
Para os desavisados, a manchete acima não se refere a índices de rejeição da presidente. Está aí a pesquisa CNT-MDA estampando 70,9%. E 60% dos brasileiros são favor do impeachment de Dilma Rousseff. Os avisados sabem do monitoramento que o Instituto Blinder & Blainder faz dos relatórios da empresa de consultoria americana Eurasia, uma referência para investidores e analistas.
Apesar do agravamento da “crisezinha” (expressão do vice-presidente Michel Temer), a Eurasia mantém em 30% a probabilidade de impeachment de Dilma. Vale relembrar que nos critérios da Eurasia, esta é uma probabilidade alta e a consultoria levou um tempão para o ugrade de 20% para 30%.
Na sua análise, a Eurasia destaca que a remoção da rainha Dilma I do cargo cerimonial (aqui a piadinha é minha e não obviamente da consultoria) não resolveria a crise política brasileira ou removeria os obstáculos para a passagem da agenda fiscal do governo. Para a Eurasia, a movimentação rumo a um impeachment seria um período de intensa polarização política e as investigações sobre escândalos e o tsunami de corrupção obviamente continuariam no day after. Configurado o impeachment, seria muito difícil para o substituto Michel Temer governar. Maior crisezinha!
A Eurasia discorda de uma certa visão otimista entre “alguns investidores” de que o impeachment seria positivo para o mercado. Pela visão otimista, Temer criaria as condições políticas para a execução dos ajustes econômicos. Para a Eurasia, antes de mais nada, o cenário em torno do impeachment seria “confuso” e lento. Mais importante: seria “precária” a governabilidade sob a administração Temer.
A análise da Eurasia entra nos intestinos do dilema do PSDB sobre o impeachment. Se o partido votar a favor, se tornaria um parceiro da coalizão de governo com Temer. Alguns segmentos do PSDB, a destacar José Serra, estão abertos a esta parceria. No entanto, uma imensa parcela do partido está “veementemente” contrária a esta parceria. Indo além: vastas parcelas dos eleitores veriam um governo Temer como formado por co-conspiradores do PT. Isto, no raciocíonio da Eurasia, sugere que o PMDB acabaria paralisado entre um PT radicalizado e um PSDB recalcitrante.
A Eurasia veicula mensagens importantes para investidores estrangeiros. Ela termina o seu texto em inglês falando de um Brasil “volátil e frágil”. Em português, a tradução é crisezinha (com ou sem aspas).
A análise da Eurasia sugere que o cenário de convocação de novas eleições, em contraste ao impeachment, seria “menos dramático” para o Brasil em crisezinha. Este é o recado para os investidores estrangeiros.
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