Sou do tempo
das galochas
Das calças de
brim Coringa
Também de veludo
e cotelê
Da Conga azul
com bico de borracha
Das camisas
de Volta ao Mundo
Sou do tempo
que chamávamos meias de carpim
Dos campinhos
de terra
Da bola de
borracha
Do chiclete
ping-pong
Dos padres de
batina
Sou do tempo
se chamava motorista de chofer
Em que os
rapazes tinham vergonha de pedir preservativo na farmácia
E de quem
engravidava moça de família se casava por livre obrigação
Fui menino na
época da novela Antônio Maria
Do avião
turboélice da Sadia
Da avenida
Getúlio coberta de macadame
Sou sim
daquele tempo
E confesso
que fui um dos muitos meninos
Que tinha
medo de tomar vacina de pistola
E que por
muito pouco não fugia da escola no dia de vacinação.
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