes julgava  quem me é estranho
E era julgado também por quem não me conhecia
Tantos enganos e erros danosos
Acabaram por ensinar-me
Que se mesmo quem olha de perto pouco vê
O melhor que faz  àquele que  está distante é travar a língua.

Maniqueísta

MANIQUEÍSTA

Navega nas nuvens do pensar
O ingênuo salvador do mundo de soluções simplistas
Crê ele ser possível mudar o homem apenas com boa vontade
Como também erguer fogueiras na floresta sem queimar madeira.

Do Baú do Janer Cristaldo- quinta-feira, abril 27, 2006 CORRUPÇÃO? JAMAIS! LEI ROUANET

Quem já assistiu a um espetáculo do Cirque du Soleil, seja ao vivo, seja na televisão, teve o privilégio de ver certamente o mais belo show circense atualmente produzido no mundo. A trupe canadense deve se apresentar em agosto no Brasil, com ingressos entre R$ 50 (meia-entrada) e R$ 370 (VIPs). Infelizmente, isso diz respeito a todos nós.

Por que infelizmente? - se perguntará o leitor -. Não é um sumo privilégio ver o Cirque du Soleil? De fato, é. Mas você, assista ou não assista ao espetáculo, estará com ele comprometido. A Folha de São Paulo de ontem nos conta que a empresa CIE (Companhia Interamericana de Entretenimento, de origem mexicana), que promove a vinda do espetáculo Saltimbanco ao Brasil, já descobriu os meandros da corrupção pátria institucionalizada, sendo autorizada pelo MinC (Ministério da Cultura) a ficar com R$ 9,4 milhões que o governo receberia em Imposto de Renda neste ano. O dinheiro agora deve ser usado em benefício das apresentações.

Vivemos dias em que o combate à corrupção é palavra de ordem. Mas ninguém parece ver nada demais no financiamento de shows com dinheiro público, que depois serão vendidos a altos preços ao mesmo contribuinte que os financia. Esta é a finalidade da Lei Rouanet, criada em 1991, para que empresas e pessoas físicas incentivem a cultura, destinando parte de seus impostos a projetos culturais. Como depois vai faltar dinheiro para financiar atividades essenciais, o governo volta de novo a enfiar a mão em seu bolso para financiá-las.

Você financia o Cirque du Soleil. Mas por enquanto os ingressos estão à venda só para os clientes Prime (prioritários) do Bradesco, que decidiu patrocinar o grupo no Brasil. "É desejável que marcas se associem a produções culturais, desde que o dinheiro seja privado", diz o consultor em patrocínio empresarial Yacoff Sarkovas. Segundo dados do MinC, a CIE captou R$ 7,1 milhões até agora, dos R$ 9,4 milhões autorizados.

Tudo muito simples: você paga para que uma minoria se divirta. Esta minoria, que também é contribuinte, já pagou a produção do espetáculo. E agora paga de novo para assisti-lo.

Além do patrocínio ao Cirque du Soleil - informa-nos a Folha - a CIE foi autorizada a captar R$ 5,1 milhões para a continuação da temporada paulistana do musical O Fantasma da Ópera durante o ano de 2006. E a Dialeto Latin American Documentary Ltda foi autorizada a captar R$ 197 mil para o CD Pajelança Cabocla, de Zeneida Lima, "pajé cabocla da ilha de Marajó". O projeto estipula que as 3.000 cópias do álbum deverão ser assim distribuídas: mil exemplares para os produtores, 850 para os autores, 750 para os patrocinadores, 300 para Bibliotecas Minc e 100 para a mídia.

E para mim? - estará você se perguntando. Para você nada, nadinha, exceto o sublime prazer de estar contribuindo de seu bolso para a cultura nacional. E assim se faz cultura no Brasil. Nem ouse pensar em corrupção. O gesto de enfiar a mão em seu bolso está devidamente regulamentado por lei.

A fórmula para um mundo mais rico? Liberdade, justiça e virtudes burguesas





O mundo é rico e irá se tornar ainda mais rico.  Pare de se preocupar.

Nem todos já estão ricos, é claro.  Aproximadamente um bilhão de pessoas no planeta ainda sobrevive com a equivalente a US$ 3 por dia ou menos.  No entanto, no ano de 1800, praticamente todas as pessoas sobreviviam com US$ 3 ao dia (em valores de hoje).
O Grande Enriquecimento começou na Holanda do século XVII.  No século XVIII, o fenômeno já havia se espalhado para Inglaterra, Escócia e as colônias americanas.  Hoje, ele é praticamente universal.
Economistas e historiadores concordam quanto à sua espantosa e surpreendente magnitude: em 2010, a renda média diária de uma grande variedade de países, incluindo Japão, EUA, Botsuana e Brasil, havia crescido de 1.000 a 3.000% em relação aos níveis de 1800.  As pessoas deixaram de viver em tendas e cabanas de lama e foram morar em casas de dois andares e apartamentos em condomínios.  Saíram de uma realidade marcada por doenças causadas por água suja e infectada e alcançaram uma expectativa de vida de 80 anos.  Saíram da ignorância plena para a alfabetização e o conhecimento.
Ainda há quem diga que os ricos se tornaram mais ricos e os pobres, mais pobres.  Nada mais errado.  A se julgar pelo padrão de conforto básico trazido por itens essenciais, as pessoas mais pobres do planeta foram as que mais ganharam.  Em locais como Irlanda, Cingapura, Finlândia e Itália, mesmo as pessoas que são relativamente pobres têm acesso a alimentação adequada, educação, alojamento e cuidados médicos.  Seus ancestrais não tinham nada disso.  Nem mesmo remotamente.
Desigualdade de riqueza financeira é algo que varia intensamente ao longo do tempo; no entanto, no longo prazo, esta se reduziu.  A desigualdade financeira era maior em 1800 e em 1900 do que é hoje,como até mesmo o economista francês Thomas Piketty reconheceu.  E quando se toma como base o conforto trazido pelo consumo de itens básicos — que é o padrão mais importante de mensuração —, a desigualdade dentro de um país, e também entre países, caiu quase que continuamente.
[N. do E.: a este respeito, vale repetir um trecho deste artigo:
Diferenças na propriedade de ativos não significam uma igual diferença no padrão de vida, muito embora várias pessoas tenham esse fetiche.  Por exemplo, a riqueza de Bill Gates deve ser 100.000 vezes maior do que a minha.  Mas será que ele ingere 100.000 vezes mais calorias, proteínas, carboidratos e gordura saturada do que eu?  Será que as refeições dele são 100.000 vezes mais saborosas que as minhas?  Será que seus filhos são 100.000 vezes mais cultos que os meus?  Será que ele pode viajar para a Europa ou para a Ásia 100.000 vezes mais rápido ou mais seguro?  Será que ele pode viver 100.000 vezes mais do que eu? 
O capitalismo que gerou essa desigualdade é o mesmo que hoje permite com que boa parte do mundo possa viver com uma qualidade de vida muito melhor que a dos reis de antigamente.  Hoje vivemos em condições melhores do que praticamente qualquer pessoa do século XVIII.]
Em todo caso, o problema sempre foi a pobreza, e não a desigualdade em si.  O problema não é quantos iates possui a herdeira da L'Oreal Liliane Bettencourt, mas sim se a francesa média possui o suficiente para se alimentar.  À época em que se passa a história de "Les Misérables", ela não tinha.  Nos últimos 40 anos, estima o Banco Mundial, a proporção da população mundial vivendo com apavorantes US$ 1 ou US$ 2 por dia caiu 50%. 
Paul Collier, economista da Universidade de Oxford, nos exorta a ajudar aquele "1 bilhão de pessoas mais pobres do mundo" entre as mais de 7 bilhões de pessoas que habitam a terra.  Claro, esse é nosso dever moral.  Mas ele também observa que, 50 anos atrás, de cinco bilhões de pessoas, quatro bilhões (80%) viviam em condições miseráveis.  Em 1800, eram 95% de um bilhão.
Podemos melhorar as condições da classe operária.  Aumentar a produtividade — o que permite aumentos salariais — por meio de engenhos possibilitados pela criatividade humana é o que sempre funcionou.  Em contraste, tomar dos ricos para dar aos pobres é um truque que fornece alívio apenas momentâneo.  Por definição, a expropriação é sempre um truque efêmero, sem qualquer efeito benéfico de longo prazo.  Já o enriquecimento trazido por aprimoramentos testados e aprovados pelo mercado é algo perene e que pode se perpetuar por séculos.  Mais ainda: é o que trará ainda mais conforto em termos de acesso a itens básicos e essenciais a praticamente qualquer pessoa do planeta. 
As causas deste Grande Enriquecimento
Mas o que então gerou este grande enriquecimento iniciado ainda na Holanda do século XVII?
Em termos simplificados, houve uma mudança radical na mentalidade das pessoas.  Houve uma mudança na atitude das pessoas em relação ao empreendedorismo, ao sucesso empresarial e à riqueza em geral
Antes de os holandeses, por volta de 1600, ou de os ingleses, por volta de 1700, mudarem o seu modo de pensar, havia honra em apenas duas opções: ser soldado ou ser sacerdote.  A honra estava apenas em estar ou no castelo ou na igreja.  As pessoas que meramente compravam e revendiam coisas para sobreviver, ou mesmo as que inovavam, eram desprezadas e escarnecidas como trapaceiras pecaminosas.
Um carcereiro, no ano de 1200, rejeitou apelos de misericórdia de um homem rico: "Ora, Mestre Arnaud Teisseire, o senhor chafurdava na opulência! Como poderia não ser um pecador?"
E então algo mudou.  Primeiro na Holanda, quando a população se revoltou contra o controle espanhol do país.  Depois na Inglaterra, com sua revolução, a qual é considerada a primeira revolução burguesa da história.  As revoluções e reformas da Europa, de 1517 a 1789, deram voz a pessoas comuns fora das hierarquias de bispos e aristocratas.  As pessoas passaram a admirar empreendedores como Benjamin Franklin, Andrew Carnegie e, atualmente, Bill Gates. A classe média, a burguesia, passou a ser vista como boa e ganhou a autorização para enriquecer.
De certa forma, as pessoas assinaram o 'Tratado da Burguesia', o qual se tornou uma característica dos lugares que hoje são ricos, como a Inglaterra, a Suécia ou Hong Kong: "Deixe-me inovar e ganhar dinheiro no curto prazo como resultado dessa inovação, e eu o tornarei rico no longo prazo".
E foi isso que aconteceu.  Começou no século XVIII com o pára-raios de Franklin e a máquina a vapor de James Watt.  Isso foi expandido, nos anos 1820 (século XIX), para uma nova invenção: as ferrovias com locomotivas a vapor.  E então vieram as estradas macadamizadas, assim chamadas em homenagem ao engenheiro escocês John Loudon McAdam.  Depois surgiram as ceifadeiras, criadas por Cyrus McCormick, e as siderúrgicas, criadas por Andrew Carnegie.  Ambos eram escoceses que viviam nos EUA. 
Tudo se intensificaria ainda mais no restante do século XIX e aceleraria fortemente no início do século XX.  Consequentemente, o Ocidente, que durante séculos havia ficado atrás da China e da civilização islâmica, se tornou incrivelmente inovador.  As pessoas simplesmente passaram a ver com bons olhos a economia de mercado e a destruição criativa gerada por suas lucrativas e rápidas inovações.
Deu-se dignidade e liberdade à classe média pela primeira vez na história da humanidade e esse foi o resultado: o motor a vapor, o tear têxtil automático, a linha de montagem, a orquestra sinfônica, a ferrovia, a empresa, o abolicionismo, a imprensa a vapor, o papel barato, a alfabetização universal, o aço barato, a placa de vidro barata, a universidade moderna, o jornal moderno, a água limpa, o concreto armado, os direitos das mulheres, a luz elétrica, o elevador, o automóvel, o petróleo, as férias, o plástico, meio milhão de novos livros em inglês por ano, o milho híbrido, a penicilina, o avião, o ar urbano limpo, direitos civis, o transplante cardíaco e o computador.
O resultado foi que, pela primeira vez na história, as pessoas comuns e, especialmente os mais pobres, tiveram sua vida melhorada.
Será que o mundo enriqueceu, como diz a esquerda, por meio da exploração de escravos ou de trabalhadores?  Ou por meio do imperialismo?  Não.  Os números são grandes demais para ser explicados por um roubo de soma zero.
Não foi a exploração dos pobres, nem investimentos, nem instituições já existentes.  O que causou o Grande Enriquecimento foi uma mera mudança de mentalidade, uma mera mudança de atitude.  Ou, para simplificar, uma mera ideia, a qual o filósofo e economista Adam Smith rotulou de "o plano liberal para a igualdade, a liberdade e a justiça".  Em uma palavra, foi o liberalismo.  Dê às massas de pessoas comuns igualdade perante a lei e igualdade de dignidade social, e então deixe-as em paz.  Faça isso e elas se tornam extraordinariamente criativas e energéticas.
A ideia liberal foi gerada por uma feliz coincidência de acontecimentos no noroeste europeu de 1517 a 1789: a Reforma, a Revolta Holandesa, as revoluções na Inglaterra e na França, e a proliferação da leitura.  Estes acontecimentos, conjuntamente, libertaram as pessoas comuns, dentre elas a burguesia e sua livre iniciativa. 
Em termos sucintos, o Tratado da Burguesia é este: primeiramente, deixe-me tentar este ou aquele aprimoramento.  Ficarei com os lucros, muito obrigado.  Porém, em um segundo ato, estes lucros servirão de chamariz para aqueles importunos concorrentes, os quais irão também entrar no mercado, aumentar a oferta de bens e serviços, pegar parte da minha clientela e, consequentemente, erodir esses meus lucros (como a Uber fez com a indústria de táxi).  Já no terceiro ato, após todos os aprimoramentos e melhorias que criei terem se espalhado, eles farão com que você melhore de vida substantivamente e fique rico.
E foi isso o que ocorreu.
Você pode discordar e dizer que idéias são coisas corriqueiras e nada especiais, sendo que, para torná-las realidade, é necessário termos um capital físico e humano adequado, bem como boas instituições.  Esta é uma ideia muito popular, principalmente à direita, mas é errada.  Sim, é necessário ter capital e instituições para implantar e incorporar as idéias.  Mas capital e instituições são causas intermediárias e dependentes, e não a raiz.
A causa básica do enriquecimento foi, e ainda é, a ideia liberal, a qual originou a universidade, a ferrovia, as edificações, a internet e, mais importante de tudo, nossas liberdades.  A acumulação de capital é extremamente importante, mas não é a causa precípua do enriquecimento.  Qual foi a acumulação de capital que inflamou as mentes de William Lloyd Garrison e Sojourner Truth?  
Desde Karl Marx, a humanidade criou o hábito de buscar explicações materiais para o progresso humano.  Depender exclusivamente do materialismo para explicar o mundo moderno — seja o materialismo histórico da esquerda ou o economicismo da direita — é um erro.  Idéias sobre a dignidade humana e a liberdade foram as grandes responsáveis.  O mundo moderno surgiu quando se começou a tratar as pessoas com mais respeito, concedendo a elas mais liberdade.
Mudanças econômicas em todo e qualquer período da história dependem — muito mais do que os economistas acreditam — da mentalidade das pessoas.  Dependem daquilo em que elas acreditam.  Foram idéias e mudanças de atitude o que geraram o nosso enriquecimento.
É claro que nem todas as idéias são doces.  Fascismo, racismo, eugenia e nacionalismo são idéias que, recentemente, estão adquirindo um alarmante índice de popularidade.  Mas idéias práticas e agradáveis a respeito de tecnologias lucrativas e de instituições libertadoras, bem como a ideia liberal que permitiu que pessoas comuns, pela primeira vez na história, tivessem liberdade para empreender e enriquecer, geraram o Grande Enriquecimento.  Por isso é importante inspirar, estimular e encorajar as massas.  As elites não precisam desse empurrão, pois já são plenamente inspiradas.  Igualdade perante a lei e igualdade de dignidade ainda são a raiz do desenvolvimento econômico e espiritual.
Por fim, a grande ameaça à nossa prosperidade não são as recessões econômicas temporárias, mas sim a adoção de atitudes contrárias ao lucro e ao progresso.  Quando o ato de empreender e ganhar dinheiro passa a ser demonizado, e quando a inovação é obstaculizada, perdemos aquilo que Adam Smith rotulou de "o óbvio e simples sistema da liberdade natural".  Aceitar e respeitar o capitalismo é uma ideia que funcionou muito bem para as pessoas ao longo dos dois últimos séculos.  Sugiro que a aceitação e o respeito devem continuar.

A casa escura

A CASA ESCURA

 Na minha rua há uma casa que chamamos de ‘CASA ESCURA’. Moram lá quatro seres, pais e filhos, que não gostam de luz. Não são maus, apenas tolos que vivem lambendo um tal de Senhor, que por sinal nunca ninguém viu. Faça inverno ou verão pouco se abrem as janelas e portas, e raras visitas só de alguns abençoados que também devem conhecer o tal de Senhor. Possuem da vida uma visão diminuta, mal enxergam a ponta do próprio nariz. São como morcegos vivendo na escuridão, respirando um ar viciado, com medo da vida, não querendo conviver com os seres de diferentes tipos de fé. São isso sim adeptos do coitadismo explícito. Para eles os vizinhos não existem, não há cumprimentos que a boa educação confere, existe sim fuga, luzes apagadas e silêncio, salvo se o visitante de momento trouxer nas mãos alguma doação. Os moradores da CASA ESCURA são os primeiros morcegos cristãos que conheço.

Lotado

LOTADO

 Cheguei ao inferno e de cara encontrei um jovem capeta na recepção. Sem olhar para mim pediu a minha carteira de identidade e o atestado de óbito. Olhou, preencheu e carimbou alguns formulários. Após alguns minutos me mandou para o purgatório. Fiquei contente, mas indaguei o motivo. Houve um engano e talvez as minhas virtudes eram mais numerosas que as falhas desse pecador? Respondeu-me- ele: -Qual nada! Acontece que inferno está lotado. Aqui os piores mentirosos e hipócritas têm a preferência. Nunca foram tantos padres católicos e pastores evangélicos como agora. Mensalmente chegam milhares!

Fanático

“Fanático é o que redobra seus esforços depois que perdeu seus objetivos. “ (Roberto Campos)

O farfalhar frívolo

“É necessário que não se confunda o farfalhar frívolo da espuma com a energia intrínseca da onda.” (Roberto Campos)

Estatais

“O ideal das estatais brasileiras é reformular a doutrina de Abraham Lincoln; não ‘o governo do povo, pelo povo, para o povo’, e sim dos funcionários, para os funcionários.” (Roberto Campos)

Molusquentos

A família molusco é feita de rolex, tríplex e duplex. Duplex? É, o duplex feito com a ex-primeira durma e a Rose Noronha.

Clube

Lula está extremamente nervoso. Alguns amigos convidaram ele para participar do Clube de Xadrez de Curitiba.

A GAZETA DO AVESSO- Empresa fabricante comunica que Super Bonder também não consegue colar as histórias de Lula e Dilma.

A GAZETA DO AVESSO- Crise chega à mesa de Nicolás Maburro. Não se encontra mais ração e alfafa na Venezuela.

O Maestro na Papuda

O MAESTRO NA PAPUDA

Num canto solitário da Papuda
O maestro imagina jamais entregar seu irmão
Afinal o mundo dá suas voltas
E talvez amanhã se torne uma virtude
Ser canalha e ladrão.

Miss

“Casar com mulher feia não é garantia de fidelidade. Para muitos vizinhos do umbigo para baixo são todas Miss Brasil” (Climério)

Jogo

“Todo jogo é de azar, menos para o banqueiro.” (Filosofeno)

Conhecimento

“O conhecimento é um buraco que quanto mais você cavouca mais tem vontade de se jogar dentro.” (Filosofeno)

Intrometidos

“Sogra e Estado quanto menos se intrometerem na sua vida, melhor.” (Climério)

Fundo

“Não sei se o fundo do poço ainda está longe, mas a corda já está cedendo.” (Mim)

Entenda por que Marcos Valério falou para Moro e ouça o que ele disse em Curitiba

Entenda por que Marcos Valério falou para Moro e ouça o que ele disse em Curitiba

CLIQUE em cima e leia cada um dos três blocos do depoimento de 75 minutos.


Protagonista principal do Mensalão, o publicitário Marcos Valério prestou longo depoimento, ontem, em Curitiba.

Ele falou para o juiz Sérgio Moro.

O que todo mundo queria saber era o seguinte: "A chantagem que Ronan Maria Pinto tocou para cima de Lula, Gilberto Carvalho e Zé Dirceu, tinha algo a ver com a implicação deles no assassinato de Celso Daniel ? Foi por isto que ele levou R$ 6 milhões, com os quais comprou o jornal Diário do grande ABC ?.

Marcos Valério não respondeu. Ele disse que sabe a resposta, mas que tem medo de morrer, mas comprometeu o PT até a medula, sobretudo o então secretário Geral do Partido, Silvio Pereira, a quem responsabiliza por todos os macabros contatos.

Marcos Valério depôs no âmbito da ação movida em função da 27a. fase da Operação lava Jato, desencadeada em abril. A denúncia foi feita pelo MPF e aceita no dia 6 de maio por Moro.Além  de Valério, s~]ao réus: Ronan Maria Pinto, Sandro Tordin (ex-presidente do Banco Schahin), Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos casante, Breno Altmann (jornalista do Brasil247), Natalino Berlim, Oswaldo Vieira e Delúbio Soares. 

Políbio Braga

O Antagonista- #ReajusteNão: Ana Amélia é contra



Ana Amélia se posiciona contra o reajuste dos ministros do STF.

"O país enfrente grave crise, com desemprego e urgência no corte de gastos. Sou contra o reajuste para os ministros do STF, porque isso aumenta o salário de várias categorias, entre elas os parlamentares. Além disso, o efeito cascata comprometerá ainda mais as finanças dos Estados."

O Antagonista- "Perdulários do PT"

Magno Malta acabou saindo de um avião aos gritos de "golpista" por duas mulheres. No Facebook, o senador desabafou com o seu estilo de sempre:

ENTROU? O DURO É ACHAR A SAÍDA

ENTROU? O DURO É ACHAR A SAÍDA

Lá vai o pó pedido passagem pelas cavidades nasais
Entra o líquido para navegar pelas veias
É fumaça subindo ao céu
E seres descendo ao trágico
É relaxamento
Cores
Alucinações
Euforia
Tudo tem seu preço
Duras são as consequências
Dos momentos festivos
Pois quando o pobre dentro do inferno
O capeta fecha a porta e esconde a chave
Que poucos depois conseguem encontrar.

Seletiva

“Minha irmã não queria um homem qualquer. Pois agora qualquer homem que seja não quer ela.” (Pócrates)

Eutário

“Devem achar que todos são otários. Algumas redes anunciam 10x sem juros. Então eu pergunto do salame, ou seja, do embutido.” (Pócrates)

“Cachorro com tendência política não é fácil. Come ovelha, disfarça e acusa o lobo.” (Pócrates)

“É o capim que o boi come que engorda o dono.” (Pócrates)

Sem fuga

SEM FUGA

Ninguém quer
Mas vamos
Não adianta espernear
É algo que nem mesmo o dinheiro compra
Do destino final ninguém escapa
É esquife
Ou urna funerária.

“Quando a ideologia suplanta a letra da lei não existe mais lei.” (Eriatlov)

“Após a saída da Coisa Ruim contam que o Maburro aí do lado anda chorando até pela bunda.” (Mim)

“Dilma e o PT quebraram o vaso chamado Brasil Responsável. Estamos tentando juntar os cacos.” (Mim)

A política dos bordões. Por Marli Gonçalves

Virou modinha. Mudou o soluço. Engasgou? Fora Temer. Bateu o pé na quina da mesa? Fora Temer. Vai lançar algum produto? Não se esqueça de levar a plaquinha Fora Temer. Procurava algo para estampar sua camiseta? Fora Temer. Estava passeando na rua e teve vontade de gritar? Fora Temer. Acabou o papel? Fora Temer. Poesia? Amar sem temer


Creio que esse seja agora o novo mantra, a senha que se deve dizer para circular em alguns meios - se o evento é grande, se for relacionado à cultura melhor ainda, se junta mais de dez, plaquinhas e jogral, pode até chegar a virar notícia na tevê. Ajuda na divulgação. Por exemplo, dizem até que o filme é ótimo, mas onde quer que esteja passando Aquarius haverá alguém falando as palavras up to date e isso vem animando bastante a bilheteria.

São milhões de citações na internet, centenas de memes. O negócio, admitamos, pegou. E o nome do cara ajuda: temer, temor, tremer, tramar.

Outro dia fui bisbilhotar uma passeata de protesto dessas já rotineiras, tranca-rua. Quem me conhece sabe que adoro um protesto - oposição sempre, si hay gobierno soy contra. Me preocupou ver a mélange de temas, difusos, tanto como ocorreu em 2013 e que acabou dando em nada - ninguém sabia se era por centavos, por passe livre ou contra o governo de então, ainda Dilma versão 1.

Num bolinho de gente vi Fora Temer - claro; e Volta Dilma, mais uns Não vai ter Golpe (?!?); mais Diretas Já. Ultimamente mais uma palavra de ordem se aboletou: "Pelo fim da PM", em geral jogada direta e provocantemente aos policiais que até trincam os dentes.

Muito vermelho, a forma era uma só, quase homogênea, uma maioria de estudantes se divertindo, paquerando, tomando muita cerveja (agora os ambulantes acompanham o movimento), caminhando e se imaginando lutando pelo país. Beleza. Na frente, outro grupo - esse com roupas escuras, munidos com escudos (!) de madeira, pedaços de tapumes, lenços e toucas ninja escondendo o rosto, um arremedo de guerreiros do apocalipse, os tais black blocs. Garotos e garotas mirradinhos, desmilinguidos com cara de mau. Podiam ir ser punks de verdade, fazer música, produzir algo de bom.

Volitando em torno disso tudo, centenas de policiais e nas imediações, prontos a entrar em ação, mais carros de choque e patrulhas especiais. Maior climão.

Um chiquê, diriam blogueiras de moda: muitos com máscaras presas em volta do pescoço, máscaras de respirar tipo de guerra, impressionantes, sabe aquelas? A imprensa também usa, assim como capacetes, umas tentativas de blindagem contra a repressão.

Capítulo especial, coitada da imprensa, acaba tendo que se blindar melhor mesmo, porque apanha e é atacada tanto pelos manifestantes quanto pelos policiais. Jovens repórteres que, animados, sentem-se em uma verdadeira cobertura de guerra. Gás para tudo quanto é lado, bombas, quebração, fogueiras de lixo das ruas, material que aliás não falta em lugar nenhum aqui em São Paulo.

Já vivi para ver tudo isso e muito mais e saber que um fósforo se torna muito mais inflamável nesse caldo, e essa expectativa fica no ar durante todos os protestos. Um infiltrado maluco pode direcionar todas essas energias para promover o mal e outras intenções debaixo de bandeiras das torcidas organizadas por eles lá no meio.

Tem coisa mais banana do que defender um governo, seja lá de quem for? Muito menos um que já era, já foi. Que detonou o país, fez tudo errado. Caiu no rastro de rabo, as tais pedaladas, o álibi caído do céu para nos livrar mais rápido do abacaxi.

Falando sério: o Temer veio no pacote junto com esse abacaxi, não adianta tentarem omitir isso dando a ele a pecha que parece título de novela mexicana - O Usurpador. O cara era a única saída institucional. Aceita.

Fora Temer, ok. E aí? Pergunto isso não porque goste da pessoa, mas porque ando vivendo na realidade, torcendo para que as coisas melhorem, e o que vejo não é nada animador. Se as contas da campanha forem rejeitadas, ele cai - e mesmo já caprichosamente jogadas para o ano que vem qualquer hora essas contas serão julgadas.

Alguém acaso tem alguma ideia brilhante, avista algum quadro político que poderia ser a mão libertadora, pacificadora, a nos levar para a luz?

Eu não vejo, ao contrário. Por favor, se souberem de algo, de alguém, avise os outros! Parece que o Papa, entre as poucas unanimidades, não quer se mudar para o Brasil.

Um bordão sozinho não faz nem nossa primavera, vocês verão. Pode é sobrar bordoadas para todo mundo.

Marli Gonçalves, jornalista - Inquieta e, pior, cansando dessa brincadeira chata que virou a política nacional. 

SP, SOS, 2016

"Aquarius" fica de fora do Oscar 2016

Do blog do Políbio Braga

A escolha do brasileiro indicado foi anunciada no início da tarde desta segunda-feira, na Cinemateca Brasileira de São Paulo. O drama "Pequeno Segredo" será o representante brasileiro na disputa por uma indicação ao Oscar 2017 de filme estrangeiro. Dirigido por David Schurmann e ainda inédito nos cinemas brasileiros, o longa desbancou "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, que era favorito à vaga.

O filme “Aquarius” foi autorizado a captar 2,9 milhões de reais via Lei Rouanet durante o governo Dilma e também recebeu 1 milhão de reais do BNDES. O filme foi derrotado em todas as categorias pelas quais concorreu em Cannes e agora também pelo é derrotado pelo público brasileiro. A estreia do filme, no tradicional Cinema Roxy, em Copacabana, Rio de Janeiro, contou com a presença de somente 20 pessoas. O filme ficou conhecido quando seu elenco protagonizou a patética cena de “plaquinhas denunciando o golpe” no tapete vermelho de Cannes e no Festival de Cinema de Gramado.

CONSTRANGIMENTO

Abatido, o ex-presidente Lula estava nitidamente constrangido, na cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia. E parecia procurar um buraco para mergulhar quando o ministro Celso de Mello, em vigoroso discurso, criticou governantes que roubam e/ou deixam roubar.

Cláudio Humberto

NA PRÁTICA, DILMA FICA INELEGÍVEL POR OITO ANOS

Dilma ficará mesmo inelegível por 8 anos, mas não por deliberação do Supremo Tribunal Federal. No exame de “caso concreto”, uma ação civil pública será suficiente para anular a nomeação da ex-presidente para um cargo público ou o eventual registro de uma candidatura, afirmam ministros do STF ouvidos pela coluna. Juízes aplicam a Constituição, que vincula a perda do cargo à perda de direitos políticos.

 ESTÁ ESCRITO

O art. 52 da Constituição, ignorado pelo Senado no julgamento de Dilma, determina inelegibilidade de presidente que sofre impeachment.

Se Dilma quiser se candidatar, a Justiça de 1º grau poderá enquadrá-la na Lei Ficha Limpa, que inabilita gestores públicos condenados.

Cláudio Humberto