MEDO
Insônia. Passava da meia-noite quando Antenor foi à
sacada do seu apartamento que ficava no oitavo andar para fumar. A esposa
dormia. Sentou-se, acendeu um cigarro e ficou ouvindo o murmúrio noturno da
cidade. Algumas frenagens, buzinas e sirenes, sons da madrugada na cidade
grande. Enquanto observava a fumaça se dissipando no ar pensava na vida. Já completara
53 anos em boa forma; a vida familiar era harmoniosa, a loja de peças permitia
uma vida digna, o filho Rafael de 15 anos tinha boa saúde, bom aluno e não
incomodava os pais. O que estaria faltando? O que lhe tirava o sono? Dívidas e
inimigos sérios não faziam parte do seu mundo. Ficou remoendo dentro do cérebro
perguntas e mais perguntas tentando obter respostas. Fumou mais um cigarro,
voltou para seu quarto, acordou a mulher que bem dormia e perguntou: “Amor,
você também tem medo da velhice? ”
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