quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Valentina de Botas: O PT celebra os bandidos que cultiva

VALENTINA DE BOTAS
Talvez a árvore já se mostrasse na semente quando, há 15 anos, José Dirceu determinou que “eles têm de apanhar na rua e nas urnas”. Com a coreografia cafajeste do “nós” e “eles”, o jeca envenenou uma polarização desejável em qualquer democracia sã insulando na militância radical – de ambos os lados – o primitivismo que iguala “nós” a “eles”. Lula, o protocaudilho valentão que não dá no couro como democrata, torna-se, assim, o mentor também dos radicais que o combatem vencidos pelo maior perigo numa luta: a deformação. Ela é pior do que desistir ou perder.
Quem luta pelo estado de direito democrático sem deformar a si e a seu objetivo, ainda que não o alcance, será invencível. O crime do jeca se adensa ao incluir a convulsão do país na fórmula vil para manter o poder sem se importar que barrigas sejam abertas “até o sovaco”, no gozo pervertido da degeneração em confronto físico do que deveria ser embate de ideias. Na simultaneidade de sucessivos primitivismos contra quem pensa e pensa diferente, à transpiração do sindicalista brucutu, Lula adicionou a inspiração chavista que desmantela arranjos civilizatórios.
Aplicado com ainda mais vigor quando o PT, na presidência da república, instaurou um Estado deslegitimado, de um lado, na busca da eliminação do contraditório por corrupção, cooptação, demonização e ameaças; e, de outro lado, na tentativa de impor a supremacia do Executivo sobre os demais Poderes, desinstitucionalizando o país. Quando políticos petistas são ofendidos em lugares públicos e um grotesco Matheus Garcia (PSDB-DF) ameaça decapitar a presidente, constata-se que em 13 anos, finalmente a cara do Brasil se deforma pelo cafajestismo de um mentiroso patológico que lincha o estado democrático de direito.
A súcia deformou as feições do país até que ele se parecesse com ela, impondo o próprio código a quem deveria combater a gramática do ódio: padecem na mesma escuridão os que ofenderam o Ministro da Justiça na livraria e os que calaram Yoani Sanchez, o selvagem Matheusinho e o que ameaça lhe abrir a barriga. Na outra face da truculência lulopetista, horrenda mesmo maquiada pela legalidade, Haddad quer proibir as aparições do Pixuleco tentando sobrepor a Lei da Cidade Limpa (numa São Paulo imunda) ao artigo 5º da Constituição; e Jean Wyllys, membro da CPI de crimes na internet, decide que deponham sobre mensagens de ódio nas redes sociais os representantes dos movimentos favoráveis ao impeachment de Dilma e sequer cogita convocar os caluniadores alojados nos blogs do ódio a favor.
A tudo isso os brasileiros decentes devemos repelir e a nada disso devemos responder no mesmo código, afinal o banditismo é o hábitat dos adversários e a deformação nos derrotaria primeiro. O PSDB avisa que expulsará Matheus enquanto o PT celebra os bandidos que cultiva. Talvez a súcia tenha razão e haja mesmo “nós” e “eles” – uma diferença que tem de fazer a diferença.

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