
Em Moscou, o presidente chinês Xi Jinping passa as tropas em revista
Para os amantes de um assunto tão árido como relações internacionais, a pensata de Philip Stephens no Financial Times é excitante. No coração da pensata está o homem forte. Este foi o ano dele: do russo Putin, do chinês Xi Jinping, do egípcio Sisi e do turco Erdogan. Aqui estão citados os autoritários, mas na galeria podemos incluir alguns sem inclinação para subverter a ordem liberal constitucional como o japonês Abe e o indiano Modi.
É uma turma mais conectada com conceitos de nacionalismo e de ego enraizados em épocas passadas. São conceitos abandonados por uma Europa pós-moderna (pós-Segunda Guerra), que aprendeu tantas lições com os riscos e as trevas causadas por revanchismo, revisionismo histórico e restauração de velhas glórias.
Há um tom de lamento no europeu Philip Stephens (bem europeu para um britânico). Ele observa que esta Europa pós-moderna se debate para enfrentar um mundo que não é exatamente com o qual ela sonhava. Neste mundo real do homem forte, a competição suplanta a cooperação e o nacionalismo está acima do internacionalismo.
A Europa deixou a história para trás (embora as velhas forças da xenofobia e do nacionalismo extremado estejam novamente em alta dentro da própria União Europeia). No entanto, permanece um firme compromisso europeu com valores universais, como democracia e respeito aos direitos individuais, valores que são desprezados e renegados por gente como Putin e Xi Jinping.
Stephen observa que os americanos estão mais à vontade para se ajustar a estes novos/velhos tempos. O compromisso americano com a ordem multilateral sempre foi ambivalente, mesclando autointeresse e altruísmo.
Barack Obama é visto por conservadores estridentes e sem sutileza como um agente ingênuo e pacifista de interesses internacionalistas ou multilaterais, mas ele está bem à vontade com o realismo cerebral e a aversão a uma política externa idealista ou humanista. Ele foi obrigado nos últimos tempos a ir em socorro da velha Europa com seus ideais pós-modernos.
Como diz Stephens, os EUA de Obama consideram a beligerância revanchista de Putin um mero aborrecimento. No great game de poder, a verdadeira competição estratégica é com a China, O sonho de Obama era cair fora da Europa e do Oriente Médio. A realidade impediu.
Stephens arremata que estes líderes do padrão homem forte anunciam que o modelo multilateral da segunda metade do século 20 foi um interlúdio histórico e não uma mudança permanente na natureza do relacionamento entre os estados. Na advertência de Stephens, o Ocidente está prestes a reaprender o que é viver em um mundo bem mais áspero.
No meu arremate, o Ocidente não pode ser fraco com o avanço do homem forte autoritário em nome dos valores universais que apregoa.
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