sábado, 16 de setembro de 2017

VONTADE DE MATAR

Abunda em mim a ojeriza aos apóstolos da ignorância
Tenho vontade de matar alguns desses homens
Mas sou da paz
Não sou um assassino
Então torço para que caia um meteoro na cabeça deles.

DO POUCO

Do pouco que sei
Sei pouco
Então me calo mesmo diante de um simples
Pois mesmo ele tem muito para ensinar.

A PRESSA

A pressa é inimiga da perfeição
O apressado come cru
Ou não come.

MARATONA ANUAL DOS BICHOS

O alvoroço era enorme no reino animal. Pois foi que Carla Lesma e Nina Tartaruga resolverem de última hora também participar da grande Maratona Anual dos Bichos. Nos arquibancadas a bicharada caçoava das duas; “ora, lesma e tartaruga correndo, só mesmo por aqui, que fiquem em casa!” Já o locutor do evento inflamava os participantes com falsas declarações dos oponentes, criando clima: Carla Lesma tirando sarro de Paulo Lebre; Nina Tartaruga falando mal das finas pernas do Saulo Guepardo; até mesmo seu Ernesto Elefante, tão sério, falando do pelo sujo de Marcelo Leão. Essas pequenas maledicências injetavam adrenalina dos competidores, um motivo a mais para vencer. O percurso seria de 10 quilômetros, sem parada para descanso. Pois lá estavam na pista os competidores: Lesma Veloz; Nina Tartaruga; Simão, bicho-preguiça manco; Saulo Guepardo; Paulo Lebre; Samira Coelho; Mônica Onça; Gazela de Thomson e Ernesto Elefante. Dada à largada, Saulo Guepardo saiu na frente como um raio, ladeada por Samira Coelho. Logo atrás vinham Mônica Onça e Gazela de Thompson. Ernesto Elefante pisou num espinho logo no primeiro quilômetro e saiu fora. O velho Simão desistiu nos primeiros metros; preferiu ficar na sombra que correr ao sol. Marcelo Leão manteve o ritmo e na metade do percurso já encostava nos primeiros colocados, mas ficou para trás, pois sua paixão, Nara Leão, estava por ali dando sopa. Parou para uns amassos, pois há tempos sonhava com isso. No oitavo quilômetro o namorador Paulo Lebre encostou em Samira Coelho, louco pra tirar uma casquinha, quando levantou poeira na pista e um bólido turbinado passou por todos: era Nina Tartaruga levando nas costas Carla Lesma e gritando: Só Red Bull te dá asas! Para espanto de todos chegaram em primeiro.

MEDO

Insônia. Passava da meia-noite quando Antenor foi à sacada do seu apartamento que ficava no oitavo andar para fumar. A esposa dormia. Sentou-se, acendeu um cigarro e ficou ouvindo o murmúrio noturno da cidade. Algumas frenagens, buzinas e sirenes, sons da madrugada na cidade grande. Enquanto observava a fumaça se dissipando no ar pensava na vida. Já completara 53 anos em boa forma; a vida familiar era harmoniosa, a loja de peças permitia uma vida digna, o filho Rafael de 15 anos tinha boa saúde, bom aluno e não incomodava os pais. O que estaria faltando? O que lhe tirava o sono? Dívidas e inimigos sérios não faziam parte do seu mundo. Ficou remoendo dentro do cérebro perguntas e mais perguntas tentando obter respostas. Fumou mais um cigarro, voltou para seu quarto, acordou a mulher que bem dormia e perguntou: “Amor, você também tem medo da velhice?”

BRINCADEIRA ANTIGA

sombras rondando a minha nova morada. Elas vêm todos os dias, sem hora determinada. São sombras silenciosas e rápidas, num piscar de olhos elas somem. Não tenho por elas nenhum sentimento, nem medo, nem amor. Saio do meu caixão, subo e me sento sobre um grande mármore escuro. O céu está limpo, consigo ver o sol, mas não o sinto. Vejo as sombras escondidas detrás de um jazigo. Grito para elas: -Basta! Vocês já não me assustam mais! Agora sou apenas um fantasma como vocês! Elas chegam até mim, se apresentam sorridentes e me contam como é a antiga brincadeira de assustar novos mortos. Digo, "estou dentro".

O DESENCARNE DO PERFEITO AVARENTO

muitos anos uma carta anônima recebida pelo Promotor Público Roberval Sintra levantou suspeita de envenenamento na morte do senhor Demóstenes Sotero, fazendeiro mais conhecido na sua cidade como o “perfeito avarento”. Homem de muitas posses, sua viagem sem retorno seria interessante para muitos parentes, mas não foi. Esperavam pela herança que não veio. Fez doação de todos os seus bens para suas amantes. Aos parentes, nada. O juiz Carlos Raul então determinou que o corpo fosse desenterrado para nova perícia. Cidade pequena, grande assunto. O povo, sempre curioso, invadiu o cemitério. Até parecia quermesse paroquial. Não faltaram vendedores de garapa, picolé e milho verde; moças de vestidos novos e lábios vermelhos. Quando foi aberto o caixão, surpresa para todos: O corpo estava deitado de lado, a língua de fora, como se estivesse assim para molhar os dedos e contar dinheiro. Em suas mãos havia milhares de reais em notas mofadas e puídas. Moedas de ouro pularam dos bolsos quando mexeram com ele. Alguns parentes, espichando os olhos, contavam com tristeza a pequena fortuna que poderia ser deles. Alguns até choraram. Porém nada foi constatado e o assunto foi encerrado. Passado alguns anos, os parentes em suas conversas reservadas lembram ainda com saudade doída daquelas notas, daquelas moedas...

A PERERECA MÁGICA

Era uma vez uma moça chamada Rose que sonhava com o luxo e viajar pelo mundo. Mas Rose não tinha condições, era pobre, seu salário não alcançava voos maiores. Um dia Rose teve a visita de uma fada madrinha. A boa fada lhe presenteou com uma perereca mágica. De posse de tal poder Rose abriu portas rentáveis e viajou pelo mundo. Até namorou um sapo barbudo, depois príncipe. E com esse príncipe conheceu reinos distantes mundo afora. O azar de Rose foi que o príncipe viajava por conta do tesouro, os escribas descobriram e a perereca mágica perdeu seu encanto e foi banida do reino.

O NOME QUE SALVA

Era madrugada, estava eu parado numa esquina central esperando por um táxi. O céu todo forrado de estrelas, noite fria e bela. Nisso dois sujeitos se aproximaram e anunciaram: É um assalto! Não reagi, entreguei a carteira com documentos e dinheiro. Eles conferiram por cima o montante e pernas em ação. Logo depois eles regressaram, devolveram tudo e ainda por cima pediram desculpas. Um deles disse: “Desculpe o malfeito seu Evandro, pois para nós o senhor é uma autoridade. Uma boa noite!” Sem demora surgiu um táxi e fui para casa aliviado. Em tempo, meu nome é Evandro Capeta.

OS NOVOS MORADORES DA RUA GUARUJÁ

A Rua Guarujá é uma rua pessoas médias, nem ricos, nem pobres, de situação estável. Há cachorros e gatos nas casas. Algumas residências fogem do padrão, mas a maioria são de três quartos, sala, cozinha e garagem. Todas apresentam boa pintura, calçadas arrumadas. Na Guarujá talvez pela boa índole de seus moradores não se ouve falar em brigas e discussões violentas. A calma é a rotina nesta rua. Crianças jogam bola e pedalam sem problemas enquanto seus pais e amigos observam. Todos respeitam a lei do silêncio, nas noites se ouve até mesmo o murmúrio do vento. Mas hoje a comunidade entrou em polvorosa por causa de uma nova família que chegou para morar na casa 51, do falecido Sr. Lopes. É conversa para lá e para cá, grupinho na esquina comentando, ninguém acredita que o contam seja possível. Percebe-se claramente uma pontinha de inveja em alguns. Dizem que os novos moradores, o casal Mendes, tem um filho de 12 anos, Alberto, e pasmem, e que ele sabe ler e escrever corretamente!

A VERDADE

“Quando um socialista fala a verdade logo vai ao banheiro para vomitar.”(Eriatlov)

CHAPEUZINHO PT

Era uma vez uma menininha chamada Chapeuzinho PT. Morava próxima da mansão da vovó e toda semana a visitava. Nas conversas com a vovó ficava metendo o pau Lobo Mau que morava na floresta Maranhão; também fazia isso na escola, nos jornais, na televisão. O Lobo Mau era então o mal do mundo. Passado algum tempo a vovó morreu e Chapeuzinho herdou sua mansão e terras. E sabe quem ela foi buscar no Maranhão para ajudá-la administrar a herança? Pois é, o Lobo Mau.

ESPERANÇA

Formigas caminham despreocupadas pela varanda enquanto o cão preguiçoso boceja deitado satisfeito na cerâmica fria. Nuvens passeiam pelo céu, sem pressa. O sol vespertino é forte; o verde das árvores se destaca; o cantar dos pássaros presos é triste. Alados libertos cruzam os ares fazendo alarido e lamentando a má-sorte dos irmãos engaiolados. Não tem jeito, quem está na gaiola canta de tristeza, mas os obtusos pensam que é de alegria. Quem canta seus males espanta; eles sabem disso mais do que ninguém. Uns poucos ainda olham para cima com esperança de um dia poder novamente voar. A esperança, sempre ela, junto do ser até o derradeiro suspiro.
“Num país sério a ignorância não é considerada uma virtude.” (Eriatlov)
“Sem dúvida o melhor noticiário para você ficar bem mal informado é o Jornal Nacional.” (Eriatlov)
“Nada como uma boquinha bem remunerada para acalmar um esquerdista radical.” (Eriatlov)
“O país precisa ser limpo de cabo a rabo. Não reeleja ninguém.” (Eriatlov)
“Na política cada um acredita na mentira que lhe é mais conveniente.” (Eriatlov)


“O ambiente do PT é o vaso sanitário. Descarga dada ele vai embora.” (Eriatlov)
“Gleisi, Lula e Emir Sader: os Três Patetas contemporâneos.” (Eriatlov)


“O Brasil é abundante até em malfeitores.” (Eriatlov)

SEM MILITANTES

“A questão se resume à propaganda. O inferno não é pior que Cuba e Venezuela. Somos malvistos por não termos militantes na imprensa mundial e nas universidades.” (Satanás Ferreira)

NEVE

“O clima está mesmo mudando, nem mesmo o inferno escapa. Hoje aqui temos neve.” (Satanás Ferreira)

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, eram os deuses astronautas?”
“Eram. E eu sou a Madre Tereza.”

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, defina o politicamente correto em duas palavras.”
“Um saco.”

ESPELHOS

“Feios como eu não gostam de espelhos. Os sustos devem ser para os outros.” (Assombração)

LIVRE

“Antes um feio livre que um bonito encarcerado.” (Assombração)

ESPERTAS

“Não gosto delas, mas tenho que admitir que algumas hienas são realmente espertas, tanto que criaram igrejas.” (Leão Bob)

ATEUS

“Nós leões somos ateus. Mas adoramos comer religiosos.” (Leão Bob)

FEDIDOS

“Somos uma raça de fedidos. Quem iria querer nos comer?” (Leão Bob)

MACIO

“Ontem devorei um canibal. Sujeitinho macio.” (Leão Bob)

QUE CONTE OUTRA

“Roubou até bens da república e não é ladrão? Que conte outra o batráquio.” (Eriatlov)

LINDO POR FORA

“O Brasil é lindo por fora. Por dentro está podre.” (Eriatlov)

SOCIALISMO ES MUERTE! por Ubiratan Iorio. Artigo publicado em 12.09.2017



(Publicado originalmente em http://www.ubirataniorio.org/)

Como o mundo inteiro está sabendo, a sociedade venezuelana está doente, muito doente, em estado de diátese econômica, moral e social, cuja causa – e temos que apontá-la peremptoriamente - é uma e somente uma: o socialismo. A mídia, no entanto - com raríssimas exceções - silencia sobre essa causa e chega a recorrer a metáforas tão mirabolantes quanto patéticas para escapar de mencioná-la.

O lema bolivariano - ¡Socialismo o muerte! - é um grande engodo, um enorme embuste e por uma razão muito simples. Assim como no plano individual não existe escolha entre beber em excesso e ficar embriagado, ou entre entrar com seu carro em uma favela do Rio e tê-lo alvejado por marginais, também não existe opção no âmbito social entre socialismo e morte, porque o socialismo, conforme um século de demonstrações desnuda, é a morte. O mote correto, portanto, deve ser: ¡Socialismo es muerte!

Refiro-me ao socialismo em sua forma mais radical, o comunismo, com abolição da propriedade privada, mas o dístico também se aplica, no longo prazo, ao socialismo brando, conhecido como social-democracia, já que a terceira via, em poucas décadas, sempre tende a desaparecer, dando lugar ao totalitarismo, com intervencionismo gerando mais intervencionismo em bola de neve.

O sistema que o caricato ditador Maduro está tentando impor a todos os venezuelanos mata, elimina, extermina, chacina, fuzila, trucida, massacra e dizima os direitos fundamentais à vida, à liberdade e à propriedade e, portanto, trata-se, sem meias palavras e por sua própria natureza, de um regime inelutavelmente assassino.

Ao exterminar a essência das atividades econômicas, é um produtor permanente de pobreza, a mesma pobreza que seus defensores pensam que estão a combater. Na obra Socialismo, de 1922, Ludwig von Mises já mostrava que nas economias planificadas é impossível haver cálculo econômico, com base no argumento de que para existir cálculo econômico é preciso que existam preços; para que estes existam, é necessário que existam mercados; estes, por sua vez, pressupõem a propriedade privada dos meios de produção e, como o socialismo suprime esta última, pode-se concluir que é um sistema que se guia às cegas. O discurso dos socialistas-comunistas é o da distribuição da riqueza, mas a prática nos mostra sobejamente que é um exterminador de qualquer riqueza e um distribuidor de escassez e pobreza. Se olharmos para todos os experimentos socialistas de engenharia social, não encontraremos um que seja que tenha logrado obter êxito.

Não me venham falar da China, pois aquele país só conseguiu desenvolver a economia depois que jogou no lixo as idéias de Mao Tse Tung e abriu-se ao comércio internacional, mas, como manteve o planejamento central, sua economia já começa a apresentar sintomas de que será difícil manter as taxas de crescimento elevadas. A esse respeito, recomendo o artigo de Per Bylund, “China: uma aberração econômica keynesiana e mercantilista”publicado no site do Instituto Mises Brasil em 2/8/2017 (link: http://mises.org.br/Article.aspx?id=2736).

Ele chacina milhões de pessoas, desde os tempos da Revolução de 1917 na Rússia aos assassinatos na Venezuela atual.

Quem não conhece (apesar do esforço gigantesco da maioria dos professores de história em escondê-lo) o “Holodomor”, ocorrido na Ucrânia em 1932-1933, um dos maiores crimes cometidos em toda a história da civilização (ver o excepcional artigo de Thomas Woods, “A fome na Ucrânia - um dos maiores crimes do estado foi esquecido”, em: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1046).

Ou a ditadura de Mao na China, que trucidou 5 milhões de pessoas em 1949-1950 e, no Grande Salto para a Frente, entre 1959 e 1961, mais de 70 milhões de seres humanos (ver, por exemplo, a resenha de Paulo Roberto de Almeida ao livro de Jung Chang e Jon Halliday “A História Desconhecida - Mao", em: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2014/01/china-ditadura-de-mao-causou-70 milhoes.html).

Ou a morte de 2 milhões de cambojanos, ou seja, de um em cada três da população total daquele país, perpetrada em 1972, durante o Khmer Vermelho, pelo tirano Pol Pot, insuflado por seu guru Jean-Paul Sartre, que preferiu permanecer nos cafés de Paris bebendo vinho “nacional” a ir viver nos campos agrícolas do Camboja, que foi o destino por ele sugerido a Pot para a população. Há inúmeros outros exemplos.

A ilha dos irmãos Castro eliminou algo perto de 136 mil pessoas que ousaram discordar de suas ideias, embora o “comandante” Fidel, como a imprensa brasileira carinhosamente tratava o facínora, jurasse que apenas 5 pessoas morreram na revolução de 1959.

Quantos milhões de pessoas o gordinho Kim Jong-Um mandou assassinar na Coreia do Norte, além do próprio irmão e de um general que ousou dormir durante um discurso do “grande líder”? E quantos também perderam suas vidas na antiga Alemanha Oriental, no Vietnam do Norte e em vários países africanos?

O socialismo é um desastre econômico, moral e social completo, a morte anunciada. E o intervencionismo – definido como uma forma mais branda de socialismo, ou como social-democracia – também leva a resultados trágicos no longo prazo. Convém examinarmos essas afirmativas com atenção, primeiro apontando individualmente os principais problemas do socialismo.

Para começar, o socialismo é um erro intelectual, pois em um sistema socialista, existe um órgão central, um órgão de planejamento, do qual emanam os comandos ou ordens impostos à vida social, em que se incluem, evidentemente, as ações no campo da economia. A atuação desse órgão é essencialmente coercitiva e se sobrepõe, em nome do coletivismo, aos planos individuais de ação e às aspirações de cada cidadão. Não importam os desejos de João, Maria, José ou de quem quer que seja, mas sim as necessidades coletivas, ente tão abstrato quanto atraente para fins populistas e totalitários, com aura de inatacáveis para jornalistas mal informados.

É evidente que um sistema de organização social e econômica fundamentado dessa forma é um enorme erro intelectual, pelo simples fato de que é impossível que o órgão central, ao qual cabe tomar a maioria das decisões, sobrepondo-as às decisões individuais, possa dispor de um conjunto de informações ou conhecimento suficiente para que os seus comandos tenham efeitos coordenadores sobre o sistema social.

Cada agente possui um conjunto de informações individual de natureza prática e não passível de articulação, que está sempre disperso e se apresenta oculto. Sendo assim, não é logicamente aceitável a suposição de que esse conjunto, bem como os dos milhões de outros indivíduos, possa ser transmitido para o órgão central. Isso ocorre tanto porque o volume de informações é muito grande, como, principalmente, porque está disperso na mente dos habitantes da sociedade, sendo, portanto, impossível expressá-lo formalmente e transmiti-lo explicitamente ao órgão de controle.

Os órgãos centrais nesses sistemas são formados por seres humanos como outros quaisquer, sejam eles ditadores, caudilhos, sindicalistas, militares, civis, intelectuais ou políticos eleitos pelo povo e, sendo assim, não é razoável esperarmos, por melhores e mais “puras” que possam ser as intenções de seus integrantes, que possuam o dom da onisciência, que lhes permita absorver, saber e interpretar ao mesmo tempo todos os conjuntos de informações que se encontram dispersos, de forma individual, nas mentes de todos os agentes existentes na sociedade, conjuntos esses que estão permanentemente se alterando e renovando ao longo do tempo. E observemos que isto é verdade mesmo na presença do extraordinário desenvolvimento da informática, porque esses instrumentos tendem a aumentar fortemente a capacidade dos agentes individuais de descobrir novas informações práticas, dispersas e ocultas, prejudicando ainda mais a capacidade de obter as informações necessárias por parte do órgão planejador.

Na verdade, os planejadores nem mesmo conseguem saber qual o seu o grau de ignorância a respeito das informações necessárias para promover a coordenação. E existe aí um paradoxo insolúvel, o de que quanto maior o grau de coerção por eles imposto, menores são as possibilidades de atingir os seus propósitos, por mais bem intencionados até que possam ser, porque, nesses casos, a ausência de coordenação aumenta, gerando distorções e desajustes nos mercados, que crescem progressivamente com o tempo.

Há, contudo, muitos outros defeitos do intervencionismo inerente ao socialismo. De fato, a atitude arrogante da pretensão do conhecimento que caracteriza todos os sistemas intervencionistas, desde o socialismo radical até as suas formas mais brandas como a social democracia e que leva ao que Hayek denominava de construtivismo e engenharia social, a par de constituir-se em grave erro intelectual, produz uma série de problemas que, inevitavelmente, determinam seu fracasso. Listaremos em seguida alguns desses defeitos dessa concepção coletivista da sociedade.

O primeiro deles é a impossibilidade desses sistemas de promoverem a coordenação e da consequente desorganização da sociedade que isso produz, levando a que muitos dos agentes sejam levados a atuar de maneira contraditória, o que se traduz em uma indisciplina comportamental generalizada, com a ocorrência de erros que não são vistos como tal, exatamente pela inexistência de coordenação. O resultado é uma frustração também generalizada dos planos individuais. Essa situação costuma servir como pretexto aos planejadores para intensificarem as intervenções na vida social e econômica, o que, evidentemente, só faz com que o problema se agrave.

O segundo é a inibição no processo de criação de conhecimento, provocada pelo desincentivo à geração de informações e à descoberta sobre os desejos efetivos dos consumidores, que se reflete na baixa qualidade dos bens e serviços produzidos pelo sistema econômico e na escassez. Na verdade, muitas vezes esse estado de escassez nem pode ser percebido, porque sua percepção precisaria ser sentida pela ação empresarial, mas esta ou é impedida de existir ou é fortemente influenciada pelo excesso de regras com o caráter de comandos que emanam do órgão central.

Terceiro, os sistemas intervencionistas são um convite à realização de maus investimentos e ao desemprego de fatores de produção, porque introduzem artificialmente no horizonte uma nuvem imensa de falta de informações e de distorções, que prejudica irremediavelmente a visão dentro dos mercados. Com efeito, o desemprego é um dos efeitos mais típicos da coerção institucional que impede o livre desempenho da ação humana e, portanto, da função empresarial. O “remédio” adotado historicamente pelos governos socialistas é o de mascarar ou, simplesmente, esconder as estatísticas sobre o emprego.

Um quarto efeito perverso do intervencionismo é que ele tende a produzir mais corrupção do que os sistemas em que as liberdades individuais prevalecem e esse vício se manifesta tanto por parte dos que ocupam o poder quanto pelo lado dos demais agentes, por uma razão muito simples: sistemas centralizados tendem a concentrar o poder e a criar uma série de dificuldades para as ações empresariais, o que, em razão das fraquezas humanas, estimula a venda de facilidades.

Quando os potenciais empreendedores percebem que será mais fácil alcançar os seus fins se dedicarem o seu tempo a tentar influir nas decisões governamentais, acabam abandonando ou colocando em segundo plano exatamente a essência de sua função social, que é a de descobrir oportunidades de lucros por meio dos mercados e coordenar assim as atividades econômicas. Isto corrompe o processo social espontâneo, substituindo-o por um nefando processo de luta pelo poder. Os agentes que não conseguem êxito em sua tentativa de influenciar as decisões dos planejadores, por sua vez, são tentados a despender uma parcela maior de sua atividade empresarial e de sua criatividade para tentar evitar os efeitos prejudiciais a eles impostos pelos comandos, em troca da concessão de vantagens, privilégios, propinas e outras formas de corrupção para os que têm o controle das normas. O socialismo, portanto, promove desvios da função empresarial.

Em quinto lugar, o intervencionismo tende a estimular reações por parte dos agentes no sentido de desobedecerem aos comandos e ordens exarados pelo órgão central, que se manifestam em ações à margem da legalidade – ou da pretensa legalidade – imposta pelos comandos. Isto significa que ele estimula o surgimento da economia informal, especialmente naqueles setores da economia em que a coerção, sob a forma de regulamentações, é mais forte. Essa reação existe tanto nas sociedades socialistas como naquelas que optam por um sistema mais brando de intervencionismo ou social democracias, com a ressalva de que nestas últimas a corrupção e a economia informal tendem a se desenvolver mais depressa exatamente nos setores em que o intervencionismo estatal é mais forte.

Sexto, por indução simples, percebe-se que o intervencionismo impõe diversos obstáculos à criatividade dos indivíduos e, como esta é um fator importantíssimo para o desenvolvimento da economia e da sociedade, provoca atraso econômico, político, cultural e tecnológico. Ao bloquear a criatividade humana, emperra o avanço em todos os setores da vida social.

Por fim, há outro efeito corrosivo do socialismo e do intervencionismo: trata-se de um sistema que se constitui em verdadeira aberração moral. Perverte os conceitos de lei e de justiça, ao instituir hábitos e concepções viciosos e agride os mais elementares direitos inerentes à pessoa humana, a começar pelas liberdades individuais. Além disso, por ser fundamentado no conceito de “luta de classes”, o socialismo é extremamente desagregador: é característico de seu ethos lançar patrões contra empregados, pobres contra ricos, brancos contra negros, mulheres contra homens, heterosexuais contra homossexuais, porque, para que possa encontrar eco entre as massas de Ortega y Gasset e mergulhar todos na segunda realidade de Voegelin, é preciso desagregar, fomentar o ódio, lançar irmãos contra irmãos, uma vez que, sem esse vício moral, ele simplesmente não pode vicejar.

Mas sua imoralidade vai além. Ao estabelecer a igualdade de resultados, o socialismo desestimula a ética do trabalho, por razões óbvias: se João, trabalhador, dedicado, bem preparado e com espírito de iniciativa, sabe de antemão que vai ganhar o mesmo que Inácio, preguiçoso, desleixado, sem estudo e que prefere viver à custa dos outros, é evidente que João não se sentirá estimulado a colocar em prática as suas habilidades, limitando-se a fazer o essencial, que lhe garantirá a renda estipulada pelo estado.

Por tudo isso, temos o dever humanitário de nos unirmos a nossos irmãos venezuelanos em sua luta pela derrocada desse regime homicida.


*Doutor em Economia

BOICOTE: O QUE ACONTECEU NO CASO SANTANDER? por Guilherme Benezra. Artigo publicado em 14.09.2017



Eu ia ficar quieto sobre o caso Santander, mas tem certas opiniões que não consigo entender. Não estou particularmente preocupado quanto ao uso do dinheiro da Lei Rouanet, sabemos que esse dinheiro sempre foi usado, majoritariamente, para financiar qualquer porcaria. Esse foi somente mais um dos casos em que isso ocorreu. A solução? Encerrar essa porcaria que financia artistas e grandes empresas amigas do governo. Curiosamente, mesmo os principais receptores sendo grandes capitalistas ou milionários, parece que a esquerda defende veemente esse fundo, afinal o dinheiro é usado em sua agenda. Mas vamos ao que interessa.


Vejo o termo censura ser usado amplamente, não somente pelos blogs de esquerda, mas de maneira curiosa pelos Liberais. Censura é o que a esquerda tem feito nas últimas décadas, ou seja, o uso do poder político para cercear a opinião alheia, através de processos, multas e proibições de tudo aquilo que eles não gostam.


O que aconteceu no caso Santander? A Sociedade Civil, pessoas normais, sentiram que a sua fé foi ofendida e optaram por reclamar. Eles fizeram piquetes como a esquerda faz? Que eu saiba, não. Eles proibiram a entrada com a esquerda faz? Não. Eles proibiram legalmente a exposição como a esquerda faz? Não. Então o que eles fizeram? Reclamaram em redes sociais, fizeram um evento na frente do local reclamando (sem proibir a entrada das pessoas) e pediram o boicote ao Santander. Então, o que eles fizeram de errado? Não faço ideia. Eles usaram de ferramentas democráticas para expressar seu ponto de vista e o banco, com medo do boicote de seus clientes, encerrou a exposição. Que eu saiba, nunca foi feita uma proibição legal ou algum tipo de processo, atitude comum na esquerda. Se a atitude dos conservadores ou religiosos foi ‘’hipócrita’’ ou não pouco me interessa. Eles têm o direito de reclamar.


Não me assusta que a esquerda esteja reclamando da dita ‘’censura’’. A verdade é irrelevante para eles, sempre foi. Mas francamente não consigo entender porque os liberais estão usando a mesma linguagem que a esquerda para atacar um movimento civil que usou de ferramentas do próprio ‘’livre mercado’’ (o boicote) para expor seu ponto. Se o Santander sofrer um processo, podem ter certeza que não teria problemas em defender o banco. Todos têm o direito de fazer e falar merda. Mas enquanto isso não ocorrer, não consigo ver lógica nenhuma no posicionamento de alguns liberais.


Já aproveitando, as chamadas dos principais jornais estão vergonhosas. A mídia tradicional tem 0% de credibilidade em qualquer assunto, como já vimos nós últimos anos. A única que parece estar bem no momento é a Gazeta do Povo.






(Publicado originalmente em http://opiniaolivre.com.br/boicote-o-que-aconteceu-no-caso-santander-por-guilherme-benezra/)

PREJUÍZO

“Pórco can! Engoli um Ciali e a Nona saiu de casa para ir à missa. Fiquei no prejuízo.” (Nono Ambrósio)

NA ACADEMIA

“Estou na academia. Faço levantamento de muletas e treino engolir comprimidos no seco.” (Nono Ambrósio)

INQUILINO

“Meu pai fui músico de cabaré. Eu tentei ser inquilino.” (Climério)

BANQUEIRO

“Ando tão quebrado que o meu banqueiro é um mendigo.” (Climério)

FEIAS

“Mulheres lindas querem é paparico. São as feias que agradam mais.” (Climério)

EXCOMUNGADO

“Fui o primeiro menino excomungado da minha comunidade. Colei na porta da igreja uma foto do Papa com a legenda ‘O Pinóquio de Batina’.” (Climério)

EVOLUÇÃO

“Estou evoluindo. Já limpo orelhas e nariz todos os dias.” (Climério)

CELIBATÁRIO

“Todo padre é um celibatário não praticante.” (Climério)