sábado, 11 de julho de 2020

“Sempre fui muito levado. Minha mãe já usava algemas comigo quando eu tinha quatro anos.” (Chico Melancia)

MESTRE YOKI

 “Mestre, quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”
 “Foi tua mãe.”

“Gato escaldado tem medo até de uísque com gelo.” (Mim)

BUNDA VERMELHA

Anacleto pintou a bunda com tinta vermelha, e saiu nu a caminhar pelas ruas centrais da cidade, causando alvoroço. O delegado Firmino muito gente bo, mandou pegar o homem e levá-lo à delegacia. E o sermão.
-Onde já se viu Anacleto, andar com essa bunda vermelha pelas ruas da cidade? Denegrindo o nosso lugar?  Onde já viu? Pouca vergonha! E o respeito, onde fica?
Chamou o Cabo Bruno.
-Cabo Bruno, dê duas demãos de tinta ouro na bunda desse homem, e depois pode soltá-lo. Ficará um luxo! E tire uma foto pra gente colocar aqui na minha mesa. 

O FORTE E VALENTE


Turíbio era muito forte, e valente como nenhum outro homem. Na verdade não tinha mais adversários na sua região. Derrubou todos que estiveram em seu caminho. Seus amigos o convenceram de sair no braço com um leão, na porrada mesmo. Pois os tais conseguiram um leão, e colocaram os dois frente a frente numa jaula enorme . O valente foi todo pintado pra batalha, uma mistura de ninja, apache e soldado em guerra na floresta. E o dito leão, por ser um bicho burro e desinformado, não sabia quem era Turíbio, o forte e valente. E assim sendo um animal totalmente por fora de tudo, comeu o valente ainda no primeiro round.

"Não acredito em fantasmas, salvos certos imorais colados no serviço público." (Limão)

DIPSOMANÍACO

DIPSOMANÍACO

Havia na casa de campo da família
Trinta litros de aguardente
Durante os primeiros quinze dias do mês
Ficaram todos vazios
Os funcionários ficaram apavorados
Mas a patroa os tranquilizou
Dizendo que o patrão era dipsomaníaco
Na verdade ninguém entendeu nada
Porém eles ficaram com a certeza
De que tinham um patrão pinguço.

Tem gente que faria melhor ao Brasil se não saísse de sua terra natal, ficasse pelos potreiros,comendo bosta de cabrito pensando ser amendoim...

BOLA DE GUDE OU BOLITAS

BOLA DE GUDE OU BOLITAS

Terrenos baldios, quintais, muita liberdade na saudosa infãncia.
Um círculo feito na terra e lá íamos encardir a mãos e os joelhos.  Lembro dos temos que usávamos no combate, na ânsia de aumentarmos a coleção de águidas e outras.
-Não dou chegues
-Não dou mudes
-Não dou tromps
-Epa! Não vale jogar as cumbas!
-Vamos jogar bolico?

Gentilmente

Não parece doença
Mas é das brabas
Que toma o sujeito pela mente
E o conduz gentilmente
A ser um contribuinte compulsório
Dos procuradores do tal senhor onipotente
Que ninguém vê
Que  ninguém sente
Salvo o sentir no bolso mensalmente.

ZÉ BOCHECHA

Zé Bochecha fazia jus ao nome. Antes de completar a maioridade já conseguia carregar nelas uma maçã, dois pêssegos, três bananas, três picolés no palito e um quilo de açúcar. Merreca , o grande traficante da Vila Uru viu futuro no menino, e empregou ele para fazer entregas de pó no centro da cidade. Ninguém imaginava que por dentro daquelas bochechas transitavam drogas em grande quantidade. Deu certo e tudo andou nos conformes. Depois Merreca o usou para trazer quilos de farinha da Bolívia, todos os meses. Zé melhorou de vida, comprou carro, casa e conseguiu inúmeras namoradas. Estava num vidão que só. Aí outros traficantes souberam do Bochecha e passaram a fazer propostas para ele mudar de lado. Muito dinheiro, muito mesmo. O olho cresceu uma enormidade e não demorou para pular da barca. Mas ele sabia das consequências, Merreca não iria deixar barato, e não deixou. Dentro de um mês foram três tentativas de assassinato. Escapou por pouco. Bochecha apavorou , vendeu tudo e se mandou para Manaus. Hoje é pescador no Rio Negro, e usa as enormes bochechas para carregar iscas e peixes menores de dois quilos.

JEAN ESTÁ FICANDO SEM TEMPO

Jean rapaz. Ele não estuda,  não trabalha, não projeta o futuro, vive apenas o presente, aprisionado por pesadelos e fantasmas. Caiu no poço da desgraça faz tempo, não consegue sair. Grita ”meu pai me ajude, minha mãe me ajude! ”   Porém onde eles estão não podem mais ouvi-lo e os amigos de outrora estão na mesma situação de desespero; presos ou então mortos. Encostado numa calçada imunda, fedendo a suor reciclado no próprio corpo, entre uma crise e outra compra uma pedra.  Consegue o alívio que dura pouco, o sofrimento retorna dobrado. Assim são os seus dias de vedador. Não há luz, somente escuridão-sofreguidão.  Mas ele quer não quer continuar assim.  Fácil foi entrar nesse labirinto de perdição, difícil é encontrar a porta de saída quando a força maior do vício não deixa. Algumas mãos já passaram pela sua frente oferecendo ajuda e foram enxotadas. Uma pena; a vida de Jean está ficando sem tempo.