terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Caio Blinder- Somos todos cristãos coptas

O desfile da barbárie é incessante neste carnaval. Agora é a exibição de um vídeo mostrando a degola na Líbia de 21 cristãos coptas egípcios por terroristas leais ao Estado Islâmico.
A minoria religiosa representa cerca de 10% da população egípcia e foi alvo de intensa perseguição e atentados especialmente depois da queda da ditadura Mubarak em 2011.
As vítimas tinham sido sequestradas em dezembro e janeiro na cidade de Sirte, na costa líbia, onde trabalhavam. Sirte agora está sob controle de milícias jihadistas no caótico cenário que se montou na Líbia depois da queda da ditadura Kadafi em 2011.
O vídeo mostra a execução dos 21 reféns na praia e é a primeira “encenação” do Estado Islâmico fora do território que controla na Síria e no Iraque (aqui na coluna conhecido como Siraque).
O país tem agora dois governos rivais, um baseado na capital, Trípoli, e o outro em Tobruk. Bengasi, berço da revolução de 2011, está nas mãos de milícias jihadistas, algumas ligadas à rede Al Qaeda.
De acordo com a BBC, a maioria das vítimas são de um pobre vilarejo egípcio que foram tentar ganhar a vida na Líbia. Ao tomarem conhecimento da barbárie, alguns parentes desmaiaram. Neste domingo, o governo do Cairo proibiu a viagem de cidadãos egípcios à Líbia.
Há especulações de que agora o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, que derrubou de forma brutal e com apoio popular o governo da Irmandade Muçulmana em 2013, lance ataques aéreos contra posições jihadistas na Líbia.
Sisi considera o cenário caótico na Líbia uma ameaça à segurança do seu país. Como inimigo do islamismo político (perfil do governo em Trípoli), ele respalda o governo instalado em Tobruk, que é o reconhecido internacionalmente.
Jihadistas líbios têm contatos com um grupo extremista na península do Sinai que jurou lealdade ao Estado Islâmico e que desde a queda do presidente Mursi em 2013 matou centenas de soldados e policiais egípcios.
O Estado Islâmico provocou a Jordânia com o “espetáculo” da queima do piloto refém quando ainda estava vivo. Agora, foi este novo horror da execução dos cristãos egípcios, provocando Sisi.
Se atacar na Líbia, o presidente egípcio deverá ampliar a guerra regional contra o jihadismo ensandecido. Na sua lógica, é o que o terror está pedindo.
Atualização às 9:30 de segunda-feira: conforme se especulava, o Egito lançou ataques aéreos nesta segunda-feira contra posições do Estado Islâmico. Leia mais aqui.

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