“A história do mundo está repleta de cavalgaduras que foram populares. O Brasil contemporâneo está a contribuir com mais algumas.” (Limão)
sábado, 7 de outubro de 2017
PAPAGAIO NA ARCA
Papagaio ao entrar na
Arca perguntou para Noé:
-E aí velho; temos
coletes ou vai ser na sorte?
HERNILDA MOSCA
A família de Hernilda Mosca chegou à festa e sobrevoou a mesa repleta de delícias. Alvos escolhidos, atacaram em massa pousando nas guloseimas com suas patinhas imundas. Porém sofreram um contra-ataque rápido ...Vapt! Vapt! Vapt! Fim da jornada . Não contaram para elas que era uma festa de sapos.
A TRANSFORMAÇÃO
Não importava o sol abrasador que torrava os miolos. Não importava o odor terrível que emanava daqueles latões de lixo, tanto que até urubus passavam por perto usando máscaras. Mas Demétrio não se importava; lá estava ele todos os dias mexendo em tudo, fedendo ele próprio mais que os restos ali depositados. Seu corpanzil há anos não sabia o que era uma carícia das águas que não fosse da chuva. Carregava moscas pelo rosto todos os dias, como se fosse um lotação de insetos, sendo algumas também embarcadas nas orelhas. Vivia, comia e dormia na imundície, lugar mais sujo impossível. O corpo adornado de perebas já nem se importava mais. Assim foi por muitos e muitos anos. Porém um dia acordou sentindo-se estranho, muito diferente. Olhou para algumas ratazanas com segundas intenções. Estava dentuço e peludo. Tinha agora os gostos de um rato, bigodes de rato, orelhas de rato, dentes de rato, enfim, transformara-se num rato. Ao contrário do caixeiro- viajante Gregor Samsa, de Kafka, o Demétrio rato estava feliz. E assim continuou vivendo por mais alguns dias até ser comido por um gato esfomeado.
UMA NOVA VIDA
Naquele dia Arnaldo estava um traste. O céu era marrom, a saliva tinha fel. Queria um abismo só para chamar de seu. Chegou em casa e foi direto para o canil. Mandou o Duque para dentro da residência e se deitou na casinha do cão. Espreguiçou-se, lambeu os beiços e passou a roer um osso. Antes da meia-noite já estava latindo para os passantes.
AZARADO
Bernardo, trinta anos, sempre fora um sujeito azarado, maldição sofrida por seus antepassados de fama ruim. Então certo dia de sua podre existência foi dormir como homem e quando acordou estava transformado numa minúscula e feia minhoca. Resignado com sua nova forma, enterrou-se numa terra úmida para cumprir sua jornada. Pois não demorou dois dias quando arrancaram ele de onde estava para servir de isca na pesca de jundiás.
PAPO EM TONEL
Tempestade,
sem luz, escuridão total, os dois dentro de um tonel.
-E
aí? Cão?
-Cão.
E aí?
-Cão
também.
-Macho?
-Macho.
-Desculpe
por perguntar, estamos molhados, não consigo cheirar direito.
-Sem
problemas.
-Tem
casa?
-Não.
E você?
-Estou
na rua faz um bom tempo.
-Vida
de cachorro das antigas, não é?
-Se
é. Alguns nascem de bunda pra lua, tudo
de bom; teto, comida e cama quente. Outros...
-Depois
da tempestade vai fazer o quê?
-Acho
que vou revirar uns lixos. Preciso comer.
-Posso
ir junto? Tive casa até ontem, não tenho muita prática em revirar lixeiras.
-Sem
problemas. Mas você não é enjoado, é?
-Não,
como de tudo.
-Então
tá, dupla formada.
O REI PAVÃO
No Reino das Penosas, o Rei Pavão discursava.
“Eu sou o mais belo, o mais inteligente, o mais feroz, o
mais iluminado, o mais honesto dos seres do planeta...”
“...peraí, falou uma codorna o meio da multidão, cortando o
discurso do rei.”
O Rei Pavão perguntou- “Alguma objeção pequena e feia ave?”
A codorna- “Mais honesto sei não, lá no Brasil tem um tal de
Lula.”
Era uma vez uma codorna.
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