sexta-feira, 4 de março de 2016

Ricardo Noblat- O que Delcídio me contou- parte 2

Delcídio respondeu que não. E Lula mais não disse e nem lhe foi perguntado. Seria desnecessário, observou Delcídio entre uma taça e outra de vinho chileno. Estava sóbrio, registre-se.
Paulo Okamotto era uma espécie de tesoureiro informal da família Lula. Ganhara o emprego de presidente do Sebrae. Hoje, é presidente do Instituto Lula, local de despacho do ex-presidente em São Paulo.
Delcídio procurou Okamotto. E logo depois foi procurado por Antonio Palocci, ministro da Fazenda, que fora acionado para garantir o silêncio de Valério.
Em sua delação, ainda não homologada, mas publicada pela revista IstoÉ, Delcídio detalha o que me revelara antes de maneira mais econômica. Valério não recebeu os R$ 220 milhões que pediu, só parte deles. O suficiente para permanecer calado.
No dia seguinte ao encontro com Lula, Delcídio afirma que recebeu uma ligação do então ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. “Parece que sua reunião com o Lula foi muito boa, né?”, perguntou o ministro.
A resposta de Delcídio foi a seguinte: “Não sei se foi boa para ele”. Na sequência, Palocci ligou para Delcidio dizendo que Lula estava “injuriado” com ele em razão do teor da conversa.
O que Palocci disse faz bem o estilo de Lula. O ex-presidente, desde os seus tempos de líder sindical, sempre soube de tudo o que acontecia ao seu redor. Tudo controlava. Mas se irritava quando ficava claro que ele sabia.
Distribuía tarefas entre os seus seguidores. Esperava que eles as cumprissem. Mas não queria saber do que pudesse comprometê-lo mais tarde. Queria apenas resultados.
Os resultados estão aí. A casa caiu!

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