quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caio Blinder- Chile é casa da nora

A nora Natalia (de vermelho) e o filho Sebastián estão com Bachelet

Quando pousa na América Latina, el Instituto Blinder & Blainder faz conexões frequentes para Caracas e Buenos Aires. Hora de dar uma passadinha em Santiago, cenário do NueragateNuerasignifica nora em espanhol e gate quer dizer escândalo em qualquer língua.
Em parte por culpa da nora (e não do FHC), a popularidade da presidente socialista Michelle Bachelet despencou para o nível mais baixo desde sua segunda posse no Palácio de la Moneda em março de 2014. Na pesquisa Cadem, a aprovação da presidente caiu para 31%, queda de nove pontos desde a última aferição.
A situação econômica ajuda a explicar a queda de popularidade do governo. Existe uma desaceleração motivada pela baixa dos preços do cobre, o principal produto de exportação do Chile. No entanto, está patente que a credibilidade de Bachelet não é de ferro. Está derretendo. Ela fez campanha eleitoral, investindo contra os privilégios. No entanto…
No day after à vitória em dezembro de 2013, foi aprovado um empréstimo de US$ 10.4 milhoes de dólares a uma pequena empresa, cuja metade pertence a Natalia Compagnon, nora da presidente, que é mãe solteira.
Este mês surgiram as revelações, acusando Sebastián Dávalos, filho de Michelle Bachelet, de ter usado sua influência para descolar o empréstimo para sua mulher, numa transação envolvendo uma soma respeitável para uma pequena empresa.
Na semana passada, Dávalos foi forçado a renunciar da chefia de uma fundação de caridade, que costuma ser dirigida pela “primeira-dama”, mas precisamos levar em conta que o apelido do primeiro filho é Primer Damo.
Controvertidas reformas governamentais já estavam sendo diluídas pela democracia-cristã, companheira dos socialistas na coalizão de governo. Com o Nueragate, aumentou o vigor da oposição conservadora, que assim consegue ofuscar o seu próprio escândalo de financiamento de campanha.
Tudo isto é constrangedor, mas um pouco de perspectiva. No índice da Transparência Internacional, Chile e Uruguai (empatados na posição 21 entre 175 países) são o que existe de menos indecente na América Latina. No mapa, entre estas duas superpotências de transparência, está a Argentina (posição 107). O Brasil está na colocação 69 e a Venezuela é manchada com a posição 161 entre 175 países.
O Chile de Michelle Bachelet é apenas a casa da nora. A gente sabe onde fica a da sogra.

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