quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caio Blinder- A adaptaçao chavista

A coisa enrosca na Venezuela e el Instituto Blinder & Blainder recorre ao site Caracas Chronicles, que está com o time reforçado desde 2014, embora seu fundador, Francisco Toro, tenha saído do dia-a-dia do projeto. Toro, no entanto, colabora ocasionalmente e funciona como guru do Caracas Chronicles.
Vamos, portanto, seguir a sua lanterninha. Ele pergunta qual é o significado da prisão na quinta-feira passada do prefeito de Caracas e líder oposicionista Antonio Ledezma. Será sinal de desespero do desgoverno Maduro? Estará o regime chavista nos últimos estertores?
As perguntas de Francisco Toro vão tamb ém para o outro lado: a prisão arbitrária, sob acusação de golpismo, é um show de força, uma exibição do chavismo de fazer o que bem entender sem medo das consequências?
Toro descarta as duas opções. Ele diz que o regime não está desmoronando, mas está fraco, incapaz de comandar uma maioria eleitoral. Nas suas palavras, o chavismo “está se adaptando a uma radicalmente nova realidade”.
A taxa de aprovação de Nicolás Maduro despencou, fruto podre da crise econômica. Sete em dez venezuelanos desaprovam a condução do ex-motorista de ônibus. O chavismo não tem como conseguir a maioria nas eleições para a Assembléia Nacional em dezembro caso a disputa seja limpa.
Assim, o projeto é gerar uma nova dinâmica política, na qual o regime suspende de forma indefinida a eleição ou impede a participação da oposição.
O fato essencial para Francisco Toro é que terminou a era em que o chavismo se sujeitava a uma competição eleitoral. A prisão de líderes oposicionistas é apenas um dos aspectos da adaptação a esta nova realidade.
Na expressão preciosa de Toro, é uma estratégia que carrega pesadamente na “conspiranoia” e repressão e minimiza ao máximo a tolerância e a normalidade democrática.
A rigor, o chavismo nunca deu muita bola para eleições democráticas. Dará muito menos agora diante da perspectiva de derrota.
Este é o cenário desenhado por Toro. Ele arremata que se trata de algo “desesperadamente triste”.  O regime chavista mergulha de forma cada vez mais profunda na convicção de que não cederá nunca o poder, exceto através de um golpe. Assim, se torna cada vez mais paranoico  sobre as perspectivas de um golpe.
Eu gosto muito da precisão analítica e da concisão de Francisco Toro. No entanto, fiquei frustrado com suas pinceladas. Faltou avaliar como a oposição vai se adaptar à nova realidade. Melhor dizendo: como ela irá desafiar esta nova realidade.
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