domingo, 14 de agosto de 2016

LIXO

Bato e destapo a lata de lixo
Meus olhos miram
Minhas mãos pegam
Soco ratos e baratas
É a nossa luta pela sobrevivência indigna
Esmiuçar o lixo em busca de alimento
É algo que só se faz por ordem superior
Da Senhora Fome.

O fruto da boa reza

O FRUTO DA BOA REZA

Todos os dias o tímido Paulo André, 30 anos, rezava para arrumar uma namorada. Trabalhava na Prefeitura como auxiliar de escritório e tinha muita fé. Também não era feio, porém por demais tímido. Não faltava missa e fazia muitas promessas. Não bebia, não fumava, não tinha nenhum vício. Certo dia numa festa na igreja deu com os olhos numa moça e ficou apaixonado. Eliane era seu nome. Foram se conhecendo e ela lhe contou que já fora freira, que largou o hábito fazia pouco, desejava uma nova vida. O namoro engrenou.  Paulo ficou tão feliz que até comentou com uma colega de repartição:
- Rezei muito e bem. Veja só como Jesus é legal! Mandou até sua ex-mulher para mim!

Mestre Yoki, o breve

“Mestre, o que ser sábio?”

“É aprender sempre e nunca pensar que sabe.”

Mestre Yoki, o breve

“Mestre, o senhor acredita na vida eterna?”

“De quem? Das bactérias?”

Dia dos Pais

Meu pai morreu já fazem 23 anos. Sinto saudades dele. Ciente das suas virtudes e defeitos eu o amava. E é raro o dia em que não me lembro dele. A vida segue.

MUI CORDIAL

MUI CORDIAL
O grande animal corre pela estrada
Na curva difícil tomba
O motorista jaz
A carga se dilacera
O povo cordial saqueia.

Lava Jato é exemplo mundial de combate à corrupção, diz juiz americano

Lava Jato é exemplo mundial de combate à corrupção, diz juiz americano

Juiz federal no Estado de Maryland, nos Estados Unidos, o americano Peter Messitte diz que o julgamento do mensalão e a Operação Lava Jato deixaram para trás os tempos em que escândalos de corrupção política terminavam em pizza no Brasil.

"Por muito tempo os brasileiros reclamaram da impunidade, e muitos achavam que era algo com que se devia conviver", ele diz em entrevista à BBC Brasil. "Isso mudou."

Leia tudo:

Segundo ele, a atuação do juiz Sérgio Moro e dos procuradores e policiais federais da Operação Lava Jato é citada em conferências globais como um exemplo do que pode ser feito contra a corrupção.
Ele afirma, porém, que há questionamentos legítimos sobre o uso de prisões preventivas no processo para conseguir acordos de delação premiada, quando réus confessam os crimes e aceitam colaborar com as investigações em troca de penas menores. Vários réus na Lava Jato foram presos antes de serem condenados e negociaram acordos de delação enquanto estavam na prisão.

Messitte criou laços com o Brasil na década de 1960, quando passou dois anos fazendo trabalho voluntário em São Paulo e aprendeu português. Desde então, visitou o país várias vezes e se tornou um dos maiores especialistas estrangeiros no Judiciário brasileiro.

Ele conheceu o juiz Sérgio Moro em julho, quando ambos participaram de um evento no Wilson Center, em Washington, e almoçaram na American University, onde Messitte dirige o Programa de Estudos Legais e Judiciais Brasil-EUA.


Leia a seguir os principais trechos da entrevista com o juiz americano:

CLIQUE AQUI para ler a entrevista.

Políbio Braga

ZOÓLATRA

ZOÓLATRA

Conheci uma deusa loura
Numa festa de amigos
Meus olhos grudaram na pessoinha
Meu coração caiu de amores
Ficamos juntos por algum tempo
Até eu descobrir que ela era zoólatra
E como não sou cão nem gato
Pouco tempo depois
Recebi um pontapé na bunda.

Impostos

IMPOSTOS- Como disse um amigo com relação à carga tributária brasileira: “Estamos apanhando tanto quanto gatinho de desenho.”

“A melhor maneira de começar o dia é abrindo os olhos.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

URUBUS NA ÁRVORE

URUBUS NA ÁRVORE

Há urubus na árvore seca
Mirando o meu corpo esquálido durante dias
Peço calma aos amigos
Que não tenham pressa
Pois sozinho neste sertão
Não terei coveiro
E sobrará para eles
O grande prazer
De dar fim às minhas carnes.

Baú

BAÚ
Abri um velho baú
Cheio de trapos e pó
Tirei dele uma velha carta de amor
Daquelas amareladas pelo tempo
Ao abri-la senti o calor
Do abraço da saudade
Mas ao lê-la percebi
Que os nossos sonhos são temporais
E que não sobrevivem à realidade da vida.

No chão

NO CHÃO
Estando parado eu não me encontro
Andando menos ainda
Então eu caio e fico inerte como um defunto
Esperando talvez pelo pranto de uns poucos
Falso morto
Às vezes pisco os olhos
Para espantar os urubus.

“Tenho uma prima vegetariana. Haja alimento! Ela sozinha está dizimando com a floresta em que vivemos. Tem o estômago de dez rinocerontes.” (Leão Bob)

“Minha mulher queria se casar com um Príncipe Encantado. Azarada, acabou nos braços do Príncipe dos Quebrados.” (Climério)

Noite criança

"A noite sempre será uma criança para quem dorme até ao meio-dia.” (Mim)

Terceira idade

“Terceira idade não seria o tempo que se vive depois da morte?” (Pócrates)

Menos militância, mais filosofia by andreafaggion

Uma das coisas que mais me desagradam no que eu chamo de "libertarianismo vulgar" é como estão sempre discutindo com algum espantalho marxista ou, no máximo, com um socialista igualmente vulgar, em vez de estudarem a sério os grandes teóricos da política e do direito. É aí que você ouve bobagens do tipo "não é direito só porque alguém escreveu em um pedaço de papel" e tem vontade de responder: "filho, vai estudar, porque ninguém está dizendo que seja (exceto por algum amigo boboca seu)".
Claro que o que está em jogo nessas discussões é algo muito sério para ser tratado com tanta leviandade: a legitimidade do ato legislativo. O libertário (restrinjo-me ao anarquista, não falo de liberais clássicos), por não aceitar autoridade política, precisa insistir que o direito precede a legislação, que seria então uma espécie de tomada da sociedade por parte de um grupo que controla o aparelho coercitivo. A majoritária aceitação da legislação, por sua vez, seria o resultado, também de cima para baixo, de propaganda,
controle de mídias, educação estatal, etc. Deveríamos, portanto, romper com essa aceitação e restituir na sociedade o direito costumeiro e/ou natural.
Agora, se você quer refletir a sério sobre essas questões, em vez de panfletar, você tem que estudar o fenômeno jurídico como tal e tentar entender se o nascimento da legislação, ou seja, da autoridade para fazer e modificar leis, não seria um produto de uma mudança espontânea na sociedade, quando agrupamentos humanos obtêm vantagens evolutivas por meio da aceitação social de técnicas legislativas.
Hart, por exemplo, mostra como diversos aspectos de um sistema legal não seriam compreensíveis se a lei fosse entendida como meras ordens de um soberano habitualmente obedecido. Daí que minha questão seja: as regras de aceitação social da legislação de que nos fala Hart seriam um simples equívoco ou mero resultado de propaganda do próprio soberano, como quer o libertário, ou uma evolução social necessária a sociedades amplas e complexas? Faz sentido pensar o direito costumeiro (direito não legislado) como arranjo social moderno? Que o costume ou simples convenções possam funcionar como lei em recortes temporais e territoriais bem restritos parece claro. Hume já aceitava o caráter dispensável do governo em pequenas comunidades. A literatura que eu tenho sobre evidências empíricas da lei sem legislação sempre se restringe a uma curta experiência temporal de pequenos grupos. Não resolve o problema. Eu continuo pensando sobre ele, ao estudar o que, afinal, é o próprio direito. Claro que não é algo simplesmente escrito em uma folha de papel.

Menos militância, mais filosofia 

by andreafaggion