domingo, 19 de abril de 2015

“Como é que torcedor marmanjo viaja para lá e para cá dentro do Brasil e fora dele acompanhando seu time do coração mesmo em dias úteis? Acredito que poucos deles são filhos de pais ricos. Só podem fazer parte da turma da farinha.” (Mim)

“Desde quando vagabundagem é um problema social?” (Mim)

“Um problema: A canalha vermelha corrupta está unida para roubar e transformar o nosso país num país bolivariano. O povo de bem ainda está desunido. Devemos deixar nossas diferenças de lado e focar nossa artilharia no grande inimigo da liberdade.” (Eriatlov)

Gilmar Mendes e o laranjal. Ou: A política na clandestinidade e a tese delubiana

A política brasileira, eu já disse aqui, virou caso de polícia. Hoje, os destinos do país estão sendo decididos mais em repartições da PF e do Ministério Público Federal do que no Congresso ou no Palácio do Planalto. O otimismo tolo diz que assim é porque agora se investiga mais. O realismo prudente sabe que assim é porque se rouba mais. Quadrilhas se apoderaram do estado, de seus entes e de suas franjas a serviço de um poder que não é mais projeto. Felizmente, já é um arranjo em desconstituição.
O mais curioso, ou nem tanto, é que as posições não mais se distinguem. Empresários notoriamente conservadores, por exemplo, que jamais tiveram — ou teriam, em condições normais de temperatura e pressão — simpatia pelas esquerdas se tornaram notáveis parceiros do PT. Alguns atuam como seus serviçais, embora todos saibam que não existe parceria gratuita nessa área. O que são o mensalão e o petrolão senão a combinação perversa das piores práticas do setor privado com as mais asquerosas pilantragens do setor público?
Atenção! Embora a ladroagem que se constata tenha se imbricado com o financiamento de campanha, é evidente que existiria sem ele. Essa é apenas uma das áreas que foram capturadas pela bandidagem. Atribuir as falcatruas à lei que permite o financiamento de campanhas eleitorais por empresas corresponde a falsear a realidade, a mentir. Tal afirmação desafia os autos do mensalão e do petrolão. Tal tese, não custa lembrar, foi sacada da algibeira por Arnaldo Malheiros, advogado de Delúbio Soares.
Hoje, meus caros, um verdadeiro pânico toma boa parte dos grandes empresários brasileiros. Eles temem que as empresas sejam proibidas de fazer doações legais a campanhas eleitorais, como quer a Ordem dos Advogados do Brasil, o que empurraria o financiamento das eleições para a clandestinidade. Conhecendo como conhecem os bastidores da política, estão certos de que, aí sim, passarão a ser alvos de chantagem. Dado o tamanho do estado brasileiro, o sistema político terá como criar dificuldades para vender facilidades.
Muito bem! Essa questão está em debate no Supremo. A OAB apelou a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade para declarar ilegal a doação de empresas. O ministro Gilmar Mendes pediu vista, e a questão, por ora, está congelada. Na quinta passada, ele concedeu uma palestra no Instituo Legislativo Brasileiro. E disse mais do que o óbvio: cabe ao Congresso, não ao Supremo, definir a forma de financiamento. Sugeriu que o Poder Judiciário calce as sandálias da humildade para reconhecer a competência específica do Legislativo.
Considerou ainda: “Não podemos falar em financiamento público ou privado sem saber qual é o modelo eleitoral, se vai ser modelo majoritário, proporcional, em lista. Isso não é competência do Supremo, é do Congresso”. Na mosca! Como é que se vai definir o financiamento de um sistema que se ignora?
O ministro fez outra advertência: proibir o financiamento de empresas e permitir o de pessoas físicas corresponde a encomendar um “verdadeiro laranjal”. Muitos não entenderam a metáfora. Explica-se: uma das teses influentes é estabelecer um valor máximo para a doação de indivíduos, o que a todos igualaria. Bem, há duas piadas macabras aí:
a: essa lei, então, igualaria bilionários e miseráveis; vai ver é essa a tão sonhada justiça social das esquerdas;
b: milhões de pobres acabariam cedendo seu CPF para lavar doações previamente captadas pelos partidos. É esse o laranjal a que Mendes se refere.
Adicionalmente, é claro que o sistema teria de recorrer ao financiamento público de campanha, o que oneraria ainda mais o Tesouro. Não! A roubalheira que há no Brasil sequestrou também o financiamento de campanha, mas não existe por causa dele. Seria o mesmo que sugerir que as ditaduras estão livres da corrupção. Estão?
Essa conversa do financiamento de campanha só se tornou influente porque o petismo e suas franjas — onde se encontra, infelizmente, a OAB — tentam convencer que o partido não é culpado pelas falcatruas que praticou.. Seria tudo culpa do sistema.
Uma ova!
Por Reinaldo Azevedo

“A carne é fraca. Pois é, o nervo mais ainda.” (Climério)

Nicolás Maburro e seu sósia degustando o café da manhã

Asnos no pasto Fotografia de Stock Royalty Free

UM STF PARA O PT CHAMAR DE SEU por Percival Puggina. Artigo publicado em 17.04.2015

Você está preocupado com a indicação do advogado e professor Luiz Edson Fachin para o STF? Provavelmente sim, afinal é mais um nome cuja vida está ligada ao Partido dos Trabalhadores e às suas extensões no MST e na CUT. Nada mais é necessário ser dito para se conhecer inclinações, gratidões e reconhecimentos do novo ministro.
 Seu futuro colega e também petista Luís Roberto Barroso, durante a sabatina simbólica a que o Senado submete os indicados para a Corte, afirmou que o julgamento do Mensalão fora "um ponto fora da curva". Tão logo sentou-se entre seus pares, cuidou de dar votos necessários para que o julgamento caísse dentro curva. Graças a isso, os réus que agiram na esfera política já estão, todos, desfrutando dos ares da liberdade. Agora, se desenha no Supremo uma nova curva, com outros pontos, que passam por ele, Barroso, pelo novato Fachin, e mais os veteranos Lewandowski, Toffoli, Teori e Weber.
Em breve você verá que tudo que é sólido e encardido se desmancha no ar das dúvidas sem sequer deixar marcas na toalha branca das formalidades. Pergunto: o ministro Toffoli não manifestou "interesse" (foi a palavra usada por ele) em integrar a 2ª Turma, ou seja, o grupo de ministros. Interessante Sua Excelência.
Mas não creia, leitor, que o dito acima seja o mais alarmante no horizonte do STF. Nossos constituintes de 1988, ao definirem o modo de provimento das vagas naquela corte, não imaginavam o que estava por vir, ou seja, a ascensão ao poder de um partido com o perfil do PT, que chegou para ficar, sem planos para sair, e disposto a se tornar permanentemente hegemônico. Numa situação realmente democrática, com rodízio dos partidos no poder, com eleições limpas e confiáveis, sem compra explícita de votos pelo governo, os membros do STF seriam, teoricamente, indicados por presidentes da República de distintas tendências, estabelecendo-se, assim, um justo pluralismo na composição do poder.
Na situação atual, caso a presidente venha, para desgraça nacional, cumprir todo o presente mandato, ela indicará mais quatro ministros para nossa Suprema Corte. Já há muito advogado petista, por aí, colhendo apoio entre a companheirada. As consequências dessa distorção excedem, em muito, a mais óbvia: os réus da Lava Jato serão julgados, dentro de alguns anos, por um grupo de amigos, parceiros de ideais, compreensivos à necessidade de que os meios sirvam aos "elevados fins" da causa petista e aos sagrados ideais de hegemonia do Foro de São Paulo. Não, o mal se prolonga muito além de uma mera ação penal. Sua repercussão é bem mais ampla.
Suponha, leitor, que, como é meu desejo, em 2018, na mais remota das hipóteses, o Brasil tome juízo e eleja um governo e um parlamento de maioria liberal e/ou conservadora. Esse governo e esse Congresso serão eficazmente confrontados, não pela oposição política parlamentar minoritária, mas pela unanimidade do STF, transformado em corte judicial petista! Um Supremo 100% assim, valendo-se da elasticidade com que já vêm sendo interpretados os princípios constitucionais, poderá esterilizar toda e qualquer iniciativa governamental ou legislativa que desagrade ideologicamente os companheiros instalados nas suas 11 cadeiras. Que necessidade tem de assentos no parlamento, para fazer oposição, quem compôs, dentro de casa, como que em reunião de diretório, um STF a que pode chamar de seu?
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 

“Brasileiro, velho trabalhador aposentado. Sofro da gota. E ainda tenho que aturar Dilma.” (Nono Ambrósio)

“Rui Falcão é o presidente do PT. Rui Falcão é o presidente do Clube dos Imbecis. Dá na mesma!” (Mim)

A importância dos incentivos


A importância dos incentivos

Freakonomics
“Se a moralidade representa um mundo ideal, então a economia representa o mundo real.” (Steven Levitt)
O professor de economia da Universidade de Chicago, Steven Levitt, escreveu com Stephen Dubner um grande best-seller, o livro Freakonomics, cujo sucesso talvez possa ser explicado pela forma interessante de tratar temas do cotidiano, sem o jargão típico dos economistas. O prêmio Nobel Gary Becker, também de Chicago, é conhecido por levar os estudos econômicos para o dia a dia, já que economia é o estudo da ação humana, e os indivíduos reagem aos incentivos em inúmeras áreas diferentes. Steven Levitt vai nessa mesma linha, e o livro trata de diversos temas desconexos entre si, mas todos respeitando a idéia central de que pessoas reagem a incentivos. Fazendo as perguntas certas, reflexões intrigantes irão surgir. É uma leitura que vale a pena.
O estudo econômico seria, em sua raiz, o estudo dos incentivos. Como as pessoas conseguem o que desejam? Existem basicamente três fontes de incentivos: econômico, social e moral. Qualquer incentivo é inerentemente um trade-off, onde uma escolha deve ser feita deixando alguma alternativa para trás. Com isso em mente, Levitt sai em busca de estranhas correlações aparentes, que após algumas reflexões, demonstram sua lógica. Ele questiona o que professores escolares têm em comum com lutadores de Sumo, como a Ku Klux Kan pode ser parecida com um grupo de corretores de imóveis, por que os traficantes ainda vivem com suas mães e outras “esquisitices” que começam a fazer sentido somente após raspar a superfície e olhar mais a fundo, com a questão dos incentivos sempre na cabeça.
No caso estranho entre a KKK e os corretores de imóveis, Levitt foca no aspecto da assimetria de informação. O poder dos membros da Ku Klux Klan vinha justamente do fato de armazenarem informações internas, apenas para seus partidários. Os corretores de imóveis formam um mesmo tipo de grupo, e quando a internet começa a dissipar esse poder, através da rápida disseminação da informação, o grupo perde sua vantagem comparativa. A aura de mistério em torno da KKK dava certo poder ao grupo, e quando as verdades sobre os bastidores começaram a ser expostas em livros, por ex-membros decepcionados ou arrependidos, esse castelo de cartas desabou. A atração de adeptos vinha do fato de ela ser uma espécie de sociedade secreta, dando um sentimento de superioridade em relação a quem está de fora. Ao se expor seus rituais na mídia, a organização perdeu sem encanto. A KKK passou a ser vista como um grupo qualquer, até mesmo sendo ridicularizada em certos aspectos.
Analogamente, a internet alcançou aquilo que nenhum defensor dos consumidores poderia sonhar: encolheu absurdamente a diferença entre os experts e o público. Popularizando a informação, tornando o acesso a base de dados extremamente fácil, possibilitando comparações imediatas entre diferentes opções, a internet destruiu boa parte da fonte de poder dos corretores de imóveis. A informação que somente os “especialistas” possuem lhes possibilita enorme vantagem em cima do público leigo: o medo. Um corretor poderia antes aterrorizar um vendedor, garantindo que o preço estará caindo em breve e que ele deve logo aceitar uma determinada oferta de compra da casa. Para o corretor, isso significa negócio rápido e, portanto, corretagem, sem fazer tanta diferença assim conseguir alguns milhares a mais para o cliente, esperando uma oferta melhor. De fato, Levitt mostrou como os corretores, quando vendiam suas próprias casas, costumavam esperar mais tempo em média, e conseguiam preços maiores. Esses corretores devem odiar a Google!
Sobre os traficantes, uma constatação suscitou a seguinte pergunta em Levitt: se eles fazem tanto dinheiro assim, por que ainda vivem com suas mães? A resposta obtida foi que, diferente da “sabedoria convencional”, que muitas vezes está errada, os traficantes não fazem tanto dinheiro assim. Com a exceção dos grandes figurões do tráfico, o restante ganha mal. Há muita competição, e filas de espera para preencher vagas, devido à uma completa falta de oportunidades, muitas vezes, e ao sonho de chegar a ser um “chefão” algum dia. Mesmo sendo uma atividade de extremo risco, a ilusão de que chegará a ser o traficante poderoso e rico estimula os mais jovens a encarar os riscos. Trata-se do mesmo tipo de incentivo presente em negócios onde somente pouquíssimas pessoas alcançam o sucesso, mas que o pay-off desse sucesso é tanto que a esperança de ser o premiado pela loteria justifica o esforço presente. Quantos atores chegam ao cachê milionário de Hollywood? E nem por isso milhões e milhões de atores de quinta categoria deixam de acordar cedo e trabalhar duro por alguns trocados, sonhando com o dia em que serão como Bruce Willis. O problema de o tráfico pagar pouco é, então, o mesmo de muitos “negócios” da mesma natureza de incentivos: muitas pessoas competindo por muito poucos prêmios.
Sobre a criminalidade, Levitt faz um interessante paralelo com a questão do aborto. Ele cita o caso do ditador comunista romeno Nicolae Ceusescu, que tornou o aborto ilegal em 1966, alegando que o “feto era propriedade de toda a sociedade”. O objetivo do ditador comunista era aumentar a população do país, e com os incentivos criados, atingiu o efeito desejado. Dentro de um ano após o banimento do aborto, a taxa de natalidade romena tinha dobrado. A maioria nascia nas regiões mais miseráveis, justo onde mais abortos eram praticados antes. Cerca de 20 anos depois, com a proibição ainda vigente, a criminalidade tinha explodido no país. Em 1989, milhares de pessoas tomaram as ruas para protestar contra o regime. A maioria era formada por adolescentes e jovens estudantes, nascidos na época em que o ditador chegou ao poder e adotou as medidas contra o aborto. O ditador tentou fugir do país, mas foi capturado e executado.
Levitt tenta mostrar que a proibição do aborto tem forte ligação com o aumento da criminalidade. Seus estudos estatísticos, travando determinadas variáveis para buscar a causalidade entre as coisas, mostram que a queda da criminalidade nos Estados Unidos pode ter como causa a legalização do aborto. A lógica para explicar isso não é tão complicada assim de entender. A maioria dos abortos é realizada justamente por mães solteiras, pobres, sem condição de criar seus filhos direito ou sem desejo para tanto. Como Levitt coloca, quando uma mãe não quer ter seu filho, normalmente ele tem bons motivos. Ela pode ser solteira, achar que não tem capacidade para criar um filho, não ter dinheiro, achar seu casamento instável e infeliz, se considerar jovem demais etc. São exatamente essas características familiares que costumam explicar boa parte do background dos criminosos.
Sem uma educação decente em casa, criado sem a figura paterna, por uma mãe jovem, solteira, pobre, muitas vezes drogada, que nem sequer deseja ser mãe, as chances de o jovem cair no crime são bem maiores. Filhos indesejados apresentam maiores probabilidades de problemas futuros. A legalização do aborto levou a menos filhos indesejados deste tipo, que levou, por sua vez, a menos crimes após alguns anos, quando estes fetos que não chegaram a nascer seriam adultos na idade que concentra a maioria dos criminosos. Como as pessoas costumam buscar causalidade no curto prazo apenas, acabam ignorando esse efeito. Tais argumentos não sustentam necessariamente que a legalização do aborto é desejável, pois outros fatores morais estão presentes na questão. Mas mostram, uma vez mais, que pessoas reagem aos incentivos.
Eis o objetivo de Steven Levitt com o livro: esquecer o mundo ideal da moralidade e mostrar como a vida é na realidade, com indivíduos reagindo a todo tipo de incentivo que surge em sua frente. Ter melhor noção dessa realidade pode ser extremamente útil, ainda mais quando tantos ainda sucumbem à visão romântica de “déspotas esclarecidos” que chegarão ao poder e farão verdadeiros milagres. Depositar fé messiânica nos governantes é o caminho da desgraça. Bem mais inteligente é trabalhar corretamente os mecanismos de incentivos na política, descentralizando o poder e fazendo com que um poder tenha interesse em vigiar o outro.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

SOU LIBERAL

Sou  liberal e luto pela causa com muita convicção. Como já disse aqui, operário e filho de operários. Beleza é fundamental? Penso que não! Fundamental é ter liberdade física, econômica e de pensamento. Não desejo viver num mundo de iguais, mas sim em que todos tenham uma vida digna. E para isso é preciso instrução de qualidade, liberdade para criar riquezas e governos mínimos que não travem o progresso com suas hordas de larápios e com suas ideias socializantes.

A pobreza como o estado natural da humanidade e o culto da inveja

Dando prosseguimento ao evento do EPL em Passo Fundo, Alex Catharino foi o segundo palestrante, e falou sobre importantes pensadores liberais clássicos ou com viés mais conservador, como Tocqueville e Adam Smith, ou os contemporâneos Russell Kirk e Theodore Dalrymple. Smith teve o grande mérito de focar na criação de riqueza, uma vez que a pobreza é o estado natural da humanidade, algo que muita gente esquece.
A começar pelos esquerdistas. Segundo Catharino, após esse foco no lado da riqueza surgiram as “teorias da inveja”, que tem no marxismo seu grande ícone. A ideia passa a ser basicamente distribuir a riqueza existente, e não pensar em como criá-la. O conceito de escassez acaba sendo ignorado, o que leva a várias bandeiras contra os ricos, algo que desestimula a própria criação de riqueza.
A visão utópica marxista trata a escassez como inexistente, e a riqueza de uns passa a ser vista como exploração e causa da pobreza de outros. Economia, porém, não é jogo de soma zero nem algo estático. Essa “cultura da inveja” na versão mais radical é fácil de ser combatida, segundo Catharino. O grande perigo vem em suas versões mais suaves, como o “socialismo fabiano” ou o estado de bem-estar social.
Thomas Piketty tem feito um estrago na liberdade hoje pois vem com uma mensagem aparentemente mais sutil. Às vezes aqueles que mais se parecem conosco podem ser nossos maiores inimigos, justamente porque são mais difíceis de se combater. São os igualitários “moderados”, que de moderados não têm nada. Piketty, por exemplo, defendeu taxação de até 80% sobre os mais ricos, o que é puro confisco!
Aquilo que era riqueza ontem, hoje é visto como pobreza ou “direito básico”. Falar em pobreza nos países industriais desenvolvidos no século XXI é esquecer como viviam todos aqueles no passado, inclusive os mais ricos. O foco da esquerda passa a ser na desigualdade, não no nível absoluto de miséria. A deusa da modernidade passou a ser a tal igualdade, o que é fruto do “culto da inveja”.
A verdadeira pobreza, portanto, não é a material, ao menos não nos países mais capitalistas. É a pobreza espiritual, aquela que fomenta e alimenta o mesquinho sentimento da inveja. Por isso é tão importante resgatar a defesa da liberdade pelo lado moral, como tentou fazer Kirk. “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”, finalizou o palestrante, usando o moto dos organizadores da conferência.
Rodrigo Constantino

Fundos de Pensão

Fundos de pensão

cofre_arrombadoOs governos petistas têm em comum uma enorme aversão em relação ao capitalismo. A menos, é claro, que ele seja o capitalismo de Estado. Empresas estatais são paraísos petistas. Neles, vale tudo ou quase tudo.
Uma das marcas características do capitalismo petista é criar emprego e não, trabalho. Mas o aparelhamento, com suas naturais tendências, tem um limite. Este limite se reflete em primeiro lugar nas fundações e/ou nos fundos de pensão estatais. Em princípio, até que determinado fundo de pensão se torne ilíquido, é preciso maltratá-lo bastante. É o que vêm fazendo os gestores petistas com os fundos de pensão outrora saudáveis e invejados, como o da Petrobras e o dos Correios. Não há, no entanto, nada que resista à soma da falta de qualidade de gestão com a óbvia desonestidade.
É aparentemente isto que está atormentando os aposentados da Petrobras e os dos Correios. Eles confiam que o Governo Federal acabe por “equalizar” estes fundos evitando uma derrocada de proporções políticas inimagináveis.
Esta é a conta do aparelhamento que soma políticas indevidas com desonestidades pessoais.