terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Oliver: Futebol na pirambeira

VLADY OLIVER
O que temos diante de nossos narizes, caros cidadãos eleitores e contribuintes, é um jogo de futebol num campo inclinado, com trezentos jogadores num dos times, juízes, bandeirinhas e gandulas todos comprados e ainda assim com dificuldades para fazer gols no arco adversário. É um espanto. Como sou um daqueles agraciados pelas tabuadas que sabem somar dois mais dois, fico me perguntando: de quanto tempo precisará a tal de “oposição” para aprender a se opor a alguma coisa por aqui? Me parece que, no jargão advocatício, vai se formando um “perfil do litigante”, onde todos já sabem quem é o mocinho, quem é o bandido, quais os crimes cometidos e a que punições estariam sujeitos, casos fossem julgados e condenados. Só que nada acontece.
Parece que a horda política está diante de um grande abismo, semelhante àquele causado pela falta dágua nos reservatórios do Sudeste, e simplesmente não sabe como agir quando a vigarice transcende a democracia. Pois eu continuarei afirmando que a canalhada pode até acreditar numa solução negociada para a crise, sem se dar conta que o jogo roubado na mão grande tem público pagante, plateia e torcida, que não serão feitos de besta com essa facilidade pelo bando todo. Vai doer no bolso antes. Neste momento, o que me parece estar acontecendo é aquele hiato assutador em que você olha para o mar calmo que começa a retroceder diante dos olhos parvos, antes do tsunami.
Há um risco em fazer de trouxas os pobres coitados que vieram assistir à peleja tungada de véspera; quando as instituições não mais me representam, quem me representa é o meu porrete. Se não houver justiça para dar o exemplo do que é cidadania, acabaremos condenando o país a uma barbárie sem precedentes; onde falta pirão, primeiro o meu. Não sei se os senhores togados terão estofo suficiente para aguentar o país que emergirá desses escândalos. Até agora se equilibraram num fiozonho de água do volume morto. Quando tiverem que se equilibrar na ponta da faca do estado islâmico engendrado por aqui mesmo, numa tal de Pátria Grande, vai faltar civilidade para acolher os pescoços fora do corpo que surgirão do fim de nossa cidadania. Vai indo, timinho de várzea. Cuidado para não escorregar na pirambeira do campo. Cretinos.

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