domingo, 22 de junho de 2014

TURISMO DA DESGRAÇA-Viagem do príncipe Harry ao Brasil inclui ida à Cracolândia

Vai fazer o que? Aparecer nos jornais? Resolver é que não irá, pois o furo é muito mais embaixo.Se começarmos agora talvez em 20 anos possamos diminuir e bem o problema. Educação de qualidade, planejamento familiar, chamar para explicação pais irresponsáveis, diminuir os direitos e aumentar os deveres desta grande parcela do povo que acredita que o sucesso nasce em árvores e que não precisam de esforço para se dar bem.

CAVERNA NEWS- Irã proíbe mulheres na plateia de jogo de vôlei

Tem gente que deixa da bebida pela religião.Troca um vício por outro. E os dois deixam tontos,embora a bebida seja muito mais perniciosa à sociedade.

Não adianta, todos temos o nosso dia de sapo e comemos moscas. Arre!

QUE DELÍCIA SER DE ESQUERDA!



(Diego Casagrande – 20.05.2014 – jornal METRO Porto Alegre)

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, musicou Caetano Veloso na célebre “Dom de iludir”. Estava ouvindo dia destes e refleti sobre a delícia que é ser de esquerda no Brasil. Da delícia que é bater no peito e se dizer socialista vivendo em um país capitalista, andando em um bom carro e falando no iPhone. Da delícia que é defender controle da opinião na imprensa tendo liberdade de falar e pregar o que pensa. Da delícia que é injetar bilhões do dinheiro público em empresas amigas que sabem reconhecer quem as ajuda. Da delícia que é escolher os juízes que irão julgar seus próprios crimes. Da delícia que é ter filhos, companheiros e amigos ficando milionários com o poder. Ah, como é delicioso ser de esquerda.

Dos inúmeros esquerdistas que conheço, muitos estão ricos. Não tanto quanto Niemeyer, mas já podem se aposentar. Gostam de boas viagens, bons vinhos, boa vida. Curiosamente, boa parte sonha com o socialismo real, aquele que não deu certo, que condena o povo à escravidão política e econômica. Aquele onde o governo tem o controle de tudo, da imprensa ao Judiciário, mas principalmente do pensamento. E é prudente, mais do que nunca, não desprezá-los. Seus sonhos de controle estão virando realidade com uma nova cara na América Latina.

Uma das grandes contradições da esquerda é quando fala em liberdade. Ela tem sua bíblia e rezar fora é pecado. O bloqueio ao pensamento divergente nas universidades é um exemplo. Quem não é de esquerda enfrenta um muro invisível. Censura mesmo. Conheço gente da melhor estirpe, intelectuais, jornalistas, escritores, sindicalistas, políticos, professores, empresários e tantos outros simplesmente ignorados para participar de seminários, palestras e qualquer coisa dentro da academia. A universidade brasileira, por ter predomínio esquerdista, não é plural. Mas há contradições também nas redações de jornal, que não caberiam aqui. São tantas. Que delícia!

Enquanto isso, meus amigos esquerdistas estão todos bem, obrigado. Não conheço um que esteja passando trabalho. Sempre há um cargo público comissionado para quem é socialista. Sempre há um show bancado com o nosso dinheiro. Sempre há uma diretoria de estatal, um financiamento. Sempre há uma publicidade qualquer. E para ganhar grana até empresários viram casaca. Enfim, ser de esquerda no Brasil de hoje é estar no paraíso. Mas o paraíso não dura para sempre. Aliás, nada dura.

Vocês sabem por que Jesus ainda não voltou?

Ele não voltou e nem voltará, pois para voltar primeiro é preciso ir, e convenhamos que pra engolir esse troço de ressurreição é preciso muita fé e mil litros d'água. 

‘Só um intervalo’, por J. R. Guzzo

Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO
Um jogo de futebol, mesmo um jogo de abertura de Copa do Mundo e com o time brasileiro em campo, é apenas um jogo de futebol. Para a maioria da população brasileira, as aflições da luta diária e silenciosa pela sobrevivência são bem maiores, na prática, do que qualquer tristeza esportiva; ninguém tem tempo para ficar chorando quando é preciso encarar, logo na madrugada seguinte, três horas de ônibus, metrô e trem para ir até o trabalho. O ex-presidente Lula pode achar que é uma “babaquice” pensar em transporte público de primeira classe para quem vive na terceira, nesta bendita Copa que inventou de trazer para o Brasil sete anos atrás. Pode achar o que quiser, mas não vai aliviar em um grama a selvageria imposta à população para que ela exerça seu direito constitucional de ir do ponto A ao ponto B – e muitos outros prometidos em troca dos 30 bilhões de reais que custará a Copa mais cara da história, num país onde a classe média começa nos 290 reais de renda por mês. Do mesmo modo, as alegrias da vitória são apenas momentos que brilham, depois de leve oscilam, e se desfazem num prazo médio de 48 horas.
A vitória do Brasil sobre a Croácia por 3 a 1, em sua estreia na mais grandiosa e emocionante disputa esportiva do planeta, foi um desses momentos que valem enquanto duram. Não garante nada, é claro, numa competição de alpinismo em que cada passo rumo ao topo é mais difícil que o passo anterior; garante mais, em todo caso, que uma derrota. Mas para a vida do Brasil e dos brasileiros é apenas um intervalo que não muda nada – justamente numa hora em que é urgente mudar tanto. É urgente porque o Brasil se encontra, neste mês de junho de 2014, em estado de desgoverno. A questão, a esta altura, não é dizer que o governo da presidente Dilma Rousseff tem tudo para ficar entre os piores que o país jamais teve. Isso muita gente, e cada vez mais gente, já está cansada de saber – segundo a última pesquisa do Pew Institute, organização americana de imparcialidade e competência indiscutíveis, mais de 70% dos brasileiros estão hoje descontentes com o governo; eram 55% em 2013. Esse nível de frustração, segundo o instituto, “não tem paralelo em anos recentes”. Que mais seria preciso dizer? O problema real, seja qual for o resultado final da Copa, é que o governo federal deixou de existir como autoridade responsável; traiu os eleitores, suprimindo o seu direito de ser governados sob o império da lei, e passou a agir no mundo da treva. Não se sabe se os donos do poder estão sonhando em arrastar o Brasil para uma aventura totalitária. Mas certamente dão a impressão de quererem algo muito parecido com isso.
Lula, Dilma, o PT e as forças postas a seu serviço não aceitam, por tudo o que dizem e sobretudo pelo que fazem, a ideia de perder a eleição presidencial de outubro. Por esse objetivo, mandaram a governança do país para o diabo e empregam 100% de suas energias, sua capacidade de cometer atos ilegais e seu livre acesso ao dinheiro público para impedir que a massa dos insatisfeitos possa eleger para a Presidência qualquer candidato que não se chame Dilma Rousseff. Uma greve ilegal e abusiva dos agentes do metrô de São Paulo, armada na zona escura dos apoios clandestinos ao governo, fez algo inédito: montou piquetes para impedir que os passageiros chegassem aos trens – dentro da estratégia de impor a desordem nos serviços públicos paulistas e, com isso, prejudicar candidatos da oposição. Um decreto da presidente criou, e quer tornar efetivos, uns “conselhos populares” com poderes e competências acima dos do Congresso Nacional e do Judiciário. Num país com 55 000 assassinatos por ano, o governo nega aos cidadãos o direito fundamental à vida, ao tornar-se cúmplice dos criminosos com sua tolerância máxima ao crime – em quase doze anos de governo, Lula e Dilma não disseram uma única palavra contra esse massacre, e muito menos tomaram a mínima providência a respeito. Ambos tiveram, ou compraram, o apoio de 70% do Congresso; o que fizeram de útil com essa imensa maioria? Zero. Ela foi usada apenas para impedir investigações sobre seus crimes, como na espetacular sequência de escândalos na Petrobras, por exemplo, e encher o PT e seus aliados com empregos públicos, verbas e oportunidades de negócio. O uso sistemático da mentira tor­nou-se a forma mais praticada de ação política. A presidente da República não fala ao público na abertura da Copa – fica num discurso pré-fabricado de elogio a seu governo.
Um Brasil como esse perde se perder e perde se ganhar.

Piada sobre a STASI (Ministerium für Staatssicherheit) polícia secreta do governo comunista alemão-oriental.

Por que ex-oficiais da Stasi fazem os melhores taxistas Berlim? Porque você só precisa dizer a eles o seu nome que eles já sabem onde você mora!


http://www.freerepublic.com/

TV VERMELHA- "Na América, Você assiste TV. Na Rússia Soviética, TV assistir VOCÊ "- Yakov Smirnoff

Suicídio comunista


Oficial da KGB diz para Kin que seu pai cometeu suicídio.

Kin: Como ele morreu?
KGB: Fratura de crânio.
Kin: Fratura de crânio?
KGB: Bem, ele não quis tomar o veneno.

www.freerepublic.com

A minha única divergência com os petistas é na questão agrária, diz Eriatlov. - Eles querem que eu seja enterrado e eu quero que eles sejam enterrados. (And-Jud,adaptado para o contexto brasileiro)

Maus conselhos por toda parte

Um dos argumentos de quem defende o decreto bolivariano de Dilma Rousseff – o de número 8.243, que estimula todos os órgãos da administração federal a abrigar conselhos de "representantes da sociedade civil" – é que o Brasil já conta com milhares de entidades desse tipo, em todas as camadas de governo. É verdade. Mas a experiência acumulada nesses fóruns não é nada animadora: eles têm muito pouco de "democrático" e um conceito bem particular do que seja "sociedade civil".
O decreto foi assinado por Dilma há um mês. A pretensão de que uma "política nacional de participação social" pudesse ser implementada pelo Executivo numa canetada causou forte reação no Congresso. Oposição e base aliada ameaçaram barrar o decreto, mas o governo promete resistir. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e czar dos movimentos sociais no Planalto, alega questões de princípio (o desejo de "fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas"), mas, num ano eleitoral, é evidente o propósito de cooptar ou recooptar sindicatos, ONGs e outras organizações sociais para o projeto petista. 
Febre dos conselhos – A multiplicação dos conselhos é um fenômeno induzido pela Constituição de 1988, numa aparente tentativa de reparar o déficit democrático de um país recém saído da ditadura. De 1930 a 1989, segundo o Ipea, foram criados apenas cinco conselhos federais no Brasil. Nos 20 anos seguintes, surgiram mais 26. Atualmente, são 40 - incluindo as comissões. Por exigência legal ou simplesmente inspirados nos colegiados federais, Estados e municípios também foram tomados por essa "febre conselhista". Segundo o IBGE, 5553 cidades têm conselhos de saúde, 3784 do meio ambiente e 976 da mulher (dados de 2013); 1231 de política urbana, 5527 de assistência social, 1507 de segurança alimentar, 357 do transporte, 1798 da cultura e 642 da segurança pública (dados de 2012); 4718 da educação, 3240 da habitação e 195 do saneamento (dados de 2011).
O formato mais comum de conselho não chega a ser uma jabuticaba, mas é bastante peculiar. O governo dá forma ao conselho, define suas funções e indica aproximadamente metade dos conselheiros. A escolha dos demais representantes é prerrogativa de ONGs, sindicatos e associações variadas, muitas delas direta ou indiretamente cacifadas pelo governo. É discutível quem representa o que nesses órgãos, mas é fato que o cidadão comum não tem palavra: não vota, nem pode ser votado. A participação, portanto, é indireta.

“Ateus não irão para o inferno. Lugar de suplício é para cristãos relapsos.” (Mim)

“Sou ateu. Quando Jesus me chamar vou me fazer de surdo.” (Mim)

Janer Cristaldo-A COPA E A AMEAÇA ARGENTINA

Charles Pilger, gaúcho, escreve no FB:

“O que mais me entristece nessa história das gurias fazendo a festa com os turistas que aparecem na cidade é o fato de que parece que não houve uma revolução sexual a 50 anos atrás. Oi? Como assim só homem pode se divertir? Como assim a garota que pega um belo holandês é vadia e o cara que pega uma australiana é garanhão? Sério que isso ainda existe?”

Existiu, existe e sempre vai existir, Pilger. Enquanto o macho domina, só o macho tem direito à uma vida sexual livre. Se a mulher ousa tomar a mesma atitude, é puta e mais não se discute. Verdade que os tempos mudaram, e hoje, apesar de ser considerada puta, a mulher é aceita com suas putices e tudo em todos os meios sociais. Mas sempre fica a pecha. O gaúcho sempre vai preferir, para mulher de seus filhos, uma mulher casta e fiel. Se quer um sexo mais divertido, procura as putas.

Verdade que hoje não mais se exigem virgens no casamento. Mas como seria bom... Mas, uma vez casada, a mulher que se comporte. Isso de vida sexual farta continua sendo privilégio do marido. 

Enquanto isso, pelo menos às solteiras é permissível a vida folgada. Nem poderia ser diferente. Depois dos anos 60, ficou difícil de controlar a vida sexual das moças. 

A pílula libertou as mulheres do maior receio, a gravidez acidental. Antes disso, os prédios e os automóveis haviam dado sua contribuição à libertação sexual. Se em uma cidade pequena se podia controlar a vida das aldeãs, o mesmo não era possível numa cidade com prédios de dezenas de apartamentos e carros. A mulher entrava num carro e ninguém ficava sabendo para onde ia. Entrava num prédio e ninguém sabia quem ia visitar. 

Vivi a Porto Alegre dos 70. Fui gravateado em bares e arrastado para a cama. Na rua ou no elevador, bastava um olhar mais eloqüente e dispensava-se quaisquer palavras. A Aids pode ter sido uma ducha de água fria para os mais entusiastas, mas foi algo contornável. Exorcizado o mal, logo se voltou ao bom esporte.

“E o que temos com essa história? – pergunta-se Pilger. “Mais uma prova do quão provinciana a mui leal e valorosa cidade de Porto Alegre é. O que os homens da cidade não estão entendendo é que com a Copa a cidade está passando dias de Rio de Janeiro, onde as mulheres podem ser sexualmente livres e não tem que aguentar fofoquinha e dedos apontados no dia seguinte...”

Os tempos podem ter mudado, Pilger. Mas o resíduo de machismo permanece. Até mesmo quando a mulher traz o de comer para casa. E não é só gaúcho. Isso de marido matando mulher, namorado matando namorada, se repete no país todo. Só nos últimos dias, ocorreram três ou mais casos. É a falência do macho, que eu comentava já nos anos 70. (Segue a crônica abaixo).

Quanto às gaúchas... sempre é bom trocar de cardápio. Naqueles mesmos anos 70, escrevi crônica na Folha que teve repercussão enorme e inesperada. Lembrei de duas ou três amigas que costumavam ir ao Rio em férias e voltavam sideradas. Eu estava sem assunto e generalizei. Escrevi crônica intitulada “As gaúchas e o Rio”.

O gaúcho nada entendia de mulher. Quem entendia era o carioca. O gaúcho era um bruto. O carioca, um princípe. O gaúcho era possessivo. O carioca, um liberal. O que as gauchinhas não se davam conta era que os amores de verão duravam o que duram as rosas. Não havia tempo para entediar-se, nem sequer para conflitos. Voltavam apenas com boas lembranças, já que as más nem tiveram tempo de ocorrer.

Aproveitei ainda para publicar pesquisa feita entre as cariocas que diziam que o carioca... era um bruto. Claro, as moças tinham de agüentar os conterrâneos o ano todo. As gaúchas, só o verão.

Pra quê, meu Deus! A redação foi inundada de telefonemas, de moças alegando que não era por isso que elas iam ao Rio. Ora, no “isso” eu nem havia falado. Sem sequer imaginar no formigueiro que havia mexido, descobri um fluxo subterrâneo no Portinho. Hoje, não é preciso mais ir ao Rio. Em Porto Alegre mesmo se pode aplacar os ardores. Continua Pilger:

“E é aquilo: se queriam mulherada vindo para a cidade que apoiassem outro evento, não uma Copa do Mundo! Chamam um bando de macho e depois reclamam? Oras!”

Mas talvez não seja bem isso, Pilger. E sim a proximidade do jogo da Argentina no Beira-Rio. Os porto-alegrenses nunca olharam com bons olhos nuestros vecinos. Perder uma percanta para um hincha de allá deve doer mais que perder a Copa.

Endividado, birrento e ridículo


O ESTADO DE S.PAULO
19 Junho 2014 | 02h 06


O Brasil é um dos emergentes com maior dívida pública e isso é comprovado por qualquer critério - o do governo brasileiro ou o do Fundo Monetário Internacional (FMI), rejeitado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dever oficialmente 66,3% ou 56,8% do Produto Interno Bruto (PIB) talvez faça alguma diferença para a imagem nacional, se o mercado aceitar o padrão contábil mais favorável. Mas a posição continuará muito ruim nas comparações com outros devedores, alguns desenvolvidos e muitos em desenvolvimento. Qualquer analista do setor financeiro poderá obter facilmente os números necessários para o confronto e a conclusão será óbvia.
Em mais uma briga ridícula, inútil e talvez contraproducente, o governo brasileiro conseguiu convencer o pessoal do FMI a divulgar também a dívida bruta calculada segundo o padrão nacional. Não haverá tratamento diferenciado. A mesma regra valerá para os 188 países-membros.
O Fundo poderá incluir em documentos oficiais os valores estimados segundo o método de cada país, mas continuará divulgando as cifras obtidas de acordo com o padrão internacional. Ao insistir nessa mudança, as autoridades brasileiras mais uma vez se distinguiram de forma negativa.
A dívida pública brasileira - títulos emitidos pelos governos de todos os níveis nos mercados interno e externo - correspondia a 66,3% do PIB no fim do ano passado, segundo o FMI. De acordo com Brasília, o número correto era 56,8%. O cálculo oficial brasileiro exclui os papéis em poder do Banco Central (BC), como se fossem irrelevantes e nada acrescentassem ao risco soberano.
Mas esses papéis são reais, têm alguma função e integram os compromissos do setor público, argumentam os críticos da posição defendida pelo ministro da Fazenda. De toda forma, o critério seguido pelos técnicos do FMI é geralmente aceito na comunidade global e, por ser uniforme, permite a comparação entre os vários países.
A publicação dos dados produzidos por Brasília fará pouca ou nenhuma diferença para essa comparação. A dívida bruta de 56,8% do PIB, reconhecida pelo governo como o número relevante, ainda será maior, proporcionalmente, que os débitos de 20 dos 29 emergentes incluídos em tabela divulgada em abril pelo FMI. Quando se usa o número do Fundo (66,3%), a posição brasileira é pior que a de 24 dos 29 países. Pelos dois padrões a situação brasileira no fim de 2013 era menos favorável que a da média dos emergentes (34,9%) e também menos confortável que a dos latino-americanos (51,4%).
A dívida bruta brasileira, em termos brutos, supera também, como porcentagem do PIB, os compromissos de vários governos de países desenvolvidos. No fim do ano passado, 13 economias avançadas de uma lista de 32 tinham dívidas públicas inferiores à do Brasil por qualquer dos dois critérios - 56,8% ou 66,3%. Governos de economias sólidas, mais modernas e com histórico muito melhor que a do Brasil, exibiam no fim do ano graus de endividamento muito mais sustentáveis. Alguns exemplos: Suécia (41,4%), Noruega (29,5%), Nova Zelândia (35,9%), Coreia (36,7%), Dinamarca (45,2%), Austrália (28,8%) e Suíça (49,4%).
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda têm o costume pitoresco, e um tanto impróprio, de confrontar a situação fiscal brasileira com a dos países mais desenvolvidos, como se as contas públicas e o endividamento do País fossem muito melhores.
Em primeiro lugar, a comparação é inadequada porque se trata de países de categorias diferentes. Algumas das maiores economias, como a americana, a francesa, a italiana e até a alemã, têm de fato dívidas públicas bem maiores que a brasileira. Mas seus governos pagam juros muito menores quando têm de vender seus títulos e, além disso, conservam posições muito melhores que a do Brasil nas classificações de risco. A comparação é imprópria, em segundo lugar, porque em várias economias desenvolvidas o endividamento público é menor que no Brasil. Muito mais aceitável seria o confronto com outros emergentes. Nesse caso, a desvantagem brasileira é indiscutível por qualquer contabilidade.

‘Um mexidão econômico pouco nutritivo’, de Rolf Kuntz

ROLF KUNTZ
O novo pacote eleitoral da presidente Dilma Rousseff, um mexidão de velhas e fracassadas medidas econômicas, coincidiu com o anúncio de uma nova redução do emprego na indústria paulista. Foram fechados em maio 12.500 postos de trabalho, saldo final das demissões e contratações, segundo informou na quarta-feira a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Foi a maior queda nesse mês em oito anos. O quadro piorou mais sensivelmente nos últimos cinco. A partir de 2009 foram eliminados 130 mil empregos industriais no Estado, conforme estimativa da federação. Enquanto a informação era divulgada em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega, da Fazenda, apresentavam a 34 líderes empresariais, em Brasília, um cardápio de medidas conhecidas, requentadas e parcialmente recicladas. Os industriais saíram aparentemente satisfeitos. Teriam rebaixado suas ambições ou suas expectativas, a ponto de se contentar com um pouco mais de protecionismo e de remendos tributários?
Em 2008, no começo da crise, a produção geral da indústria cresceu 3,1%, porque a turbulência internacional só atingiu o Brasil no fim do ano. O efeito apareceu em 2009, com uma contração de 7,1%. No ano seguinte a expansão chegou a 10,2%, mas a maior parte dessa reação apenas compensou o desastre dos 12 meses anteriores. Nos três anos seguintes, já no mandato a presidente Dilma Rousseff, o cenário foi de estagnação. Em 2011 a indústria produziu apenas 0,4% mais que no ano anterior. Em 2012 o resultado encolheu 2,3%. Esse desastre nem sequer foi compensado pelo avanço de apenas 2,2% em 2013. Nos 12 meses terminados em abril de 2014 a produção foi 1,2% menor que no período imediatamente anterior.
Uma das medidas agora recicladas, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), foi lançada em 2009. Com dinheiro do Tesouro, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria ter estimulado a compra de máquinas e equipamentos e a construção de instalações. Seria uma forma de combater a recessão e restabelecer o crescimento da economia.
O efeito foi muito limitado, esgotou-se em pouco tempo, e o programa, embora concebido como política de curto prazo, foi prorrogado várias vezes. A evolução da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos) também mostra a baixa eficácia do PSI e de outros estímulos.
A fabricação de bens de capital encolheu 16,5% em 2009 e aumentou 21,3% em 2010, acompanhando a reação geral da indústria. Ainda se expandiu 5% em 2011 e diminuiu 11,2% no segundo ano do atual governo. O crescimento de 11,3% em 2013 apenas compensou aquela retração. Além disso, o investimento nesse período foi muito concentrado em caminhões e máquinas agrícolas, consequência evidente da boa safra. Sem a eficiência do agronegócio o cenário econômico teria sido muito pior. Finalmente, nos 12 meses até abril deste ano, novo recuo da produção de bens de capital, desta vez de 4,8%.
Como o governo também tem investido pouco e negociado muito lentamente as concessões na área de infraestrutura, a formação bruta de capital fixo - máquinas, equipamentos, construções particulares e infraestrutura - pouco avançou nos últimos anos.
No primeiro trimestre deste ano, essa formação de capital correspondeu a 17,7% do produto interno bruto (PIB). Um ano antes estava em 18,2%. Nos primeiros três meses de 2000 a taxa era 19%. Uma curva com os dados de investimento nos trimestres iniciais dos anos seguintes mostra um recuo até 16,1% em 2004 e 2005 e uma recuperação a partir daí. O pico, 19,5%, foi alcançado em 2011, no começo do atual governo. Desse ponto em diante, houve queda contínua.
Em outras economias latino-americanas a proporção está na faixa de 24% a 30% do PIB. Tem ficado acima disso em alguns países da Ásia e ultrapassado 40% na China. O governo brasileiro vem prometendo, há anos, elevar o investimento até 24% do PIB. O prazo para cumprir a promessa tem-se alongado seguidamente.
A escassez de investimentos públicos e privados, somada a outros fatores de atraso, como os baixos padrões educacionais, a burocracia excessiva, a tributação irracional e os erros da diplomacia econômica, explica o desempenho medíocre do País como exportador de manufaturados. Há cerca de um mês o Brasil apareceu em 54.º lugar, entre 60 países, numa classificação elaborada pelo Centro de Competitividade Mundial do IMD, entidade suíça de pesquisa e ensino.
Alguns analistas e empresários industriais atribuem esse quadro à política de juros altos e ao desajuste cambial. É preciso ser muito ingênuo ou desinformado para aceitar essa explicação. O Banco Central começou a reduzir os juros no fim de agosto de 2011 e só voltou a elevá-los no fim de abril deste ano. A taxa de investimentos caiu nesse período e a balança comercial se deteriorou. Ao mesmo tempo, o dólar oscilou e nem nas fases de câmbio mais favorável aumentou o dinamismo das exportações. Outros fatores são obviamente muito mais importantes para explicar os problemas de competitividade e o padrão de investimentos. Os erros de política, o intervencionismo desastrado e a insegurança dos empresários são respostas muito mais convincentes.
O desajuste das contas públicas e a inflação elevada e resistente são detalhes importantes desse quadro. Mas muito raramente algum empresário reclama da inflação, embora o descompasso entre os preços no Brasil e no exterior torne os produtos nacionais mais caros e alimente o desajuste cambial. Bem mais simples, politicamente, é reclamar dos juros e do câmbio e pedir mais proteção e favores tributários. Dispensado de seguir políticas sérias, o governo agradece.
ROLF KUNTZ É JORNALISTA

‘Acorda, jornalista!’, de Fernão Lara Mesquita

Publicado no Blog Vespeiro
FERNÃO LARA MESQUITA
Um golpe contra a democracia está em curso desde o último dia 26 de maio e a circunstância que o torna mais ameaçador do que nunca antes na história deste país é a atitude de avestruz que a imprensa tem mantido, deixando de alertar a população para a gravidade dessa agressão.
O decreto nº 8.243, assinado por Dilma Rousseff, que cria um “Sistema Nacional de Participação Social”, começa por decidir por todos nós que “sociedade civil” deixa de ser o conjunto dos brasileiros e seus representantes eleitos por voto secreto, segundo padrão universalmente consagrado de aferição da legitimidade desse processo, e passa a ser um grupo indefinido de “movimentos sociais” que ninguém elegeu e que cabe ao secretário-geral da Presidência, e a ninguém mais, convocar para examinar ou propor qualquer lei, política ou instituição existente ou que vier a ser criada daqui por diante em todas as instâncias e entes de governo, diretas e indiretas, o que afeta também os governos estaduais e municipais hoje na oposição.
Apesar da violência desse enunciado, a maioria dos jornais e televisões do país nem sequer registrou o fato. E mesmo os que entraram no assunto depois vêm diluindo o tema no noticiário como se não houvesse nada com que seus leitores devessem se preocupar. Prossegue a sucessão de manchetes em torno do golpe de 1964, mas para o de 2014 o destaque é próximo de zero. Nenhum critério jornalístico justifica isso.
Esse decreto é, na verdade, um excerto do Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que o PT já tentou impor antes ao país também por decreto – nas vésperas do Natal de 2009, no apagar das luzes do governo Lula –, mas que, graças à forte reação da imprensa e consequente mobilização da opinião pública, foi obrigado a abortar.
O PNDH-3 contém 521 propostas que, além da revogação da Lei de Anistia, que passou “no tapa” depois que a imprensa comprou a ideia do governo de que a prioridade nacional é voltar 50 anos para trás e não correr 50 anos para a frente, institui “comissões de direitos humanos” nos Legislativos para fazer uma triagem prévia das matérias que eles poderão ou não processar; impõe a censura à imprensa; obriga a um processo de “reeducação” todos os professores do país; veda ao Judiciário dar sentenças de reintegração de posse de propriedades “rurais ou urbanas” invadidas, prerrogativa que se torna exclusiva dos “movimentos sociais”; desmonta as polícias estaduais para criar uma central única de comando de todas as polícias do país, e vai por aí afora.
Ciente de que tal amontoado de brutalidades jamais será aprovado pelo Legislativo, o PT está tratando de fazer com esse Poder o mesmo que fez com o Judiciário. Os juízes não dão as sentenças que queremos? Substituam-se os juízes por juízes “amigos”. Um Legislativo eleito pelo conjunto dos brasileiros jamais transformará essas 521 propostas em lei? Substituam-se os legisladores por “movimentos sociais” amestrados sob a tutela da Presidência da República…
O argumento de que esse é o jeito de forçar o Congresso a reformas não é honesto. Para forçar reformas que o povo deseje, existem instrumentos consagrados tais como o do voto distrital com recall, que arma as mãos de todos os eleitores para demitir na hora os representantes que resistirem ou agirem contra a sua vontade. Este tipo de participação, sim, opera milagres estritamente dentro dos limites da democracia. Substituir os representantes eleitos por “representantes” que ninguém elegeu tem outro nome: chama-se golpe.
Depois da rendição do Judiciário com a renúncia de Joaquim Barbosa, só sobra a imprensa. E os feriados da Copa farão com que só haja pouco mais de meia dúzia de sessões legislativas completas em junho e julho somados. Depois é véspera de eleição. É bom, portanto, que ela desperte já dessa letargia, pois não haverá segunda chance: está escrito no PNDH-3 que a imprensa é a próxima instituição nacional a ser desmontada.

HUMANO BESTA


Há dias em que a sombra cai
E o mundo se parece com um enorme pasto
Só consigo enxergar ovelhas e asnos
Além de alguns humanos bestas
Que dirigem como loucos
Pondo em risco a existência de outros
Bicho este que comumente
Chamamos de filho da puta.

CORREIO DO INFERNO COR-DE-ROSA- Bieber e Selena frequentam, juntos, culto evangélico

O que foi que os evangélicos fizeram? Ter tal companhia é penitência?

O PT é igual àquele namorado canalha que só após o casamento mostra quem realmente é.

Adiantou? Quem não sabe,quem não viu e ouviu? - Fifa abafou áudio das vaias a Dilma na transmissão da TV

Rumo aos US$80, minério começa a quebrar os pequenos

Começou o ajuste do mercado de minério de ferro em meio à superoferta da commodity.
A Cairn Hill, uma pequena mina no sul da Austrália, foi declarada insolvente e parou na quarta-feira.
A Cairn Hill — cuja produção anual de 1,7 milhão de toneladas é ínfima se comparada aos 300 milhões de toneladas da Vale — começou a produzir em dezembro de 2010, quando o minério chegou a negociar a 170 dólares por tonelada. Hoje, negocia a 90 dólares.
Ao contrário da Vale, a Cairn Hill é uma mineradora de alto custo. Com o preço médio praticado no ano passado, a australiana até que tinha uma margem de lucro saudável. Este ano, entrou no vermelho.
O jornal The Australian estima que, se o minério de ferro continuar no nível de 90 dólares por tonelada ao longo deste ano, os produtores da Austrália perderão quase 33 bilhões de dólares em receita. E os pequenos produtores, como a Cairn Hill, devem começar a quebrar em série.
Por causa de sua escala e custo baixo, empresas como Vale, Rio Tinto e BHP Billiton (as três maiores) conseguem resistir melhor à queda de preço, mas, se a queda perdurar, vai diminuir a capacidade destas empresas de pagar dividendos.
Para piorar as coisas, o Financial Times de hoje revela que o governo chinês ordenou aos bancos estatais que sejam mais seletivos ao conceder crédito aos negociantes de minério, em parte para controlar a inadimplência no setor. Muitos bancos já estão cortando a fiança desses clientes, que provavelmente terão que desovar seus estoques para pagar dividas. Ou seja, vão vender mais minério num mercado já deprimido.
O jornal cita uma analista em Hong Kong dizendo que a próxima parada na queda do minério será o preço de 80 dólares/tonelada.
Por Geraldo Samor

Você era belo quando criança? Pois é, sorte sua, eu já era feio.

ABISMO

Há uma porta aberta no fim do corredor. O ambiente é convidativo, a energia do grupo contagia os novos chegados; cânticos e louvores são ouvidos e inflamam corações. A maioria dos presentes passa pela porta ciente que é dono da verdade futurista. Por livre vontade caem então no abismo da exploração cega do qual poucos voltam. Os louvores e valores continuam dando vida aos doutrinadores de parvos.

“A morte é transformadora. Transforma todo defunto em gente boa.” (Limão)

“A instrução leva aos diplomas. Educação é algo mais amplo.” (Filosofeno)

“A ignorância faz do homem um ser servil a qualquer causa, por mais estúpida que seja.” (Filosofeno)

“A eternidade não me interessa, o que adoro é pecar.” (Eulália)

GAZETA DA UNHA ENCRAVADA- Em 12 horas, MTST ergue 600 barracos no Morumbi

Se eles construíssem os estádios pra Copa não teríamos pagos tantos micos.Ligeiros, não?

O MUAR PLANALTINO- Dilma diz que não faz política com ódio e que não vai ficar de joelhos

Quem disse que ela faz? Que injustiça! Quem pediu para ela rezar?
O dossiê contra Ruth Cardoso foi obra de marcianos ou saiu da Casa Civil quando Dilma estava lá?
Queremos que ela governe para o país e não para um partido que deseja se perpetuar no poder.
Fora PT!

Copa trará avanço ‘zero’ ao PIB do Brasil, calcula Moody’s

RADAR ECONÔMICO
A Copa do Mundo, maior evento esportivo do planeta, planejada durante sete anos para deixar “grande legado” ao Brasil, trará efeitos “fugazes” à economia – mostra relatório da agência de classificação de risco Moody’s.  
Nas contas da instituição, o torneio trará ganho da ordem de R$ 25,2 bilhões ao País. Num primeiro olhar, pode parecer bastante. Mas, pela ótica da produção de bens e serviços (PIB, o Produto Interno Bruto), o impacto é ínfimo.
Legado. Comparando dados da agência aos do IBGE, impacto é de 0,5% no PIB
O PIB consolidado do Brasil no último ano nas Contas Nacionaisem valores correntes, foi de R$ 4,838 trilhões. O volume calculado pela Moody’s representa apenas 0,5% desse montante.
Ainda de acordo com o estudo, os setores de Alimentos e Bebidas, Hospedagem, Locação de carros, Telecomunicações e Publicidade serão os mais beneficiados pela visita de 3,6 milhões de turistas entre junho e julho para o evento. No entanto, os problemas de mobilidade urbana e os dias perdidos de trabalho por causa dos jogos tendem a minimizar ou anular o empurrão no PIB dado por esses segmentos dos Serviços.
Entre as empresas beneficiadas pelo evento, estão, naturalmente, os patrocinadores oficiais, de acordo com o texto assinado por Barbara Mattos, Gersan Zurita e Marianna Waltz. As empreiteiras envolvidas na construção dos estádios também têm a ganhar, bem como as redes de TV transmissoras das partidas.

PT quer amordaçar sociedade civil

O assunto ainda é o Decreto 8.243, tamanha a importância que ele tem para nosso futuro – se pretendemos preservar a democracia. O PT aproveita o clima da Copa para levar adiante um projeto claramente bolivariano, que pretende controlar por meio do estado e seus braços militantes organizados todo o poder político. Foi o tema da ótima coluna de Demétrio Magnoli na Folha hoje:
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) converteu-se numa linha de montagem de artefatos ideológicos. Entre tantos países, escolheu a Venezuela chavista como sede de sua única filial no exterior. Num relatório produzido pela filial, lê-se o seguinte: “O modelo bolivariano afasta-se, sem dúvidas, da democracia representativa despolitizadora que predomina ainda hoje no mundo. Supera o modelo idealizado pelos pais fundadores da república norte-americana”. As duas frases ajudam a decifrar o sentido do decreto presidencial que instaura a “democracia participativa”.
As palavras cruciais são “democracia representativa despolitizadora”. De fato, o princípio da representação sustenta-se sobre o pressuposto de que os cidadãos têm outros afazeres além da política. A maioria esmagadora das pessoas consagra o seu tempo ao trabalho produtivo, aos estudos, ao lazer, aos afetos e aos amores. Os militantes políticos, pelo contrário, dedicam-se essencialmente à carreira política, que enxergam como fonte de poder, prestígio, dinheiro ou (raramente) como ferramenta para a “reforma do mundo”. O Decreto 8.243, dos “conselhos participativos”, procura reduzir a abrangência da “democracia representativa despolitizadora”. É um golpe dos militantes políticos contra as pessoas comuns, cuja “participação” perde valor nos centros de decisão de políticas públicas.
O sociólogo, que faz parte da tal “lista negra” de “inimigos da pátria” divulgada pelo vice-presidente do PT em site oficial do partido, afirma que o mais chocante nisso tudo é a “ausência de um grito coletivo de indignação da sociedade civil diante dessa suprema arrogância estatal”.
Como sabemos, o estado nasceu antes da nação no Brasil, com a vinda da família real em 1808. Estamos acostumados a delegar ao estado poder demasiado, e desacreditamos no papel da sociedade civil como tal.
Tocqueville chamou atenção em seu clássico sobre a democracia na América para as associações voluntárias, que agiam de forma descentralizada e local nos Estados Unidos. Não temos isso por aqui. No Brasil, subvertemos até mesmo a lógica das ONGs, ignorando a letra N na sigla e mantendo a maioria delas ligada de forma umbilical ao próprio estado.
Os intelectuais que ganham a vida falando sobre a “sociedade civil” receberam calorosamente o Decreto 8.243, como afirma Demétrio. A simbiose é antiga: intelectuais defendem o aumento do papel estatal em nossas vidas, e os governantes financiam esses intelectuais, além de lhes garantir poder e prestígio.
Demétrio vai direto ao ponto: “A finalidade do Decreto 8.243 é moldar uma ‘sociedade civil’ adaptada às estratégias de poder do governo: o ‘povo organizado’, no dialeto dos militantes”. É verdade que nosso Congresso goza de pouco respeito, e é isso que torna o terreno fértil para projetos autoritários como este. O perigo é grande.
Segundo declarações do alto escalão do governo, incluindo o ministro Gilberto Carvalho, o maior interessado no projeto, pois é justamente ele quem controla os tais “movimentos sociais”, a presidente Dilma não vai recuar. Será, nesse caso, uma declaração de guerra à democracia representativa.
Espero que nossas instituições republicanas se mostrem sólidas o suficiente para resistir. É seu maior teste desde que o PT chegou ao poder, com sua mentalidade bolivariana. Se por acaso o PT tiver êxito, então a Venezuela estará logo ali, a poucos passos do nosso destino.
Rodrigo Constantino

Quem diria!

a charge maluf com dilma

Bullying em Cuba, por Yoani Sánchez

Damaris tem quase quarenta anos e várias cicatrizes no rosto. Feitas por uma colega do quinto grau com um pregador de cabelo. Estavam em meio a uma aula e a disputa pela propriedade de um estojo de lápis levou a inimiga a gritar: “Te espero às quatro e meia!”. Essa é a pior ameaça que um estudante das escolas cubanas pode receber. A frase é suficiente para saber que na hora da saída terá que mostrar força e supremacia com punhos ou arranhões.
Com Yosniel foi pior. Jogou-se da caixa d’água do curso pré-universitário República Popular da Romênia depois de sofrer por meses com os deboches dos seus colegas de albergue pelo tamanho da sua cabeça. Caiu sobre o concreto da tampa da cisterna e nenhuma manobra de reanimação pôde salvá-lo. No outro dia, durante o funeral, os próprios alunos que o ridicularizavam davam pêsames a família do falecido no paupérrimo bairro de Romerillo.
Contudo, o problema toca tanto os pobres como os mais acomodados. O metal frio de uma navalha atravessou o coração de Adrián, também num pré-universitário, porque outro mais forte gostou dos seus sapatos e quis tomá-los. Os pais do falecido eram militares, porém mesmo assim não conseguiram entender por que as escolas onde deveria ser formado “o homem novo” acabaram funcionando com o mesmo banditismo das prisões.
Cecília, por seu lado, sempre foi das que bateu... Não das que se deixaram bater. Escolhia a saia do uniforme que vestiria examinando a situação das estudantes mais frágeis ou menores. Um dia encontrou o modelo do seu sapato numa menininha magrinha de dentes separados que – com uma lâmina improvisada a partir de uma serrinha – cortou-lhe o rosto de lado a lado.
O abuso escolar, o bullying, é um tema pouco falado nos meios nacionais, mas que afeta centenas, milhares de estudantes em todo o país. Entre as características mais alarmantes deste problema está a cumplicidade de parte dos professores. Muitas vezes os professores se valem destes “tipos de gente dura” para controlar o resto dos alunos. O resultado é a validação institucional de uma estrutura de arrogância e abuso.
Como denunciá-lo? Ninguém sabe. Não há um número telefônico que um aluno vítima de bullying possa usar. Nenhuma circular do Ministério da Educação ampara os prejudicados nestes casos. Os pais, normalmente, respondem as denúncias de abusos contadas por seus filhos com um: “dá-lhe mais duro” ou “mostre-lhes quem és tu”. Os professores não querem se imiscuir na bronca e muitos diretores de centros escolares respondem na defensiva: “Imagina, já não sabemos o que fazer com este garoto”.
O certo é que o drama do abuso escolar não é falado, não é debatido e não é questionado... Enquanto as tantas Cecílias que existem por aí continuam tomando o uniforme das menores, cortando o rosto de uma colega de sala com um grampo ou zombando – até ao suicídio – do tamanho da cabeça de outro.
Tradução por Humberto Sisley