sexta-feira, 2 de março de 2018

SPONHOLZ- PUNGUISTAS

Lula e Jaques Wagner

SPONHOLZ- CARTA BRANCA

UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS


-Pai! Cadê a foto da Dilma com Lula que estava na sala?
-Vamos receber visitas de gente honesta filha. Achei melhor não provocar.

UMA FAMÍLIA DE NEGÓCIOS


-Mãe, pra toda essa maquiagem? E esse vestido curto?
-Meu filho, a época das boquinhas do nosso PT no governo acabaram, seu pai não arruma emprego nem de vigilante. Só me resta abrir as pernas!

CLIMÉRIO


“Beijo qualquer mulher desde que não tenha bafo.” (Climério)

MIM



“A arrogância e petulância do salafrário-mor em afrontar a justiça já ultrapassou todos os limites.  Bom para o país seria emudecê-lo entre grades e cimento.” (Mim)

ASSOMBRAÇÃO


“Feio serei até morrer. Mas quero ver se escapo da pecha de burro.” (Assombração)

NONO AMBRÓSIO



“Pórco can! Tenho sonhado muito com o demo. Será que ele está me chamando?” (Nono Ambrósio)

BUNDA VERMELHA


Anacleto pintou a bunda com tinta vermelha e saiu nu a caminhar pelas ruas centrais da cidade causando alvoroço. O delegado Firmino muito gente boa mandou pegar o homem e levá-lo à delegacia. E o sermão.
-Onde já se viu Anacleto, andar com essa bunda vermelha pelas ruas da cidade? Denegrindo o nosso lugar?  Onde já viu? Pouca vergonha! E o respeito, onde fica?
Chamou o Cabo Bruno.
-Cabo Bruno, dê duas demãos de tinta ouro na bunda desse homem e depois pode soltá-lo. Ficará um luxo! E tire uma foto pra gente colocar aqui na minha mesa. 

AREIA MOVEDIÇA


Um sofrido brasileiro andava perdido num pântano quando caiu numa areia movediça. Do nada apareceu uma mulher para ajudá-lo. Quando viu que a dita cuja era Dilma ele disse:
 -Obrigado! Prefiro ficar aqui, posso me safar. Já contigo existe o risco de eu me enterrar de vez.

O ESCOLA SEM PARTIDO É MAIS DO MESMO MAL QUE PRETENDE COMBATER: SERÁ MESMO? por Ricardo Bordin. Artigo publicado em 27.02.2018

Tudo por medo de um simples cartaz a ser fixado na parede da sala de aula, facilmente visível e disponível para constante consulta dos alunos: sim, esta é a única inovação no ordenamento jurídico nacional proposta pelo Escola Sem Partido (ESP), uma vez que todas as obrigações dos docentes a constarem deste lembrete aos estudantes já estão previstas na Constituição Federal e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Ainda assim, a gritaria dos contrários à iniciativa foi de ensurdecer desde o lançamento da campanha, e voltou a subir o volume semana passada em função do anúncio de um curso bastante inusitado ofertado pela UNB, referente ao “golpe” de 2016, e de toda a repercussão que se sucedeu.
Que o ideário socialista/progressista encanta ampla maioria dos professores dos ensinos médio, fundamental e superior não é novidade para ninguém; que muitos deles montam palanque diante da audiência cativa de suas turmas de jovens intelectualmente indefesos também é ponto patente; mas o que costuma dividir opiniões, mesmo entre aqueles que reconhecem o grave problema e concordam que algo precisa ser feito para brecar esta verdadeira produção em série de pessoas desorientadas e despreparadas para a vida adulta, é se o Escola Sem Partido não é mais do mesmo mal que pretende debelar.
Roberto Rachewsky, empresário e articulista, escreveu recentemente em artigo para o Instituto Liberal:
"Quando eu digo que o Escola sem Partido é um engodo por não atacar o problema educacional que temos no Brasil, mas por ajudar a perpetuá-lo, eu quero dizer que deveríamos partir para uma solução definitiva demandando o fim da interferência estatal na educação.
Governo é um órgão de coerção e todo tipo de arbitrariedade acaba sendo praticada por ele, inclusive a própria lavagem cerebral que o tal Escola sem Partido pretende paradoxalmente combater."
Basicamente, a discordância do escriba em relação ao ESP reside no método a ser empregado na resolução do conflito: em tese, o plano do advogado Miguel Nagib consiste em utilizar a repressão estatal para impedir um procedimento perverso que vem ocorrendo em instituições criadas e administradas pelo próprio Estado. Sendo assim, não seria mais fácil simplesmente transferir para o setor privado esta atividade econômica, provendo o governo, para situações de incapacidade financeira comprovada, vagas em colégios particulares (o denominado sistema de vouchers)?
Não há reparos a fazer na sugestão (em tese), com a qual um grande número de liberais concorda. Não faz muito sentido, de fato, lançar mão de uma “canetada mágica” do governo para remediar um distúrbio gerado por ele mesmo. Melhor cortar o mal pela raiz, sem dúvida. Neste cenário ideal, os pais e responsáveis matriculariam seus pupilos naqueles estabelecimentos educacionais cujos princípios de atuação fossem de seu agrado, gerando demanda por escolas com os mais variados perfis, conforme a procura.
Só que (na prática) o buraco é mais embaixo, por duas razões em especial.
1) Em primeiro lugar, privatização é palavra que, a despeito do esforço empreendido por diversos produtores independentes de conteúdo intelectual, ainda é tabu em nosso país. Privatizar mesmo estatais extremamente deficitárias e que foram palco de recentes escândalos de corrupção é sinônimo de desgaste político, protestos ruidosos e publicidade negativa para os governantes envolvidos.
Ora, se transferir refinarias de petróleo e agências de correios ou bancárias para empreendedores privados já é missão das mais ingratas, imagine então privatizar escolas públicas!
Ou seja, seria preciso, antes de tudo, suscitar, no imaginário popular, a noção de que quanto menos o Estado envolver-se em atividades não afeitas à sua tarefa original—?proteger a liberdade dos indivíduos, a propriedade privada e a vida?—?, melhor. E aí emerge a questão: com nossas crianças sendo catequizadas na cartilha comunista a todo momento, como este necessário ambiente favorável a privatizações poderia vingar eventualmente?
A dúvida neste caso, portanto, é como chegar lá?—?naquele dia em que um número suficiente de cidadãos prestará apoio à desestatização. É o imediatismo que leva alguns liberais a desprezar o ESP, passo intermediário sem o qual a jornada contra a doutrinação escolar tende a sucumbir miseravelmente.
Se podemos usar armas do adversário de encontro a ele mesmo, não vejo problema algum nisso. Gol contra também vale. Pensar diferente implica na busca pela pureza fatal que desconsidera qualquer retórica que não catapulte-nos diretamente ao objetivo final. E apressado come cru. Ou fica com fome…
2) A segunda razão é bem menos complexa do que a primeira: professores de escolas particulares, mesmo das mais caras, também praticam proselitismo político, aberto ou velado, durante as aulas. Quem não se lembra da agressão que sofreu o “fascista” Arthur do Val em frente à exposição Queermuseu em Porto Alegre, praticada por um professor dos quadros do Instituto Anglo? E não se enganem pensando que “ao menos ele foi demitido, coisa que dificilmente ocorreria em escola pública”: este foi um caso que ganhou publicidade; caso contrário, permaneceria tudo como estava.
Os cursos de graduação foram tomados quase que por completo pela ideologia revolucionária, e de lá saem todos os educadores para o mercado de trabalho. Não há porque imaginar que os mais competentes na arte de transmitir conhecimento (normalmente contratados pela rede privada) sejam menos nocivos do que aqueles menos versados no ofício (geralmente captados pela rede pública). Simplesmente não há para onde correr na conjuntura atual, considerando que nem mesmo o homeschooling é legalizado no Brasil.
Conclusão: será possível que exigir o fiel cumprimento de deveres funcionais de uma determinada categoria profissional, ainda que valendo-se do poder de coerção estatal se preciso for, é ideia tão tacanha ou contraproducente assim nesta empreitada contra a mentalidade anticapitalista disseminada? Há controvérsias. Cuidado para não fazer o jogo do adversário…

HOLANDA EM RISCO DE SE TORNAR UM “NARCO-ESTADO” por Cláudia Wild. Artigo publicado em 28.02.2018



“Hoje me deparo com esta reportagem em que o chefe da polícia holandesa declara; “perdemos a luta contra o crime” e que a Holanda está se tornando um “narco-Estado”. Ele relata que após a política de tolerância - gedoogbeleid - com as drogas e a legalização da maconha com sua venda nos Coffee-Shops, "a porta para a criminalidade foi aberta e que ela está tomando o país".

Notem que o alerta vem do CHEFE DA POLÍCIA holandesa, e não de um sociólogo, antropólogo, historiador, ou cientista político.

Conforme é cediço, o tráfico de drogas tem longos tentáculos. A partir dele, uma série de delitos tornam-se ‘praticamente' obrigatórios, sendo que os crimes mais comuns são os crimes contra o patrimônio, crimes sexuais e crimes contra a vida.

Pieter-Jaap Aalbersberg conta que a polícia holandesa consome de 60 a 70% do seu tempo de trabalho apenas investigando os crimes ligados à máfia das drogas que se instalou no país. Pelo porto de Roterdã passa pelo menos metade da cocaína que entra na Europa. A Holanda tem o mais robusto mercado de produção do Ecstasy - contralado por marroquinos. Ele relata que, a legalização da erva só fez aumentar o tráfico de drogas no país. Segundo Aalbersberg, ele viu "pequenos traficantes se tornarem grandes empresários do ramo com excelentes contatos políticos e no meio empresarial”. A tolerante Holanda se tornou um paraíso para o tráfico de drogas na Europa - que foi indubitavelmente reforçado depois da legalização da cannabis.

Daí a conclusão: se a Holanda aquele país mínimo, super organizado, rico, de gente culta e alfabetizada está se tornando um "narco-Estado" sem conseguir controlar a criminalidade após a legalização da maconha e seus efeitos, imaginem só o que se transformará a baderna subdesenvolvida brasileira? O Brasil é um país enorme, de fartíssima bandidagem, pobre, de gente inculta, desorganizado, tomado pelo crime e um grande consumidor de crack, cocaína e maconha - que se liberada poderá fazer do Brasil um Rio de Janeiro continental.

Que o exemplo da fracassada experiência holandesa em relação à tolerância ao consumo e venda de maconha sirva para o Brasil. E não adianta buscar "aconselhamento técnico” - para provar os “benefícios de uma eventual legalização” - com maconheiros de plantão, pois droga é droga e ninguém mudará esta realidade.”
https://www.publico.pt/2018/02/21/mundo/noticia/holanda-em-risco-de-se-tornar-um-narcoestado-1803794/amp#

Desde 1997, quando estive com René Levy, diretor do Bulletin Questions Pénales, órgão informativo sobre assuntos de segurança pública do Ministerio da Justiça da França, passei a receber ditos exemplares. Um deles noticiava o fracasso da política de liberação das drogas na Holanda que só teve como resultado a concentração de drogados e traficantes naquele lindo país. Ninguém nunca quis me ouvir

A reunião com René Levy foi em Paris.

Eu o havia conhecido num seminário internacional de segurança pública na USP, noz Núcleo de Estudos da Violência , em 1995. HOLANDA EM RISCO DE SE TORNAR UM “NARCO-ESTADO”
Por Cláudia Wild


DEVERES E DIREITOS por Alexandre Garcia. Artigo publicado em 02.03.2018



Quando eu estava no segundo ou terceiro ano do Grupo Escolar, lá pelo fim dos anos 40, tinha que saber de cor Os Direitos e Deveres do Cidadão Brasileiro. Naquele tempo, a gente tinha no curso primário o aprendizado de cidadania. E só anos depois percebi que talvez nosso problema nacional esteja numa ordem de fatores que altera o produto: nos acostumamos com “direito” em primeiro lugar - e só depois “dever”. Obviamente que direitos se conquistam com o cumprimento dos deveres. Hoje me deram para ler o Estatuto do Idoso. Como idoso que sou - pelo menos na idade - tratei de ler a lei e vi que é uma sucessão infinda de direitos, embora sejam os mais óbvios - quase todos direitos naturais que nem precisam ser expressos em lei.

Assim, escreveram também os direitos dos adolescentes, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim como o Estatuto do Idoso não tem impedido que idosos fiquem ao desamparo de seus próprios descendentes, a bonita lei do ECA não impede que jovens entrem no mundo do crime, tão atraente no Brasil de hoje. Mais do que isso, o ECA é o protetor daqueles jovens que entram no mundo do crime. Semana passada, no Rio, um menino de 10 anos foi morto com um tiro na cabeça, porque um menor de 17 anos lhe emprestou uma arma para brincar, e depois tentou tirar-lhe a arma da mão. O jovem dono da arma de fogo já havia atirado na polícia, e fora apreendido; já havia sido flagrado com tráfico de drogas e fora apreendido; já havia sido pego com porte ilegal de arma e fora apreendido; já havia aparecido no Jornal Nacional assaltando pessoas em Copacabana e fora apreendido - mas estava sempre solto logo depois, protegido pela lei.

Quando começaram as primeiras prisões no mensalão, deputados e senadores logo providenciaram um afrouxamento ainda maior de leis penais e de execuções penais, para evitar prisão em regime fechado. A tal progressão de pena ficou ainda mais suave para o criminoso. Ao mesmo tempo, ONGs manifestavam suas preocupações com bandidos dentro das prisões, mas não com bandidos nas ruas. Intelectuais do Judiciário passaram a fazer campanhas para aliviar as prisões superlotadas. Na onda, entraram os direitos humanos dos bandidos, que sempre esquecem dos direitos humanos das vítimas.

Também semana passada, aparece um líder de facção criminosa sendo fuzilado no Ceará, com a ajuda de um helicóptero, e em São Paulo, outro líder sendo fuzilado diante de um hotel de cinco estrelas. Os dois justiçamentos, comandados de presídio, mostram que líderes de facções, já conhecidos e identificados, andam soltos por aí, graças as leis que foram mudadas para aliviar políticos, mas aliviaram todos os outros criminosos. Por outro lado, no país dos direitos, se deixa de lado o mais básico de todos, que é o direito à vida. O estatuto do desarmamento não desarma bandidos - ao contrário, os deixa mais à vontade, porque sabem que a cidadania desarmada está sem a ferramenta derradeira do exercício da legítima defesa. Uma idosa, como aquela de Caxias do Sul, encontrou em um revólver velho, o direito à vida, que a igualou à força do jovem bandido que entrara na casa dela. Está na hora de os legisladores mostrarem de que lado estão e mudarem essas leis.

• Publicado originalmente em http://www.sonoticias.com.br/coluna/deveres-e-direitos

ESTELIONATO UNIVERSITÁRIO E OS CURSOS SOBRE O “GOLPE” DE 2016 por Percival Puggina. Artigo publicado em 02.03.2018



Art. 171 do Código Penal - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
A definição de estelionato serve como uma luva aos ardilosos cursos universitários de extensão que estão sendo organizados no ano eleitoral de 2018 e papagueiam sobre “O Golpe de 2016 e a Nova Onda Conservadora no Brasil”. Não ria que é sério. A moda começou na Universidade de Brasília e já repicou na UFRGS, no embalo de impróprias intenções e incompreensíveis justificativas. A diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), em matéria publicada no jornal Zero Hora de 2 de março, afirmou que “em resumo, a gente acha que foi golpe”.

Como os promotores do curso mandam no seu quadrado, farão um curso acadêmico sobre aquilo que “acham” (com dinheiro do contribuinte, claro, que ninguém dá aula de graça). Militância com contracheque, bem se vê, comprometida com a necessidade de enfrentar a “nova onda conservadora no Brasil”, inconveniente aos anseios “progressistas” dessa destapada militância acadêmica.

A narrativa que convém aos partidos de esquerda, aquilo que eles acham, ficaria adequadamente exposto em salinhas dos diretórios do PT, PSOL, PCdoB e PSTU. Jamais com prerrogativas de extensão acadêmica, numa universidade federal. Todas as seis universidades que já anunciaram seus cursinhos para militantes são públicas. Por que será? Ao saber que o ministro da Educação solicitara a órgãos e instituições federais competentes que apurassem a responsabilidade administrativa dos promotores do curso, estes se insurgiram invocando “a autonomia universitária e a independência necessária para que a comunidade científica possa levar adiante o seu labor” (ainda no mesmo jornal). Filosofando com os cotovelos, em português ruim até para o ENEM, um professor de História adicionou que “as universidades devem esse compromisso com a sociedade, que é converter em conhecimento as opiniões, as teses diferentes”. Diferentes, professor? Cadê a diferença, se o curso já traz a conclusão no título?

Trata-se, isto sim, de um esforço concentrado, em ano eleitoral, para transformar em “conhecimento” aquilo que os professores acham, reproduzindo o discurso de “golpe” e combatendo a “onda conservadora”. Tudo sem precisar mexer nos fundos partidários. Gleisi Hoffmann agradece a vantagem ilícita.

Se alguém afirmar que esse tipo de ensino é o avesso do pluralismo inerente ao ambiente e ao espírito universitário, a resposta já vem colada na sola das havaianas que sustentam esse edifício retórico: “Quem acha que não foi golpe que crie seu curso”. Tal foi a manifestação de um parlamentar petista interrogado sobre o assunto em GaúchaZH de 01/03.
Está completa a analogia com o estelionato: 1) obtenção de vantagem política e organização de militância jovem; 2) induzindo alguém ao erro pela ocultação do vasto contraditório disponível; 3) mediante uso ardiloso de meios públicos (a universidade federal); 4) em prejuízo da maioria da população brasileira que compreende a necessidade de retomar valores morais, ditos conservadores, que se perderam na bruma do “progressismo”.

Nota do autor: Aos 60 anos da revolução cubana, estou ultimando uma nova edição ampliada e atualizada de “Cuba, a tragédia da utopia”. Ela estará disponível nos próximos meses.

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

BOAVENTURA E O PORCO STRADIVÁRIUS


Boaventura mora no sítio Aruana que fica cem quilômetros da cidade mais próxima e tinha como amigo o porco Stradivárius. O porco era especial, pois inflava como se fosse um balão e levava Boaventura montado a passear pelos verdes vales da região. Fizeram belas viagens os dois, muita beleza observaram dos ares, inclusive interagiam com bandos de pássaros.   Sem dúvida Stradivárius era especial, era. No último passeio voaram muito baixo e foram vistos por um caçador que pensou tratar-se de um disco voador e meteu bala no porquinho. Boaventura anda inconsolável pela perda do amigo, mas não desiste, agora está tentando inflar o bode Nicolau.

NÃO SE META


A ponte, o rio veloz lá embaixo, a névoa e o desejo de saltar. O homem salta, bate n’água, um barco que passava salva o suicida. O homem balança a cabeça, abastece de impropérios o pescador que o salvara, fica fora de si; queria mesmo morrer. O pescador não se faz de rogado: sacou do revólver e o matou com dois tiros. Pegou quinze anos por matar um suicida.

LUTERO


Lutero era um homem muito mau. Morreu de um AVC.  Na comunidade onde morava ninguém gostava da sua pessoa, nem mesmo cães e gatos. A família idem. Era pura bandidagem e maldade.  Quando morreu somente o caixão foi ao velório. O funcionário da funerária simulou cólica renal para ficar em casa. Um mendigo que passava viu o corpo jogado na porta da capela mortuária e pôs o corpo num caixão e colocou a tampa.  Até a mãe dele que estava manca e sofrendo com um bico de papagaio passou à tarde num bailão da terceira idade. Pela manhã Lutero foi ao forno empurrado pelo proprietário da funerária. A prefeitura pagou pelo enterro do traste já que a família não deu um nível.