A CIRURGIA
Depois da cirurgia cerebral ele se encontra deitado
na cama de ferro, imóvel sobre alvos lençóis. De hora em hora uma enfermeira
vem para ver como ele se encontra. Observa sua pressão e sai. Na parede um
quadro solitário da Santa Ceia faz companhia ao homem que dorme sedado. Sobre o
criado mudo não há nada, nem mesmo um copo ou uma revista qualquer. O soro
desce em lentas gotas e o rosto do enfermo aos poucos ganha cor. Lá fora, entre
nuvens, aparecem pedaços do azul do céu. No canto esquerdo do quatro está
largado um pequeno sofá marrom que aguarda para acolher uma visita qualquer. Já
faz quatro horas que a operação foi realizada. O homem abre os olhos e se mexe
um pouco. A enfermeira chega, ele pede: “Onde estou?” Ela fazendo um olhar de
mãe diz que ele está no Hospital Samaritano, sofreu uma cirurgia para extirpar
um pequeno tumor no cérebro e que correu tudo bem. “Tudo bem nada!”- diz ele. Sou
o encanador,vim até aqui apenas para consertar um vazamento e acabei caindo no
banheiro. E agora me acontece isso?”
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