quinta-feira, 13 de julho de 2017

ALEXANDRE GARCIA- Mamar no Estado

Acabamos de assistir a um espetáculo tosco, promovido por meia dúzia de senadoras que se abancaram na mesa diretora do plenário, para impedir a votação das melhorias na CLT e impor justiça no Imposto Sindical. Mostraram que, perdendo no voto, partem para a força - e isso é o oposto de democracia. Quando mentem que a atualização da CLT vai tirar direitos dos trabalhadores, na verdade defendem o imposto sindical, que confisca um dia de trabalho de todos os assalariados, mesmo os não sindicalizados, para sustentar o peleguismo. A atividade dos sindicatos, com dinheiro do trabalhador, nunca foi fiscalizada e a CLT da ditadura Vargas, por sua vez, alimenta uma gigantesca indústria de litígios, que gravita em torno da justiça trabalhista. O estado não produz riqueza; apenas a distribui.

 Mas aqui, fica com boa parte dos quase 40% que tira de todos, para se sustentar e manter suas gorduras em músculos flácidos. Com algumas benesses que enganam a população não esclarecida, graças ao ensino deficiente, a maior parte do povo adora o demagogo que vicia quem recebe, como bem lembrou Luiz Gonzaga em Vozes da Seca. Do estado, servem-se os empresários bem relacionados com o poder, como Joesley, com empréstimos subvencionados, incentivos ineficazes para a economia. Outros, têm aposentadorias privilegiadas, férias em dobro convertidas em dinheiro, mordomias, contracheques que ultrapassam o teto constitucional, fora a corrupção sistêmica, das propinas supostamente privadas, que são geradas por contratos superfaturados com o estado. O estado funciona mal, está inchado, quer se camuflar do prejuízo que dá, tentando mascarar o déficit da Previdência.
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A Constituição de 1988 também é responsável. Diz, por exemplo, que a saúde é direito de todos e dever do estado. Então, se não há recursos para determinado remédio, o juiz manda comprar e o governo tem que cumprir ou o administrador pode ir preso. Greve no serviço público é outro absurdo. Absurdo porque é greve contra o próprio público, que é o patrão, a quem o servidor deve servir. O governo tem medo das corporações fortíssimas de funcionários públicos e não regulamenta a greve, estabelecendo seus limites. Aí, vira bagunça. Imagine gerações futuras sem aula, pacientes sem atendimento, trabalhadores sem transporte, cidadãos sem segurança. Outro erro dos constituintes foi dar autonomia orçamentária a quem não arrecada, como o Judiciário e o Legislativo. Aí estão os palácios suntuosos, faraônicos, para demonstrar a afoiteza. Parecem estados soberanos, com folhas de pagamento, férias e aposentadorias privilegiadas. Um dia, esse estado em que tantos mamam, vai estar completamente desidratado e quem trabalha para produz riqueza vai cansar de transferi-la para esse estado gastador, mau administrador e distribuidor de injustiça social.

Um herói sem caráter nenhum

José Nêumanne, O Estado de S.Paulo 13 Julho 2017 | 05h00

Líder sindical que vendia greves, informante da ditadura que combatia e político paparicado. Quando alguém pede um autógrafo num exemplar de meu livro O que Sei de Lula (Topbooks, Rio de Janeiro, 2011), minha definição favorita para o protagonista que perfilei em suas 522 páginas é “Macunaíma de palanques e palácios”. É necessária, contudo, uma pequena inversão na frase com que Mário de Andrade definiu magistralmente seu personagem-símbolo da brasilidade, “um herói sem nenhum caráter”. Lula talvez mereça uma definição com uma troca de lugar do pronome indefinido na frase: “um herói sem caráter nenhum”. Conheci-o em 1975, quando acompanhei sua ascensão à condição de maior dirigente sindical da História ao preparar, negociar e dirigir as greves que ajudaram a extinguir a longa noite da ditadura tecnocrático-militar. Quase meio século depois, contudo, o empreiteiro Norberto Odebrecht, herdeiro e herdado da construtora encalacrada na corrupção da Lava Jato, contou que lhe pagou propinas para evitar greves. Ou seja, o maior líder operário teria sido também o maior “traíra” da história do movimento obreiro, tendo chegado ao ponto de tirar proveito pessoal de sua condição de condutor de massas. As greves espetaculares dos metalúrgicos do ABC, lideradas por ele de um palanque armado no centro do Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, contestaram a estrutura legal do peleguismo varguista, que perdurou na ditadura. As paralisações das montadoras de automóveis e fábricas da cadeia automotiva roeram os pés de barro do regime autoritário, que ruiu sobre as próprias bases.

 Mas ele mesmo foi informante dos militares, como contei na abertura de meu livro citado. E também do diretor do Dops paulista, o delegado Romeu Tuma, conforme relatou o filho deste, o também delegado que foi secretário de Justiça do Ministério da Justiça da primeira gestão presidencial de Lula, Romeu Tuma Jr. Nunca, em momento algum, as informações dadas nas páginas seja de O que Sei de Lula, seja de Assassinato de Reputações, também editado pela Topbooks, foram contestadas em entrevista, artigo ou processo judicial.No entanto, essas bombas de hidrogênio sobre a imagem de qualquer político de esquerda no mundo inteiro não produziram o efeito de um traque junino na mitologia em torno do entregador de lavanderia e torneiro mecânico que chegou ao mais elevado posto da República.

Neste, aliás, produziu a catástrofe de efeito ainda mais deletério: o maior escândalo de corrupção da História e, em consequência dele, uma crise política, que está passando pela segunda tentativa de afastamento do presidente da República, e econômica, que levou 14 milhões de trabalhadores à tragédia do desemprego. No entanto, o ex-presidente mantém a fama, a condição de mito e o poder que isso transfere. É o político mais celebrado na memória do povo e o mais temido pelas elites dirigentes, às quais sempre serviu, embora tendo sempre vendido o peixe de que é seu inimigo favorito.

 O retirante nascido no agreste pernambucano e criado nas franjas industriais da Grande São Paulo, de onde emergiu para a fama, foi o pai dos pobres, que nunca se esquecem dele, e a mãe dos burgueses, que preferem vê-lo a distância segura, mas sabem que na hora H poderão contar com sua eterna gratidão. Por isso, o chefe da organização criminosa que limpou todos os cofres da República é o chefão da conspiração daqueles que participaram com ele desse assalto. Agora condenado, vale mais para ele do que para qualquer outra eventual vítima da limpeza da Operação Lava Jato aquele slogan do anúncio de vodca: “Eu sou você amanhã”. Por isso é o “rei do paparico”, embora suas qualidades pessoais e de gestor não possam ser comparadas ao cardápio do restaurante do Porto que leva esse nome.

 *JORNALISTA, POETA E ESCRITOR

Transparência Internacional sobre Lula: "Não há impunidade, mesmo para poderosos"

O presidente da Transparência Internacional, José Ugaz, afirmou, nesta quarta-feira, que a condenação do ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão proferida pelo juiz federal Sérgio Moro é 'é um sinal significativo de que o estado de direito está trabalhando no Brasil e que não há impunidade, mesmo para os poderosos'. A entidade diz ver 'ataques de todos os lados' às investigações e exige 'garantias' de que a Lava Jato siga em frente sem 'interferências de partidos políticos'.

"A condenação do ex-presidente Lula é um sinal significativo de que o estado de direito está trabalhando no Brasil e que não há impunidade, mesmo para os poderosos", afirmou Urgaz.

O presidente da entidade ainda afirma que o 'escândalo da Lava Jato atingiu políticos de todos os partidos e os mais poderosos empresários brasileiros' e que 'não é surpreendente' o fato de que 'os juízes e investigadores estejam sendo atacados de todos os lados'.

"Esta é a prova de que a corrupção não distingue entre ideologias ou partidos políticos. A Transparência Internacional exige garantias de que as investigações possam prosseguir e que todos os processos judiciais permaneçam independentes e livres de interferências de qualquer partido político", afirmou o presidente da Transparência Internacional.

Políbio Braga

FOFUCHO

“Sou o homem das massas, dos molhos e de toda família que engorda e satisfaz.” (Fofucho)


FILOSOFENO

“Já houve o tempo das diligências. Agora vivemos o tempo das indigências.” (Filosofeno)

EULÁLIA

“A fauna na minha família é grande. Minha mãe meu pai chama de vaca, minha irmã de anta e eu de galinha.” (Eulália)

EULÁLIA

“A fauna na minha família é grande. Minha mãe meu pai chama de vaca, minha irmã de anta e eu de galinha.” (Eulália)

ERIATLOV

“Às vezes os candidatos apresentados são tão ruins que o melhor que pode fazer pelo país é roubar as urnas.” (Eriatlov)

DEUS

“Temos um Papa comunista... Só falta agora o capeta se dizer católico.” (Deus)

DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO

“O eleitor gosta de ser comprado e nós gostamos de comprar. Assim só temos compromisso da boca para fora.” (Deputado Arnaldo Comissão)

CUBANINHO

“Cuba é triste. Fidel partiu felizmente, mas deixou para trás o seu cocô Raul.” (Cubaninho)

CLIMÉRIO

“Já morri de amor. Felizmente fui ressuscitado por uma potranca.” (Climério)


CLIMÉRIO

“Tornamo-nos o país da explicação. Algo está muito errado.” (Climério)



CHICO MELANCIA

“Já viajei tanto que conheço até países que ainda não existem” (Chico Melancia)

BILU CÃO

“Ainda bem que a China fica distante. Só de pensar em virar cozido faço xixi no tapete.” (Bilu Cão)

AVÓ NOVELEIRA

“Nunca fui fã de bebidas alcoólatras.”

ASSOMBRAÇÃO

“Quando eu nasci a minha avó beata queria me exorcizar com solvente. Fui salvo por uma vizinha ateia.” (Assombração)

PARTO

Muito cansado
Da hipocrisia dos vermelhos da foice
Apanho meu tapete voador
E parto para o fim do mundo
Onde a voz estridente da canalha
Não se faz ouvir.