quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ESTADO ISLÂMICO, COISA NENHUMA! por Percival Puggina. Artigo publicado em 18.02.2015

Imagine a situação. Uma multidão de degenerados, bandidos, terroristas, assaltantes, homicidas, estupradores, sem freio nem lei, resolve tomar para si uma porção de território no norte do continente africano. A região escolhida inclui parte da Síria e do Iraque (donde as siglas ISIS ou ISIL, designando o Islamic State of Iraq and Syria ou Iraq and the Levant). Não preciso falar aos leitores sobre a antiguidade desses dois países. Refiro apenas que Damasco, capital da Síria é a terceira cidade mais antiga, de ocupação contínua, de que se tem registro na história e que o Iraque foi o berço da civilização suméria, a mais remota de que se tem notícia.
 Pois a instabilidade política proporcionou que a região fosse tomada por uma multidão de anormais. São impelidos por mistura explosiva de fanatismo religioso e degeneração de valores humanos. Formaram, assim dizem, um califado sob o comando do sicário Abu Bakr al-Baghdadi.
 Não preciso descrever os requintes de perversidade a que chegam, pois são exibidos com orgulho pelos próprios autores dos crimes. Para constranger o mundo civilizado a dar-lhes o que merecem bastaria uma fração do que já fizeram. Tal ação militar não seria de motivação política, nem econômica, mas simples ato de humanidade. Pura exigência moral. O mal que se abateu sobre a região é incurável, insanável e demandará, com efeito, uma guerra de extermínio.
No entanto, enquanto o mundo parece não haver encontrado, ainda, as motivações necessárias para fazer o que deve ser feito, a imprensa ocidental precisa, pelo menos, advertiu-me um amigo atento, parar com essa impropriedade de chamar aquele antro de criminosos de "Estado Islâmico". E meu amigo tem razão. Tal designação presume um reconhecimento inadmissível, que afronta o Iraque e a Síria, e serve para consolidar a situação. Se a coisa pega, logo nossa presidente estará trocando embaixadores com o senhor Abu Bakr al-Baghdadi e Lula acompanhará alguma empreiteira brasileira em promissoras negociações para construir fortificações e bunkers no interior do território ocupado pelos terroristas.
Não existe Estado Islâmico! Islâmico, sim, porque até agora, que eu saiba, nenhum muçulmano lhes negou essa condição. Mas "Estado", não! A mídia deveria se referir a um "Território ocupado por terroristas islâmicos no Iraque e na Síria", ou mais sinteticamente, a um "Pseudo Estado Islâmico". Denominar aquilo de Estado e aquele demônio de califa é total impropriedade. Os terroristas ocupam área de contornos instáveis e não há algo que se possa chamar povo quando minorias étnicas são massacradas no interior de suas supostas fronteiras. Sem essas duas características não existe Estado.
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

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